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CAPÍTULO 52: “Quão Formosos São, Sobre os Montes, os Pés Do Que Anuncia as Boas Novas”

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Os temas principais do capítulo 52 são a restauração e a coligação. Nos últimos dias, Sião será estabelecida e Israel será coligada e redimida, quando o povo aceitar Jesus Cristo como seu Salvador e ser purificado de seus pecados. O Senhor fará com que os que perseguem Jerusalém sofram tanto quanto Jerusalém sofreu. O Senhor, juntamente com Seus servos que levam o evangelho aos dispersos de Israel em vários países para onde foram dispersos, serão amados por aqueles que receberem a mensagem. Quando o Senhor Jesus Cristo aparecer—e como um protótipo, o profeta da restauração, antes da Segunda Vinda do Senhor—assombrará reis e nações com as coisas que lhe disser.

O capítulos 48 até 54 são citados e explicados no Livro de Mórmon.[1] Jacó, o irmão de Néfi no Livro de Mórmon, incluiu os primeiros dois versículos do capítulo 52 como os últimos dois versículos ao citar o capítulo 51, com pequenas variações.[2] O profeta Abinádi citou os versículos 7 até 10 sem nenhuma variação.[3] O Senhor, Jesus Cristo, ressuscitado—quando apareceu aos nefitas, conforme se acha registrado no Livro de Mórmon—citou partes do capítulo 52 com explicações e pequenas modificações. Em Sua primeira visita,[4] o Senhor citou os versículos 8 até 10 conforme se acham registrados na versão de João Ferreira de Almeida;[5] depois, na Sua Segunda visita,[6] o Senhor explicou e parafraseou os versículos 8 até 10;[7] e logo os versículos 1 até 3;[8] e depois os versículos 6 e 7;[9] e finalmente os versículos 11 até 15,[10] com uma explicação depois do versículo 15.[11] As mudanças das palavras na narração do Senhor durante Sua segunda visita, juntamente com Suas explicações, são apresentadas em itálico. O Senhor omitiu os versículos 4 e 5 em Seu segundo discurso aos nefitas.

No versículo 1, Isaías exorta: “Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza, ó Sião; veste-te das tuas roupas formosas, ó Jerusalém, cidade santa, porque nunca mais entrará em ti nem incircunciso nem imundo”. Em 3 Néfi o Senhor começa este versículo com: “E então acontecerá o que está escrito”,[12] mostrando que o cumprimento desta profecia acontecerá nos últimos dias. Morôni também parafraseou este versículo.[13] “Nem incircunciso nem imundo” significa, figurativamente, aqueles que não honram as ordenanças do Senhor nem se purificam de seus pecados. A circuncisão, uma prática do Convênio Abraâmico, simbolizava aspectos do merecimento pessoal, inclusive a dedicação a Deus, separação do mundo e rejeição ao pecado.[14] Com o sacrifício de Jesus Cristo, os primeiros Cristãos consideraram cumprida esta parte da lei de Moisés, e portanto, a circuncisão não era mais necessária para que um homem fosse completamente aceito por Deus.[15] Apesar da Lei de Moisés ter sido cumprida, as virtudes de dedicação a Deus, a separação do mundo e a rejeição ao pecado continuam sendo doutrinas fundamentais dadas pelo Senhor em todas as eras. Portanto, o cumprimento desta profecia de Isaías nos últimos dias pode não envolver necessariamente o cumprimento literal desta prática antiga, mas envolve as virtudes que eram símbolos desta prática. “Sião” foi usado aqui com duplo sentido—um lugar de coligação espiritual nos últimos dias, bem como a Jerusalém dos últimos dias, vestida de retidão.[16]

Em Doutrina e Convênios, o Profeta Joseph Smith respondeu à pergunta concernente a este versículo: “Qual o significado da ordem dada no primeiro versículo do capítulo 52 de Isaías, que diz: Veste-te da tua fortaleza, ó Sião—e a que povo se referia Isaías?”

O Profeta Joseph responde:

“Referia-se àqueles a quem Deus chamaria nos últimos dias, que possuiriam o poder do sacerdócio para fazer Sião voltar e efetuar a redenção de Israel; e vestir a sua fortaleza é vestir-se da autoridade do sacerdócio, à qual ela, Sião, tem direito por linhagem; também, para voltar ao poder que perdera”.[17]

A compreensão de Joseph Smith desta passagem é consistente com a profecia anterior de Isaías sobre a Sião dos últimos dias sendo estabelecida no deserto, bênçãos espirituais sendo derramadas e o deserto florescendo como a rosa.[18] Joseph Smith entendeu que o estabelecimento de Sião e a redenção de Israel pelo poder do sacerdócio são dois dos objectivos mais importantes d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.[19]

O Senhor enfatizou estes assuntos em uma revelação ao Profeta Joseph Smith: “Pois Sião deve crescer em beleza e em santidade; suas fronteiras devem ser expandidas; suas estacas devem ser fortalecidas; sim, em verdade vos digo: Sião deve erguer-se e vestir suas formosas vestes”.[20]

O versículo 2 continua a exortação de Isaías à Sião e Jerusalém: “Sacode o pó,[21] levanta-te, e assenta-te, ó Jerusalém: solta-te das cadeias de teu pescoço, ó cativa filha de Sião”.[22] O Senhor ressuscitado citou este versículo aos nefitas.[23] Jacó, o irmão de Néfi, apresenta este versículo da mesma maneira que o Senhor.[24] “Levanta-te”, seguido por “assenta-te”, parece contraditório à primeira vista. “Levanta-te” é uma exortação para Jerusalém acordar e ver seu verdadeiro potencial como uma das duas capitais eclesiásticas do mundo durante o milênio, enquanto que “assenta-te” admoesta-lhe a ocupar, figurativamente, o trono de sua posição de dignidade e honra prevista. Então, a contradição aparente dá maiores informações acerca dos acontecimentos preditos. O termo “Filha de Sião” é usado aqui como um sinônimo para a Jerusalém oprimida; note que este significado contrasta-se com o de “Sião” no versículo anterior.[25]

O Profeta Joseph Smith, continua sua explicação dos primeiros dois versículos do capítulo 52, respondendo à pergunta concernente a este versículo: “O que devemos entender por Sião soltando-se das cadeias de seu pescoço, no versículo 2?”

Joseph responde:

“Devemos entender que os remanescentes dispersos são exortados a regressar ao Senhor, de quem se afastaram; se o fizerem, o Senhor promete que lhes falará ou lhes dará revelações. Ver os versículos 6, 7 e 8. As cadeias de seu pescoço são as maldições de Deus sobre ela, ou seja, os remanescentes de Israel em sua dispersão entre os gentios”.[26]

Os versículos 1 e 2 contêm um quiasma:

(1) E então acontecerá o que está escrito:
A: Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza, ó Sião;
B: veste-te das tuas roupas formosas, ó Jerusalém, cidade santa,
C: porque nunca mais entrará em ti nem incircunciso
C: nem imundo.
B: (2) Sacode o pó, levanta-te, e assenta-te, ó Jerusalém:
A: solta-te das cadeias de teu pescoço, ó cativa filha de Sião.

“Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza, ó Sião” contrasta-se com “solta-te das cadeias de teu pescoço, ó cativa filha de Sião”. “Sião” refere-se ao lugar de coligação espiritual nos últimos dias, enquanto que “ó cativa filha de Sião” refere-se à Jerusalém em seu estado iníquo. A mensagem deste quiasma é que Jerusalém deve seguir o mesmo caminho da Sião dos últimos dias para purificar-se, sobrepujar as maldições e reconhecer seu potencial.

No versículo 3, a narração muda para a voz do Senhor: “Porque assim diz o Senhor: Por nada fostes vendidos; também sem dinheiro sereis resgatados”. O Senhor apresenta este versículo da mesma forma que apresentou aos nefitas.[27] A causa da situação de Israel é apresentada aqui—eles venderam a primogenitura,[28] venderam a si mesmo à escravidão do pecado e apostasia. Anteriormente, no capítulo 50, Isaías declarou: “Eis que por vossas maldades fostes vendidos, e por vossas transgressões vossa mãe foi repudiada”.[29] Mas aqui, o Senhor declara que a redenção da penitente Israel da escravidão espiritual virá sem câmbio monetário: através da Expiação, o preço dos pecados foi pago pelo Senhor Jesus Cristo para todos os que se arrependem.

No versículo 4, o Senhor continua a falar: “Porque assim diz o Senhor DEUS: O meu povo em tempos passados desceu ao Egito, para peregrinar lá, e a Assíria sem razão o oprimiu”. O termo “o Senhor DEUS” é traduzido do hebraico Yahweh (Jeová).[30] A opressão do povo do Senhor—primeiro pelo Egito e depois pela Assíria e Babilônia—não foi provocada pelos descendentes de Israel, mesmo que esta tribulação tenha vindo por causa deles haverem se desviado do caminho verdadeiro, corrompendo-se em pecados. Os versículos 4 e 5 não foram citados pelo Senhor em seu discurso aos nefitas.

No versículo 5, o Senhor fica insultado com as injustiças feitas contra Seu povo do convênio, mesmo que ele tenha se desviado: “E agora, que tenho eu que fazer aqui, diz o Senhor, pois o meu povo foi tomado sem nenhuma razão? Os que dominam sobre ele dão uivos, diz o Senhor; e o meu nome é blasfemado incessantemente o dia todo”.[31] O Senhor tem como responsáveis pela miséria e apostasia de Seu povo, os conquistadores, bem como pela blasfêmia contra seu nome. “Tomado sem nenhuma razão” significa que o cativeiro de Israel foi ilegal—eles não foram vendidos; portanto, sua redenção não deveria implicar pagamento em dinheiro.[32] “Os que dominam sobre ele” incluem a condenação de quaisquer governantes do povo que governaram injustamente, sejam eles conquistadores ou líderes dentre o povo do convênio. O versículo 5, juntamente com o versículo 4, são citados pelo Senhor em Seu discurso aos nefitas.

O versículo 5 é citado por Paulo no Novo Testamento: “Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós”.[33] Paulo explica que aqueles que afirmam viver sob a lei—isto é, a antiga Lei de Moisés ou a lei do evangelho da era Cristã—blasfemam contra o nome de Deus quando quebram Seus mandamentos.

Em Doutrina e Convênios o Senhor usa linguagem semelhante ao dizer:

“Eis que a vingança cairá rapidamente sobre os habitantes da Terra, um dia de ira, um dia de queima, um dia de desolação, de pranto, de luto e de lamentação; e, como uma tormenta, cairá sobre toda a face da Terra, diz o Senhor.
“E sobre minha casa principiará e de minha casa espalhar-se-á, diz o Senhor;
‘Primeiro entre os de vós, diz o Senhor, que professaram conhecer meu nome e não me conheceram; e blasfemaram contra mim no meio da minha casa, diz o Senhor” (ênfases adicionadas).[34]

Pode-se dizer que o tornado que atingiu Salt Lake City (a Cidade do Lago Salgado) no dia 11 de agosto de 1999[35] foi um cumprimento desta profecia moderna e um precursor de maiores destruições. O tornado primeiramente danificou um bar, depois passou entre a Praça do Templo e o Centro de Conferências, que na época estava sendo construído—infligindo pequenos danos no Centro de Visitantes do Norte e causando a queda de um guindaste de construção no Centro de Conferências, quebrando um piso de concreto. O tornado destruiu algumas árvores na área do Memory Grove (Bosque da Recordação) e, logo, moveu-se para a área residencial da cidade, as Avenidas. Este evento deve servir como advertência de iminentes destruições mundiais.

No versículo 6, o Senhor proclama: “Portanto o meu povo saberá o meu nome; pois, naquele dia, saberá que sou eu mesmo o que falo: Eis-me aqui”. O Senhor, no Livro de Mórmon, apresenta: “Em verdade, em verdade vos digo que meu povo conhecerá meu nome; sim, naquele dia saberão que eu sou o que fala”. O Senhor aqui omite “Eis-me aqui”.[36] Na época da restauração e redenção, o povo do convênio do Senhor saberá que seu Redentor é o Senhor Jesus Cristo, que também é Jeová, o Deus do Velho Testamento e o Criador.[37]

O versículo 6, como foi apresentado pelo Senhor em 3 Néfi, contém um quiasma, enquanto que versículo 6 na versão de João Ferreira de Almeida contém declarações paralelas:

A: (6) Em verdade, em verdade vos digo que
B: o meu povo saberá o meu nome;
B: sim, naquele dia saberão
A: que sou eu mesmo o que falo: Eis-me aqui.

O povo do Senhor saberá quem Ele é, ele reconhecerá Sua verdadeira identidade.

O profeta Abinádi, no Livro de Mórmon, citou os versículos 7 até 10 sem variar das palavras usadas na versão de João Ferreira de Almeida.[38] O Senhor, ao citar estes versículos aos nefitas, fez algumas mudanças nas palavras, que fornecem esclarecimento e fortalecem a estrutura do quiasma.[39] As mudanças apresentadas pelo Senhor provavelmente não representam o texto original de Isaías usado pelos nefitas, porém representam esclarecimentos que o Senhor escolheu fazer na época.

No versículo 7, Isaías exclamou: “Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus reina!” O Senhor ressuscitado citou este versículo com algumas variações: “E aí eles dirão: Quão belos são sobre os montes os pés do que anuncia boas novas, que proclama a paz, que anuncia o bem, que proclama a salvação; que diz a Sião: O teu Deus reina!”[40] A frase introdutória do Senhor “E aí eles dirão” define o intervalo de tempo como sendo após a restauração e coligação de Israel ter começado. A palavra “Montes” significa “nações”,[41] e o termo “as boas novas” significa “o evangelho”, a palavra equivalente usada no Novo Testamento.[42] “Sião”, aqui, significa um lugar de coligação espiritual nos últimos dias, onde Deus reinará.[43] Aqueles que levarem o evangelho aos dispersos de Israel, em diversos países para onde foram dispersos, serão amados pelos que receberem a mensagem.

O uso da palavra “pés” no versículo 7 é único nas escrituras; em nenhum outro lugar é usado com o mesmo significado, exceto onde esta passagem está sendo citada ou explicada. Em vários casos a palavra “pés” é usada no contexto de seguir um caminho, Por exemplo, Ana, a mãe de Samuel, louvou ao Senhor: “Os pés dos seus santos guardará, porém os ímpios ficarão mudos nas trevas; porque o homem não prevalecerá pela força” (ênfase adicionada).[44]

O significado intencionado por Isaías no versículo 7 parece ser relacionado a este uso, porém com ênfases naqueles que seguem o caminho espiritual. A descrição da beleza dos pés é uma expressão de emoção subjetiva e afeição pelos que proclamam a salvação e paz, e por trazerem as boas novas do evangelho e mostrarem o caminho que devem seguir.

O versículo 7 foi citado por Paulo no Novo Testamento: “E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas”.[45]

O versículo 7 foi citado e explicado por Abinádi no Livro de Mórmon, onde ele deixa claro que a intenção de Isaías desta passagem aplica-se, igualmente, ao Senhor Jesus Cristo e aos Seus servos que levam o evangelho aos dispersos de Israel nos diversos países para onde foram dispersos:

“Estes são os que proclamaram a paz, que anunciaram o bem, que proclamaram a salvação e que disseram a Sião: O teu Deus reina!
“E oh! quão belos foram os seus pés sobre os montes!
“E novamente, quão belos são sobre os montes os pés dos que ainda estão proclamando a paz!
“E novamente, quão belos são sobre os montes os pés dos que, daqui em diante, proclamarão a paz, sim, de agora em diante e para sempre!
“E eis que vos digo que isto não é tudo. Pois, oh! quão belos são sobre os montes os pés do que anuncia boas novas, que é o fundador da paz, sim, o Senhor que redimiu seu povo; sim, aquele que concedeu salvação a seu povo!”[46]

A declaração de Abinádi que os pés do Senhor seriam vistos “sobre os montes”, ou nações, prevê a visita do Senhor depois de Sua crucificação e ressurreição às outras nações da Terra, além de Sua terra natal. Estas nações incluem o Continente Americano onde Ele apareceu aos nefitas,[47] e a outros povos em outros lugares não revelados.[48]

Néfi, no começo de seu registro, parafraseou o versículo 7, refletindo seu amor pelas palavras de Isaías.[49]

O nome Nauvoo, dado pelo Profeta Joseph Smith à cidade que ele fundou às margens do rio Mississippi, significa “formosa” ou “deleitável” em hebraico, como foi usado aqui no versículo 7.[50]

O versículo 7, como foi apresentado pelo Senhor em Terceiro Néfi, contém um quiasma; enquanto que o versículo 7 na versão de João Ferreira de Almeida contém uma série de declarações paralelas:

A: (7) E aí eles dirão
B: Quão formosos são, sobre os montes, os pés
C: do que anuncia as boas novas,
D: que faz ouvir a paz,
C: do que anuncia o bem,
B: que faz ouvir a salvação,
A: do que diz a Sião: O teu Deus reina!

E aí eles dirão” complementa “do que diz a Sião: O teu Deus reina”, para estabelecer o tempo nos últimos dias para o reino de Deus em Sião. O uso perito de quiasma pelo Senhor, mesmo que pareça improvisado, indica que Sua habilidade com a língua ultrapassa a de qualquer homem mortal.

Nos versículos 8 até 10, Isaías fala aos dispersos de Israel, predizendo a coligação e restauração do verdadeiro evangelho. O Senhor ressuscitado, ao dirigir-Se às congregações nefitas, citou os versículos 8 até 10 duas vezes, primeiro como está escrito na versão de João Ferreira de Almeida e segundo com modificações. O versículo 8 começa: “Eis a voz dos teus atalaias! Eles alçam a voz, juntamente exultam; porque olho a olho verão, quando o Senhor fizer Sião voltar”. No discurso do Senhor ressuscitado aos nefitas, o versículo 8 foi precedido por esta explicação:

“E eis que chegará o dia em que a plenitude do meu evangelho lhes [os dispersos de Israel] será pregada.
“E crerão em mim, que eu sou Jesus Cristo, o Filho de Deus; e orarão ao Pai em meu nome”
.[51]

O Senhor, então, apresenta as palavras do versículo 8 com modificações: “Então suas sentinelas alçarão a voz e juntamente cantarão; porque verão olho a olho”. A última frase é omitida, “quando o Senhor fizer Sião voltar”.[52] A frase “verão olho a olho” significa “estar completamente de acordo”, referindo-se, aqui, à crença mútua na doutrina verdadeira do Senhor. “Sentinelas” significa um líder eclesiástico—aqueles que têm a responsabilidade de cuidar dos assuntos espirituais. Isaías apresentou a símile de “atalaias” ou sentinelas, anteriormente, no capítulo 21.[53] Novamente, “Sião” significa um lugar de coligação espiritual nos últimos dias, igual ao versículo anterior.[54]

Em Doutrina e Convênios, o Senhor deu uma maior explicação:

“E surgirão pragas e não serão tiradas da Terra até que eu tenha completado minha obra, que se abreviará em justiça—
“Até que todos os que restarem me conheçam, sim, do menor até ao maior; e encham-se do conhecimento do Senhor e vejam olho a olho e ergam suas vozes e juntos cantem este novo cântico …”.[55]

Aqui, o Senhor indica que aqueles que O conhecerem e verem olho a olho com Ele naquele tempo, serão os que sobreviverão as grandes pragas e destruições dos iníquos nos últimos dias.

O versículo 9 descreve o grande gozo que sentirão os dispersos de Israel, quando forem coligados em Jerusalém: “Clamai cantando, exultai juntamente, desertos de Jerusalém; porque o Senhor consolou o seu povo, remiu a Jerusalém”. No Livro de Mórmon este versículo é precedido por uma explicação dada pelo Senhor ressuscitado: “Então o Pai os reunirá novamente e dar-lhes-á Jerusalém como terra de sua herança”.[56] Depois o Senhor cita as palavras deste versículo de uma outra maneira: “Aí, rejubilar-se-ão—Cantai juntamente, lugares desolados de Jerusalém; porque o Pai consolou o seu povo, remiu a Jerusalém!”.[57] O Senhor ressuscitado esclarece que a coligação será feita sob a direção de Deus, o Pai. O uso de Isaías do termo “o Senhor” nesta passagem—traduzido do hebraico “Jeová”—não é contraditório com o significado, pois o Senhor Jesus Cristo, que é Jeová no Velho Testamento, testifica durante Seu ministério mortal que tudo que fez foi em cumprimento dos mandamentos que Lhe foi dado por Seu Pai.[58]

No versículo 10, Isaías descreve as ações que serão tomadas pelo Senhor nos últimos dias que serão visíveis a todos: “O Senhor desnudou o seu santo braço perante os olhos de todas as nações; e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus”. Em 3 Néfi o Senhor cita este versículo de uma maneira diferente: “O Pai desnudou seu santo braço perante os olhos de todas as nações; e todos os confins da Terra verão a salvação do Pai; e o Pai e eu somos um”.[59] “Todos os confins da terra” significam todos os povos da Terra, mesmo os que vivem nos lugares mais remotos.[60] Novamente, o termo “o Pai” não é contraditório em comparação com o usado por Isaías do hebraico “Jeová”, devido o papel do Senhor como presidente. Na frase final, o Senhor atesta Ele e o Pai são um em propósito. “Desnudar o braço” implica o Senhor preparando-se para a batalha, removendo Sua capa de Seu braço batalhador.[61]

Os versículos 8 até 10 também foram citados por Abinádi, no final de seu discurso ao rei Noé e seus sacerdotes.[62] Néfi citou e explicou o versículo 10, descrevendo o tempo em que seria cumprido nos últimos dias, quando Israel fosse reunida.[63]

O versículo 10 foi parafraseado em Doutrina e Convênios:

“Pois ele desnudará o santo braço aos olhos de todas as nações e todos os confins da Terra verão a salvação de seu Deus.
“Portanto preparai-vos, preparai-vos, ó meu povo; santificai-vos; reuni-vos, ó povo da minha igreja, na terra de Sião …”.[64]

O papel do povo do Senhor nestes acontecimentos preditos é explicado aqui—para tornar-se um povo santificado preparado para receber os dispersos de Israel, quem o Senhor juntaria dentre todas as nações da Terra.

No versículo 11, o Senhor—através de Seus servos nos últimos dias—adverte aos dispersos de Israel a que se retirem do meio dos iníquos: “Retirai-vos, retirai-vos, saí daí, não toqueis coisa imunda; saí do meio dela, purificai-vos, os que levais os vasos do Senhor”. O Senhor, no Livro de Mórmon, apresenta: “E então um grito soará: Retirai-vos, retirai-vos, saí daí, não toqueis em coisa imunda; saí do meio dela ”.[65] “Não toqueis coisa imunda” significa evitar o pecado, aqui, metaforicamente, relacionado às provisões nos termos da Lei de Moisés de evitar tocar o cadáver do animal que não era aprovado para ser usado como alimento.[66]

O Senhor reitera este mandamento em Doutrina e Convênios: “Deixai Babilônia. Sede puros, vós que portais os vasos do Senhor”.[67] Isaías quis dizer, “Deixai Babilônia”, é esclarecido—aqueles a serem reunidos sairão da Babilônia, ou seja, do meio dos iníquos. Eles que portam os vasos do Senhor referem-se aos antigos levitas, cuja responsabilidade era de administrar ritos do templo sob a autoridade do sacerdócio—inclusive levar os vasos sagrados[68] de ouro e bronze—e seus equivalentes modernos, que cuidam dos assuntos eclesiásticos pelo poder do sacerdócio. O Senhor admoesta-os a serem puros, ou seja, a evitarem o pecado.

N. Eldon Tanner não deixou nenhuma dúvida acerca do significado intencionado desta passagem:

“Para que a posição da Igreja a respeito da moralidade seja compreendida, declaramos firme e irrevogavelmente que esta não é uma peça de roupa desgastada, desbotada, antiquada e surrada. Deus é o mesmo ontem, hoje e para sempre, e Seus convênios e doutrinas não mudam: Virtudes antigas são apoiadas pela Igreja, não porque são antigas, mas porque ao longo dos anos elas se provaram corretas.
“… Nossas palavras finais se encontram nas pronunciadas pelo profeta Isaías: ‘Sede puros, vós que portais os vasos do Senhor’”.[69]

Os versículos 8 até 11 contêm um quiasma:

A: (8) Então suas sentinelas alçarão a voz e juntamente cantarão;
B: porque verão olho a olho, (quando o Senhor fizer Sião voltar.)
C: (9) Aí, rejubilar-se-ãoCantai juntamente, lugares desolados de Jerusalém;
D: porque o Pai consolou o seu povo, remiu a Jerusalém!
D: (10) O Pai desnudou seu santo braço perante os olhos de todas as nações;
C: e todos os confins da Terra
B: verão a salvação do Pai; e o Pai e eu somos um
A: (11) E então um grito soará: Retirai-vos, retirai-vos ….

Este quiasma funciona bem tanto na versão de João Ferreira de Almeida quanto na versão de 3 Néfi, mas a frase adicional “e então um grito soará” no começo do versículo 11 provê uma equivalência adicional, ainda que o versículo 11 não siga o versículo 10 na apresentação do Senhor aos nefitas. “Então suas sentinelas alçarão a voz” é equivalente à oração “e então um grito soará”; as sentinelas—ou autoridades eclesiásticas—são os que alçarão as vozes. “Porque verão olho a olho” combina-se com “verão a salvação do Pai; o significado de “verão olho a olho” é que todos “verão a salvação do Pai”, não deixando espaço para a discordância quanto aos pontos doutrinais. “Aí, rejubilar-se-ão—Cantai juntamente, lugares desolados de Jerusalém” complementa “todos os confins da Terra”, indicando que o cântico dos lugares desolados de Jerusalém espalhar-se-á pelos confins da Terra. “O Pai consolou o seu povo, remiu a Jerusalém!” é equivalente à frase “O Pai desnudou seu santo braço perante os olhos de todas as nações”, o qual forma o enfoque deste quiasma. As sentinelas de Sião estão alçando suas vozes para advertir ao povo para que se purifiquem dos seus pecado. Então a salvação do Pai seria manifestada, fazendo o povo de Sião—e eventualmente toda a Terra—rejubilar-se.

O versículo 12 descreve a coligação de Israel: “Porque vós não saireis apressadamente, nem ireis fugindo; porque o Senhor irá diante de vós, e o Deus de Israel será a vossa retaguarda”. Em contraste com os israelitas fugindo às pressas na época que foram livrados do Egito,[70] na coligação nos últimos dias não sairão apressadamente, nem sairão fugindo, o Senhor irá diante deles e será sua retaguarda, bem como o fez com o antiga Israel.[71]

O Senhor instruiu Seus discípulos dos últimos dias usando semelhantes palavras:

“Saí dentre as nações, sim, de Babilônia, do meio da iniquidade, que é a Babilônia espiritual.
“Mas em verdade assim diz o Senhor: Que vossa fuga não seja às pressas, mas que se preparem todas as coisas com antecedência; e o que for não olhe para trás, para que não lhe sobrevenha uma destruição repentina”.[72]

O Senhor promete proteção aos Seus discípulos dos últimos dias: “Eis que eu irei adiante de vós e serei vossa retaguarda; e estarei no meio de vós e não sereis confundidos”.[73]

Os versículos 11 e 12 contêm um quiasma:

A: (11) “E então um grito soará: Retirai-vos, retirai-vos,
B: saí daí,
C: não toqueis coisa imunda;
D: saí do meio dela,
C: purificai-vos, os que levais os vasos do Senhor.
B: (12) Porque vós não saireis apressadamente,
A: nem ireis fugindo; porque o Senhor irá diante de vós, e o Deus de Israel será a vossa retaguarda.

“Retirai-vos, retirai-vos” é complementado por “nem ireis fugindo; porque o Senhor irá diante de vós”; o segundo elemento fornece informações essenciais em como retirar-se. “Saí daí” complementa “porque vós não saireis apressadamente”, reforçando a mensagem do primeiro par de elementos combinados. “Não toqueis coisa imunda” é o mesmo que “purificai-vos, os que levais os vasos do Senhor”. Como devem purificar-se? A resposta de Isaías é dada quiasmaticamente: ao não tocar coisa imunda, ou cometer pecados. Retirar-se da Babilônia espiritual, ou resistir tentações, é a melhor maneira de evitar enredar-se no pecado.

Os versículos 13 até 15 contém os primeiros três versículos de um salmo de servo, o qual também inclui os doze versículos do capítulo 53. Este salmo de servo é o último de quatro salmos reconhecidos na obra de Isaías.[74] Em um salmo de servo, características de um servo do Senhor são apresentadas em forma de um salmo ou cântico. Como apresentado por Isaías nos quatro salmos de servo, Cristo é o melhor exemplo de um servo, fielmente servindo Seu Pai e obedecendo-Lhe em todas as coisas.[75] Vários profetas, inclusive Isaías,[76] também preencheram os critérios de um servo do Senhor.[77] Outros que apresentam qualidades como as de Cristo como servo incluem Joseph Smith, o profeta da restauração;[78] os santos dos últimos dias,[79] a casa de Israel quando digna;[80] e possivelmente outros. Neste salmo de servo, Isaías simultaneamente descreve o Senhor Jesus Cristo, o Profeta Joseph Smith e possivelmente a si mesmo, como servos.

Os versículos 13 até 15 descreve o reinado Milenar do Senhor Jesus Cristo, pronunciado por Deus, o Pai, que se referiu ao Seu Filho como “meu servo”, porque Ele serviu o Pai fiel e obedientemente em todas as coisas.[81] O versículo 13 começa: “Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime”. Este versículo é apresentado da mesma forma no Livro de Mórmon pelo Senhor.[82] O servo é o Messias, que procederá com prudência e será exaltado.[83] Outra interpretação é que o servo é Joseph Smith, o grande profeta e vidente da Restauração, que “com exceção apenas de Jesus, fez mais pela salvação dos homens neste mundo do que qualquer outro homem que jamais viveu nele”.[84]

O versículo 14 continua: “Como pasmaram muitos à vista dele, pois o seu parecer estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua figura mais do que a dos outros filhos dos homens”.

Por que o rosto do Senhor estaria desfigurado em Sua Segunda Vinda? O propósito de Isaías é de fazer um contraste literário—contrastando a agonia espiritual e emocional que o Senhor sofreu no Jardim do Getsêmani[85] com a alegria e glória de Sua Segunda Vinda, para aprofundar nosso entendimento de ambos acontecimentos. O contraste faz-nos lembrar o grande amor que o Senhor tem por cada um de nós, “… [que] proporciona aos homens meios para que tenham fé para o arrependimento”.[86] O sentido que Isaías dá é mais figurativo que literal, com a desfiguração física representando a intensa e insuportável angústia espiritual e emocional do Senhor—sofrendo mais intensamente do que é possível para qualquer ser humano sofrer[87]—quando Ele sofreu pelos pecados de todos que já viveram e que viveriam, que se arrependessem de seus pecados.

Quão inesquecíveis devem ter sido as cenas daquela noite no Jardim do Getsêmani para os Seus apóstolos—o rosto de seu amado Mestre inexplicavelmente contraído com dores insuportáveis, manchado com sangue e lágrimas, e Seu manto encharcado de sangue e suor!

Seguindo o significado encoberto apresentado por Isaías, o profeta Joseph Smith suportou grandes perseguições durante toda sua vida adulta—muitas vezes sendo encarcerado sob acusações falsas, maltratado, atacado selvagemente, coberto com alcatrão e penas, e finalmente martirizado.[88] Em uma ocasião, um dos agressores cortou o rosto do profeta com as unhas, depois disto Joseph passou a pentear seu cabelo para frente sobre sua testa, a fim de cobrir as cicatrizes.[89] Semelhantemente, o profeta Isaías suportou grandes perseguições e dificuldades.[90]

O versículo 15 conclui: “Assim borrifará muitas nações, e os reis fecharão as suas bocas por causa dele; porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que eles não ouviram entenderão”. Este versículo é apresentado quase da mesma maneira no Livro de Mórmon pelo Senhor.[91] A palavra hebraica nazah, traduzida como “borrifará”, tem dois significados—“respingar” ou “salpicar”, como foi apresentada pelos tradutores da versão da Bíblia de João Ferreira de Almeida —ou “pasmar” ou “assombrar”.[92] Visto que esta frase é equivalente, quiasmaticamente, na primeira parte do versículo 14, “Como pasmaram muitos à vista dele”, a segunda definição, “pasmar” ou “assombrar”, é mais válida: o Senhor assombraria muitas nações com Sua aparência e com as coisas que falaria. A Tradução de Joseph Smith apresenta como “recolher”.[93]

O versículo 15 foi citado por Paulo no Novo Testamento: “Antes, como está escrito: Aqueles a quem não foi anunciado, o verão, E os que não ouviram o entenderão”.[94]

Em Doutrina e Convênios o Senhor descreve estes mesmos acontecimentos, esclarecendo o significado:

“Pois quando o Senhor aparecer, será tão terrível para eles que serão tomados de temor e permanecerão afastados e estremecerão.
“E todas as nações temerão por causa do terror do Senhor e do poder de sua força …”.[95]

O Senhor ressuscitado, ao falar aos nefitas, deu uma maior explicação, revelando os diferentes significados intencionados por Isaías. Ele descreve o profeta da restauração nos últimos dias sendo desfigurado, e logo curado:

“E quando esse dia chegar, acontecerá que reis fecharão a boca, pois verão o que não lhes fora contado e considerarão o que não tinham ouvido.
“Porque naquele dia, por amor a mim, fará o Pai uma obra que será grande e maravilhosa no meio deles; e haverá entre eles quem nela não creia, embora um homem lha declare.
“Mas eis que a vida do meu servo [o profeta] estará em minha mão; portanto não lhe farão mal, ainda que seja desfigurado por causa deles. Não obstante, curá-lo-ei, pois mostrar-lhes-ei que minha sabedoria é maior que a astúcia do diabo.
“Portanto acontecerá que todo aquele que não crer em minhas palavras—eu que sou Jesus Cristo—as quais o Pai fará com que ele [o profeta] leve aos gentios e dar-lhe-á poder para levá-las aos gentios (o que será feito segundo o que disse Moisés), será afastado do seio de meu povo, que é do convênio”.[96]

Os versículos 14 e 15 contêm um quiasma:

A: (14) Como pasmaram muitos à vista dele,
B: pois o seu parecer estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer,
B: e a sua figura mais do que a dos outros filhos dos homens.
A: (15) Assim borrifará muitas nações ….

“Como pasmaram muitos à vista dele” complementa “Assim borrifará (assombrará) muitas nações”. Este relacionamento restringe a escolha de significado para a palavra hebraica apresentada como “borrifará”.

Depois de Sua apresentação do versículo 15 aos nefitas, o Senhor deu um versículo adicional para explicação:

“Em verdade, em verdade vos digo que todas essas coisas seguramente hão de acontecer, assim como o Pai me ordenou. Então este convênio que o Pai fez com seu povo será cumprido; e então Jerusalém será novamente habitada por meu povo e será a terra de sua herança”.[97]

O cumprimento das profecias de Isaías nos últimos dias culminar-se-á na restauração de Israel e na Segunda Vinda do Senhor Jesus Cristo.
NOTAS

[1]. Isaías 48 e 49 são citados em 1 Néfi 20 e 21; Isaías 50 e 51 são citados em 2 Néfi 7 e 8; Isaías 52:1-2 é citado em 2 Néfi 8:24-25; Isaías 52:1-3 é citado em 3 Néfi 20:36-38; Isaías 52:6-7 é citado em 3 Néfi 20:39-40; Isaías 52:7-10 é citado em Mosias 12:21-24; Isaías 52:8-10 é citado em 3 Néfi 20:32-35; Isaías 52:11-15 é citado em 3 Néfi 20:41-45; Isaías 53 é citado em Mosias 14; e Isaías 54 é citado em 3 Néfi 22.
[2]. 2 Néfi 8:24-25.
[3]. Mosias 12:21-24.
[4]. A primeira visita do Senhor está registrada em 3 Néfi capítulos 11 até 18.
[5]. A segunda visita do Senhor está registrada em 3 Néfi 16:17-20.
[6]. 3 Néfi capítulos 19 até 26.
[7]. 3 Néfi 20:32-35.
[8]. 3 Néfi 20:36-38.
[9]. 3 Néfi 20:39-40.
[10]. 3 Néfi 20:41-45.
[11]. 3 Néfi 20:46.
[12]. 3 Néfi 20:36.
[13]. Morôni 10:31.
[14]. Dicionário Bíblico—Circuncisão.
[15]. Ver Atos 15:1-31.
[16]. Ver Isaías 3:16; 49:14; 51:3, 11; 60:14; 61:3; 66:8.
[17]. Doutrina e Convênios 113:7-8.
[18]. Ver Isaías 35:1-2, 6-10 e comentário pertinente.
[19]. Ver Regras de Fé 10.
[20]. D&C 82:14.
[21]. A Bíblia Sagrada, Traduzida por João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Corrigida, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.
[22]. Isaías usa “a filha de Sião” como sinônimo para “Jerusalém” em diversas partes da sua obra. Ver Isaías 1:8; 10:32; 16:1; 37:22; 62:11.
[23]. 3 Néfi 20:37.
[24]. 2 Néfi 8:25.
[25]. Ver 2 Reis 19:21, 31; Salmos 9:14; 51:18; Isaías 10:32; 16:1; 37:22; 62:11.
[26]. D&C. 113:9-10.
[27]. 3 Néfi 20:38.
[28]. Ver Gênesis 25:29-34.
[29]. Isaías 50:1.
[30]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 3069, p. 217.
[31]. Os versículos 3 até 5 contém um quiasma: Diz o Senhor/Por nada fostes vendidos/diz o Senhor DEUS/Egito//Assíria/diz o Senhor/o meu povo foi tomado sem nenhuma razão/diz o Senhor.
[32]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 464.
[33]. Romanos 2:24.
[34]. D&C 112:24-26.
[35]. Tim Korte, “Tornado tears through downtown Salt Lake; at least one dead, 100 injured [Tornado passa pelo centro de Salt Lake City, deixando pelo menos um morto e 100 feridos]:” Associated Press, 11 de Agosto de 1999.
[36]. 3 Néfi 20:39.
[37]. Ver João 1:1-5; Éter 3:6-16; Êxodo 3:14.
[38]. Compare Mosias 12:21-24.
[39]. 3 Néfi 20:32-35, 40.
[40]. 3 Néfi 20:40.
[41]. Ver Isaías 2:2, 14 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:2, 4; 30:25 e comentário pertinente.
[42]. Ver Isaías 61:1 e comentário pertinente.
[43]. Ver Isaías 1:8 e comentário pertinente. Ver também Salmos 102:13, 16; 129:5; 132:13; Isaías 1:27; 2:3; 4:5; 14:32; 24:23; 28:16; 31:9; 35:10; 46:13; 51:16; 52:8; 59:20.
[44]. 1 Samuel 2:9.
[45]. Romanos 10:15.
[46]. Mosias 15:14-18.
[47]. Ver 3 Néfi 11:8-11; 15:16-19.
[48]. Ver 3 Néfi 16:1-3.
[49]. Ver 1 Néfi 13:37.
[50]. D&C 124:60, nota de rodapé 60a.
[51]. 3 Néfi 20:30-31.
[52]. 3 Néfi 20:32.
[53]. Ver Isaías 21:6; 56:10; 62:6 e comentário pertinente.
[54]. Ver Isaías 1:8 e comentário pertinente. Ver também Salmos 102:13, 16; 129:5; 132:13; Isaías 1:27; 2:3; 4:5; 14:32; 24:23; 28:16; 31:9; 35:10; 46:13; 51:16; 52:7; 59:20.
[55]. D&C 84:97-98.
[56]. 3 Néfi 20:33.
[57]. 3 Néfi 20:34.
[58]. Ver João 8:28-29.
[59]. 3 Néfi 20:35.
[60]. Ver Isaías 42:10; 43:6; 45:22.
[61]. Parry et al., 1998, p. 466.
[62]. Mosias 15:29-31.
[63]. Ver 1 Néfi 22:10-11.
[64]. D&C 133:3-4.
[65]. 3 Néfi 20:41.
[66]. Ver Levítico 5:2; 7:21; 11:8, 31.
[67]. D& C 133:5; Ver também D&C 38:42.
[68]. Ver Êxodo 25:39; 27:3, 19; 30:27-28; 35:13, 16; 37:16.
[69]. N. Eldon Tanner, “The Purpose of Conferences” [“O Propósito das Conferências”], Ensign, Nov. 1976, p. 80.
[70]. Ver Êxodo 12:11.
[71]. Ver Êxodo 13:21-22; 14:19-20.
[72]. D&C 133:14-15.
[73]. D&C 49:27.
[74]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 358-360. Os quatro salmos de servo estão em Isaías 42:1-4, 49:1-6; 50:4-9 e 52:13 até 53:12.
[75]. Ver João 6:38.
[76]. Ver Isaías 49:5; Amós 3:7; Apocalipse 10:7.
[77]. Ludlow, 1982, p. 358-360.
[78]. Ver D&C 1:17, 29; 19:13; 28:2; 35:17-18.
[79]. Ver D&C 1:6; 42:63; 44:1; 68:5-6; 133:30, 32.
[80]. Ver Isaías 41:8-10 e comentário pertinente.
[81]. Ver Isaías 42:1 e comentário pertinente.
[82]. 3 Néfi 20:43.
[83]. Bruce R. McConkie, Ten keys to Understanding Isaiah [Dez Chaves para Compreender Isaías]: Ensign, Oct. 1973, p. 78.
[84]. D&C 135:3.
[85]. Ver D&C 19:15; Lucas 22:41-44; Mateus 26:36-39.
[86]. Alma 34:15.
[87]. Ver James E. Talmage, Jesus the Christ [Jesus o Cristo]: Deseret Book Co., Salt Lake City, UT 1915, p. 613.
[88]. D&C 135:1.
[89]. “History of Lucas S. Johnson” (Manuscript) [“História de Lucas S. Johnson” ( manuscrito)] , v. 27, p. 835.
[90]. Ludlow, 1982, p. 2.
[91]. 3 Néfi 20:45.
[92]. Brown et al., 1996, Número de Strong 5137, p. 633.
[93]. Isaías 52:15, nota de rodapé 15a.
[94]. Romanos 15:21.
[95]. D&C 45:74-75.
[96]. 3 Néfi 21:8-11.
[97]. 3 Néfi 20:46.

CAPÍTULO 16: “Portanto Moabe clamará por Moabe”

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No capítulo 16 Isaías continua sua profecia concernente a Moabe, que começou no capítulo 15. Devido à iniquidade Moabe está condenada e seu povo sofrerá. Apesar de estarem envolvidos em grandes iniquidades Moabe reconhece que o Messias sentar-se-á no trono de Davi, buscando julgamento e acelerando a retidão.

No versículos 1 até 5 Isaías prediz o apelo de Moabe à Jerusalém para refugiar-se dos saqueadores assírios. Os versículos 6 até 8 Isaías prediz a rejeição do apelo por parte de Jerusalém; nos versículos 9 até 11 Isaías lamenta a situação de Moabe. Nos versículos 12 até 14 Isaías explica que apesar das orações fervorosas de Moabe, o Senhor não os ouvirá, por causa de suas maldades; dentro de três anos Moabe seria derrotada e seu numeroso povo destruído, deixando somente um pequeno e débil número de remanescentes.

Nos primeiros cinco versículos, Isaías prediz que Moabe apelaria à Jerusalém para refugiar-se dos exércitos invasores assírios. No versículo 1, Moabe mandaria um cordeiro sacrificial de presente para Jerusalém: “Enviai o cordeiro ao governador da terra, desde Sela, no deserto, até ao monte da filha de Sião”. Sela era a cidade mais meridional de Moabe,[1] e “o monte da filha de Sião” refere-se à capital de Judá, Jerusalém.[2]

O versículo 2 refere-se à angustia sofrida por Moabe, resultando no apelo à Judá: “De outro modo sucederá que serão as filhas de Moabe junto aos vaus de Arnom como o pássaro vagueante, lançado fora do ninho”. As filhas de Moabe buscariam refúgio além dos vaus de Arnom, como um pássaro assustado fugindo de seu ninho. Arnom é um riacho em Moabe que drena para o Mar Morto das montanhas no leste, o que denota a fronteira norte da parte habitada de Moabe.[3] Aqueles que se encontravam no riacho de Arnom fugiriam dos invasores avançando do sul.

Os versículos 3 e 4 predizem as palavras do apelo moabita diante do rei de Judá. O versículo 3 começa: “Toma conselho, executa juízo, põe a tua sombra no pino do meio-dia como a noite; esconde os desterrados, e não descubras os fugitivos”, que significa esconde-nos na sua sombra ampla; “esconde os refugiados, e não traias aquele que vagueia”. “Executa juízo” significa “julgue-nos com equidade”.[4]

O versículo 4 continua: “Habitem contigo os meus desterrados, [implora] ó Moabe; serve-lhes [Judá] de refúgio perante a face do destruidor; porque o homem violento terá fim; a destruição é desfeita, e os opressores são consumidos sobre a terra”. [5] Os emissários de Moabe reconhecem que os invasores ficariam por um curto período de tempo, já que suas intenções eram só de roubar e matar.

No versículo 5 os emissários moabitas reconhecem que o Messias sentar-se-á no trono de Davi: “Porque o trono se firmará em benignidade, e sobre ele no tabernáculo de Davi se assentará em verdade um que julgue, e busque o juízo, e se apresse a fazer justiça”. “Fazer justiça”, neste caso, significa “equidade”.[6] Apesar dos Moabitas não serem da religião hebraica, eles reconheciam suas crenças fundamentais. Em sua forma de pensar, já que o Messias reinaria em Jerusalém um dia, Jerusalém seria um lugar seguro para o futuro previsível e poderia prover proteção.

Nos versículos 6 até 8, Isaías prediz a rejeição de Jerusalém do apelo moabita. A resposta começa no versículo 6: “Ouvimos da soberba de Moabe, que é soberbíssimo; da sua altivez, da sua soberba, e do seu furor; porém, as suas mentiras não serão firmes”. “Soberba” significa “conceito elevado” ou “vaidade”.[7] Os judeus veem a vaidade e soberba de Moabe como causa de sua queda.  Em nossos dias a vaidade, soberba e mentiras têm um papel importante na corrupção e queda das nações.[8]

O versículo 7 pronuncia a rejeição pungente de Judá: “Portanto Moabe clamará por Moabe; todos clamarão; gemereis pelos fundamentos de Quir-Haresete, pois certamente já estão abatidos”. Eles serão abandonados e ficarão sem consolo em seu sofrimento. Quir-Haresete era a capital de Moabe.[9]

No versículo 8, Isaías continua a profecia: “Porque os campos de Hesbom enfraqueceram, e a vinha de Sibma; os senhores dos gentios quebraram as suas melhores plantas que haviam chegado a Jazer e vagueiam no deserto; os seus rebentos se estenderam e passaram além do mar” Nomes de lugares que eram familiares para Isaías reforçam o tom pessoal da profecia. “Enfraqueceram” significa que os invasores pisariam nas vinhas, destruindo a safra principal de Moabe. “Os seus rebentos se estenderam e passaram além do mar” refere-se à conhecida indústria de vinho da antiga Moabe e a extensão de sua exportação.[10]

Nos versículos 9 até 11 Isaías lamenta a situação de Moabe; apesar de sua ominosa profecia ele só sente tristeza. O versículo 9 começa: “Por isso prantearei, com o pranto de Jazer, a vinha de Sibma; regar-te-ei com as minhas lágrimas, ó Hesbom e Eleale; porque o júbilo dos teus frutos de verão e da tua sega desapareceu”.[11] A agricultura produtiva cessaria depois dos ataques devastadores. A indústria de vinho da antiga Moabe seria devastada pelos saqueadores assírios.

O versículo 10 continua: “E fugiu a alegria e o regozijo do campo fértil, e nas vinhas não se canta, nem há júbilo algum; já não se pisarão as uvas nos lagares. Eu fiz cessar o júbilo”.[12] A tristeza reinará; não se ouvirá sobre a alegria da colheita. Só alguns restarão para fazer a colheita das uvas e fazer o vinho.

No versículo 11, Isaías descreve sua angústia: “Por isso o meu íntimo vibra por Moabe como harpa, e o meu interior por Quir-Heres”.

No versículos 12 e 13 Isaías explica que apesar das orações sinceras de Moabe, o Senhor não os ouvirá, devido as iniquidades do povo. O versículo 12 declara: “E será que, quando virem Moabe cansado nos altos, então entrará no seu santuário a orar, porém não prevalecerá”.[13] Os “altos” significa um lugar de adoração idólatra; o Senhor não responderá, quando Moabe se voltar a Ele.

O versículo 13 continua: “Esta é a palavra que o Senhor falou contra Moabe desde aquele tempo”. Isaías sumariza, atestando que a informação veio do Senhor a ele.

No versículo 14 as palavras do Senhor são dadas: “Porém agora falou o Senhor, dizendo: Dentro de três anos (tais como os anos de jornaleiros), será envilecida a glória de Moabe, com toda a sua grande multidão; e o restante será pouco, pequeno e impotente”. A nação de Moabe seria destruída, juntamente com um grande número de seu povo, deixando somente um pequeno e débil número de remanescentes. “A glória de Moabe”, como foi usado aqui, significa forças militares.[14] Um jornaleiro é um soldado contratado, ou mercenário. Tipicamente, mercenários eram contratados por um certo período de tempo.

NOTAS

[1]. Ver Mapa Bíblico ( na versão SUD da Bíblia em inglês) número 1.
[2]. Ver 2 Reis 19:21, 31; Salmos 9:14; 51:18; Isaías 10:32; 37:22; 52:2; 62:11.
[3]. Ver Mapa Bíblico ( na versão SUD da Bíblia em inglês) número 10.
[4]. Ver Isaías 1:17; 5:7; 42:4; 59:15.
[5]. O versículo 4 contém um quiasma: Habitem contigo os meus desterrados/a face do destruidor/ o homem violento terá fim/ a destruição é desfeita / opressores/ consumidos sobre a terra.
[6]. Para referências de outros significados de “justiça”, Ver versículo 3.
[7]. Jactâncias Em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. Disponível na http://www.infopedia.pt/pesquisa.
[8]. Ver Isaías 9:15; 28:15, 17; 59:3-4 e comentário pertinente.
[9]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 192-194.
[10]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 164.
[11]. Os versículos 8 e 9 contêm um quiasma: Campos de Hesbom enfraqueceram/vinha de Sibma/Jazer/seus rebentos se estenderam//passaram além do mar/Jazer/vinha de Sibma/frutos de verão e da tua sega desapareceu.
[12]. O versículo 10 contém um quiasma: Fugiu a alegria e o regozijo do campo fértil/vinhas não se canta/nem há júbilo algum//já não se pisarão/uvas nos lagares/Eu fiz cessar o júbilo.
[13]. Os versículos 7 até 12 contêm um quiasma: Moabe/Quir-Haresete/Hesbom/Sibma/Jazer//Jazer/Sibma/Hesbom/ Eleale/Moabe. Em Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 259.
[14]. Ver Isaías 8:7; 10:18; 17:3-4; 20:5; 21:16-17; 22:18; 66:12.

CAPÍTULO 10: “Porque Daqui A Bem Pouco Se Cumprirá A Minha Indignação”

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O capítulo 10 prediz a destruição de Israel pelas mãos da Assíria. A Assíria serviria como instrumento nas mãos de Deus para trazer a punição e destruição à Israel impenitente, mas a Assíria também seria destruída. A destruição da Assíria é um símbolo para—ou, é típico da—destruição dos iníquos na Segunda Vinda. Por causa da maldade desenfreada que precedeu a destruição naquela época, poucos restariam depois da destruição dos ímpios. O Senhor conforta aqueles em Sião, assegurando-os que a indignação duraria por apenas um curto período de tempo; então o Senhor derrotaria os invasores.

Uma chave importante para compreender este capítulo é notar cuidadosamente quem está falando e quando muda de orador. Na primeira parte—um oráculo de pesar (versículos 1 até 4) —o Senhor está falando, declarando uma maldição sobre os líderes iníquos e especificando uma destruição que lhes sobreviria. O oráculo de pesar é seguido por uma frase explanatória expressada por Isaías— “Com tudo isto a sua ira não cessou, mas ainda está estendida a sua mão” na última parte do versículo 4. O Senhor, então, continua a falar, declarando destruição sobre “uma nação hipócrita”, referindo-se a antiga Israel e seu equivalente nos tempos atuais, pelas mãos dos assírios e seus paralelos nos últimos dias (versículos 5 até 7). O Senhor vocaliza os pensamentos orgulhosos do rei da Assíria (versículos 8 até 11) e decreta uma rápida destruição sobre ele, seu exército, e seu equivalente moderno (versículo 12). Depois disto segue-se mais sobre os pensamentos orgulhosos do rei da Assíria, vangloriando-se de suas conquistas (versículos 13 e 14). Isaías, então, exorta a Assíria por não haver reconhecido que a devastação que eles trouxeram sobre Israel foi obra do Senhor, que usou os assírios como um instrumento (versículo 15). Isaías, continuando a falar, declara uma rápida destruição sobre a Assíria (versículos 16 até 19). Esta declaração é seguida por uma profecia, expressada por Isaías, sobre o retorno dos remanescentes de Israel que seriam espalhados por todas as nações (versículos 20 até 23).

Nos últimos versículos deste capítulo (versículos 24 até 34) Isaías de repente muda o assunto, e começa a profetizar sobre uma invasão pela antiga Assíria contra Jerusalém, a qual é repelida pela milagrosa destruição do exército assírio pelas mãos do Senhor. Esta profecia foi cumprida durante o reinado de Ezequias,[1] mas serve como um símbolo para os nossos dias.

Néfi cita este capítulo por completo; compare 2 Néfi 20. Diferenças presentes no texto do Livro de Mórmon são mostradas em itálico onde forem citadas. Este capítulo tem vários quiasmas que adiciona muito à nossa compreensão dos significados intencionados por Isaías.

Os versículos 1 até 4 contêm um oráculo de pesar no qual o Senhor declara más consequências sobre os líderes injustos. O oráculo de pesar é o último de quatro que contêm uma mensagem profética importante, ou “sermão sacerdotal”, dirigido ao reino de Israel Setentrional e à Judá. O versículo 1 começa: “Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que prescrevem opressão”. A frase “prescrevem opressão” significa decretos ou leis injustas que impedem cidadãos de seus direitos, recursos ou propriedades.

O versículo 2, continuando a sentença do versículo 1, descreve a perseguição dos pobres por líderes iníquos: “Para desviarem os pobres do seu direito, e para arrebatarem o direito dos aflitos do meu povo; para despojarem as viúvas e roubarem os órfãos!” Os líderes iníquos ganhariam seu poder ao tirar vantagem dos pobres, viúvas e órfãos.

No versículo 3 o Senhor faz umas perguntas acusatórias: “Mas que fareis vós no dia da visitação, e na desolação, que há de vir de longe? A quem recorrereis para obter socorro, e onde deixareis a vossa glória”― “Visitação” é traduzido da palavra hebraica que significa “punição” ou “responsabilidade”.[2] O Senhor irá abandoná-los no dia da visitação por causa de suas iniquidades, deixando-os sem defesa contra “a desolação, que há de vir de longe”, que significa a invasão do exército assírio e seu equivalente moderno.

O versículo 4 conclui a maldição pronunciada pelo Senhor: “Sem que cada um se abata entre os presos, e caia entre mortos?” Os líderes iníquos seriam contados entre os prisioneiros e entre os mortos.

A frase final do versículo 4, pronunciada por Isaías, “com tudo isto a sua ira não cessou, mas ainda está estendida a sua mão” significa que a justiça da ira do Senhor continua e está estendida a sua mão contra eles para puni-los. O profeta explica o significado desta frase anteriormente, no capítulo 5, onde é precedido no mesmo versículo por uma frase com palavras um pouco diferentes, porém com o mesmo sentido: “Por isso se acendeu a ira do Senhor contra o seu povo, e estendeu a sua mão contra ele, e o feriu”.[3] A frase é repetida três vezes no capítulo 9, além da que aparece no versículo 4, todas com o mesmo significado.[4]

O Senhor declarou a Joseph Smith com referência aos governantes arrogantes dos últimos dias:

“E para que eu os visite no dia da visitação, quando eu tirar o véu que me cobre a face, para designar a porção do opressor entre os hipócritas, onde há ranger de dentes, caso rejeitem meus servos e meu testemunho que lhes revelei.”[5]

Os versículos 1 até 4 contêm um quiasma que começa com a frase final do último versículo do capítulo 9:

A: (9:21) …Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
B: (1) Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que prescrevem opressão.
C: (2) Para desviarem os pobres do seu direito, e para arrebatarem o direito dos aflitos do meu povo; para despojarem as viúvas e roubarem os órfãos!
D: (3) Mas que fareis vós no dia da visitação,
D: e na desolação, que há de vir de longe?
C: A quem recorrereis para obter socorro, e onde deixareis a vossa glória,
B: (4) Sem que cada um se abata entre os presos, e caia entre mortos?
A: Com tudo isto a sua ira não cessou, mas ainda está estendida a sua mão.

Este quiasma pronuncia uma maldição sobre os governantes injustos. A frase inicial, “com tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”, é refletida no final por uma repetição da mesma frase. A frase “Ai dos que decretam leis injustas” complementa a “sem que cada um se abata entre os presos, e caia entre mortos”, significando especialmente que os governantes injustos serão escolhidos para serem levados como prisioneiros ou assassinados. “Para desviarem os pobres do seu direito” complementa “a quem recorrereis para obter socorro[?]”, indicando que a ajuda que recusaram aos necessitados, ser-lhes-á recusada como retribuição; e a frase “que fareis vós no dia da visitação?” compara-se com “na desolação, que há de vir de longe?” declarando que quando a destruição vier, esses governantes injustos serão responsáveis por suas maldades contra aqueles que dependiam deles para ajudá-los.[6]

No versículo 5 o Senhor volta a falar, declarando que a Assíria é um instrumento em Suas mãos para trazer justiça aos iníquos de Israel: “Ai da Assíria, a vara da minha ira, porque a minha indignação é como bordão nas suas mãos”. O exército assírio é figurativamente a vara que o Senhor está usando para punir Israel e Judá por suas maldades. O Livro de Mórmon apresenta assim: “vara da minha ira, e a sua indignação”;[7] esta interpretação inclui a ira dos invasores. “Indignação” significa revolta ou sentimento de desprezo provocado por uma circunstância que demonstra indignidade, que neste caso é a corrupção.

No versículo 6 o Senhor, que ainda está falando, declara: “Enviá-la-ei contra uma nação hipócrita, e contra o povo do meu furor lhe darei ordem, para que lhe roube a presa, e lhe tome o despojo, e o ponha para ser pisado aos pés, como a lama das ruas”.[8] O Livro de Mórmon apresenta assim: “para que lhe tome os despojos e roube-lhe a presa”, que foi traduzido do hebraico Maer-Salal-Has-Baz, o nome do segundo filho de Isaías, indicando que a destruição predita seria para cumprir a profecia de Isaías dada na época da concepção de seu filho.[9]  “Uma nação hipócrita” significa Israel e Judá, e seus equivalentes modernos. Destruição virá pelas mãos dos assírios e suas superpotências modernas equivalentes.

No versículo 7 o Senhor explica que o rei da Assíria não compreende que ele é simplesmente um instrumento de destruição nas mãos do Senhor: “Ainda que ele não cuide assim, nem o seu coração assim o imagine; antes no seu coração intenta destruir e desarraigar não poucas nações”.

No versículos 8 até 11 o Senhor cita os pensamentos orgulhosos do rei da Assíria. O versículo 8 questiona: “Porque diz: Não são meus príncipes todos eles reis?” Ele argumenta que seus príncipes são tão nobres quanto os reis.

O versículo 9 continua: “Não é Calno como Carquemis? Não é Hamate como Arpade? E Samaria como Damasco?” Estes são países que ficaram desolados depois dos ataques assírios, os quais foram incapazes de resistirem. Síria nesta época pagava tribute aos governantes assírios.

No versículos 10 e 11 o rei da Assíria continua a se vangloriar. O versículo 10 declara: “Como a minha mão alcançou os reinos dos ídolos, cujas imagens esculpidas eram melhores do que as de Jerusalém e do que as de Samaria”. O Livro de Mórmon apresenta: “Assim como minha mão fundou os reinos dos ídolos…”.[10] “Fundou” significa “estabelecer” ou “edificar desde os alicerces”.[11]

O versículo 11 continua: “Porventura como fiz a Samaria e aos seus ídolos, não o faria igualmente a Jerusalém e aos seus ídolos?” Aqui o rei ridiculariza a idolatria de Jerusalém, dizendo que seus ídolos seriam tão incapazes em defender a nação contra os exércitos invasores, quanto os ídolos dos outros países, inclusive seu país vizinho, a Samaria. Era costume entre os antigos conquistadores destruírem ou levarem consigo os ídolos das nações derrotadas, para mostrarem que seus deuses eram superiores aos deles. No capítulo 46, Isaías prediz a derrota da Babilônia ao descrever seus ídolos sendo levados cativos.[12]

No versículo 12, o Senhor decreta uma destruição rápida sobre o rei da Assíria, seu exército, e seu equivalente moderno, uma vez que tenham cumprido os propósitos do Senhor: “Por isso acontecerá que, havendo o Senhor acabado toda a sua obra no monte Sião e em Jerusalém, então castigarei o fruto da arrogante grandeza do coração do rei da Assíria e a pompa da altivez dos seus olhos”. A palavra “Sião” é usada duas vezes no capítulo 10 da mesma forma, com duplo sentido—um lugar para a coligação espiritual nos últimos dias, como também como um sinônimo para Jerusalém, tanto a antiga quanto a moderna. A frase “toda a sua obra” inclui as destruições preditas neste capítulo, bem como a restauração nos últimos dias e a coligação de Israel sob condições dignas.[13]

No versículos 13 e 14 o rei da Assíria continua a se vangloriar: “Porquanto disse: Com a força da minha mão o fiz, e com a minha sabedoria, porque sou prudente; e removi os limites dos povos, e roubei os seus tesouros, e como valente abati aos habitantes. E achou a minha mão as riquezas dos povos como a um ninho, e como se ajuntam os ovos abandonados, assim eu ajuntei a toda a terra, e não houve quem movesse a asa, ou abrisse a boca, ou murmurasse”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “…com a minha sabedoria fiz essas coisas…”.[14] Isto é preocupante, porque o equivalente moderno da Israel antiga—uma “nação hipócrita” —de alguma maneira se encontraria tão indefesa que um exército invasor seria capaz de saquear a terra sem nenhuma oposição.

No versículo 15 Isaías continua a falar, repreendendo a Assíria por não haver reconhecido que a destruição que eles trariam sobre Israel seria obra do Senhor, com o Senhor usando-os como instrumento: “Porventura gloriar-se-á o machado contra o que corta com ele, ou presumirá a serra contra o que puxa por ela, como se o bordão movesse aos que o levantam, ou a vara levantasse como não sendo pau?” A palavra hebraica de onde “pau” foi traduzido significa “lenha”.[15] Todas as metáforas neste versículo, apresentadas como perguntas retóricas, fazem a mesma pergunta: Pode um homem—especificamente, o rei da Assíria—vencer a Deus?

No versículos 16 até 19 Isaías, continuando a falar, declara uma destruição rápida sobre a Assíria. O versículo 16 começa: “Por isso o Senhor, o Senhor dos Exércitos, fará definhar os que entre eles são gordos, e debaixo da sua glória ateará um incêndio, como incêndio de fogo”.[16] A frase “Por isso o Senhor…fará definhar os que entre eles são gordos” significa que o Senhor enviaria fraqueza entre os mais vigorosos guerreiros do rei da Assíria.

O versículo 17 revela a causa da conflagração: “Porque a Luz de Israel virá a ser como fogo e o seu Santo por labareda”―Estas frases equivalentes ensinam-nos que “a Luz de Israel” é o mesmo que “o seu Santo”, que significam o Messias ou Jesus Cristo.

Continuando no versículo 17, Isaías declara: “que abrase e consuma os seus espinheiros e as suas sarças num só dia”. “Seus” como foi usado aqui refere-se ao equivalente moderno do rei da Assíria, e “espinheiros” e “sarças” significam as mentiras e doutrinas falsas que ele plantou nos corações das pessoas.[17] Previamente, no capítulo 9, Isaías descreve a destruição na Segunda Vinda do Senhor. Ao invés de cenas comuns de batalhas com “tumulto da batalha, e todo o manto revolvido em sangue”, nesta destruição todos “serão queimados, servindo de combustível ao fogo”.[18]

O versículo 18 continua a descrição do rei da Assíria e suas hostes, tanto antigos quanto modernos: “Também consumirá a glória da sua floresta, e do seu campo fértil, desde a alma até à carne, e será como quando desmaia o porta-bandeira”.[19] “Sua floresta” significa os nobres ou líderes da Assíria, e “seu campo fértil” significa seus aparatos econômicos.[20] “Glória” como foi usado aqui significa força militar.[21] “Desde a alma até à carne” significa que a Assíria desapareceria completamente, tanto política quanto culturalmente. O porta-bandeira, em guerras do passado, fazia o papel vital de comunicação entre o comandante e seu exército. Com o porta-bandeira incapaz de prover esta comunicação, aconteceria um caos total.

Versículos 16 até 18 contêm um quiasma:

A: (16) Por isso o Senhor, o Senhor dos Exércitos, fará definhar os que entre eles são gordos,
B: e debaixo da sua glória
C: ateará um incêndio, como incêndio de fogo.
D: (17) Porque a Luz de Israel virá a ser como fogo
D: e o seu Santo por labareda,
C: que abrase e consuma os seus espinheiros e as suas sarças num só dia.
B: (18) Também consumirá a glória da sua floresta, e do seu campo fértil, desde a alma até à carne,
A: e será como quando desmaia o porta-bandeira.

“Fará definhar os que entre eles são gordos”, refere-se a debilidade física, que seria enviada ao exército assírio e a seu equivalente moderno, e compara-se com “quando desmaia o porta-bandeira”, o que resultaria numa confusão militar total. “Sua glória”, que significa a glória do Senhor na Sua vinda, é contrastada com “a glória da sua floresta”, que significa glória do mundo e força militar dos orgulhosos líderes da antiga Assíria e seu equivalente moderno. A frase “Ateará um incêndio, como incêndio de fogo” reflete-se na frase “que abrase e consuma os seus espinheiros e as suas sarças num só dia”. “A Luz de Israel virá a ser como fogo” é equivalente ao “seu Santo por labareda”, que contém o enfoque central deste quiasma.

Será que este incêndio refere-se a um holocausto nuclear, ou, está se referindo aos injustos sendo consumido pela glória da presença do Senhor? A combinação de elementos deste quiasma indica que a glória do Senhor será o fogo consumidor—os que não forem dignos da Sua presença e não puderem suportá-la serão consumidos. Note que além das destruições físicas, as verdades que serão manifestadas na Segunda Vinda do Senhor destruirão todas as mentiras e falsas doutrinas do equivalente moderno do rei da Assíria, e seus exércitos, num dia só.

No versículo 19, as “árvores” e a “floresta” referem-se aos líderes ou nobres da Assíria: “E o resto das árvores da sua floresta será tão pouco em número, que um menino poderá contá-las”. Quase todos seriam assassinados, dizimando suas fileiras.

No versículos 20 até 23, Isaías profetiza do retorno dos remanescentes de Israel, que estavam espalhados por todas as nações, nos últimos dias. O versículo 20 declara: “E acontecerá naquele dia que os restantes de Israel, e os que tiverem escapado da casa de Jacó, nunca mais se estribarão sobre aquele que os feriu; antes estribar-se-ão verdadeiramente sobre o Senhor, o Santo de Israel”. A palavra hebraica de onde o termo “se estribarão” foi traduzido, significa “confiar” ou “apoiar”.[22] Ao invés de colocarem sua confiança em déspotas malignos, os remanescentes colocariam sua confiança no Senhor.

O versículo 21 declara: “Os restantes se converterão ao Deus forte, sim, os restantes de Jacó”.[23] O Livro de Mórmon apresenta: “Os remanescentes retornarão, sim, os remanescentes de Jacó…”.[24]  A frase “os remanescentes retornarão” é a tradução em português para o nome do filho mais velho de Isaías, Sear-Jasube, indicando que este acontecimento profetizado para os últimos dias seria em cumprimento da profecia dada na época do nascimento do filho de Isaías.[25]

O versículo 22 continua: “Porque ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, só um remanescente dele se converterá; uma destruição está determinada, transbordando em justiça”. Israel como “a areia do mar” significa numerosos, mas espalhados. “Destruição” vem da palavra hebraica que significa “completa aniquilação”;[26] e “trasbordando em justiça” significa que a destruição cumpriria os desígnios justos do Senhor.

O versículo 23 declara: “Porque determinada já a destruição, o Senhor DEUS dos Exércitos a executará no meio de toda esta terra”. O significado é que os injustos seriam completamente destruídos da face da Terra.

No versículos 24 até 34, os últimos versículos deste capítulo, Isaías muda de assunto de repente, profetizando de uma invasão pela Assíria contra Jerusalém, onde encontram uma resistência milagrosa com a destruição do exército assírio pelo anjo do Senhor. Esta profecia foi cumprida durante o reinado de Ezequias.[27] Não somente a profecia prediz a derrota da antiga Assíria; isto é um símbolo da destruição do equivalente moderno da Assíria.

No versículo 24 Isaías declara autoritariamente: “Por isso assim diz o Senhor DEUS dos Exércitos”, seguido pelas palavras do Senhor nos versículos 24 e 25: “Povo meu, que habitas em Sião, não temas à Assíria, quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão à maneira dos egípcios”. “À maneira dos egípcios” significa a crueldade dos Egípcios em outras épocas.[28] “Sião” é usada aqui com duplo sentido—um lugar para a coligação espiritual nos últimos dias, bem como um sinônimo para a antiga Jerusalém, particularmente sob seu rei justo. Estes significados refletem as diferentes épocas que esta profecia deveria se cumprir.[29]

O versículo 25 continua a sentença do versículo 24: “Porque daqui a bem pouco se cumprirá a minha indignação e a minha ira, para a consumir”. O ataque devastador da Assíria—tanto nos dias de Ezequias e no confronto equivalente nos últimos dias—duraria por um curto período de tempo. Esta declaração seria um grande conforto para aqueles que compreenderem a significância dos acontecimentos nos últimos dias.[30]

No versículos 26 e 27, Isaías descreve o que acontecerá naquela época. O versículo 26 declara: “Porque o Senhor dos Exércitos suscitará contra ela um flagelo, como na matança de Midiã junto à rocha de Orebe; e a sua vara estará sobre o mar, e ele a levantará como sucedeu aos egípcios”. A frase “matança de Midiã junto à rocha de Orebe” refere-se à quando Gideão liderou um exército de 300 Israelitas, identificados por sua maneira de beber água de um riacho—lambendo “as águas com a sua língua”, “levando a mão à boca”. Este pequeno exército assustou os Midianitas com trombetas e luzes; os resultados foram lutas, abate e derrota entre os Midianitas.[31] “Como sucedeu aos egípcios” neste caso refere-se à época quando os exércitos Egípcios foram destruídos pelas águas que retornaram quando tentaram perseguir Israel através das águas divididas do Mar Vermelho.[32]

No versículo 27, Isaías afirma que a opressão assíria seria desfeita: “E acontecerá, naquele dia, que a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu jugo do teu pescoço; e o jugo será despedaçado por causa da unção”. A “unção” refere-se ao convênio do Senhor com Abraão[33] e também a promessa a Davi que seus descendentes justos sobre o trono de Judá seriam sustentados pelo Senhor.[34]

Apesar desta passagem predizer um acontecimento milagroso específico, que ocorreu durante o reinado de Ezequias, isto é um exemplo que prediz a intervenção do Senhor a favor de Seu povo nos últimos dias. Com certeza, isto também seria um grande milagre.

Os versículos 24 até 27 contêm um quiasma:

(24) Por isso assim diz o Senhor DEUS dos Exércitos:
A: Povo meu, que habitas em Sião,
B: não temas à Assíria, quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão
C: à maneira dos egípcios.
D: (25) Porque daqui a bem pouco se cumprirá a minha indignação e a minha ira, para a consumir.
D: (26) Porque o Senhor dos Exércitos suscitará contra ela um flagelo, como na matança de Midiã junto à rocha de Orebe;
C: e a sua vara estará sobre o mar, e ele a levantará como sucedeu aos egípcios.
B: (27) E acontecerá, naquele dia, que a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu jugo do teu pescoço;
A: e o jugo será despedaçado por causa da unção.

“Povo meu, que habitas em Sião” compara-se com “unção”, indicando que seria a retidão de Seu povo do convênio—apesar de provavelmente excedido em número pelos iníquos entre o povo—que levaria a intervenção miraculosa do Senhor contra o exército assírio. Também refere-se à unção de um rei davídico—neste caso Ezequias, que se humilharia diante do Senhor. “Quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão” contrasta-se com “que a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu jugo do teu pescoço”, indicando que apesar dos açoites do rei da Assíria, sua opressão seria miraculosamente removida. “À maneira dos egípcios” no versículo 24 significa a opressão suportada pelos Israelitas escravizados no Egito, enquanto que “como sucedeu aos egípcios” no versículo 26 refere-se à destruição do exército egípcio no Mar Vermelho quando eles perseguiram os Israelitas guiados por Moisés. “A minha indignação” compara-se com “o Senhor dos Exércitos”, indicando quem está falando e de quem é a indignação que causaria a destruição.

Nos versículos 28 até 32, o avanço aterrorizante do rei da Assíria e seu exército é descrito por Isaías, mencionando vários bairros e vilas, finalmente chegando na base do outeiro onde Jerusalém está localizada:

“Já vem chegando a Aiate, já vai passando por Migrom, e em Micmás deixa a sua bagagem.
“Já passaram o desfiladeiro, já se alojam em Geba; já Ramá treme, e Gibeá de Saul vai fugindo.
“Clama alto com a tua voz, ó filha de Galim! Ouve, ó Laís! Ó tu pobre Anatote!
“Madmena já se foi; os moradores de Gebim vão fugindo em bandos.
“Ainda um dia parará em Nobe; acenará com a sua mão contra o monte da filha de Sião, o outeiro de Jerusalém.”

Alguns dos locais citados podem ser encontrados nos mapas bíblicos; veja especialmente o Mapa 4, “O Império de Davi e Salomão” na bíblia SUD em inglês.[35] A sucessão de nomes de lugares indica que o rei da Assíria avançaria do norte em direção a Jerusalém.

Isaías usa “o monte da filha de Sião” com duplo significado no versículo 32. O sentido principal aqui é como sinônimo para Jerusalém, mas quando esses acontecimentos são considerados como símbolos para acontecimentos nos últimos dias, outros significados podem ser observados. Em particular, refere-se ao lugar de coligação espiritual nos últimos dias, o qual estará sob ataque e será defendido miraculosamente pelo Senhor.[36] O Grande Pergaminho de Isaías mostra “…o monte da casa de Sião” no versículo 32.[37]

Os versículos 33 e 34 descrevem a derrota do exército assírio naquela época:

“Mas eis que o Senhor, o Senhor dos Exércitos, cortará os ramos com violência, e os de alta estatura serão cortados, e os altivos serão abatidos.
“E cortará com ferro a espessura da floresta, e o Líbano cairá à mão de um poderoso.”

“Ramos”, “os de alta estatura” e a “floresta” referem-se aos líderes ou nobres assírios, que seriam cortados pelo poderoso machado de ferro do Senhor. Os elementos da metáfora nos são bem familiares.[38]

Esta profecia foi cumprida quando 185,000 soldados do exército assírio foram mortos durante a noite por um anjo do Senhor:

“Sucedeu, pois, que naquela mesma noite saiu o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil deles; e, levantando-se pela manhã cedo, eis que todos eram cadáveres.
“Então Senaqueribe, rei da Assíria, partiu, e se foi, e voltou e ficou em Nínive.
“E sucedeu que, estando ele prostrado na casa de Nisroque, seu deus, Adrameleque e Sarezer, seus filhos, o feriram à espada; porém eles escaparam para a terra de Ararate; e Esar-Hadom, seu filho, reinou em seu lugar.”[39]

NOTAS

[1]. Ver 2 Reis 18 e 19; também Isaías 36 e 37.
[2]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 6486, p. 824.
[3]. Isaías 5:25.
[4]. Isaías 9:12, 17, e 21.
[5]. Doutrina e Convênios 124:8.
[6]. Versículo 4 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: E abata/entre os presos//entre mortos/caia. Em Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 258.
[7]. 2 Néfi 20:5.
[8]. Versículos 4 até 6 contêm um quiasma: Se abata/a sua ira/Assíria//a vara/da minha ira/para ser pisado aos pés.
[9].  Ver 2 Néfi 10:6; também ver Isaías 8:3 e debate de Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 105.
[10]. 2 Néfi 20:10.
[11]. Fundou Em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
Disponível na http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/Fundou.
[12]. Ver Isaías 46:1.
[13]. Ver Isaías 1:27; 3:16; 4:3-4; 8:18; 10:24; 12:6; 51:3.
[14]. 2 Néfi 20:13.
[15]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6086, p. 781.
[16]. Ver Isaías 1:7, 28; 5:24; 9:5, 18-19 e comentário pertinente.
[17]. Ver Isaías 55:13; 5:6; 9:18; 27:4; 32:13 e comentário pertinente.
[18]. Ver Isaías 9:5.
[19]. Versículos 17 e 18 contêm um quiasma: Os seus espinheiros e as suas sarças/glória da sua floresta//do seu campo fértil/desde a alma até à carne.
[20]. Ver Isaías 2:13; 9:18; 10:33-34; 14:8; 29:17; 32:15; 37:24; 55:12.
[21]. Ver Isaías 8:7; 16:14; 17:3-4; 20:5; 21:16-17; 22:18; 66:12 e comentário pertinente.
[22]. Brown et al., 1996, Número de Strong 8172, p. 1043.
[23]. Versículos 20 e 21 contêm um quiasma: Os restantes de Israel/se estribarão sobre aquele que os feriu//estribar-se-ão verdadeiramente sobre o Senhor/os restantes se converterão.
[24]. 2 Néfi 20:21.
[25]. Ver Isaías 7:3; também, Ver debate de Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 109.
[26]. Brown et al., 1996, Número de Strong 3617, p. 478.
[27]. Ver 2 Reis 18 e 19; também Isaías 36 e 37.
[28]. Ver Isaías 10:24, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 24b.
[29]. Ver Isaías 1:27; 3:16; 4:3-4; 8:18; 10:12; 12:6; 51:3.
[30]. Ver Isaías 26:20; 30:29 e comentário pertinente.
[31]. Ver Juízes 7.
[32]. Êxodo 14:24-28.
[33]. Ver Gênesis 22:9-12, 15-18.
[34]. Ver Gênesis 49:10; 1 Reis 2:33; 1 Samuel 15:27-28.
[35]. Ver Mapa Bíblico 4.
[36]. Ver 2 Reis 19:21, 31; Salmos 9:14; 51:18; Isaías 16:1; 37:22; 52:2; 62:11. Também ver Isaías 1:27; 3:16; 4:3-4; 8:18; 10:12, 24; 12:6; 51:3.
[37]. Parry,  Harmonizing Isaiah [Harmonizando Isaías], 2001, p. 71.
[38]. Ver Isaías 2:13; 9:18; 10:18-19; 14:8; 29:17; 32:15; 37:24; 55:12.
[39]. 2 Reis 19:35-37.

CAPÍTULO 5: “E Ele Arvorará o Estandarte Para As Nações de Longe”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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O capítulo 5 consiste de três partes principais. Na primeira, Isaías descreve a apostasia de Judá e Jerusalém num cântico alegórico. Na segunda parte, o Senhor, numa série de oráculos de lamentações, pronuncia maldições sobre o povo por quebrarem os convênios feitos com Ele. A terceira parte prediz a coligação e a restauração de Israel nos últimos dias. A estrutura de três partes deste capítulo reflete a mesma estrutura do capítulo 1, do Livro inteiro de Isaías, e da história predita da casa de Israel que se consiste de três partes.[1]

O cântico alegórico de Isaías compreende os primeiros sete versículos. Composto por Isaías e possivelmente cantados aos homens de Judá, descrevendo a apostasia da casa de Israel que aconteceu apesar de tudo o que o Senhor fez por eles, e também descreve sua dispersão e assolação. Começando no versículo 8 encontramos cinco oráculos de lamentações, cada um começando com a palavra “ai” e anunciando as maldições—incluindo a destruição e dispersão da nação—que foram pronunciadas sobre o povo pelo Senhor como consequências de suas iniquidades e apostasia. Na terceira parte o Senhor levanta um estandarte para chamar Seu povo disperso das partes mais distante da Terra; e o povo vem “apressurada e ligeiramente” à Sião.

Néfi cita o capítulo 5 por inteiro, com pequenas variações; compare 2 Néfi 15.

No versículo 1, Isaías começa a alegoria: “Agora cantarei ao meu amado o cântico do meu querido a respeito da sua vinha. O meu amado tem uma vinha num outeiro fértil”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “E então cantarei ao meu bem-amado….[2] O uso de “meu amado” por Isaías, significando o Senhor, indica que ele considera o Senhor como um amigo fiel e muito querido. A alegoria da vinha representa Judá e Jerusalém.

No versículo 2, Isaías continua: “E cercou-a, e limpando-a das pedras, plantou-a de excelentes vides; e edificou no meio dela uma torre, e também construiu nela um lagar; e esperava que desse uvas boas, porém deu uvas bravas”.

No versículo 3 o ponto de vista muda de Isaías para o do Senhor: “Agora, pois, ó moradores de Jerusalém, e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha”.

No versículo 4 o Senhor pergunta retoricamente: “Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? Por que, esperando eu que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas?” Este desafio e a pergunta retórica são recordações do profeta Natan desafiando o rei Davi com respeito a seu adultério e assassinato; Natan começa a acusação com uma parábola.[3] Os homens de Judá, desafiados aqui por Isaías, são tão culpados quanto o rei Davi.

Nos versículos 5 e 6 o Senhor continua a alegoria, descrevendo as consequências desta apostasia. O versículo 5 começa: “Agora, pois, vos farei saber o que eu hei de fazer à minha vinha: tirarei a sua sebe, para que sirva de pasto; derrubarei a sua parede, para que seja pisada”. As consequências alegóricas têm equivalentes espirituais—o Senhor cessaria de defender Seu povo. “Para que sirva de pasto” significa que as grandes bênçãos oferecidas à Judá e Jerusalém poderão ser obtidas e disfrutadas por outras pessoas; as frases “tirarei a sua sebe” e “para que seja pisada” referem-se novamente à proteção do Senhor sendo retirada de sobre a nação.

O versículo 6 continua: “E a tornarei em deserto; não será podada nem cavada; porém crescerão nela sarças e espinheiros; e às nuvens darei ordem que não derramem chuva sobre ela”. “Tornarei em deserto” refere-se às destruições que recairiam sobre a casa de Israel. “Não será podada nem cavada” significa que o Senhor não proveria constante orientação, cuidado ou revelação. “Crescerão nela sarças e espinheiros” prediz que invasores que não são do convênio ocupariam a terra, e que falsas doutrinas apareceriam para substituir as verdades dadas pelo Senhor;[4] e “às nuvens darei ordem que não derramem chuva sobre ela” refere-se à seca e fome espiritual e física.[5]

Os versículos 2 até 6 contêm um quiasma:

A: (2) E cercou-a, e limpando-a das pedras, plantou-a de excelentes vides; e edificou no meio dela uma torre, e também construiu nela um lagar;
B: e esperava que desse uvas boas, porém deu uvas bravas.
C: (3) Agora, pois, ó moradores de Jerusalém, e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha.
C: (4) Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito?
B: Por que, esperando eu que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas? (5) Agora, pois, vos farei saber o que eu hei de fazer à minha vinha:
A: tirarei a sua sebe, para que sirva de pasto; derrubarei a sua parede, para que seja pisada; (6) E a tornarei em deserto; não será podada nem cavada; porém crescerão nela sarças e espinheiros; e às nuvens darei ordem que não derramem chuva sobre ela.

A declaração introdutória contrasta-se com a sua reflexão. Primeiramente, o Senhor energeticamente prepara a vinha, cercando para proteção e plantando no solo excelentes vides. Apesar do diligente esforço do Senhor a vinha produz uvas bravas. Na reflexão antitética o Senhor tira a sua sebe (uma cerca feita de arbustos, o mesmo que cerca viva), derruba a sua parede, permitindo que a terra seja invadida e pisada, retém Seus cuidados e dá às nuvens ordem que não derramem sua chuva. Como resultado, a terra fica cheia de sarças e espinheiros.

No versículo 7 Isaías explica a alegoria do Senhor: “Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta das suas delícias” ―[6]  Isaías resume a acusação: “e esperou que exercesse juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis aqui clamor”. O Grande Pergaminho de Isaías, um dos Pergaminhos do Mar Morto, apresenta esta passagem assim: “…eis aqui clamor de angústia”.[7] “Juízo”, como usado aqui, significa “justiça social”[8] Outros significados para “juízo” que se encontram na obra de Isaías incluem justiça,[9] retribuição,[10] raciocínio lógico,[11] e um sistema equitativo de leis.[12]

Uma outra versão desta alegoria—que consiste de doze oliveiras ao invés de vinhas—foi apresentada pelo Senhor ao Profeta Joseph Smith. Neste caso, os servos discutiam entre eles sobre a necessidade de ter uma torre, “sendo que é tempo de paz”.[13] Mas o inimigo veio, derrubou a sebe, e destruiu a vinha. O Senhor exortou Seus servos:

Não devíeis ter feito o que vos mandei e—depois de haverdes plantado a vinha e construído a sebe ao redor e posto atalaias sobre seus muros—construído também a torre e posto uma atalaia na torre e vigiado minha vinha, sem adormecer, para que o inimigo não vos atacasse?[14]

Os versículos 8 até 24 apresentam cinco oráculos de lamentações, descrevendo maldições e consequências impostas pelo Senhor pelas transgressões da casa de Israel. O significado do versículo 8 é facilmente mal interpretado na versão de João Ferreira de Almeida: “Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e fiquem como únicos moradores no meio da terra!” O Livro de Mórmon omite “reúnem campo a campo” e mostra “até que não possa…”.[15] Miquéias esclarece o significado desta passagem: “Ai daqueles que nas suas camas intentam a iniquidade, e maquinam o mal; à luz da alva o praticam, porque está no poder da sua mão! E cobiçam campos, e roubam-nos, cobiçam casas, e arrebatam-nas; assim fazem violência a um homem e à sua casa, a uma pessoa e à sua herança”.[16] O Senhor está descontente com o egoísmo e com a cobiça de seu povo; latifundiários ricos, que estão tomando as terras dos pobres, estão cometendo uma grande iniquidade.[17]

O versículo 9 explica que a aquisição de propriedades seria fútil: “A meus ouvidos disse o Senhor dos Exércitos: Em verdade que muitas casas ficarão desertas, e até as grandes e excelentes sem moradores”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “muitas casas ficarão desertas; e grandes e belas cidades, sem moradores”.[18] Isto tipifica vários ciclos de destruição, começando com o cativeiro Babilônico e incluindo a destruição dos ímpios na Segunda Vinda do Senhor, como foi descrito por Isaías outro capítulo mais adiante: “Porque transbordarás para a direita e para a esquerda; e a tua descendência possuirá os gentios e fará que sejam habitadas as cidades assoladas” (ênfases adicionadas).[19]

Por causa das maldições do Senhor, como descritas por Isaías, possuir uma abundância de terras não será lucrativo, como foi mencionado no versículo 10: “E dez jeiras de vinha não darão mais do que um bato; e um ômer de semente não dará mais do que um efa”. O significado é bem claro aqui, mas as unidades de medidas não são bem conhecidas. Um bato é uma unidade de medida líquida, aproximadamente 31.3 litros; um ômer equivale à mais ou menos 230 litros usando a unidade de medida para coisas secas; e um efa é um-décimo de um ômer.[20] Por conseguinte a produção de vinho é muito menos do que a quantidade esperada, e a quantidade de grãos colhidos é a décima parte do que se semeou.

O próximo oráculo de lamentação, que compreende os versículos 11 e 12, se trata de embriaguez e festividade: Versículo 11 começa: “Ai dos que se levantam pela manhã, e seguem a bebedice; e continuam até à noite, até que o vinho os esquente!” O Livro de Mórmon apresenta assim: “…e o vinho os inflama!”[21], na Tradução de Joseph Smith diz assim: “e continuam até a noite, e o vinho os inflama!”[22]  A embriaguez e o estilo de vida desordeiro que segue são ofensivos ao Senhor.

O versículo 12 continua: “E harpas e alaúdes, tamboris e gaitas, e vinho há nos seus banquetes; e não olham para a obra do Senhor, nem consideram as obras das suas mãos”. Instrumentos musicais, uma vez usados para glorificarem ao Senhor, são usados agora principalmente para divertimento. Porque seus interesses e esforços são direcionados às atividades mundanas, o povo não reconhece a obra do Senhor.

Os versículos 13 e 14, relatam as consequências detalhadamente. No versículo 13 o Senhor declara: “Portanto o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento; e os seus nobres terão fome, e a sua multidão se secará de sede”. Esta declaração prefigure o cativeiro Babilônico, mas também é um exemplo de outras destruições. A falta de conhecimento espiritual das pessoas, resulta em serem levados em cativeiro. A fome e sede espirituais, bem como a privação física, estão implicadas aqui.[23]

Versículos 11 até 13 contêm um quiasma:[24]

(11) Ai dos que se levantam pela manhã,
A: e seguem a bebedice;
B: e continuam até à noite, até que o vinho os esquente!
C: (12) E harpas e alaúdes, tamboris e gaitas, e vinho há nos seus banquetes;
D: e não olham para a obra do Senhor,
D: nem consideram as obras das suas mãos.
C: (13) Portanto o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento; e os seus nobres terão fome,
B: e a sua multidão se secará
A: de sede.

Neste quiasma, a busca de prazeres pelos filhos de Judá é contrastada com seu sofrimento depois de sua derrota e de serem levados cativos. Antes, eles buscavam a bebedice; no cativeiro e na derrota serão amaldiçoados com sede. Antes de seu cativeiro, eles estavam quentes de vinho; depois a sua multidão se secará de sede. Estas maldições cairiam sobre eles por não terem nenhuma consideração pelo Senhor ou Sua obra.

O versículo 14 descreve as consequências físicas e espirituais: “Portanto o inferno grandemente se alargou, e se abriu a sua boca desmesuradamente; e para lá descerão o seu esplendor, e a sua multidão, e a sua pompa, e os que entre eles se alegram”. “Pompa” é traduzido do hebraico “barulho” ou “tumulto”.[25] “Inferno” vem da palavra hebraica sheol, que significa “mundo dos espíritos dos mortos”.[26] Muitos perecerão nas preditas destruições.

O versículo 15 declara: “Então o plebeu se abaterá, e o nobre se humilhará; e os olhos dos altivos se humilharão”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “Então o plebeu será abatido; e o poderoso será humilhado e os olhos dos altivos serão humilhados. Tanto o homem comum quanto o homem poderoso serão humilhados e os altivos abaixarão seus olhos em sinal de humildade.

Em contraste, no versículo 16 descreve-se a glória do Senhor: “Porém o Senhor dos Exércitos será exaltado em juízo; e Deus, o Santo, será santificado em justiça”. O homem comum, o homem poderoso, e até mesmo o altivo irão eventualmente reconhecer o poder e glória do Senhor, Seu direito de reinar e julgar, e Sua retidão. Como disse o Senhor: “Por mim mesmo tenho jurado, já saiu da minha boca a palavra de justiça, e não tornará atrás; que diante de mim se dobrará todo o joelho, e por mim jurará toda a língua”.[27], [28] “Justiça”, como foi usada aqui, significa “equidade”.[29]

O versículo 17 descreve as condições depois da destruição: “Então os cordeiros pastarão como de costume, e os estranhos comerão dos lugares devastados pelos gordos”. O Grande Pergaminho de Isaías menciona cabras e cevados pastando entre as ruínas.[30]  A terra—e as bênçãos do evangelho—serão possuídas pelos “estranhos” ou estrangeiros, significando aqueles que não faziam parte do convênio originalmente, mas que foram trazidos para o convênio através de conversão. Esta profecia foi cumprida depois da crucificação de Cristo, quando o apóstolo Pedro recebeu a revelação de que o evangelho deveria ser pregado aos Gentios.[31]

Quatro oráculos de lamentações, todos relacionados, podem ser encontrados nos versículos 18 até 23. As consequências, começando com a palavra “Por isso”, aparecem nos versículos 24 e 25.

Nos versículos 18 e 19, o Senhor amaldiçoa aqueles que estão carregados de pecados. O versículo 18 começa: “Ai dos que puxam a iniquidade com cordas de vaidade, e o pecado com tirantes de carro!” Isto descrevem as pessoas que estão tão cheias de pecados que, figurativamente, precisam de um carro para carregar seu fardo, apesar de terem uma aparência de retidão, devido evitarem a aparência exterior do pecado.

O versículo 19 continua: “E dizem: Avie-se, e acabe a sua obra, para que a vejamos; e aproxime-se e venha o conselho do Santo de Israel, para que o conheçamos”. Por causa de pecados, eles não acreditarão no Messias nem em Sua vinda, até que O vejam com seus próprios olhos.[32]

Versículos 12 até 19 contêm um quiasma:

A: (12) E harpas e alaúdes, tamboris e gaitas, e vinho há nos seus banquetes; e não olham para a obra do Senhor, nem consideram as obras das suas mãos.
B: (13) Portanto o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento;
C: e os seus nobres terão fome, e a sua multidão se secará de sede.
D: (14) Portanto o inferno grandemente se alargou, e se abriu a sua boca desmesuradamente; e para lá descerão o seu esplendor, e a sua multidão, e a sua pompa, e os que entre eles se alegram.
E: (15) Então o plebeu se abaterá,
F: o nobre se humilhará;
F: e os olhos dos altivos se humilharão.
E: (16) Porém o Senhor dos Exércitos será exaltado em juízo; e Deus, o Santo, será santificado em justiça.
D: (17) Então os cordeiros pastarão como de costume,
C: e os estranhos comerão dos lugares devastados pelos gordos.
B: (18) Ai dos que puxam a iniquidade com cordas de vaidade, e o pecado com tirantes de carro!
A: (19) E dizem: Avie-se, e acabe a sua obra, para que a vejamos; e aproxime-se e venha o conselho do Santo de Israel, para que o conheçamos.

“Não olham para a obra do Senhor” no versículo 12 é o oposto à “avie-se, e acabe a sua obra, para que a vejamos; e aproxime-se e venha o conselho do Santo de Israel, para que o conheçamos” no versículo 19, que revela a hipocrisia da última declaração. A parte central deste quiasma é que o poderoso e o altivo serão humilhados. A frase “o plebeu se abaterá” contrasta-se com “Porém o Senhor dos Exércitos será exaltado”. O inferno abrindo a sua boca para receber a multidão que foi abatida, contrasta-se grandemente com a cena de cordeiros pastoreando, o que acontecerá depois da matança. A frase “será levado cativo” no versículo 13 é comparado com “puxam a iniquidade com cordas de vaidade” no versículo 18, ilustrando as consequências e suas causas. Esta comparação ilustra que a iniquidade é uma forma de cativeiro.

O significado do versículo 20 é bem claro: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!”[33] Em nossa época, vemos inúmeros exemplos de situações onde chamam o mal de bem e o bem de mal. Não somente más práticas governamentais são chamadas de boas por políticos corruptos sem um bom senso de justiça, mas também vemos “mal” vir a significar “bem” no cotidiano. Retorcem a situação para que pareçam boa, não importa quão mal seja, para vantagens políticas, se tornou uma forma de arte cultivada. A diferença do que é popular e do que é correto está se alargando  cada vez mais.[34] Os que buscam fazer o que é certo, tem que se separar das normas sociais bem mais antes do que no passado.

O significado do versículo 21 também é bem claro: “Ai dos que são sábios a seus próprios olhos, e prudentes diante de si mesmos!” O Livro de Mórmon apresenta assim: “…prudentes a sua própria vista![35] Sem a orientação do Senhor e sem reconhecer Sua sabedoria e omnisciência, a sabedoria e conhecimento do mundo são de pouco valor.

O versículo 22 é facilmente compreendido com o conhecimento da Palavra de Sabedoria:[36] “Ai dos que são poderosos para beber vinho, e homens de poder para misturar bebida forte” ― A o consumo de vinho e de misturas de bebidas alcoólicas[37] é considerado, hoje em dia, um sinal de masculinidade e força.

O versículo 23, continuando a sentença do versículo anterior, descreve uma prática comum em todas as camadas da nossa sociedade: “Dos que justificam ao ímpio por suborno, e aos justos negam a justiça!” O Livro de Mórmon apresenta assim: “Que justificam o ímpio por recompensa e tiram ao justo a sua justiça!”[38] A palavra hebraica traduzida para “suborno” ou “recompensa” significa, geralmente, perverter a justiça.[39] A justificação dos iníquos por aceitarem ou darem subornos e de tirarem os direitos dos justos são práticas comuns em nossa sociedade.

Os versículos 24 e 25 explica as consequências associadas com as lamentações citadas, cada uma começando com as palavras “por isso”. Versículo 24 começa: “Por isso, como a língua de fogo consome a palha, e o restolho se desfaz pela chama, assim será a sua raiz como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó; porquanto rejeitaram a lei do Senhor dos Exércitos, e desprezaram a palavra do Santo de Israel”. A destruição dos iníquos—que foi caracterizada aqui por uma metáfora de uma planta seca e podre—será pelo fogo.[40]

O significado desta passagem é o mesmo que mencionou Malaquias: “Porque eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo”.[41] “Raiz” refere-se aos ancestrais e “ramo” ou “flor” refere-se aos descendentes. Ambas escrituras querem dizer que as consequências das iniquidades incluem ser queimado na Segunda Vinda do Senhor e ser deixado sem ancestrais ou descendentes por toda eternidade, por não haver feito as ordenanças do selamento.

O versículo 25 descreve uma destruição catastrófica: “Por isso se acendeu a ira do Senhor contra o seu povo, e estendeu a sua mão contra ele, e o feriu, de modo que as montanhas tremeram, e os seus cadáveres se fizeram como lixo no meio das ruas; com tudo isto não tornou atrás a sua ira, mas a sua mão ainda está estendida”. O Grande Pergaminho de Isaías menciona “mãos” na frase final.[42]

Por causa de suas iniquidades o Senhor está irado com Seu povo. Além da queimação descrita no versículo 24 haverá um terremoto que sacudirá as montanhas, os cadáveres serão despedaçados e espalhados no meio das ruas. A frase de encerramento do versículo 25, “com tudo isto não tornou atrás a sua ira, mas a sua mão ainda está estendida”, significa que a justiça da ira do Senhor ainda continua e Suas mãos estão estendidas contra eles para puni-los. Esta frase tem o mesmo sentido da frase precedente: “Por isso se acendeu a ira do Senhor contra o seu povo, e estendeu a sua mão contra ele, e o feriu”. Aparentemente, o tempo para o arrependimento já terá passado, quando chegarem nessas condições. A frase “com tudo isto não tornou atrás a sua ira, mas a sua mão ainda está estendida” repete-se quatro vezes em outras partes do livro de Isaías, todas as vezes com o mesmo significado.[43]

A terceira parte deste capítulo abrange os versículos 26 até 30, os quais descrevem a coligação de Israel nos últimos dias. Parte desta profecia já foi cumprida; sem dúvidas esta profecia continuará a ser cumprida no futuro. A razão que segue a profecia da destruição é para enfatizar que apesar da destruição o Senhor olhará favoravelmente para Israel e ela será coligada e coroada com glória.

No versículo 26 a palavra “estandarte” significa uma bandeira militar, como as usadas para denotarem condições de batalha e enviar mensagem para os combatentes. Neste caso a mensagem é para se juntarem: “E ele arvorará o estandarte para as nações de longe, e lhes assobiará para que venham desde a extremidade da terra; e eis que virão apressurada e ligeiramente”. O Livro de Mórmon insere a terceira frase do versículo 27 aqui: “Ninguém toscanejará nem dormirá”.[44] “Desde a extremidade da terra” significa de muito longe.[45] “Assobiar” é um sinal comum usado para chamar.[46]

Néfi parafraseia o versículo 26: “E também para que eu me lembre das promessas que fiz a ti, Néfi…de que me lembraria da tua semente…minhas palavras silvarão até os confins da Terra como um estandarte para o meu povo, que é da casa de Israel” (ênfases adicionadas).[47]

Em Doutrina e Convênios, o Senhor descreve Sião nos últimos dias como um estandarte para povo: “Pois eis que vos digo que Sião florescerá e a glória do Senhor estará sobre ela;
“E será um estandarte para o povo e a ela virão de todas as nações debaixo do céu”.[48]

Brigham Young teve uma visão do Vale do Lago Salgado para que o reconhecesse quando ele e seu povo exilado de Nauvoo chegassem lá. Principalmente, foi-lhe mostrado um monte proeminente, localizado agora ao norte da cidade, que ficou conhecido como Ensign Peak (Pico do Estandarte). Deste pico, o Presidente Young declarou que o evangelho seria pregado à todas as nações[49]. Um mastro foi colocado neste monte e uma bandeira ereta. Deste lugar o Senhor “…assobiará para que venham desde a extremidade da terra”.

O Senhor explicou a Néfi o significado desta passagem e como Suas palavras, que agora estão contidas no Livro de Mórmon, desempenhariam um papel importante:

“E também para que eu me lembre das promessas que fiz a ti, Néfi, e também a teu pai, de que me lembraria da tua semente; e de que as palavras da tua semente sairiam de minha boca para a tua semente; e minhas palavras silvarão até os confins da Terra como um estandarte para o meu povo, que é da casa de Israel;
“E porque minhas palavras hão de silvar—muitos dos gentios clamarão: Uma Bíblia, uma Bíblia! Temos uma Bíblia e não pode haver qualquer outra Bíblia….
“Não sabeis que há mais de uma nação? Não sabeis que eu, o Senhor vosso Deus, criei todos os homens e que me lembro dos que estão nas ilhas do mar? E que governo nas alturas dos céus e embaixo, na Terra; e revelo minha palavra aos filhos dos homens, sim, a todas as nações da Terra?
“Por que murmurais por receberdes mais palavras minhas? Não sabeis que o depoimento de duas nações é um testemunho a vós de que eu sou Deus, de que me recordo tanto de uma como de outra nação? Portanto digo as mesmas palavras, tanto a uma nação como a outra. E quando as duas nações caminharem juntas, os testemunhos das duas nações também caminharão juntos.”[50]

O evangelho, e principalmente O Livro de Mórmon, será este “assobio” para chamar o povo do Senhor de todos os cantos da Terra para se juntarem. Os missionários—carregando O Livro de Mórmon e tendo um testemunho de Jesus Cristo, saindo dos centro de treinamento missionário em Salt Lake City e outros CTMs para todo o canto da Terra —são cumprimentos desta profecia.

A frase de encerramento do versículo 26 diz “eis que virão apressurada e ligeiramente”, descrevendo como virão aqueles que ouvirem o chamado para se reunirem à Sião. Os versículos 27 até 30 descrevem os meios de transportes mais sofisticados que serão usados para viajar, Isaías os viu mas não possuía o vocabulário no hebraico antigo para descrevê-los. Várias Autoridades Gerais em nossa dispensação, incluindo LeGrande Richards,[51] disse que estes versículos descrevem transportes modernos como trem e avião.

No versículo 27 Isaías descreve as pessoas: “Não haverá entre eles cansado, nem quem tropece; ninguém tosquenejará nem dormirá; não se lhe desatará o cinto dos seus lombos, nem se lhe quebrará a correia dos seus sapatos”. O Livro de Mórmon insere a terceira frase do versículo 27 no final do versículo 26: “Ninguém toscanejará nem dormirá”.[52] Foi interessante para Isaías ver um número tão grande de pessoas sendo transportadas rapidamente de uma maneira que nem os cansavam—o cansaço era um resultado normal de viajar nos tempos antigos, como foi testificado em muitas passagens nas escrituras.[53]

O versículo 28, “As suas flechas serão agudas, e todos os seus arcos retesados; os cascos dos seus cavalos são reputados como pederneiras, e as rodas dos seus carros como redemoinho” descreve metaforicamente seu estado de preparação, como se eles fossem uma força militar bem preparada para o ataque. O Livro de Mórmon insere a primeira parte do versículo 29 aqui: “O seu rugido será como o do leão”.[54] “Redemoinho” descreve a grande velocidade—comparado com os padrões da época de Isaías—que dirigimos em nossos carros, mas também pode estar descrevendo a rotação das rodas dos trens. A frase “O seu rugido será como o do leão” descreve o intense baralho causados pelos meios de transportes modernos.

O versículo 29 continua: “O seu rugido será como o do leão; rugirão como filhos de leão; sim, rugirão e arrebatarão a presa, e a levarão, e não haverá quem a livre”. Isaías continua sua descrição dos meios de transportes modernos, observados nesta visão, e o intenso barulho.  Como foi mencionado acima, a primeira parte deste versículo, “O seu rugido será como o do leão”, é inserido no versículo anterior no Livro de Mórmon.[55]

O versículo 30 declara: “E bramarão contra eles naquele dia, como o bramido do mar; então olharão para a terra, e eis que só verão trevas e ânsia, e a luz se escurecerá nos céus”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “e se olharem para a terra”.[56]

Isaías ficou bem impressionado com o barulho produzido pelos aviões. No versículos 29 e 30 ele repete formas das palavras “rugir” ou “bramar” cinco vezes: “O seu rugido é como o do leão, rugirão como filhos de leão, sim, rugirão e arrebatarão a presa, e a levarão, e não haverá quem a livre. E bramarão contra eles naquele dia, como o bramido do mar” (ênfases adicionadas). Aqui Isaías está descrevendo os sons dos transportes modernos—principalmente, o ruído do avião a jato.

Concernente aos meios de transportes modernos vistos por Isaías, Elder LeGrande Richards falou:

“Já que não existiam trens nem aviões naquele tempo, Isaías não podia mencioná-los pelos nomes. Entretanto, parece que os descreveu com palavras inconfundíveis. Que melhor descrição para o trem moderno do que ‘os cascos dos seus cavalos são reputados como pederneiras, e as rodas dos seus carros como redemoinho’? Que melhor descrição para o ruído do avião do que ‘seu rugido’ seja ‘como o do leão’? Trens e aviões não param à noite; portanto, não estaria Isaías justificado em dizer: ‘Ninguém tosquenejará nem dormirá; não se lhe desatará o cinto dos seus lombos, nem se lhe quebrará a correia dos seus sapatos’? Com esses meios de transportes …virão apressurada e ligeiramente’.”[57]

A frase final do versículo 30, “então olharão para a terra, e eis que só verão trevas e ânsia, e a luz se escurecerá nos céus”, pode ser a descrição de Isaías da vista dramática olhando-se da janela do avião quando levanta voo a noite. Trevas e ânsia indicam profundos componentes espirituais: aos que se congregam em Sião abordam aviões partindo de terras de tribulações, tormento e escuridão espiritual. Este é um exemplo de duplo sentido típico de Isaías.

NOTAS

[1]. Capítulos 2 até 39 descrevem Israel em sua terra natal num estado de iniquidade; capítulos 40 até 54 descrevem Israel em exílio no mundo em geral, interagindo com pessoas e acontecimentos; e capítulos 55 até 66 descrevem o retorno glorioso de Israel à sua terra natal depois de seu arrependimento e purificação.
[2]. 2 Néfi 15:1.
[3]. Ver 2 Samuel 12:1-7.
[4]. Ver Isaías 55:13; 9:18; 10:17; 27:4; 32:13 e comentário pertinente.
[5]. Ver Isaías 3:2-3 e comentário pertinente.
[6]. A primeira parte do versículo 7 contém um quiasma: Vinha/casa de Israel//os homens de Judá/são a planta das suas delícias. Em Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University, [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 258.
[7]. Parry, Harmonizing Isaiah [A Harmonização de Isaías], 2001, p. 51.
[8]. Ver Isaías 28:6; 42:1; 59:8, 15.
[9]. Ver Isaías 1:21, 27; 5:16; 16:3, 5; 28:6, 17; 30:18.
[10]. Ver Isaías 1:17; 3:14; 4:4; 34:5.
[11]. Ver Isaías 1:17; 28:7; 40:14, 27; 42:3; 59:8.
[12]. Ver Isaías 51:4; 54:17.
[13].  Doutrina e Convênios 101:48.
[14]. Doutrina e Convênios 101:53; Ver versículos 44-62.
[15]. 2 Néfi 15:8.
[16]. Miquéias 2:1-2.
[17]. Ver Isaías 5:8, nota de rodapé 8c na Bíblia SUD em inglês.
[18]. 2 Néfi 15:9.
[19]. Isaías 54:3; Ver também 3 Néfi 22:3.
[20]. Dicionário Bíblico—Pesos e Medidas.
[21]. 2 Néfi 15:11.
[22].  Joseph Smith’s “New Translation” of the Bible: [“Nova Tradução” da Bíblia por Joseph Smith:] Herald Publishing House, Independence, Missouri, 1970, p. 195.
[23]. Ver referências para o versículo 6.
[24]. Parry, Harmonizing Isaiah [A Harmonização de Isaías], 2001, p. 258.
[25]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7588, p. 981.
[26]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7585, p. 982.
[27]. Isaías 45:23.
[28]. Ver também Romanos 14:11, Mosias 27:31; D. e C. 76:110; 88:104.
[29]. Ver Isaías 1:21, 27; 16:3, 5; 28:6, 17; 30:18.
[30]. Parry, Harmonizing Isaiah [A Harmonização de Isaías], 2001, p. 53.
[31]. Ver Atos 10:9-33; compare Isaías 65:1-7.
[32]. Isaías 5:18-19, notas de rodapés 18c e 19d na Bíblia SUD em inglês.
[33]. Versículo 20 contém 3 simples quiasmas:  Mal/bem//bem/mal; Trevas/luz//luz/trevas; Amargo/doce// doce/amargo. Em Parry, Harmonizing Isaiah, [A Harmonização de Isaías] 2001, p. 258.
[34]. James E. Faust, “Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade”, Liahona, Nov. 2003, p. 19.
[35]. 2 Néfi 15:21.
[36]. Ver D. e C. 89: 5-7.
[37]. Brown et al., 1996, Número de Strong 4537, p. 587.
[38]. 2 Néfi 15:23.
[39]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7810, p. 1005.
[40]. Ver Isaías 1:7, 28; 9:5, 18-19 e comentário pertinente.
[41]. Malaquias 4:1.
[42]. Parry, Harmonizing Isaiah, [A Harmonização de Isaías] 2001, p. 54.
[43]. Isaías 9:12, 17, 21; 10:4.
[44]. 2 Néfi 15:26.
[45]. Ver Isaías 26:15; 40:28; 41:5, 9.
[46]. Brown et al., 1996, Número de Strong 8319, páginas 1056 e 1117.
[47]. 2 Néfi 29:2.
[48]. D. e C. 64:41-42.
[49]. Ver Gordon B. Hinckley, Nossa Herança: Uma Breve História dA Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Salt Lake City, Utah, 1995, p. 81. Ver também Journal of Discourses [Diário de Discursos]: F.W. e S.W. Richards (26 Vols., Liverpool, Engle: 1854-1886), v. 13: pp. 85-86.
[50]. 2 Néfi 29:2-3, 7-8.
[51]. LeGrande Richards, Uma Obra Maravilhosa e um Assombro: Deseret Book Co., Salt Lake City, Utah, 1958, p. 236.
[52]. 2 Néfi 15:26-27.
[53]. Ver 1 Reis 19:7; João 4:6; 1 Néfi 16:35-36; 17:1-2; Mosias 7:16.
[54]. 2 Néfi 15:28-29.
[55]. 2 Néfi 15:29.
[56]. 2 Néfi 15:30.
[57]. LeGrande Richards, Uma Obra Maravilhosa e um Assombro: Deseret Book Co., Salt Lake City, Utah, 1958, p. 236.

INTRODUÇÃO 3: Recursos Literários Usados Por Isaías

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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As palavras de Isaías são poéticas porque são belas. Sua eloquência, sua habilidade de incorporar tantos significados em poucas palavras, e o uso extensivo de recursos literários e estruturais para alcançar os seus propósitos literários revelam uma perícia literária que requereriam muitos anos para desenvolver. Na verdade, o nível de perícia literária de Isaías é inalcançável exceto por poucos que já viveram sobre a Terra.

O que é poesia? Poesia não é simplesmente uma forma literária caracterizada por ritmo e rima, é uma forma artística complexa na qual beleza é um objetivo importante intencionado pelo escritor. Toda arte, seja música, pintura, dança, desenho, escultura, drama, poesia e prosa, tem elementos em comum que consideramos beleza. Estes elementos incluem ritmo, cores, humor, variedade dentro da unidade, padrão, repetição, contraste e movimento ou ação, os quais influenciam emoções humanas. As escrituras de Isaías são poesias e são belas porque elas causam um profundo impacto emocional, dado aos leitores através do uso perito desses elementos.

Surpreendentemente, os ritmos e padrões de Isaías são de ideias, ao invés de sons das palavras ou rimas. Portanto, sua expressão poética geralmente não se perde quando traduzida; a beleza das palavras de Isaías está presente em qualquer língua.

O aspecto espiritual das palavras de Isaías é perfeitamente unido com sua extraordinária expressão artística. O impacto emocional transmitido pela sua perícia artística é amplificado por sua percepção espiritual inabalável e discernimento profético do passado, presente e futuro. O leitor, quando guiado pelo Espírito Santo, compreende coisas espiritualmente como também responde emocionalmente. Assim, a pura luz da revelação é manifesta nas palavras de Isaías de uma forma extraordinária.

As chaves dadas por Bruce R. McConkie para compreender as palavras de Isaías,[1] apresentadas no capítulo anterior, são as mesmas usadas por Néfi no Livro de Mórmon. O resultado é uma interpretação geral, descrevendo claramente os significados das palavras de Isaías, porém não interpretando palavra-por-palavra nem sentença-por-sentença. A oitava chave apresentada por McConkie, “Aprenda a maneira de profetizar usada entre os Judeus no tempo de Isaías”, tem sido um obstáculo para os Santos dos Últimos Dias por gerações.  A falta de conhecimento faz com que os leitores pulem a parte de Isaías do Livro de Mórmon—tão rica em beleza e significados! Néfi explicou suas razões:

“Agora eu, Néfi, digo algo sobre as palavras que escrevi, que foram proferidas pela boca de Isaías. Pois eis que Isaías disse muitas coisas que, para muitos de meu povo, eram de difícil compreensão; porque não conhecem o modo de profetizar dos judeus.
“Porque eu, Néfi, não lhes ensinei muitas coisas sobre os costumes dos judeus; porque suas obras eram obras de trevas e seus feitos eram abominações.”[2]

Não precisamos temer que ao aprender tais métodos seremos levados às mesmas abominações dos Judeus antigos; ao contrário, os Judeus que Néfi se referiu não tinha o espírito de profecia, talvez mais automaticamente, eles se concentravam nos aspectos mecânicos das palavras de Isaías. Néfi já foi ao outro extremo, se concentrando no contexto espiritual e ignorando o mecânico. Podemos evitar esta dificuldade enfrentada pelos Judeus antigos aplicando as dez chaves apresentadas por McConkie, especialmente a nona: “Tenha o espírito de profecia”.

Na época que McConkie escreveu seu livro não havia muita informação ou orientação disponível sobre a maneira de profetizar entre os Judeus. Quinze anos depois, em 1988, um trabalho seminal por Avraham Gileadi apresentou chaves interpretativas muito úteis.[3]

De acordo com Gileadi, a maneira de aprender entre os Judeus não mudou desde o tempo dos profetas. Nas escolas rabínicas de hoje,

“Os Judeus dependem de recursos interpretativos como símbolos e figuras, linguagem alegórica, padrão literário, estruturas básicas, paralelismos, significado duplo, palavras chaves, codinomes, e outros instrumentos mecânicos…. Sua abordagem é completamente mecânica. Em seus enormes livros, um pequeno quadrado no centro de cada página contém o versículo ou passagem que está sendo estudado…. Lembro levando um mês inteiro da minha vida na escola rabínica discutindo só um versículo, explorando-o por todos os ângulos…. Os Judeus, exclusivamente, usam este método.”[4]

Mesmo as análises simples apresentadas neste comentário se diferem grandemente da abordagem dogmática predominante nas religiões de hoje, onde a passagem tem somente uma interpretação que é aceita. Uma abordagem superficial dogmática elimina a possibilidade de vários níveis de interpretações intencionadas, o que é uma característica importante nas escrituras de Isaías.

Gileadi apresenta uma variedade de recursos literários usados por Isaías, alguns dos mais usados estão resumidos aqui.[5]

Formas de Linguagem

Isaías utiliza muitos pequenos padrões literário, chamados por Gileadi[6] de “formas de linguagem”. Incluindo os seguintes:

Litígio.—Uma só passagem que pode incluir vários versículos de escrituras na qual o Senhor acusa Israel como se estivera numa corte. A sentença é geralmente condicional, concedendo um período de tempo para um possível arrependimento.

Discurso por um Mensageiro.—Aqui o profeta funciona como emissário do Senhor. Ele transmite a mensagem do Senhor para o povo ou seu rei, descrevendo como ele foi chamado e enviado pelo Senhor, apresenta uma lista de pecados cometidos pelo povo e anuncia o subsequente castigo.

Oráculo de Pesar.—Uma série de maldições que o Senhor profere sobre Israel por haver quebrado o convênio. Tomando um formato específico, estes sempre incluem citações de específicas transgressões, estabelecendo, assim, causa e consequências.

Lamento Profético.—Lamentando uma calamidade ou uma desgraça, um lamento profético começa com a palavra “Como” e expressa o pesar pelo estado decaído do povo.

Sermão Sacerdotal.—o profeta assume o papel de sacerdote ou mestre explicando doutrinas, instando o arrependimento e exortando o povo a seguir o caminho correto.

Parábolas.—Uma história na qual uma coisa é comparada à outra alegoricamente, para retratar uma sequência de causas e consequências.

Cânticos da Salvação.—Israel, ou seu porta-voz profético, canta louvores ao Senhor reconhecendo Sua intervenção que resultou em seu resgate.

Metáforas

Gileadi[7] mostra que Isaías usa “mar” e “rio” como metáforas para o rei da Assíria e seus exércitos invasores. O rei da Assíria representa poderes do mal e caos em qualquer tempo e lugar da história humana.

Há vários outros termos metafóricos usados por Isaías que, se soubermos que são metáforas, enriquecerão a nossa compreensão. Considere a seguinte passagem em Isaías 30, que contém várias metáforas: “E em todo o monte alto, e em todo o outeiro levantado, haverá ribeiros e correntes de águas, no dia da grande matança, quando caírem as torres”.[8]

“Água”, como se usa aqui, é uma metáfora que significa inspiração e bênçãos dos céus,[9] enquanto que “monte” e “outeiro” são metáforas que significam nações da Terra, tanto grande quanto pequena.[10]  Esta profecia foi em parte cumprida com a grande matança de milhares de pessoas que morreram em um dia, quando as Torres Gêmeas do Centro Mundial de Comércio em Nova Iorque caíram sobre ataque terrorista no dia 11 de setembro de 2011. De alguma maneira, este acontecimento terrível dará lugar para que as bênçãos e inspirações dos céus se tornarem disponíveis para muitas nações da Terra.[11]

O próximo versículo descreve, usando uma metáfora diferente, uma abundância de inspiração e revelação de Deus que se tornaria disponível para as nações da Terra naquele dia: “E a luz da lua será como a luz do sol, e a luz do sol sete vezes maior, como a luz de sete dias…”.[12] A luz da lua e do sol, ampliada como foi descrita, é uma metáfora muito conhecida que significa inspiração e revelação.

A primeira parte deste versículo é equivalente quiasmaticamente à primeira parte do versículo anterior, de modo que o significado idêntico das duas metáforas seja claro. Além disso, o enfoque da estrutura dos dois versículos é “no dia da grande matança, quando caírem as torres”. O significado é que este traumatizante, catastrófico acontecimento e o subsequente conflito é o ponto culminante para o surgimento das maiores inspirações e bênçãos espirituais que serão derramadas sobre as nações da Terra. Mais a respeito de quiasmas e outras estruturas poéticas serão apresentadas em maiores detalhes no próximo capítulo introdutório.

A frase final do versículo é “…no dia em que o Senhor ligar a quebradura do seu povo, e curar a chaga da sua ferida”.[13] Isto significa que a grande orientação e inspiração descritas resultarão numa cura para a aflição do povo e conforto para os que sofreram grande perda.

O Hebraico

Como em outras línguas, é difícil traduzir do Hebraico e transmitir com precisão a mesma coisa. Isto acontece especialmente em casos de palavras com definições duplas. Gileadi[14] cita caso do chamado profético de Isaías, descrito em Isaías 6:

“No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e a cauda do seu manto enchia o templo.
“Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam.”[15]

Gileadi explica:

“Em Hebraico, a palavra serafim literalmente significa ‘um ser ardente ou abrasador…’.  O uso de ‘ser ardente’ por Isaías para descrever anjos que rodeiam o Senhor, ao invés de usar o termo comum para anjos (‘mensageiros’) enfatizam a natureza da visão de Isaías—aqui os anjos não servem como mensageiros, mas exemplificam um estado de purificação.”

Cada serafim possui seis asas. O termo “asas” em hebraico…também significa “véus”.

Assim traduz Gileadi: “Com duas podiam ocultar sua presença, com duas esconder sua localização, e com as outras duas voarem”.  Então, ao invés de descreverem características físicas, estas descrições são das capacidades ou qualidades dos serafins. Um conhecimento do Hebraico auxilia grandemente na compreensão do significado desta passagem.

Uma fonte valiosa de significados hebraicos se encontra nas notas de rodapé da edição SUD da Bíblia Sagrada em Inglês (1979 versão de King James) e também em Espanhol (2009 versão Reina-Valera), publicadas pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Esses significados nos fornecem mais discernimentos e mostram onde essas traduções modernas diferenciam do original em hebraico. E ainda, os léxicos estão disponíveis para auxiliarem na compreensão mais precisa de palavras específicas baseando-se nos seus significados e contexto hebraicos.[16]

Símbolos

Ao admoestar os nefitas para que buscassem diligentemente as palavras de Isaías, o ressuscitado Senhor Jesus Cristo disse “…grandes são as palavras de Isaías. Porque ele certamente falou sobre todas as coisas relativas a meu povo, que é da casa de Israel; portanto é preciso que ele fale também aos gentios. E todas as coisas que ele disse foram e serão cumpridas de acordo com as palavras que ele disse” (ênfases adicionadas).[17]

Como que algo dito por Isaías possa se referir eficazmente ao future e ao presente ao mesmo tempo? Simplesmente falando, Isaías usa eventos antigos como modelos ou símbolos do que acontecerá. Gileadi[18] relata que mais de 30 acontecimentos aparecem no livro de Isaías, os quais estabelecem um precedente antigo e anunciam uma série de acontecimentos para os últimos dias. Isaías não era um historiador; ele nunca mencionou a dispersão das Dez Tribos, o que foi um evento histórico de suma importância que aconteceu em seu tempo, apesar de haver profetizado que este evento iria acontecer. Portanto, referências a acontecimentos históricos não são com propósitos simplesmente históricos. Suas profecias englobam o passado, presente e future, com cumprimento recorrente em diferente dispensação. Assíria e Egito, as superpotências dos tempos de Isaías, são codinomes para superpotências semelhantes nos últimos dias. Nossa dificuldade e desafio são o de reconhecer os atores de hoje no palco de Isaías.

 Significados Múltiplos de Palavras

Algumas das palavras chaves usadas nas escrituras têm diferentes significados. Ao entender qual significado está implícito numa determinada passagem nos levará a entender o significado intencionado pelo autor. Quando múltiplos significados são intencionados, cada um representa uma distinta camada de significado para a passagem.  Por exemplo, a palavra hebraica “Sião” significa, literalmente, “lugar seco”.[19] Durante a época de Davi era o nome de um forte perto de Jerusalém;[20] a Arca do Convênio foi trazida de lá para o templo em Jerusalém por Salomão.[21] O monte onde fica o templo em Jerusalém era conhecido também como Monte de Sião,[22] enquanto que Sião, ou filha de Sião, é usado por muitos escritores bíblicos como um sinônimo poético para Jerusalém.[23] Sião também se refere a coligação espiritual nos últimos dias— a restauração da plenitude do evangelho e estabelecimento de um povo que iria respeitar seus princípios.[24] Sião, então, é um grupo dos justos—os puros de coração—vivendo em paz e harmonia, independentemente de onde se encontrem.[25] Em algumas passagens espirituais Sião tem duplo significados—a coligação espiritual dos últimos dias, como também funciona como um sinônimo para a antiga ou Jerusalém dos últimos dias, o lugar para a coligação física.[26] Jerusalém é designada como um lugar de coligação das tribos de Israel retornadas, seja no local original de Jerusalém ou em outro lugar.[27] Uma “Nova Jerusalém” para a coligação de certas das tribos perdidas seria estabelecida no continente Americano.[28]

Considere esta afirmação de Isaías “porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor”.[29] “Sião” neste caso significa o povo ou um lugar que seria estabelecido nos últimos dias para a coligação espiritual do povo do convênio do Senhor.[30] Se “Jerusalém” for considerada a cidade antiga, o significado da passagem é que, tal como a antiga Jerusalém, haveria profetas na Sião moderna de onde a palavra do Senhor sairia. Se, por outro lado “Jerusalém” for considerada a coligação moderna dos descendentes justos de Israel, a passagem significa que haveria dois lugares de onde a palavra inspirada do Senhor emanaria pelo mundo inteiro, tanto de Jerusalém como de Sião.  É possível que Isaías intencionou ambos significados.

Sinônimos para Jesus Cristo

Isaías usa diversos sinônimos para o Senhor Jesus Cristo. Cada um tem seu propósito específico, enfatizando um aspecto específico da missão ou papel do Senhor. A incapacidade de reconhecer os títulos do Senhor pode causar má interpretação do significado das palavras de Isaías. Quarenta e três títulos são estudados neste comentário.[31] Eles são, em ordem alfabética: A Rocha de Israel;[32]  Conselheiro;[33] Criador;[34] Criador de Israel;[35] Criador dos fins da terra;[36] Deus de toda a terra;[37] Deus da tua salvação;[38] Deus da verdade;[39] Deus de Davi;[40] Deus de Israel;[41] Deus de Jacó;[42] Deus Forte;[43] Deus, o Senhor;[44] Emanuel;[45] eterno Deus;[46] Excelso;[47] Maravilhoso;[48] o Alto;[49] o Deus vivo;[50] o eterno Deus;[51] o Forte de Israel;[52] o Forte de Jacó;[53] o primeiro…o último;[54] o Rei;[55] o Rei de Jacó;[56] o Sublime;[57] o teu Redentor;[58] o teu Salvador;[59] Pai da Eternidade;[60] Poderoso de Jacó;[61] Príncipe da Paz;[62] Redentor;[63] Redentor de Israel;[64] Rei de Israel;[65] Rei de Jacó;[66] Salvador;[67] Santo;[68] Santo de Israel;[69] Santo de Jacó;[70] Senhor Deus;[71] Senhor Deus de Israel;[72] Senhor Deus dos Exércitos;[73] Senhor Deus nosso;[74] Senhor dos Exércitos;[75] Senhor teu Deus;[76] seu Santo;[77] Siloé;[78] tronco de Jessé;[79] vosso Rei;[80] vosso Santo.[81]


Notas

[1]. Bruce R. McConkie, Ten keys to Understanding Isaiah [Dez Chavez para Compreender Isaías]: Ensign, Oct. 1973, p. 78.
[2]. 2 Néfi 25:1-2.
[3]. Avraham Gileadi, The Book of Isaiah: A new translation with interpretive keys from The Book of Mormon:[O Livro de Isaías: Uma nova tradução com chaves interpretativas do Livro de Mórmon] Deseret Book Company, P.O. Box 30178, Salt Lake City, Utah 84130, 1988, 250 p.
[4]. Gileadi, 1988, p. 4‑5.
[5]. Gileadi, 1988, p. 1-90.
[6]. Gileadi, 1988, p. 18-20.
[7]. Gileadi, 1988, p. 23.
[8]. Isaías 30:25.
[9]. Ver Isaías 12:3; 35:6-7; 55:11; 58:11.
[10]. Ver Isaías 2:2, 14 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:2, 4; 30:17, 25-26; 34:3 e comentário pertinente.
[11]. Ver Isaías 30:25 e comentário pertinente.
[12]. Isaías 30:26.
[13]. Isaías 30:26.
[14]. Gileadi, 1988, p. 35.
[15]. Isaías 6:1-2.
[16]. Ver F. Brown, S. Driver e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [O Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, 1185 p.
[17]. 3 Néfi 23:1‑3.
[18]. Gileadi, 1988, p. 69‑70.
[19]. Brown et al., 1996, Strong- Número 6726; p. 851.
[20]. Ver 2 Samuel 5:7; 2 Crônicas 5:2.
[21]. Ver 1 Reis 8:1.
[22]. Ver Salmos 9:11; 14:7; 74:2; 78:68-69; Isaías 4:3-4; 10:12, 32; 16:1; 18:7; 30:19; 31:4; 34:8; 37:22, 32; Doutrina e Convênios  133:18, 56.
[23]. Ver 2 Reis 19:21, 31; Salmos 9:14; 51:18; Isaías 1:8; 10:32; 16:1; 37:22; 52:2; 62:11; 64:10.
[24]. Ver Salmos 102:13, 16; 129:5; 132:13; Isaías 2:3; 4:5; 14:32; 46:13; 51:16; 52:7-8; 59:20.
[25]. Ver D. e C. 97:21.
[26]. Ver Isaías 1:27; 3:16-17; 4:3-4; 8:18; 10:12, 24; 12:6; 18:7; 24:23; 28:16; 29:8; 30:19; 31:4, 9; 33:5, 14, 20; 34: 8; 37:32; 40:9; 41:27; 49:14; 51:3, 11; 52:1; 60:14; 61:3; 66:8.
[27]. Ver Isaías 2:3; 4:3; 24:23; 27:13; 30:19; 31:5, 9; 33:20; 40:2, 9; 41:27; 52:1-2, 9; 62:6-7; 65:18-19; 66:10, 13, 20.
[28]. Ver 3 Néfi 20:22; Éter 13:3-6, 10; D. e C. 84:2-4; Apocalipse 3:12; 21:2; 3 Néfi 21:23-24; D. e C. 42:9, 35, 62, 67; 45:66; 133:56; Moisés 7:62; Regras de Fé 1:10.
[29]. Isaías 2:3.
[30]. Ver Salmos 102:13, 16; 129:5; 132:13; Isaías 4:5; 14:32; 46:13; 51:16; 52:7-8; 59:20.
[31]. Gary W. Hamon, Strathmore, Alberta, Canada; comunicação pessoal, 2003.
[32]. Isaías 30:29.
[33]. Isaías 9:6.
[34]. Isaías 17:7; 40:28; 45:9; 54:5.
[35]. Isaías 43:15.
[36]. Isaías 40:28.
[37]. Isaías 54:5.
[38]. Isaías 17:10.
[39]. Isaías 65:16.
[40]. Isaías 38:5.
[41]. Isaías 17:6; 21:10, 17; 24:15; 29:23; 37:16, 21; 41:17; 45:3, 15; 48:1, 2; 52:12.
[42]. Isaías 2:3.
[43]. Isaías 9:6; 10:21.
[44]. Isaías 40:28; 42:5.
[45]. Isaías 7:14; 8:8.
[46]. Isaías 40:28.
[47]. Isaías 12:4.
[48]. Isaías 9:6.
[49]. Isaías 57:15.
[50]. Isaías 37:4, 17.
[51]. Isaías 40:28.
[52]. Isaías 1:24.
[53]. Isaías 49:26.
[54]. Isaías 44:6; 48:12.
[55]. Isaías 6:5; 33:17, 22.
[56]. Isaías 41:21.
[57]. Isaías 57:15.
[58]. Isaías 41:14; 48:17; 49:26; 54:5, 8; 60:16.
[59]. Isaías 43:3; 49:26; 60:16.
[60]. Isaías 9:6.
[61]. Isaías 60:16.
[62]. Isaías 9:6.
[63]. Isaías 43:14; 44:16, 24; 47:4; 59:20; 63:16.
[64]. Isaías 49:7.
[65]. Isaías 44:6.
[66]. Isaías 41:21.
[67]. Isaías 45:15, 21; 63:8.
[68]. Isaías 5:16; 6:3; 10:17; 40:25; 43:15; 49:7; 57:15.
[69]. Isaías 1:4; 5:19, 24; 10:20; 12:6; 17:7; 29:19; 30:11, 12, 15; 31:1; 37:23; 41:14, 16, 20; 43:3, 14; 45:11; 47:4; 48:17; 49:7; 54:5; 55:5; 60:9, 14.
[70]. Isaías 29:23.
[71]. Isaías 7:7; 12:2; 25:8; 26:4, 13; 28:16; 30:15; 40:10; 48:16; 49:22; 50:4, 5, 7, 9; 52:4; 56:8; 61:1, 11; 65:13, 15.
[72]. Isaías 17:6; 21:17; 24:15; 37:21.
[73]. Isaías 3:15; 10:23, 24; 22:5, 12, 14, 15; 28:22.
[74]. Isaías 26:13.
[75]. Isaías 1:9, 24; 2:12; 3:1; 5:7, 9, 15, 24; 6:3, 5; 8:13, 18; 9:7, 19; 10:16, 26, 33; 13:4, 13; 14:22, 23, 24, 27; 17:3; 18:7; 19:4, 12, 16, 17, 18, 20, 25; 21:10; 22:14, 25; 23:9; 24:23; 25:6; 28:5, 29; 29:6; 31:4, 5; 37:16, 32; 39:5; 44:6; 45:13; 47:4; 48:2; 51:15; 54:5.
[76]. Isaías 7:10; 37:4; 41:13; 43:3; 48:17; 51:15; 55:5; 60:9.
[77]. Isaías 10:17; 49:7.
[78]. Isaías 8:6.
[79]. Isaías 11:1.
[80]. Isaías 43:15.
[81]. Isaías 43:15.

INTRODUÇÃO 2: Dicas Para Entender as Palavras de Isaías

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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As escrituras de Isaías contêm profecias e instruções que são de importâncias vitais para nós nos últimos dias. Porém, por causa do estilo artístico da escrita de Isaías muitas das informações estão escondidas. De todos os escritores que já existiram, Isaías é o mestre no estilo, forma poética, e no uso de meios literários para comunicar muito mais instruções e ideias proféticas do que estão aparentes à primeira vista.

Bruce R. McConkie apresenta dez pontos chaves para entender as escrituras de Isaías.[1] Eles são:

• Busque conhecimento sobre o Plano de Salvação e de como Deus lida com Seus filhos.
• Aprenda sobre a posição e destino da Casa de Israel no eterno plano do Senhor.
• Se familiarize com as doutrinas principais enfatizadas nas escrituras de Isaías.
• Use O Livro de Mórmon.
• Use as revelações dos últimos dias.
• Aprenda como o Novo Testamento interpreta Isaías.
• Estude Isaías no contexto do Velho Testamento.
• Aprenda a maneira de profetizar usada entre os Judeus nos tempos de Isaías.
• Tenha o Espírito de profecia.
• Devote-se ao estudo diligente e consciente.

Esses pontos chaves são elementos essenciais em qualquer estudo sério das escrituras de Isaías e são a base para este comentário. Alguns são mais fáceis do que outros para aplicar ou dominar, mas nenhum deve ser ignorado. Cada ponto chave é explicado brevemente nos parágrafos abaixo.

1. Busque Conhecimento Sobre o Plano de Salvação e de Como Deus Lida com Seus Filhos.

O propósito das escrituras de Isaías não foi o de explicar a doutrina de salvação. Ele escreveu para pessoas que presumidamente já entendiam muito bem a respeito dos princípios do evangelho, inclusive a realidade de que Jesus Cristo é o Messias prometido que expiou por nós ao dar Sua própria vida. Uma compreensão destas verdades é pré-requisito para receber uma compreensão das profecias de Isaías.

Por causa da incomparável dádiva de Cristo, duas coisas acontecem conosco que não aconteceriam se não fosse por isso. Primeiro, todos nós vamos ressuscitar. Não importa se fomos bons ou maus, ou sequer ouvimos a respeito de Jesus Cristo durante nossas vidas. Todos nós seremos ressuscitados por causa da crucificação e ressurreição de Jesus Cristo.[2] O título “Salvador” usado pelo Senhor reflete esta grande dádiva, dada grátis a todos através da graça divina.[3] Paulo sumarizou: “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” (ênfase adicionada).[4] O efeito negativo da queda de Adão foi sobrepujado através do sacrifício expiatório de Cristo. E assim foi predito por Isaías: “Aniquilará a morte para sempre, e assim enxugará o Senhor DEUS as lágrimas de todos os rostos..”.[5] Paulo recapitula: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?”[6]

Segundo, aqueles de nós que nos arrependermos e guardarmos os mandamentos de Deus seremos perdoados de nossos pecados. Esta não é uma dádiva grátis, como a primeira; esta é condicional, é baseada no arrependimento de nossos pecados e em nossa determinação de seguir os mandamentos do Senhor.[7]  O título “Redentor” usado pelo Senhor reflete Seu papel em prover os meios para nós sermos perdoados de nossos pecados.

Apesar da redenção não ser grátis, pois há coisas que temos que fazer para obtê-la, a possibilidade e oportunidade de se arrepender de nossos pecados ainda é parte da maior dádiva de todas oferecida pelo nosso Senhor Jesus Cristo.[8] Se o Salvador não tivesse tomado sobre si os pecados do mundo no Jardim do Getsêmani e depois levado nossos pecados para a cruz onde Ele morreu, não haveria meio para retornarmos ao nosso lar celestial. Ele pagou o preço dos nossos pecados se nos arrependermos, tornando-se assim o grande Intercessor.[9] Isto o capacitou a estender misericórdia ao penitente ao mesmo tempo satisfazendo as demandas da justiça.[10] Esta parte da Expiação—exaltação no reino dos céus—inclui o privilégio de viver para sempre na presença de Deus.[11]

O Senhor Ressuscitado explicou:

E oferecer-me-eis como sacrifício um coração quebrantado e um espírito contrito. E todo aquele que a mim vier com um coração quebrantado e um espírito contrito, eu batizarei com fogo e com o Espírito Santo, como os lamanitas que, por causa de sua fé em mim na época de sua conversão, foram batizados com fogo e com o Espírito Santo e não o souberam.

Eis que vim ao mundo para trazer redenção ao mundo e salvar o mundo do pecado.

Portanto, todos aqueles que se arrependerem e vierem a mim como criancinhas, eu os receberei, pois deles é o reino de Deus. Eis que por eles dei a vida e tornei a tomá-la; portanto, arrependei-vos e vinde a mim, ó vós, confins da Terra, e salvai-vos.[12]

LeGrande Richards ensinou: “Veja que [a salvação] não vem somente por confessar que cremos em Jesus Cristo. Temos que trabalhar e sermos julgados conforme nossas obras”.[13]

Nossa parte na Expiação inclui termos fé no Senhor Jesus Cristo, arrependermos de nossos pecados, sermos batizados por imersão para remissão de nossos pecados, e recebermos o dom do Espírito Santo por imposição das mãos. Esses princípios e ordenanças são apresentados na Quarta Regra de Fé.[14] Além desses requisitos, nós devemos usar nossas vidas para servirmos a Deus e nosso próximo.  Afim de obter exaltação, o maior grau de salvação, devemos obter outras ordenanças e obedecer outras leis eternas e mandamentos de Deus.

Em determinados tempos na história do mundo, Deus enviou profetas para declarar as boas novas do evangelho aos habitantes da Terra. Há pelo menos sete destes eventos, que chamamos “dispensações”, quando estas coisas foram manifestadas através de revelações divinas. Dispensações antigas são identificadas de acordo com os profetas que as lideraram incluindo Adão, Enoque, Noé, Abraão, Moisés, e Jesus Cristo. Depois de cada dispensação houve uma queda—uma apostasia[15]—na qual as verdades reveladas trazidas à Terra por mensageiros divinos ou pelo Espírito Santo aos profetas foram gradualmente abandonadas ou esquecidas.

Paulo escreveu sobre isso “a dispensação da plenitude dos tempos” na qual o Senhor iria “tornar a congregar em Cristo todas as coisas…tanto as que estão nos céus como as que estão na terra”.[16] A dispensação da plenitude dos tempos é o ponto culminante, que inaugurará a gloriosa Segunda Vinda do Senhor. Joseph Smith foi o profeta que iniciou esta dispensação.[17] Ele nasceu em 1805,[18] traduziu O Livro de Mórmon, publicando-o em 1829,[19] e organizando a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em 1830.[20] Desde este tempo, a Igreja tem sido liderada por uma sequência intacta de profetas inspirados. Muitas das escrituras de Isaías falam a respeito da dispensação da plenitude dos tempos, levando à Segunda Vinda de Jesus Cristo. Seríamos prudentes, portanto, entender e prestar atenção nas palavras de Isaías.

2. Aprenda Sobre a Posição e Destino da Casa de Israel no Eterno Plano do Senhor.

Como parte de uma dispensação antiga, Deus fez convênios sagrados com o profeta Abraão. Ele falou a Abraão:

“Por mim mesmo jurei, diz o Senhor, porquanto fizeste isto, e não me negaste teu filho, o teu único filho,
que deveras te abençoarei, e grandemente multiplicarei a tua descendência, como as estrelas do céu e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos;
“e em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz”.[21]

Por causa desta obediência, foi prometido a Abraão que sua posteridade seria numerosa, incontável e que todas as nações da Terra seriam abençoadas por causa deles. O convênio Abraâmico se aplica aos seus descendentes através de seu filho Isaque,[22] e de seu neto, Jacó[23]—que depois ficou conhecido como Israel[24]—até o dia de hoje.

O interesse maior de Isaías está centralizado na posteridade de Jacó. As suas profecias mais detalhadas descrevem o que aconteceria com o povo do convênio Abraâmico durante o período subsequente de apostasia e restauração. O papel dos descendentes de Jacó na dispensação da plenitude dos tempos—a restauração do evangelho, como também a restauração dos convênios das dispensações antigas em preparação para a Segunda Vinda do Senhor Jesus Cristo— é de grande interesse para cada um de nós porque nós vivemos nos tempos das profecias cumpridas. Isaías é, principalmente para nós, o profeta que profetizou sobre a restauração.

Pedro também profetizou sobre esta restauração. Ele declarou que Cristo deve ser recebido nos céus “até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio”.[25]  Esta restauração abrangeria “toda verdade, doutrina, poder, sacerdócio, dom, graça, milagre, ordenança e obra maravilhosa possuídos ou realizados em qualquer tempo de fé”.[26] Bem como as profecias de Isaías atestam, esta restauração se culminaria na gloriosa Segunda Vinda do Senhor à Terra, onde Ele vencerá todos os Seus inimigos e reinará com triunfo benevolente por mil anos.[27]

3. Se Familiarize Com as Doutrinas Principais Enfatizadas nas Escrituras de Isaías.

Apesar de Isaías não haver enunciado e explicado as doutrinas de salvação, já que os leitores a quem se dirigia acreditavam e conheciam bem essas doutrinas, ele escreveu a respeito de certos assuntos que teriam uma relação significante com os acontecimentos no futuro. Seus principais pontos doutrinais se classificam em sete categorias:[28]

• Restauração do evangelho nos últimos dias através de Joseph Smith
• Coligação de Israel nos últimos dias e seu triunfo e glória
• O Livro de Mórmon como uma nova testemunha de Cristo e a total revolução que eventualmente traria na compreensão doutrinal dos homens
• Condições apostatas das nações do mundo nos últimos dias
• Profecias Messiânicas relativas à Primeira Vinda do nosso Senhor
• A Segunda Vinda de Cristo e o reino milenar
• Dados históricos e expressões de sua própria época, que podem server de símbolos para os acontecimentos que ocorrerão durante os últimos dias.

A ênfase de Isaías está na coligação de Israel, na dispensação da plenitude dos tempos e da restauração de todas as coisas. Apesar da maioria das restaurações das doutrinas, chaves do sacerdócio, organização da Igreja, ordenanças sagradas e escrituras antigas já terem acontecido, e as escrituras modernas estarem ao nosso alcance, ainda há muitas das profecias de Isaías que ainda virão a se cumprir no nosso tempo, como parte da dispensação da plenitude dos tempos, preparatório para a Segunda Vinda de Cristo.

McConkie disse:

“A restauração das maravilhosas verdades conhecidas por Adão, Enoque, Noé e Abraão apenas começaram. A parte selada do Livro de Mórmon ainda não foi traduzida…. A magnitude da era da restauração ainda está por vir. E quanto a Israel, seu destino é milenar; o glorioso dia quando “a soberania, o poder e a grandeza dos reinos que há debaixo de todo o céu serão entregues nas mãos dos santos, o povo do Altíssimo”28 ainda está por vir. Estamos agora começando, mas as glórias transcendentes e maravilhas que ainda serão reveladas são para o futuro. Muitas das coisas que Isaías—o profeta da restauração—tem para dizer ainda serão cumpridas”.[29]

Se não podemos entender facilmente as declarações de Isaías a respeito do future, podemos começar revisando as profecias que já se cumpriram, inclusive a primeira vinda do nosso Senhor. Podemos aproveitar as habilidades incomparáveis de Isaías e estilo literário, reconhecendo que algumas coisas já se cumpriram e obtendo assim a fé para compreender a natureza das coisas profetizada que ainda deverão ser cumpridas. Isaías é realmente o profeta mais destacado da restauração dos últimos dias.

4. Use O Livro de Mórmon.

O Livro de Mórmon é, de fato, uma chave importante para compreender as palavras de Isaías. Aproximadamente um terço das escrituras de Isaías são citadas ou parafraseadas no Livro de Mórmon, colocadas lá por profetas antigos do continente Americano cujas escrituras formam o Livro de Mórmon. Néfi, que veio originalmente de Jerusalém, falou:

“…para melhor persuadi-los a acreditar no Senhor, seu Redentor, eu li o que foi escrito pelo profeta Isaías, pois apliquei todas as escrituras a nós, para nosso proveito e instrução.
“Falei-lhes, portanto, dizendo: Escutai as palavras do profeta, vós, que sois um remanescente da casa de Israel, um ramo que foi arrancado; escutai as palavras do profeta, que foram escritas para toda a casa de Israel, e aplicai-as a vós mesmos, para que tenhais esperança, assim como vossos irmãos, de quem fostes separados; e assim escreveu o profeta”.[30]

Tal como Néfi fez por seus irmãos, ele e outros profetas do Livro de Mórmon fazem por nós, seus leitores dos últimos dias: Eles interpretam de forma profética as passagens que eles citam. O resultado, O Livro de Mórmon é o melhor comentário das escrituras de Isaías, e verdadeiramente uma testemunha autorizada das verdades contidas nelas.

Néfi, Jacó, e Abinádi citaram extensamente as escrituras de Isaías quando estavam ensinando. O Senhor Jesus Cristo ressuscitado citou e interpretou passagens em Isaías 5:29,[31] Isaías 52:8-10,[32] 11,[33] e 15;[34] e Isaías 54,[35] juntamente com passagens de outros profetas do Velho Testamento, durante Seu ministério entre os nefitas. Sua aprovação das palavras de Isaías é especialmente notável:

“E agora eis que vos digo que deveis examinar estas coisas. Sim, ordeno-vos que examineis estas coisas diligentemente, porque grandes são as palavras de Isaías.
“Porque ele certamente falou sobre todas as coisas relativas a meu povo, que é da casa de Israel; portanto é preciso que ele fale também aos gentios.
“E todas as coisas que ele disse foram e serão cumpridas de acordo com as palavras que ele disse”.[36]

O propósito dessas citações no Livro de Mórmon é para enfatizar os ensinamentos de Isaías sobre o arrependimento e os julgamentos de Deus; os convênios e promessas de Deus à casa de Israel; profecias concernentes ao Messias; e profecias concernentes aos últimos dias.[37]

McConkie disse: “Deixe-me ser sincero e direto ao afirmar que ninguém…nesta época e nesta dispensação…pode compreender as palavras de Isaías até que ele primeiramente aprenda e creia no que Deus revelou pela boca de suas testemunhas nefitas, cujas verdades se encontram n[O Livro de Mórmon]”.[38]

5. Use as Revelações dos Últimos Dias

Em nosso tempo, os céus não estão mas selados. Profetas e apóstolos devidamente chamados e ordenados que vivem sobre a Terra estão recebendo revelações de Deus desde o começo desta dispensação.[39] Moroni, o último antigo profeta nefita, apareceu como um anjo a Joseph Smith no dia 21 de setembro de1823. Como parte de suas instruções para o jovem profeta concernente ao surgimento do Livro de Mórmon, ele “…citou o capítulo onze de Isaías, dizendo que estava prestes a ser cumprido”.[40]

Doutrina e Convênios, uma compilação de revelações do Senhor recebidas pelo Profeta Joseph Smith e outros durante a restauração, é aceita como escrituras sagradas pelos membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, este livro é muito rico em citações e explicações das profecias de Isaías. Seção113 contém uma série de perguntas a respeito de passagens em Isaías, respondidas por revelações pelo profeta Joseph Smith. Passagens assim explicadas incluindo Isaías 11:1-4; 11:10; 52:1-2; e 52:6-8.

McConkie disse: “Ao referir-se as notas de rodapé em Doutrina e Convênios notará que, há por volta de cem casos em que revelações modernas especificamente citam, parafraseiam ou interpretam linguagem usadas por Isaías para comunicar aquelas impressões do Espírito Santo dadas à alma de [Isaías] uns 2,500 anos atrás”.[41] A edição presente (1981) de Doutrina e Convênios contém mais de 275 notas de rodapé se referindo às passagens em Isaías.

Nos discursos de conferências e outras mensagens inspiradas, profetas e apóstolos moderno em certas ocasiões mencionaram ou explicaram as palavras de Isaías, revelando a todos nós o significado e intenção verdadeiros da passagem. Nossos esforços para compreender os significados das palavras de Isaías devem incluir estas obras modernas. Um site na internet, http://scriptures.byu.edu, fornece um meio fácil para se encontrar passagens das quatro escrituras canônicas que já foram citadas ou explicadas em discursos de conferências por Autoridades Gerais SUD e publicadas nas edições das Conferências Gerais na revista Liahona.

6. Aprenda como o Novo Testamento Interpreta Isaías

Isaías é citado pelo menos 74 vezes no Novo Testamento,[42] normalmente para esclarecer ou testificar do cumprimento de uma profecia. A maior parte destas citações se encontram nas escrituras de Paulo, onde as citações ou paráfrases de Isaías ocorrem pelo menos 28 vezes nas Epístolas. Mateus cita passagens de Isaías nove vezes, e Lucas também cita Isaías nove vezes. Pedro e João citam Isaías sete vezes cada um, Marcos tem seis citações e Tiago parafraseia Isaías pelo menos uma vez. Todas estas citações ajudam a estabelecer os significados das palavras de Isaías.

7. Estude Isaías no Contexto do Velho Testamento

Isaías não era o único profeta ensinando e profetizando na antiga Israel. Outros profetas do Velho Testamento, que se encontravam na mesma situação que Isaías, tinham muito há dizer a respeito de muitos dos mesmos temas, porém usaram diferentes estilos literários. Tais correlações são de incalculável auxílio para se entender Isaías. Notas de rodapé e referências cruzadas, abundante em Isaías—e, na realidade, em todas as escrituras—são as maneiras mais fácies de estudar os significados das palavras de Isaías.

8. Aprenda a Maneira de Profetizar Usada entre os Judeus nos Tempos de Isaías

Isaías viveu em tempos de grande iniquidade, onde as pessoas encarregadas em cuidar da espiritualidade do povo estavam envolvidas em subverter os caminhos do Senhor. Não só eles desviavam as pessoas; eles alteravam as escrituras e seus significados.[43] Isaías escreveu usando um estilo que era deliberadamente difícil de compreender. Ele codificou suas profecias em símbolos e figuras, usou recursos estruturais para esconder significados profundos e colocou artifícios estruturais que parecem não ter nenhuma relação com o tema, fazendo com que suas escrituras pareçam, ao leitor inexperiente, uma mistura, uma “colcha de retalhos”.

O resultado destes esforços impediu os indignos de receberem mais da verdade do que eles podiam tolerar, o que os subjugariam a uma “maior condenação”.[44] Além disso, este estilo protegeu a integridade das palavras de Isaías até certo ponto. Devido a falta do Espírito Santo, e com isso a capacidade de entender os significados mais profundos das palavras de Isaías, os que intencionavam subverter a verdade foram impedidos pela inabilidade de reconhecê-la. A extensão dos danos causados por esses vândalos bíblicos, como apresentados por cuidadosas comparações dos textos de Isaías na Bíblia e os no Livro de Mórmon, foi o de apagar palavras e frases significantes. Isto foi previsto por Néfi que profetizou que “…foram suprimidas muitas coisas claras e preciosas do livro…do Cordeiro de Deus”.[45] Algumas dessas eliminações interferem com a estrutura do quiasma encontrados em grande quantidade nas obras de Isaías, porém foram preservadas em passagens no Livro de Mórmon. A presença destas estruturas quiasmáticas preservadas no Livro de Mórmon, mas interrompidas por eliminações de palavras e frases do texto em Hebraico de onde a Bíblia foi traduzida, mostra muito bem a autenticidade da missão profética e trabalho de Joseph Smith.

Eruditos modernos tem feito estudos cuidadosos dos métodos literários e  do estilo de Isaías incluindo estrutura governante, formas retóricas, paralelismo, quiasma, metáforas e significados inerentes na versão original, o Hebraico, porém um pouco menos aparente nas traduções nos idiomas modernos como o inglês ou  o português. [46]Estudos do estilo literário de Isaías proporcionam incalculável ajuda para se entender a maneira de escrever e profetizar do profeta, e será discutido no Capítulo 3: Técnicas Literárias Usadas por Isaías.

9. Tenha o Espírito de Profecia.

“As palavras de Isaías”, Néfi disse, “…são, não obstante, claras a todos os que estão cheios do espírito de profecia”.[47] O apóstolo Pedro proclamou que ter a orientação do Espírito Santo é essencial: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”.[48]

Interpretação de profecia, então, não é um exercício em suposições ou especulações. Não somente a profecia veio por meio do espírito de profecia; sua interpretação, compreensão e aplicação na vida de uma pessoa também devem ser feitas pelo espírito de profecia, que é o Espírito Santo.

Neste comentário, foi usado os pronunciamentos dos inspirados profetas para interpretar as palavras de Isaías. O propósito deste esforço é o de juntar o que já foi dito a respeito das palavras de Isaías e das aplicações das chaves para compreender o que nos foi proporcionado, ao invés de criar novos caminhos de interpretações. Contudo, uma vez que uma compreensão da intensão e método de Isaías tenha sido desenvolvido, é incrível o discernimento que podemos obter quando estamos sendo guiados pelo Espírito Santo.

McConkie resumiu:

“Na análise final não haverá maneira, absolutamente nenhuma, de se compreender qualquer escritura a não ser pelo mesmo espírito de profecia que repousou naquele que pronunciou a verdade na sua forma original. As escrituras vêm de Deus pelo poder do Espírito Santo, elas não provêm do homem. Significa somente aquilo que o Espírito Santo [deseja que] signifique. Para interpretá-las, temos que ser inspirados pelo poder do Espírito Santo. Se requer um profeta para entender outro, e todo membro fiel da Igreja deve ter ‘o testemunho de Jesus’ que ‘é o espírito de profecia’.[49] Este é o ponto principal do assunto e do final de toda controvérsia concernente a vontade e desejo do Senhor”.[50]

10. Devote-se ao Estudo Diligente e Consciente.

Empreender um estudo detalhado de Isaías é sem dúvida uma tarefa intimidante. Juntar tudo o que já foi dito, combinado com o uso das chaves interpretativas proporcionadas, requer um estudo diligente e mais do que um pouco de determinação e perseverança. Orar, ler, ponderar, analisar, cruzar referências e finalmente entender as palavras de Isaías— “versículo por versículo, ideia por ideia, passagem por passagem, capítulo por capítulo” são os requisitos necessários para ganhar uma compreensão maior de sua obra.


Notas

[1]. Bruce R. McConkie, Ten keys to Understanding Isaiah [Dez chaves para a compreensão Isaías]: Ensign, Oct. 1973, p. 78. Bruce R. McConkie serviu como membro do Conselho dos Doze Apóstolos dA Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Quando escreveu este artigo ele estava preparando a edição SUD da Bíblia Sagrada que inclui notas de rodapé e cabeçalho para cada capítulo.
[2]. Ver Isaías 25:8-9.
[3]. Ver 2 Néfi 2:4.
[4]. 1 Coríntios 15:22.
[5]. Isaías 25:8.
[6]. 1 Coríntios 15:55.
[7]. Ver Hebreos 5:9; Ver também Regras de Fé 3.
[8]. Ver 2 Néfi 25:23.
[9]. Ver Isaías 53:12.
[10]. Ver Mosias 15:9.
[11]. Ver 2 Néfi 2:8; Alma 42:23-25; Mórmon 7:7; D. e C. 76:50-62.
[12]. 3 Néfi 9:20-22.
[13]. LeGrande Richards, “Strange Creeds of Christendom” [Estranhos Credos da Cristandade], Ensign, Jan. 1973, p. 109.
[14]. Regras de Fé 4.
[15]. A palavra “apostasia” vem do Grego, e significa literalmente  “estar longe de” ou se afastar dos princípios do evangelho. Em contraste, a palavra “apóstolo” significa “aquele que é escolhido, designado” ou que foi dado autoridade divina por uma ordenança do sacerdócio (Ver Ernest Klein, A Comprehensive Etymological Dictionary of the English Language:  Elsevier Publishing Company, New York, 1971, p. 43). [ Um Dicionário Etimológico Compreensivo do Inglês]
[16]. Ver Efésios 1:10.
[17]. Ver Doutrina e Convênios (D. e C.) 20:1-2; 1:4-7; 135:3.
[18]. Ver Joseph Smith—História 1:3.
[19]. Ver Joseph Smith—História 1:66-67; D. e C. 1:29; 19:26-27; 20:8.
[20]. Ver Doutrina e Convênios 20:1-2.
[21]. Gênesis 22:16-18.
[22]. Ver Gênesis 17:19-21.
[23]. Ver Gênesis 28:10-16.
[24]. Ver Gênesis 32:27-28.
[25]. Ver Atos 3:21.
[26]. McConkie.
[27]. Ver Apocalipse 20:2-4.
[28]. McConkie.
[29]. McConkie.
[30]. 1 Néfi 19:23-24.
[31]. 3 Néfi 21:12.
[32]. 3 Néfi 16:18-20.
[33]. 3 Néfi 20:32.
[34]. 3 Néfi 21:8.
[35]. 3 Néfi 22.
[36]. 3 Néfi 23:1-3.
[37]. Victor L. Ludlow, “Isaiah, purposes for quoting”, Book of Mormon Reference Companion, Dennis L. Largey, ed., Deseret Book Company, Salt Lake City, UT, 2003, p. 341-342. [“Isaías, propósitos para citar”, Companheiro Referencial do Livro de Mórmon]
[38]. McConkie.
[39]. Ver D. e C. 128:19-21.
[40]. Joseph Smith – História 1:40.
[41]. McConkie.
[42]. Ver Dicionário Bíblico—Quotes [Dicionário Bíblico- Citações]
[43]. Ver 1 Néfi 13:24-28.
[44]. Ver D. e C. 82:3 e Lucas 12:48.
[45]. 1 Néfi 13:28.
[46]. Avraham Gileadi, The Book of Isaiah: A new translation with interpretive keys from The Book of Mormon:[O Livro de Isaías: Uma nova tradução com chaves interpretativas do Livro de Mórmon]  Deseret Book Company, P.O. Box 30178, Salt Lake City, Utah 84130, 1988, p. 1-90.
[47]. 2 Néfi 25:4.
[48]. 2 Pedro 1:20-21.
[49]. Apocalipse 19:10.
[50]. McConkie.