Arquivo da tag: Isaías 30:17

CAPÍTULO 30: “No Dia Da Grande Matança, Quando Caírem As Torres”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

__________________________________________________________________________________________

No capítulo 30 Isaías declara que Israel seria dispersa por haver rejeitado os profetas. Sua confiança na força do Egito em tempos de perigo provocados pela Assíria seria sem valor. Judá e Israel seriam feridas e dispersas por causa de suas perversidades. Entretanto, esta profecia também se aplica aos últimos dias: O Senhor seria generoso aos penitentes de Israel nos últimos dias, colocando-os como um farol no alto da montanha e um estandarte no monte. Uma efusão de inspiração e bênçãos nos últimos dias seria derramada sobre muitas nações, seguida por uma grande matança, quando as torres caíssem. O Senhor viria numa época de apostasia, para julgar e destruir os ímpios.

Os versículos 1 até 5 formam um oráculo de pesar, descrevendo a rebelião da nação de Judá e declarando que seus esforços em obter assistência do Egito contra as ameaças da Assíria seriam em vão. O versículo 1 começa: “Ai dos filhos rebeldes, diz o SENHOR, que tomam conselho, mas não de mim; e que se cobrem, com uma cobertura, mas não do meu espírito, para acrescentarem pecado sobre pecado”. Judá estabeleceria alianças contrárias à vontade do Senhor e contrárias as advertências dos profetas. O objetivo de Israel em buscar a ajuda do Egito era para “acrescentar pecado sobre pecado”, ou para poderem continuar suas práticas licenciosas sem consequências.

O versículo 2 continua: “Que descem ao Egito, sem pedirem o meu conselho; para se fortificarem com a força de Faraó, e para confiarem na sombra do Egito”. O “conselho” do Senhor é um profeta que eles não consultaram. “Meu conselho” contrasta-se quiasmaticamente com “Faraó”; [1] o Senhor está descontente com as ações imprudentes de Israel.

O versículo 3 começa com uma descrição das consequências desta ação: “Porque a força de Faraó se vos tornará em vergonha, e a confiança na sombra do Egito em confusão”. A aliança que buscou com o Egito seria o resultado da vergonha e desonra de Judá.

O versículo 4 mostra o tempo da vinda destas consequências: “Porque os seus príncipes já estão em Zoã, e os seus embaixadores já chegaram a Hanes”. Isaías usa a forma verbal no passado como se estivesse contando uma visão que o Senhor lhe havia mostrado; esta afirmação prediz eventos que aconteceriam depois do tempo desta declaração de Isaías. Zoã é uma cidade grande no delta do Nilo, enquanto que Hanes é uma cidade menor na mesma região do Egito. A delegação de Jerusalém encontrar-se-ia com os egípcios neste local.

O versículo 5 continua: “Todos se envergonharão de um povo que de nada lhes servirá nem de ajuda, nem de proveito, porém de vergonha, e de opróbrio”.[2] Egito não seria capaz (ou estaria disposto) de ajudar Judá a se proteger da Assíria. Nos últimos dias, a superpotência moderna equivalente ao Egito—os Estados Unidos da América[3]—não estaria disposta a auxiliar Israel quando o equivalente moderno da Assíria ameaçar de atacar. O apelo de Judá ao Egito seria rejeitado, visto que o Egito não podia tirar nenhuma vantagem em prover auxílio e proteção para Judá.

Os versículos 6 e 7 formam uma carga de fatalidades para os representantes de Judá que viajam com animais carregados de presentes para o Egito. O versículo 6 declara: “Peso dos animais do sul. Para a terra de aflição e de angústia (de onde vêm a leoa e o leão, a víbora, e a serpente ardente, voadora) levarão às costas de jumentinhos as suas riquezas, e sobre as corcovas de camelos os seus tesouros, a um povo que de nada lhes aproveitará”. A palavra hebraica traduzida como “do sul” é negeb[4], o nome do deserto no sul de Judá. Os animais mencionados simbolizam a traição do Egito antigo e de seu análogo moderno. Eles também representam os perigos encontrados no deserto, por onde a delegação levando presentes para o Egito passaria, e por onde a antiga Israel foi levada em segurança por inspiração do Senhor sob a liderança de Moisés. O Egito não ajudaria Judá a se defender da Assíria, apesar dos tesouros que lhe foram ofertados. A descrição de Isaías de uma “terra de aflição e de angústia” não promete nada de bom para o equivalente moderno do Egito, ou seja os Estados Unidos.

Os versículos 3 até 6 contêm uma série de quiasmas interligados, no qual a declaração central de um é a declaração introdutória do próximo quiasma. [5] O enfoque da sequência inteira é “um povo que de nada lhes aproveitará”. Esta sequência é semelhante a um longo conectivo condicional “se … então”, uma declaração lógica indutiva, que conclui que o Egito não seria de proveito algum para Judá.

No versículo 7 o Senhor prediz: “Porque o Egito os ajudará em vão, e para nenhum fim; por isso clamei acerca disto: No estarem quietos será a sua força”. A frase “No estarem quietos será a sua força” significa que não deveriam tomar nenhuma ação para estabelecer uma aliança com o Egito,[6] mas confiar no Senhor como foram instruídos pelo profeta.

No versículo 8 o Senhor dá mais instruções a Isaías: “Vai, pois, agora, escreve isto numa tábua perante eles e registra-o num livro; para que fique até ao último dia, para sempre e perpetuamente”,[7] indicando que esta profecia com referência à insensatez de depender no Egito para proteção contra a Assíria aplica-se particularmente às nações equivalentes numa época futura. O Senhor ordenou-lhe que escrevesse essas coisas para que estivessem disponíveis “até ao último dia, para sempre e perpetuamente” para orientar o povo de uma época futura.

O versículo 8 é o começo de um litígio, onde Isaías é instruído a escrever, com a parte que trata da acusação compreendendo os versículos 8 até 12. Os versículos 13 até 17 apresenta a parte do castigo.

O versículo 9 continua a acusação: “Porque este é um povo rebelde, filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do Senhor”.

O versículo 10 continua: “Que dizem aos videntes: Não vejais; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, e vede para nós enganos”. Ao invés da verdade que é dura para os iníquos suportarem,[8] eles buscam as mentiras e o engano. “Coisas aprazíveis” é traduzido da palavra hebraica que significa “coisaslisonjeiras”.[9]

O versículo 11 descreve em mais detalhes a natureza rebelde do povo: “Desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda; fazei que o Santo de Israel cesse de estar perante nós”. Isto é uma rejeição consciente—não em ignorância—da autoridade do Senhor sobre Judá e Israel como nações. Esta condição contrasta-se com o êxodo de Israel do Egito quando o Senhor “ia adiante deles, de dia numa coluna para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os alumiar”.[10] O “caminho” e a “vereda” mencionados no versículo 11 é o “caminho estreitoeapertado”.[11]

Os versículos 9 até 11 formam um quiasma:

A: (9) Porque este é um povo rebelde, filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do Senhor.
B: (10) que dizem aos videntes: Não vejais; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto;
C: dizei-nos coisas aprazíveis,
C: e vede para nós enganos.
B: (11) Desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda;
A: fazei que o Santo de Israel cesse de estar perante nós.

“Não profetizeis para nós o que é reto” é equivalente à frase “desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda”, referindo-se ao caminho estreitoeapertado. “Dizei-nos coisas aprazíveis” e “vede para nós enganos” compreendem as declarações centrais interligadas. Por outro lado, estar no “caminho” ou “vereda” sugere o povo dando ouvidos aos profetas e videntes, que veem e profetizam coisas verdadeira.

O versículo 12 sumariza a acusação: “Por isso, assim diz o Santo de Israel: porquanto rejeitais esta palavra, e confiais na opressão e perversidade, e sobre isso vos estribais”. Judá deixou de lado sua dependência nas palavras do Senhor e colocou sua confiança na opressão e perversidade.

Os versículos 13 até 17 apresentam a parte do castigo deste litígio. O versículo 13 começa: “Por isso esta maldade vos será como a brecha de um alto muro que, formando uma barriga, está prestes a cair e cuja quebra virá subitamente”. Este é um dos dois símiles usados por Isaías para ilustrar a queda repentina das nações rebeldes, Israel e Judá. A rapidez da queda é comparada a um muro alto que começa a inchar, e então cai precipitadamente.O muro simboliza a proteção do Senhor ao redor do povo, a qual seria removida subitamente.

O versículo 14 apresenta outro símile, o qual ilustra a totalidade da destruição: “E ele o quebrará como se quebra o vaso do oleiro e, quebrando-o, não se compadecerá; de modo que não se achará entre os seus pedaços um caco para tomar fogo do lar, ou tirar água da poça”.

O versículo 15 resume a acusação novamente: “Porque assim diz o Senhor DEUS, o Santo de Israel: Voltando e descansando sereis salvos; no sossego e na confiança estaria a vossa força, mas não quisestes”. “Voltando e descansando” refere-se ao arrependimento e perdão, indicando que este é o caminho da salvação. Porém o arrependimento e o perdão são rejeitados pelas nações rebeldes, Israel e Judá.

O versículo 16 ilustra o raciocínio errôneo dos impenitentes: “Mas dizeis: Não; antes sobre cavalos fugiremos; portanto fugireis; e, sobre cavalos ligeiros cavalgaremos; por isso os vossos perseguidores também serão ligeiros”. A Israel rebelde pensa que pode escapar com cavalos ligeiros os avanços da Assíria. O Senhor mostra que isto é insensatez, pois seus perseguidores também viriam em cavalos ligeiros.

O versículo 17 forma uma transição entre o litígio dos versículos 8 até 16 e a descrição da coligação e exaltação de Israel nos últimos dias, que abrange o restante do capítulo. O versículo 17 começa: “Mil homens fugirão ao grito de um, e ao grito de cinco todos vós fugireis, até que sejais deixados como o mastro no cume do monte, e como a bandeira no outeiro”. Este versículo tem duplo sentido. Primeiro, refere-se à Israel sendo impiedosamente expulsa de um lugar para o outro, mil soldados derrotados por somente um guerreiro assírio, como consequência dos assuntos resumidos no litígio precedente. Porém também significa que eventualmente Israel seria colocada na gloriosa posição de ser “como o mastro no cume do monte”, ou “como a bandeira no outeiro”. “Monte” e “outeiro” significam “nação”.[12]

Isaías usou o mesmo simbolismo anteriormente, para descrever a coligação de Israel nos últimos dias: “E ele arvorará o estandarte para as nações de longe, e lhes assobiará para que venham desde a extremidade da terra; e eis que virão apressurada e ligeiramente”.[13]

No versículo 18 Isaías exulta a magnanimidade do Senhor para com a penitente Israel nos últimos dias: “Por isso, o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; e por isso se levantará, para se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos os que nele esperam”. “Equidade” significa “justiça” como foi usada neste versículo.[14]O significado deste versículo é que o Senhor está esperando que o Seu povo se arrependa e se torne justos, antes de derramar Sua graça sobre ele.

Elder Marion D. Hanks explicou mais sobre o significado do versículo 18:

“Sou um dos que creem que Deus ama e nunca deixará de amar todos os seus filhos, e que não deixará de ter esperanças quanto a nós, nem deixará de nos buscar, ou de nos aguardar ….
“E ainda assim, pela terra, através dos anos, tenho encontrado alguns dos filhos mais escolhidos de Deus, que acham muito difícil crer, em seus corações, que o Senhor se refere a eles. Sabem que ele é a fonte de consolo, perdão e paz, e que devem buscá-lo, abrir-lhe a porta e aceitar seu amor; mas ainda assim, em suas circunstâncias extremas, acham difícil acreditar que suas prometidas bênçãos são para eles. Alguns ofenderam a Deus e suas próprias consciências, e encontram o caminho de regresso bloqueado por sua falta de vontade de perdoarem-se a si próprios, ou de crer que Deus lhes perdoará, ou, às vezes, por uma estranha relutância em alguns de nós, de realmente perdoar, de realmente esquecer, e de realmente regozijar-nos”.[15]

O versículo 19 descreve o estado dos que esperam pelo Senhor: “Porque o povo habitará em Sião, em Jerusalém; não chorarás mais; certamente se compadecerá de ti, à voz do teu clamor e, ouvindo-a, te responderá”. O Senhor ouve e responde às orações dos justos. “Sião” foi usada aqui com duplo sentido—um lugar de coligação espiritual nos últimos dias, bem como a Jerusalém dos últimos dias sob condições justas.[16] A definição pode ser substituída para entendermos melhor esta passagem: “Porque o povo habitará em pureza de coração, em Jerusalém …”.

Os versículos 17 até 19 contêm um quiasma:

A: (17) Mil homens fugirão ao grito de um, e ao grito de cinco todos vós fugireis, até que sejais deixados como o mastro no cume do monte,
B: e como a bandeira no outeiro.
C: (18) Por isso, o Senhor esperará,
D: para ter misericórdia de vós;
E: e por isso se levantará, para se compadecer de vós;
E: porque o Senhor é um Deus de equidade;
D: bem-aventurados todos os
C: que nele esperam.
B: (19) Porque o povo habitará em Sião,
A: em Jerusalém; não chorarás mais ….

A declaração introdutória, “o mastro no cume do monte”, reflete-se em “Jerusalém”, fornecendo uma explicação do que Isaías quis dizer. A frase “a bandeira no outeiro” corresponde-se à “Sião”. “O Senhor esperará” é equivalente à frase “que nele esperam”; a sentença “ter misericórdia de vós” é equivalente à “bem-aventurados todos os”; e “se levantará” corresponde com “o Senhor é um Deus de equidade”. Sião nos últimos dias será como a bandeira no outeiro, enquanto que Jerusalém será como o mastro no cume do monte, ambos proclamando a verdade ao mundo.

O versículo 20 explica que os justos não estarão livres de adversidades: “Bem vos dará o Senhor pão de angústia e água de aperto, mas os teus mestres nunca mais fugirão de ti, como voando com asas; antes os teus olhos verão a todos os teus mestres”. Note como Isaías usou os pronomes no plural e no singular. Primeiro, o Senhor dá angústia e aperto coletivamente aos habitantes de Sião—mas depois cada pessoa individualmente recebe asbênçãos de mestres inspirados, indicando que o livre arbítrio desempenha um papel fundamental em como reagimos às adversidades.

Este versículo é a única ocorrência nas escrituras descrevendo o “pão de angústia” e “água de aperto”. O Senhor orientará os justos—apesar de estarem passando por adversidades e angústia—por meio de mestres inspirados.

O versículo 21 descreve a orientação do Espírito dada aos justos: “E os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda”. O Espírito Santo orientará os justos enquanto andarem pelo caminho da vida. Desviar-se para a direita nem para a esquerda significa desviar-se do caminho estreito e apertado, no qual o Espírito redireciona-nos com sua voz mansa e delicada.[17] Observe novamente como Isaías usou os pronomes no singular e no plural. O Espírito Santo interage com cada um de nós individualmente, porém Suas instruções foram dadas a todos coletivamente.

No versículo 22, os justos acabarão com a idolatria: “E terás por contaminadas as coberturas de tuas esculturas de prata, e o revestimento das tuas esculturas fundidas de ouro; e as lançarás fora como um pano imundo, e dirás a cada uma delas: Fora daqui”.[18]

Isaías, no capítulo 2, compara a idolatria com o materialismo:

E a sua terra está cheia de prata e ouro, e não têm fim os seus tesouros; também a sua terra está cheia de cavalos, e os seus carros não têm fim.
Também a sua terra está cheia de ídolos; inclinam-se perante a obra das suas mãos, diante daquilo que fabricaram os seus dedos.[19]

Sua terra está cheia de que? Três declarações paralelas e equivalentes fornecem a resposta: “prata e ouro … tesouros”; “cavalos … carros”; “ídolos … a obra das suas mãos, diante daquilo que os seus dedos fabricaram”. A forma predominante de idolatria nos últimos dias—a adoração de falsos deuses—seria o materialismo.

As bênçãos do Senhor, tanto temporais quanto espirituais, serão dadas aos justos. O versículo 23 atesta: “Então te dará chuva sobre a tua semente, com que semeares a terra, como também pão da novidade da terra; e esta será fértil e cheia; naquele dia o teu gado pastará em largos pastos”. O Senhor proverá ricas bênçãos espirituais e temporais ao Seu povo justo.

Os versículos 20 até 23 contêm um quiasma:

A:(20) Bem vos dará o Senhor pão de angústia
B: e água de aperto,
C: mas os teus mestres nunca mais fugirão de ti, como voando com asas; antes os teus olhos verão a todos os teus mestres.
D: (21) E os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele,
D: sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda.
C: (22) E terás por contaminadas as coberturas de tuas esculturas de prata, e o revestimento das tuas esculturas fundidas de ouro; e as lançarás fora como um pano imundo, e dirás a cada uma delas: Fora daqui.
B: (23) Então te dará chuva sobre a tua semente, com que semeares a terra,
A: como também pão da novidade da terra; e esta será fértil e cheia; naquele dia o teu gado pastará em largos pastos.

A declaração introdutória, “pão de angústia”, contrasta-se com “pão da novidade da terra”. “Água de aperto” contrasta-se com “chuva sobre a tua semente”; isto mostra que apesar de nossas aflições, o Senhor proverá as bênçãos. “Mas os teus mestres nunca mais fugirão de ti” compara-se com “as lançarás fora [tuas esculturas de prata]”, que significa que os mestres inspirados tomarão o lugar dos ídolos nas vidas dos justos. “Este é o caminho, andai nele” compara-se com “sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda”. Na primeira frase, o Espírito define o caminho estreito e apertado para seguirmos; a segunda frase descreve a voz mansa e delicada de advertência, ouvida quando saímos do caminho certo. A mensagem deste quiasma é que apesar de enfrentarmos adversidades e aflições nesta vida, se purificar-nos e abandonarmos a idolatria e dermos ouvidos às palavras inspiradas dos mestres, o Senhor proverá a orientação do Espírito ao caminharmos nesta vida.

O versículo 24 continua: “E os bois e os jumentinhos, que lavram a terra, comerão grão puro, que for padejado com a pá, e cirandado com a ciranda”. Bênçãos temporais e espirituais serão abundantes para os justos.

Os versículos 25 e 26 são analisados juntos para entendermos melhor, devido sua estrutura quiasmática, onde Isaías prediz os acontecimentos traumatizantes dos últimos dias. Entretanto, como se estivesse protegendo-nos das más notícias, ele envolve a profecia com as boas notícias a respeito do que aconteceria como consequência deste evento—uma grande matança quando caírem as torres:

A: (25) E em todo o monte alto, e em todo o outeiro levantado, haverá ribeiros
B: e correntes de águas,
C: no dia da grande matança,
C: quando caírem as torres.
B: (26) 26 E a luz da lua será como a luz do sol,
A: e a luz do sol sete vezes maior, como a luz de sete dias, no dia em que o Senhor ligar a quebradura do seu povo, e curar a chaga da sua ferida.

O enfoque deste quiasma é “no dia da grande matança, quando caírem as torres”. O significado destas frases vinculadas ficou para sempre estampado na consciência mundial no dia 11 de setembro de 2001, quando as Torres Gêmeas do Centro Mundial de Comércio caíram sob ataque terrorista, resultando na grande matança onde milhares de pessoas morreram. Agora, ao referirmos às atrocidades daquele dia, adotamos quase universalmente a frase “quando caíram as torres”, não importando se sabíamos ou não sobre esta profecia de Isaías.

O versículo 26 descreve uma abundância de bênçãos espirituais que seriam derramadas devido ao acontecimento traumatizante e das guerras que seguiriam este evento. “Águas” é uma metáfora que significa inspiração e bênçãos dos céus,[20] enquanto “monte” e “outeiro” são metáforas representando as nações da Terra, tanto grande quanto pequena.[21] A interpretação é que as nações da Terra seriam abençoadas pela efusão contínua de revelação e bênçãos.

O versículo 26, usando uma metáfora diferente, descreve uma abundância de inspiração e bênçãos de Deus que estariam disponíveis às nações da Terra naquele dia. “A luz da lua” e “a luz do sol” aumentariam sete vezes mais sobre a Terra depois da queda das torres e a grande matança, que também simbolizam a efusão de revelação e bênçãos. A estrutura quiasmática mostra-nos que as metáforas dos versículos 25 e 26 são as mesmas—ambas são consequências do evento descrito no enfoque do quiasma. Portanto, Isaías prediz um tempo em que as pessoas despertarão espiritualmente. O fardo da ignorância e superstição que escravizam muitas nações da Terra serão retirados e o caminho estreito e apertado ser-lhes-á mostrado, permitindo uma outra fase de coligação dos descendentes de Israel nos últimos dias.[22] A orientação e a inspiração do Senhor também aumentarão dramaticamente sobre os justos naquele dia, curando as aflições de seu longo exílio[23] e provendo conforto para os que sofreram grandes perdas.

Uma maneira que esta grande efusão de orientação e inspiração aumentaria dramaticamente é a chegada da mensagem do evangelho através da internet e outros dispositivos eletrônicos, que ocorreu, em grande parte, desde aquele dia.

Concernente a este marcante acontecimento, o Presidente Gordon B. Hinckley falou poucas semanas depois das atrocidades ocorridas no dia 11 de setembro de 2001:

“Tenho conhecimento, assim como vocês, das declarações contidas nas revelações modernas que indicam que tempo virá em que a Terra será purificada e haverá angústia indescritível, com pranto, desolação e lamento.[24]
“Mas não quero ser alarmista. Não quero ser um mensageiro de desgraças. Eu sou um otimista. Não creio que tenhamos chegado ao dia das calamidades finais que um dia assolarão a Terra. Oro sinceramente para que não seja assim. Há muito ainda a ser feito na obra do Senhor. Nós, assim com nossos filhos que nos sucederão, precisamos realizar isto”.[25]

Esta profecia de Isaías predizendo a queda das torres, seguida por uma grande efusão de inspiração e bênçãos sobre as nações da Terra, talvez não fosse facilmente compreendida até que se cumprisse. Néfi declara: “… não obstante, nos dias em que se cumprirem as profecias de Isaías, quando elas se realizarem, os homens certamente saberão”.[26] Semelhantemente, muitas outras profecias de Isaías não serão completamente compreendidas até que se cumpram diante de nossos olhos.

Os versículos 27 e 28 descrevem a destruição que acompanhará a Segunda Vinda do Senhor. O versículo 27 começa a descrever: “Eis que o nome do Senhor vem de longe, ardendo a sua ira, sendo pesada a sua carga; os seus lábios estão cheios de indignação, e a sua língua é como um fogo consumidor”.[27], [28] “O nome do Senhor” significa “um símbolo do poder do Senhor vindo para destruir a maldade”.[29] Grandes destruições cairão sobre os ímpios, enquanto os justos estiverem sendo grandemente abençoados.

O versículo 28 continua a descrição: “E a sua respiração como o ribeiro transbordante, que chega até ao pescoço, para peneirar as nações com peneira de destruição, e um freio de fazer errar nas queixadas dos povos”. O “ribeiro transbordante” é um simbolismo usado em outras parte da obra de Isaías para representar um exército invasor.[30] O freio, ou flange, no queixo dos povos é para prevenir, ao invés de causar, que cometam erros.

O versículo 29 descreve a alegria dos sobreviventes justos naquele dia: “Um cântico haverá entre vós, como na noite em que se celebra uma festa santa; e alegria de coração, como a daquele que vai com flauta, para entrar no monte do Senhor, à Rocha de Israel”. Apesar da destruição que está acontecendo, os justos—que dão ouvidos às palavras do Senhor, pronunciadas pelo Seu profeta vivo—serão protegidos.[31] A palavra hebraica traduzida como “em que se celebra uma festa santa” significa “a santificação de um dia de festa”.[32] “Vai com flauta” quer dizer com um instrumento musical de sopro, e o “monte do Senhor” refere-se ao templo.[33]

O versículo 30 continua: “E o Senhor fará ouvir a sua voz majestosa e fará ver o abaixamento do seu braço, com indignação de ira, e labareda de fogo consumidor, raios e dilúvio e pedras de saraiva”. A vozdo Senhor será ouvida na época da destruição, semelhante aos nefitas ouvindo Sua voz quando Ele declarou a extensão da destruição no continente Americano na época da crucificação, conforme se acha escrito no Livro de Mórmon.[34] Manifestações da ira do Senhor, pelas quais a destruição acontecerá, incluem fogo,[35] dispersão, tormentas, e granizos (pedras de saraiva). Tudo isto descreve os extraordinários desastres naturais.

Os versículos 29 e 30 contêm um quiasma:

A: (29) Um cântico haverá entre vós, como na noite em que se celebra uma festa santa; e alegria de coração, como a daquele que vai com flauta, para entrar no monte do Senhor,
B: à Rocha de Israel.
B: (30)E o Senhor
A: fará ouvir a sua voz majestosa ….

O “monte do Senhor” está ligado à frase “fará ouvir a sua voz majestosa”, que quer dizer que a voz do Senhor será ouvida no templo, ou no monte do Senhor. “À Rocha de Israel” é equivalente ao “Senhor”, dando a definição da mesma.

O versículo 31 declara: “Porque com a voz do Senhor será desfeita em pedaços a Assíria, que feriu com a vara”. Através da voz do Senhor o exército invasor da Assíria será destruído, da mesma forma com que assolaram suas vítimas com a vara.

O versículo 32 continua: “E a cada pancada do bordão do juízo que o Senhor lhe der, haverá tamboris e harpas; e com combates de agitação combaterá contra eles”. A palavra hebraica traduzida como “combates de agitação” significa “com brandirde armas”.[36]

Os versículos 31 e 32 contêm um quiasma:

A: (31) Porque com a voz do Senhor
B: será desfeita em pedaços
C: a Assíria,
C: que feriu
B: com a vara.
A: (32) E a cada pancada do bordão do juízo que o Senhor lhe der, haverá tamboris e harpas; e com combates de agitação combaterá contra eles.

Neste quiasma fica claro que o Senhor travaria batalhas nos últimos dias usando Sua voz, bem como com adufes (um tipo de pandeiro) e harpas. A voz do Senhor—inclusive inspiração e orientação divina—serviria como um instrumento na destruição do equivalente da Assíria nos últimos dias, que em contraste feriu o povo com a vara. A música no reino de Deus nos últimos dias seria uma ponderosa influência para o bem.

O versículo 33 descreve o fim do rei da Assíria—e simbolicamente da destruição dos ímpios: “Porque Tofete já há muito está preparada; sim, está preparada para o rei; ele a fez profunda e larga; a sua pira é de fogo, e tem muita lenha; o assopro do Senhor como torrente de enxofre a acenderá”. Tofete eraum localno valedo filho deHinom, ao sul de Jerusalém, onde se ofereciam sacrifícios humanos a Moloque.[37] O justo rei Josias quebrou o altar idólatra.[38] Subsequentemente, este local tornou-se um lugar para a queima de lixo.

NOTAS

[1]. O versículo 2 contém um quiasma: Egito/meu conselho/fortificarem//força/Faraó/Egito.
[2]. Versículos 3 até 5 contêm um quiasma: Vergonha/confusão/seus príncipes//seus embaixadores/um povo que de nada lhes servirá/vergonha.
[3]. Ver Isaías 18 e comentário pertinente.
[4]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 5045, p. 616.
[5]. Os versículos 4 até 6 contêm um quiasma: Príncipes … Zoã … embaixadores … Hanes/envergonharão/de nada lhes servirá//nem de proveito/vergonha/animais do sul.
Os versículos 5 e 6 contêm um quiasma: Povo que de nada lhes servirá/peso dos animais do sul/de aflição e de angústia//a leoa e o leão, o basilisco, a áspide e a serpente/levarão às costas de jumentinhos as suas riquezas, e sobre as corcovas de camelos/um povo que de nada lhes aproveitará.
O versículo 6 contém um quiasma: Para a terra de aflição e de angústia/a leoa e o leão/a víbora//serpente ardente, voadora/costas de jumentinhos … corcovas de camelos/um povo que de nada lhes aproveitará.
[6]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7674, p. 992.
[7]. O versículo 8 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Escreve isto/numa tábua//num livro/registra-o. Em Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 260.
[8]. 1 Néfi 16:2.
[9]. Brown et al., 1996, Número de Strong 2513, p. 325.
[10]. Ver Êxodo 13:20-22.
[11]. Ver Mateus 7:14; D&C 132:22; também Isaías 3:12; 8:11; 26:7-8; 28:7; 40:3 e comentário pertinente.
[12]. Ver Isaías 30:25.
[13]. Isaías 5:26.
[14]. Ver Isaías 1:17; 5:7; 42:4; 59:15.
[15]. Marion D. Hanks, “Ele se Refere a Mim”, A Liahona, Outubro de 1979, p. 118-119.
[16]. Ver Isaías 3:16; 18:7; 24:23; 28:16; 29:8; 31:4, 9; 51:3.
[17]. Ver Doutrina e Convênios 85:6; 1 Reis 19:12; 1 Néfi 17:45.
[18]. O versículo 22 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Terás por contaminadas/coberturas de tuas esculturas de prata//revestimento das tuas esculturas fundidas de ouro/as lançarás fora. Em Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 260.
[19]. Ver Isaías 2:7- 8 e comentário pertinente.
[20]. Ver Isaías 12:3; 35:6-7; 55:1, 11; 58:11 e comentário pertinente.
[21]. Ver Isaías 2:2, 14 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:2, 4 e comentário pertinente.
[22]. Ver Isaías 11:15-16.
[23]. Isaías 30:26, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 26a.
[24]. Ver D&C 112:34.
[25]. Gordon B. Hinckley, “Os Tempos Em Que Vivemos”, A Liahona, Janeiro de 2002, p. 85.
[26]. 2 Néfi 25:7.
[27]. Ver Isaías 1:7, 28; 30:30, 33; 33:11-12 e comentário pertinente.
[28]. O versículo 27 contém um quiasma: Ardendo/ira/pesada a sua carga//lábios estão cheios/indignação/fogo consumidor.
[29]. Isaías 30:27, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 27a.
[30]. Ver Isaías 8:7-8; 28:2; 59:19.
[31]. Compare com Êxodo 12:21-23; ver também Isaías 10:25; 26:20 e comentário pertinente.
[32]. Brown et al., 1996, Número de Strong 2282, p. 290.
[33]. Ver Isaías 2:3; 56:7; 65:11; 66:20 e comentário pertinente.
[34]. Ver 3 Néfi 9:1-22.
[35]. Ver references para o versículo 27, acima.
[36]. Brown et al., 1996, Número de Strong 8573, p. 632.
[37]. Dicionário Bíblico—Tofete.
[38]. 2 Reis 23:10.

INTRODUÇÃO 3: Recursos Literários Usados Por Isaías

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

__________________________________________________________________________________________

As palavras de Isaías são poéticas porque são belas. Sua eloquência, sua habilidade de incorporar tantos significados em poucas palavras, e o uso extensivo de recursos literários e estruturais para alcançar os seus propósitos literários revelam uma perícia literária que requereriam muitos anos para desenvolver. Na verdade, o nível de perícia literária de Isaías é inalcançável exceto por poucos que já viveram sobre a Terra.

O que é poesia? Poesia não é simplesmente uma forma literária caracterizada por ritmo e rima, é uma forma artística complexa na qual beleza é um objetivo importante intencionado pelo escritor. Toda arte, seja música, pintura, dança, desenho, escultura, drama, poesia e prosa, tem elementos em comum que consideramos beleza. Estes elementos incluem ritmo, cores, humor, variedade dentro da unidade, padrão, repetição, contraste e movimento ou ação, os quais influenciam emoções humanas. As escrituras de Isaías são poesias e são belas porque elas causam um profundo impacto emocional, dado aos leitores através do uso perito desses elementos.

Surpreendentemente, os ritmos e padrões de Isaías são de ideias, ao invés de sons das palavras ou rimas. Portanto, sua expressão poética geralmente não se perde quando traduzida; a beleza das palavras de Isaías está presente em qualquer língua.

O aspecto espiritual das palavras de Isaías é perfeitamente unido com sua extraordinária expressão artística. O impacto emocional transmitido pela sua perícia artística é amplificado por sua percepção espiritual inabalável e discernimento profético do passado, presente e futuro. O leitor, quando guiado pelo Espírito Santo, compreende coisas espiritualmente como também responde emocionalmente. Assim, a pura luz da revelação é manifesta nas palavras de Isaías de uma forma extraordinária.

As chaves dadas por Bruce R. McConkie para compreender as palavras de Isaías,[1] apresentadas no capítulo anterior, são as mesmas usadas por Néfi no Livro de Mórmon. O resultado é uma interpretação geral, descrevendo claramente os significados das palavras de Isaías, porém não interpretando palavra-por-palavra nem sentença-por-sentença. A oitava chave apresentada por McConkie, “Aprenda a maneira de profetizar usada entre os Judeus no tempo de Isaías”, tem sido um obstáculo para os Santos dos Últimos Dias por gerações.  A falta de conhecimento faz com que os leitores pulem a parte de Isaías do Livro de Mórmon—tão rica em beleza e significados! Néfi explicou suas razões:

“Agora eu, Néfi, digo algo sobre as palavras que escrevi, que foram proferidas pela boca de Isaías. Pois eis que Isaías disse muitas coisas que, para muitos de meu povo, eram de difícil compreensão; porque não conhecem o modo de profetizar dos judeus.
“Porque eu, Néfi, não lhes ensinei muitas coisas sobre os costumes dos judeus; porque suas obras eram obras de trevas e seus feitos eram abominações.”[2]

Não precisamos temer que ao aprender tais métodos seremos levados às mesmas abominações dos Judeus antigos; ao contrário, os Judeus que Néfi se referiu não tinha o espírito de profecia, talvez mais automaticamente, eles se concentravam nos aspectos mecânicos das palavras de Isaías. Néfi já foi ao outro extremo, se concentrando no contexto espiritual e ignorando o mecânico. Podemos evitar esta dificuldade enfrentada pelos Judeus antigos aplicando as dez chaves apresentadas por McConkie, especialmente a nona: “Tenha o espírito de profecia”.

Na época que McConkie escreveu seu livro não havia muita informação ou orientação disponível sobre a maneira de profetizar entre os Judeus. Quinze anos depois, em 1988, um trabalho seminal por Avraham Gileadi apresentou chaves interpretativas muito úteis.[3]

De acordo com Gileadi, a maneira de aprender entre os Judeus não mudou desde o tempo dos profetas. Nas escolas rabínicas de hoje,

“Os Judeus dependem de recursos interpretativos como símbolos e figuras, linguagem alegórica, padrão literário, estruturas básicas, paralelismos, significado duplo, palavras chaves, codinomes, e outros instrumentos mecânicos…. Sua abordagem é completamente mecânica. Em seus enormes livros, um pequeno quadrado no centro de cada página contém o versículo ou passagem que está sendo estudado…. Lembro levando um mês inteiro da minha vida na escola rabínica discutindo só um versículo, explorando-o por todos os ângulos…. Os Judeus, exclusivamente, usam este método.”[4]

Mesmo as análises simples apresentadas neste comentário se diferem grandemente da abordagem dogmática predominante nas religiões de hoje, onde a passagem tem somente uma interpretação que é aceita. Uma abordagem superficial dogmática elimina a possibilidade de vários níveis de interpretações intencionadas, o que é uma característica importante nas escrituras de Isaías.

Gileadi apresenta uma variedade de recursos literários usados por Isaías, alguns dos mais usados estão resumidos aqui.[5]

Formas de Linguagem

Isaías utiliza muitos pequenos padrões literário, chamados por Gileadi[6] de “formas de linguagem”. Incluindo os seguintes:

Litígio.—Uma só passagem que pode incluir vários versículos de escrituras na qual o Senhor acusa Israel como se estivera numa corte. A sentença é geralmente condicional, concedendo um período de tempo para um possível arrependimento.

Discurso por um Mensageiro.—Aqui o profeta funciona como emissário do Senhor. Ele transmite a mensagem do Senhor para o povo ou seu rei, descrevendo como ele foi chamado e enviado pelo Senhor, apresenta uma lista de pecados cometidos pelo povo e anuncia o subsequente castigo.

Oráculo de Pesar.—Uma série de maldições que o Senhor profere sobre Israel por haver quebrado o convênio. Tomando um formato específico, estes sempre incluem citações de específicas transgressões, estabelecendo, assim, causa e consequências.

Lamento Profético.—Lamentando uma calamidade ou uma desgraça, um lamento profético começa com a palavra “Como” e expressa o pesar pelo estado decaído do povo.

Sermão Sacerdotal.—o profeta assume o papel de sacerdote ou mestre explicando doutrinas, instando o arrependimento e exortando o povo a seguir o caminho correto.

Parábolas.—Uma história na qual uma coisa é comparada à outra alegoricamente, para retratar uma sequência de causas e consequências.

Cânticos da Salvação.—Israel, ou seu porta-voz profético, canta louvores ao Senhor reconhecendo Sua intervenção que resultou em seu resgate.

Metáforas

Gileadi[7] mostra que Isaías usa “mar” e “rio” como metáforas para o rei da Assíria e seus exércitos invasores. O rei da Assíria representa poderes do mal e caos em qualquer tempo e lugar da história humana.

Há vários outros termos metafóricos usados por Isaías que, se soubermos que são metáforas, enriquecerão a nossa compreensão. Considere a seguinte passagem em Isaías 30, que contém várias metáforas: “E em todo o monte alto, e em todo o outeiro levantado, haverá ribeiros e correntes de águas, no dia da grande matança, quando caírem as torres”.[8]

“Água”, como se usa aqui, é uma metáfora que significa inspiração e bênçãos dos céus,[9] enquanto que “monte” e “outeiro” são metáforas que significam nações da Terra, tanto grande quanto pequena.[10]  Esta profecia foi em parte cumprida com a grande matança de milhares de pessoas que morreram em um dia, quando as Torres Gêmeas do Centro Mundial de Comércio em Nova Iorque caíram sobre ataque terrorista no dia 11 de setembro de 2011. De alguma maneira, este acontecimento terrível dará lugar para que as bênçãos e inspirações dos céus se tornarem disponíveis para muitas nações da Terra.[11]

O próximo versículo descreve, usando uma metáfora diferente, uma abundância de inspiração e revelação de Deus que se tornaria disponível para as nações da Terra naquele dia: “E a luz da lua será como a luz do sol, e a luz do sol sete vezes maior, como a luz de sete dias…”.[12] A luz da lua e do sol, ampliada como foi descrita, é uma metáfora muito conhecida que significa inspiração e revelação.

A primeira parte deste versículo é equivalente quiasmaticamente à primeira parte do versículo anterior, de modo que o significado idêntico das duas metáforas seja claro. Além disso, o enfoque da estrutura dos dois versículos é “no dia da grande matança, quando caírem as torres”. O significado é que este traumatizante, catastrófico acontecimento e o subsequente conflito é o ponto culminante para o surgimento das maiores inspirações e bênçãos espirituais que serão derramadas sobre as nações da Terra. Mais a respeito de quiasmas e outras estruturas poéticas serão apresentadas em maiores detalhes no próximo capítulo introdutório.

A frase final do versículo é “…no dia em que o Senhor ligar a quebradura do seu povo, e curar a chaga da sua ferida”.[13] Isto significa que a grande orientação e inspiração descritas resultarão numa cura para a aflição do povo e conforto para os que sofreram grande perda.

O Hebraico

Como em outras línguas, é difícil traduzir do Hebraico e transmitir com precisão a mesma coisa. Isto acontece especialmente em casos de palavras com definições duplas. Gileadi[14] cita caso do chamado profético de Isaías, descrito em Isaías 6:

“No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e a cauda do seu manto enchia o templo.
“Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam.”[15]

Gileadi explica:

“Em Hebraico, a palavra serafim literalmente significa ‘um ser ardente ou abrasador…’.  O uso de ‘ser ardente’ por Isaías para descrever anjos que rodeiam o Senhor, ao invés de usar o termo comum para anjos (‘mensageiros’) enfatizam a natureza da visão de Isaías—aqui os anjos não servem como mensageiros, mas exemplificam um estado de purificação.”

Cada serafim possui seis asas. O termo “asas” em hebraico…também significa “véus”.

Assim traduz Gileadi: “Com duas podiam ocultar sua presença, com duas esconder sua localização, e com as outras duas voarem”.  Então, ao invés de descreverem características físicas, estas descrições são das capacidades ou qualidades dos serafins. Um conhecimento do Hebraico auxilia grandemente na compreensão do significado desta passagem.

Uma fonte valiosa de significados hebraicos se encontra nas notas de rodapé da edição SUD da Bíblia Sagrada em Inglês (1979 versão de King James) e também em Espanhol (2009 versão Reina-Valera), publicadas pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Esses significados nos fornecem mais discernimentos e mostram onde essas traduções modernas diferenciam do original em hebraico. E ainda, os léxicos estão disponíveis para auxiliarem na compreensão mais precisa de palavras específicas baseando-se nos seus significados e contexto hebraicos.[16]

Símbolos

Ao admoestar os nefitas para que buscassem diligentemente as palavras de Isaías, o ressuscitado Senhor Jesus Cristo disse “…grandes são as palavras de Isaías. Porque ele certamente falou sobre todas as coisas relativas a meu povo, que é da casa de Israel; portanto é preciso que ele fale também aos gentios. E todas as coisas que ele disse foram e serão cumpridas de acordo com as palavras que ele disse” (ênfases adicionadas).[17]

Como que algo dito por Isaías possa se referir eficazmente ao future e ao presente ao mesmo tempo? Simplesmente falando, Isaías usa eventos antigos como modelos ou símbolos do que acontecerá. Gileadi[18] relata que mais de 30 acontecimentos aparecem no livro de Isaías, os quais estabelecem um precedente antigo e anunciam uma série de acontecimentos para os últimos dias. Isaías não era um historiador; ele nunca mencionou a dispersão das Dez Tribos, o que foi um evento histórico de suma importância que aconteceu em seu tempo, apesar de haver profetizado que este evento iria acontecer. Portanto, referências a acontecimentos históricos não são com propósitos simplesmente históricos. Suas profecias englobam o passado, presente e future, com cumprimento recorrente em diferente dispensação. Assíria e Egito, as superpotências dos tempos de Isaías, são codinomes para superpotências semelhantes nos últimos dias. Nossa dificuldade e desafio são o de reconhecer os atores de hoje no palco de Isaías.

 Significados Múltiplos de Palavras

Algumas das palavras chaves usadas nas escrituras têm diferentes significados. Ao entender qual significado está implícito numa determinada passagem nos levará a entender o significado intencionado pelo autor. Quando múltiplos significados são intencionados, cada um representa uma distinta camada de significado para a passagem.  Por exemplo, a palavra hebraica “Sião” significa, literalmente, “lugar seco”.[19] Durante a época de Davi era o nome de um forte perto de Jerusalém;[20] a Arca do Convênio foi trazida de lá para o templo em Jerusalém por Salomão.[21] O monte onde fica o templo em Jerusalém era conhecido também como Monte de Sião,[22] enquanto que Sião, ou filha de Sião, é usado por muitos escritores bíblicos como um sinônimo poético para Jerusalém.[23] Sião também se refere a coligação espiritual nos últimos dias— a restauração da plenitude do evangelho e estabelecimento de um povo que iria respeitar seus princípios.[24] Sião, então, é um grupo dos justos—os puros de coração—vivendo em paz e harmonia, independentemente de onde se encontrem.[25] Em algumas passagens espirituais Sião tem duplo significados—a coligação espiritual dos últimos dias, como também funciona como um sinônimo para a antiga ou Jerusalém dos últimos dias, o lugar para a coligação física.[26] Jerusalém é designada como um lugar de coligação das tribos de Israel retornadas, seja no local original de Jerusalém ou em outro lugar.[27] Uma “Nova Jerusalém” para a coligação de certas das tribos perdidas seria estabelecida no continente Americano.[28]

Considere esta afirmação de Isaías “porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor”.[29] “Sião” neste caso significa o povo ou um lugar que seria estabelecido nos últimos dias para a coligação espiritual do povo do convênio do Senhor.[30] Se “Jerusalém” for considerada a cidade antiga, o significado da passagem é que, tal como a antiga Jerusalém, haveria profetas na Sião moderna de onde a palavra do Senhor sairia. Se, por outro lado “Jerusalém” for considerada a coligação moderna dos descendentes justos de Israel, a passagem significa que haveria dois lugares de onde a palavra inspirada do Senhor emanaria pelo mundo inteiro, tanto de Jerusalém como de Sião.  É possível que Isaías intencionou ambos significados.

Sinônimos para Jesus Cristo

Isaías usa diversos sinônimos para o Senhor Jesus Cristo. Cada um tem seu propósito específico, enfatizando um aspecto específico da missão ou papel do Senhor. A incapacidade de reconhecer os títulos do Senhor pode causar má interpretação do significado das palavras de Isaías. Quarenta e três títulos são estudados neste comentário.[31] Eles são, em ordem alfabética: A Rocha de Israel;[32]  Conselheiro;[33] Criador;[34] Criador de Israel;[35] Criador dos fins da terra;[36] Deus de toda a terra;[37] Deus da tua salvação;[38] Deus da verdade;[39] Deus de Davi;[40] Deus de Israel;[41] Deus de Jacó;[42] Deus Forte;[43] Deus, o Senhor;[44] Emanuel;[45] eterno Deus;[46] Excelso;[47] Maravilhoso;[48] o Alto;[49] o Deus vivo;[50] o eterno Deus;[51] o Forte de Israel;[52] o Forte de Jacó;[53] o primeiro…o último;[54] o Rei;[55] o Rei de Jacó;[56] o Sublime;[57] o teu Redentor;[58] o teu Salvador;[59] Pai da Eternidade;[60] Poderoso de Jacó;[61] Príncipe da Paz;[62] Redentor;[63] Redentor de Israel;[64] Rei de Israel;[65] Rei de Jacó;[66] Salvador;[67] Santo;[68] Santo de Israel;[69] Santo de Jacó;[70] Senhor Deus;[71] Senhor Deus de Israel;[72] Senhor Deus dos Exércitos;[73] Senhor Deus nosso;[74] Senhor dos Exércitos;[75] Senhor teu Deus;[76] seu Santo;[77] Siloé;[78] tronco de Jessé;[79] vosso Rei;[80] vosso Santo.[81]


Notas

[1]. Bruce R. McConkie, Ten keys to Understanding Isaiah [Dez Chavez para Compreender Isaías]: Ensign, Oct. 1973, p. 78.
[2]. 2 Néfi 25:1-2.
[3]. Avraham Gileadi, The Book of Isaiah: A new translation with interpretive keys from The Book of Mormon:[O Livro de Isaías: Uma nova tradução com chaves interpretativas do Livro de Mórmon] Deseret Book Company, P.O. Box 30178, Salt Lake City, Utah 84130, 1988, 250 p.
[4]. Gileadi, 1988, p. 4‑5.
[5]. Gileadi, 1988, p. 1-90.
[6]. Gileadi, 1988, p. 18-20.
[7]. Gileadi, 1988, p. 23.
[8]. Isaías 30:25.
[9]. Ver Isaías 12:3; 35:6-7; 55:11; 58:11.
[10]. Ver Isaías 2:2, 14 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:2, 4; 30:17, 25-26; 34:3 e comentário pertinente.
[11]. Ver Isaías 30:25 e comentário pertinente.
[12]. Isaías 30:26.
[13]. Isaías 30:26.
[14]. Gileadi, 1988, p. 35.
[15]. Isaías 6:1-2.
[16]. Ver F. Brown, S. Driver e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [O Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, 1185 p.
[17]. 3 Néfi 23:1‑3.
[18]. Gileadi, 1988, p. 69‑70.
[19]. Brown et al., 1996, Strong- Número 6726; p. 851.
[20]. Ver 2 Samuel 5:7; 2 Crônicas 5:2.
[21]. Ver 1 Reis 8:1.
[22]. Ver Salmos 9:11; 14:7; 74:2; 78:68-69; Isaías 4:3-4; 10:12, 32; 16:1; 18:7; 30:19; 31:4; 34:8; 37:22, 32; Doutrina e Convênios  133:18, 56.
[23]. Ver 2 Reis 19:21, 31; Salmos 9:14; 51:18; Isaías 1:8; 10:32; 16:1; 37:22; 52:2; 62:11; 64:10.
[24]. Ver Salmos 102:13, 16; 129:5; 132:13; Isaías 2:3; 4:5; 14:32; 46:13; 51:16; 52:7-8; 59:20.
[25]. Ver D. e C. 97:21.
[26]. Ver Isaías 1:27; 3:16-17; 4:3-4; 8:18; 10:12, 24; 12:6; 18:7; 24:23; 28:16; 29:8; 30:19; 31:4, 9; 33:5, 14, 20; 34: 8; 37:32; 40:9; 41:27; 49:14; 51:3, 11; 52:1; 60:14; 61:3; 66:8.
[27]. Ver Isaías 2:3; 4:3; 24:23; 27:13; 30:19; 31:5, 9; 33:20; 40:2, 9; 41:27; 52:1-2, 9; 62:6-7; 65:18-19; 66:10, 13, 20.
[28]. Ver 3 Néfi 20:22; Éter 13:3-6, 10; D. e C. 84:2-4; Apocalipse 3:12; 21:2; 3 Néfi 21:23-24; D. e C. 42:9, 35, 62, 67; 45:66; 133:56; Moisés 7:62; Regras de Fé 1:10.
[29]. Isaías 2:3.
[30]. Ver Salmos 102:13, 16; 129:5; 132:13; Isaías 4:5; 14:32; 46:13; 51:16; 52:7-8; 59:20.
[31]. Gary W. Hamon, Strathmore, Alberta, Canada; comunicação pessoal, 2003.
[32]. Isaías 30:29.
[33]. Isaías 9:6.
[34]. Isaías 17:7; 40:28; 45:9; 54:5.
[35]. Isaías 43:15.
[36]. Isaías 40:28.
[37]. Isaías 54:5.
[38]. Isaías 17:10.
[39]. Isaías 65:16.
[40]. Isaías 38:5.
[41]. Isaías 17:6; 21:10, 17; 24:15; 29:23; 37:16, 21; 41:17; 45:3, 15; 48:1, 2; 52:12.
[42]. Isaías 2:3.
[43]. Isaías 9:6; 10:21.
[44]. Isaías 40:28; 42:5.
[45]. Isaías 7:14; 8:8.
[46]. Isaías 40:28.
[47]. Isaías 12:4.
[48]. Isaías 9:6.
[49]. Isaías 57:15.
[50]. Isaías 37:4, 17.
[51]. Isaías 40:28.
[52]. Isaías 1:24.
[53]. Isaías 49:26.
[54]. Isaías 44:6; 48:12.
[55]. Isaías 6:5; 33:17, 22.
[56]. Isaías 41:21.
[57]. Isaías 57:15.
[58]. Isaías 41:14; 48:17; 49:26; 54:5, 8; 60:16.
[59]. Isaías 43:3; 49:26; 60:16.
[60]. Isaías 9:6.
[61]. Isaías 60:16.
[62]. Isaías 9:6.
[63]. Isaías 43:14; 44:16, 24; 47:4; 59:20; 63:16.
[64]. Isaías 49:7.
[65]. Isaías 44:6.
[66]. Isaías 41:21.
[67]. Isaías 45:15, 21; 63:8.
[68]. Isaías 5:16; 6:3; 10:17; 40:25; 43:15; 49:7; 57:15.
[69]. Isaías 1:4; 5:19, 24; 10:20; 12:6; 17:7; 29:19; 30:11, 12, 15; 31:1; 37:23; 41:14, 16, 20; 43:3, 14; 45:11; 47:4; 48:17; 49:7; 54:5; 55:5; 60:9, 14.
[70]. Isaías 29:23.
[71]. Isaías 7:7; 12:2; 25:8; 26:4, 13; 28:16; 30:15; 40:10; 48:16; 49:22; 50:4, 5, 7, 9; 52:4; 56:8; 61:1, 11; 65:13, 15.
[72]. Isaías 17:6; 21:17; 24:15; 37:21.
[73]. Isaías 3:15; 10:23, 24; 22:5, 12, 14, 15; 28:22.
[74]. Isaías 26:13.
[75]. Isaías 1:9, 24; 2:12; 3:1; 5:7, 9, 15, 24; 6:3, 5; 8:13, 18; 9:7, 19; 10:16, 26, 33; 13:4, 13; 14:22, 23, 24, 27; 17:3; 18:7; 19:4, 12, 16, 17, 18, 20, 25; 21:10; 22:14, 25; 23:9; 24:23; 25:6; 28:5, 29; 29:6; 31:4, 5; 37:16, 32; 39:5; 44:6; 45:13; 47:4; 48:2; 51:15; 54:5.
[76]. Isaías 7:10; 37:4; 41:13; 43:3; 48:17; 51:15; 55:5; 60:9.
[77]. Isaías 10:17; 49:7.
[78]. Isaías 8:6.
[79]. Isaías 11:1.
[80]. Isaías 43:15.
[81]. Isaías 43:15.