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CAPÍTULO 35: “E O Ermo Exultará E Florescerá Como A Rosa”

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Este capítulo descreve o estabelecimento de Sião no deserto nos últimos dias, antes da Segunda Vinda do Senhor Jesus Cristo. Os acontecimentos deste capítulo estão sendo cumprido espiritual e fisicamente. A profecia descreve o ambiente físico para o estabelecimento do monte da casa do Senhor no cume dos montes, como predito anteriormente por Isaías no capítulo 2.[1] Esta mesma profecia também descreve a introdução das ordenanças de salvação do evangelho—a “água viva” mencionada por Cristo durante Seu ministério mortal[2]—na terra espiritualmente deserta que é o mundo. Fisicamente, o deserto começou a florescer como a rosa com a chegada dos pioneiros mórmons na Grande Bacia Hidrográfica do oeste da América do Norte, e com o estabelecimento de Sião neste lugar. Os redimidos do Senhor—os coligados de Israel das nações da Terra—têm imigrado para esta área desde a chegada dos primeiros pioneiros em 1847. O deserto espiritual do mundo continua a receber a água viva conforme os missionários levam a mensagem do evangelho e as bênçãos e ordenanças vivificadoras a todo o mundo. Conversos de muitas nações reúnem-se em Sião ou em suas estacas, que estão estabelecidas em muitos lugares do mundo, mas que são orientadas e guiadas do local central por profetas vivos. Outra forma de cumprimento desta profecia é o retorno dos judeus à terra de sua herança, que começou no princípio do século XX, e do desenvolvimento da agricultura e comércio lá. Ainda para o futuro está a Segunda Vinda do Senhor e Sua glória sendo manifestada em Sião no deserto.

O versículo 1 descreve o florescimento do deserto: “O deserto e o lugar solitário se alegrarão disto; e o ermo exultará e florescerá como a rosa”. Isaías prevê tanto a transformação física do deserto em um lugar agradável quanto a introdução espiritual de bênçãos vivificadoras entre as nações que antes não sabiam sobre Jesus Cristo nem sobre Sua Expiação salvadora. As frases “se alegrarão disto” refere-se aos refugiados da opressão, reunidos das tribos dispersas de Israel, que viriam a transformar o deserto ou que apreciariam a “água viva” oferecida a eles por Cristo. A palavra hebraica de onde “rosa” foi traduzida é chabatstseleth, que significa “Açafrão Erva-ruiva”, “crocus ou croco” ou ” a flor de Narciso”.[3]

Em uma revelação recebida em março de 1831, bem antes do anúncio dos planos de imigração dos Santos dos Últimos Dias para a a cidade do Lago Salgado em Utah, o Senhor predisse o estabelecimento de Sião no deserto e o florescimento dos Lamanitas:

“Mas antes que venha o grande dia do Senhor, Jacó prosperará no deserto e os lamanitas florescerão como a rosa.
Sião florescerá nos outeiros e nas montanhas regozijar-se-á; e será reunida no lugar que designei”.[4]

Nesta revelação o Senhor parafraseia a profecia de Isaías, fornecendo uma maior explicação. Está claro que a reunião física dos santos no deserto, nos outeiros e nas montanhas—juntamente com as bênçãos espirituais do evangelho—foi predita pelo Senhor muito antes do tempo em que a perseguição forçasse os Santos dos Últimos Dias a imigrarem para o oeste dos Estados Unidos, em Utah. O nome “Jacó” refere-se aos descendentes de Jacó, ou Israel; “outeiros” e “montanhas” significam as nações da Terra, tanto grande quanto pequena.[5]

A maioria dos membros pioneiros da Igreja eram da tribo de José, o décimo primeiro filho de Jacó. Os Lamanitas são descendentes de Leí, bem como da tribo de José, cuja história está registrada no Livro de Mórmon. Os descendentes modernos de Leí são os nativos das ilhas do Pacífico e os nativos americanos, juntamente com os ancestrais da mistura dos europeus e nativos americanos que caracterizam a maioria dos povos da América Latina.[6] A América Latina é atualmente um dos lugares mais bem sucedidos na pregação do evangelho—caracterizada por um rápido crescimento da Igreja, pelo estabelecimento de muitas alas e estacas e edificações de muitos templos. Tal crescimento é um cumprimento espiritual desta profecia de Isaías.

Outra perspectiva do cumprimento desta profecia é a volta dos judeus às terras de suas heranças, no princípio do século XX, e o desenvolvimento da agricultura e do comércio neste local. Para nós é importante considerar esta profecia em sua perspectiva e seu cumprimento mundial entre todos os povos com quem o Senhor fez convênios.

LeGrand Richards descreveu o cumprimento desta profecia nos últimos dias e o propósito para o cumprimento da mesma:

“Somos um povo abençoado. O Senhor tem-nos abençoado. Depois que nossos pioneiros foram expulsos para longe da civilização e do transporte, a mais de 1.600 quilômetros de distância, chegaram neste deserto. Isaías viu que o Senhor faria com que o deserto florescesse como a rosa. Viu os rios fluindo no deserto, descendo de lugares altos, para tornarem a terra produtiva. E por quê? Para que os santos, quando fossem aqui reunidos, pudessem cumprir Suas promessas. Pois, se o evangelho citado por Jesus Cristo deveria ser pregado em todo o mundo, teria que ser feito por Seus filhos”.[7]

O versículo 2 continua a descrição de Sião no deserto: “Abundantemente florescerá, e também jubilará de alegria e cantará; a glória do Líbano se lhe deu, a excelência do Carmelo e Sarom; eles verão a glória do Senhor, o esplendor do nosso Deus”.[8] A música e canto têm sido parte das vidas dos Santos dos Últimos Dias para a adoração, e o famoso Coro do Tabernáculo Mórmon é uma parte importante do cumprimento desta profecia. “A glória do Líbano” e “a excelência do Carmelo” são apresentadas como típico do crescimento, florescimento e beleza de Sião no deserto. Em “Eles verão a glória do Senhor, o esplendor do nosso Deus” Isaías prevê a gloriosa Segunda Vinda do Senhor. “Eles” referem-se aos descendentes de José cuja obra trouxe a Sião no deserto, prevista há tanto tempo. A frase “a glória do Líbano” é usada por Isaías mais tarde, no capítulo 60, para descrever as riquezas do mundo a serem trazidas para o estabelecimento de Sião e Israel.[9]

O versículo 3 dá uma ordem à Sião para que cuide dos enfermos e espiritualmente fracos: “Fortalecei as mãos fracas, e firmai os joelhos trementes”. Este versículo foi parafraseado em Doutrina e Convênios no contexto de prover para os desprivilegiados: “Portanto sê fiel; ocupa o cargo para o qual te designei; socorre os fracos, ergue as mãos que pendem e fortalece os joelhos enfraquecidos”.[10]

O Apóstolo Paulo parafraseia: “Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas, e os joelhos desconjuntados, e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja não se desvie inteiramente, antes seja sarado”.[11] O estabelecimento de Sião requer muito trabalho, inclusive ajudar e prover as bênçãos aos enfermos, enfraquecidos espiritualmente e desprivilegiados.

O versículo 4 começa com uma advertência para fortalecerem e confortarem os que temem: “Dizei aos turbados de coração: Sede fortes, não temais”. As palavras de conforto a serem ditas são: “Eis que o vosso Deus virá com vingança, com recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará”. Duas características importantes do povo de Sião são: como cuidam uns dos outros e a fé que o Senhor os defenderá e protegerá. Isto não se aplica somente aos líderes, mas também a todas as pessoas de Sião. Os projetos de serviços, reuniões sacramentais inspiradoras, visitas mensais de mestres familiares e professoras visitantes, e conferências de estaca e geral fazem parte desta ordem de fortalecer uns aos outros.

O Presidente Gordon B. Hinckley admoestou:

“Fazei com que o amor seja a estrela-guia de nossa vida ao estender a mão àqueles que necessitam de nossa força. Há muitos entre nós que padecem sozinhos. A medicina ajuda, mas palavras de amor operaram milagres. Muitos vivem em condições alarmantes, temerosos e incapazes de enfrentá-las. Temos bons bispos e líderes da Sociedade de Socorro capazes de ajudarem, mas eles não podem fazer tudo sozinhos. Todos nós podemos e devemos ocupar-nos numa boa causa”.[12]

Os versículos 5 e 6 descrevem os bons resultados destes esforços. O versículo 5 começa: “Então os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se abrirão”.[13] Em Seu ministério terreno o Senhor Jesus Cristo realizou muitos milagres no qual os enfermos ou deficientes foram curados com Seu toque. João descreveu um destes casos: “Untou com o lodo os olhos do cego. E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé … Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo”.[14]

Durante Seu ministério aos nefitas, o Senhor ressuscitado realizou milagres semelhantes:

“E aconteceu que depois de haver ascendido ao céu—a segunda vez que se havia mostrado a eles e voltado ao Pai, depois de haver curado todos os seus doentes e seus coxos e aberto os olhos dos cegos e os ouvidos dos surdos; e feito toda sorte de curas no meio deles e levantado um homem dentre os mortos e ter demonstrado seu poder a eles e ascendido ao Pai—
“Eis que, na manhã seguinte, aconteceu que a multidão se reuniu …”.[15]

Estas curas servem como exemplos de acontecimentos que se passarão na Segunda Vinda do Senhor Jesus Cristo.

Esta profecia não só prediz as bênçãos temporais que Sião receberá, mas também prediz que as bênçãos espirituais serão ainda maiores. Palavras semelhantes foram usadas por Isaías anteriormente no capítulo 29, referindo-se às grandes bênçãos espirituais relacionadas à chegada do Livro de Mórmon: “E naquele dia os surdos ouvirão as palavras do livro, e dentre a escuridão e dentre as trevas os olhos dos cegos as verão”.[16] O significado é que os espiritualmente surdos e cegos compreenderão as coisas espirituais devido ao conteúdo do livro. Grandes bênçãos, tanto físicas quanto espirituais, são dadas porque Sião espera pela Segunda Vinda do Senhor com grande fé.

O versículo 6 continua: “Então os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; porque águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo”. Metaforicamente, os espiritualmente coxos ou deficientes serão capacitados e aos espiritualmente mudos será dado o poder de cantar. O ermo e o deserto espirituais—o mundo em geral vivendo sem Cristo ou sem as bênçãos da salvação fornecida pela Expiação—tornar-se-ão verdejantes conforme as águas vivas do evangelho fluírem pelo mundo. O Grande Pergaminho de Isaías apresenta “e ribeiros correrá no ermo”.[17]

A relação entre a primeira parte do versículo 6 com a última parte não é óbvia, a menos que se considere o significado espiritual. As extraordinárias bênçãos espirituais descrevem os resultados do constante fluxo de conhecimento vindo de profetas vivos da Sião no deserto, como se fosse um rio de água fluente. Compare com uma declaração feita por Isaías anteriormente, no capítulo 30, onde usou esta mesma metáfora: “E em todo o monte alto, e em todo o outeiro levantado, haverá ribeiros e correntes de águas, no dia da grande matança, quando caírem as torres”.[18]

O Senhor, durante Seu ministério terreno, citou estes versículos aos discípulos de João Batista a fim de responder a pergunta de João se Jesus era o Messias: “Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho”.[19] Sem dúvidas o Senhor sabia que João reconheceria o cumprimento da profecia messiânica de Isaías.

Os versículos 5 e 6 contêm o texto para “O Messias” de Handel, parte 1, número 19: Área para alto, “Então os olhos dos cegos serão abertos”.

O versículo 7 continua a metáfora: “E a terra seca se tornará em lagos, e a terra sedenta em mananciais de águas; e nas habitações em que jaziam os chacais haverá erva com canas e juncos”. As terras secas seriam irrigadas pelas mãos cuidadosas dos refugiados que viriam para estabelecer Sião, fazendo a vegetação florescer abundantemente. O significado espiritual é que a escuridão da apostasia seria dissipada pelas doutrinas verdadeiras. Doutrinas de dragões e chacais seriam substituídas pela verdade revelada, que fluiria abundantemente como as águas vivas de Sião.[20]

Esta passagem foi parafraseada e explicada em Doutrina e Convênios:

“E nos desertos estéreis surgirão poços de água viva; e o solo ressequido já não será uma terra sedenta.
“E trarão seus ricos tesouros para os filhos de Efraim, meus servos.
“E as extremidades dos outeiros eternos estremecerão em sua presença”.[21]

Aqui está claro que as águas que viriam do deserto representam não somente a irrigação e o florescimento físicos, mas também a vinda de um fluxo ininterrupto de bênçãos espirituais. “Efraim, meus servos” significa os membros da tribo de José que estabeleceriam Sião no deserto.

Os versículos 6 e 7 contêm um quiasma:

(6) Então os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará;
A: porque águas arrebentarão no deserto
B: e ribeiros
C: no ermo.
C: (7) E a terra seca
B: se tornará em lagos,
A: e a terra sedenta em mananciais de águas; e nas habitações em que jaziam os chacais haverá erva com canas e juncos.

“Porque águas arrebentarão no deserto” equivale à frase “a terra sedenta [se tornará] em mananciais de águas”, significando uma abundância de revelação e inspiração. Os termos “deserto”, “terra sedenta”, “ermo” e “terra seca” são quiasmaticamente equivalentes.

O versículo 8 prediz: “E ali haverá uma estrada, um caminho, que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão”. A Tradução de Joseph Smith apresenta:

“E ali haverá uma estrada; porque um caminho será aberto, que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será aberto para aqueles que são puros; os caminhantes, apesar de serem contados entre os loucos, não errarão”.[22]

Anteriormente, no capítulo 11, Isaías faz uma referência semelhante a um caminho: “E haverá caminho plano para o remanescente do seu povo, que for deixado da Assíria, como sucedeu a Israel no dia em que subiu da terra do Egito”.[23]

O significado de caminho, em ambos os casos, é espiritual, querendo dizer o caminho estreito e apertado.[24] O caminho aberto pelo Senhor para os filhos de Israel passarem pelo Mar Vermelho é um símbolo ou exemplo físico deste caminho.[25] O meio pelo qual os remanescentes de Israel serão reunidos nos últimos dias será através da pregação do evangelho, eles se unirão à Sião e ao seu povo, sua identidade como herdeiros do Convênio Abraâmico ser-lhes-á revelada, e eles farão convênios com o Senhor como no passado. O “caminho” será tão claro que os caminhantes, que apesar de serem chamados de loucos, não terão nenhum problema para segui-lo, desde que sejam obedientes.

O versículo 9 descreve a proteção espiritual que os viajantes deste caminho receberão: “Ali não haverá leão, nem animal feroz subirá a ele, nem se achará nele; porém só os remidos andarão por ele”. Estes predadores representam as tentações e os desígnios malignos dos homens e de Satanás para divergi-los do caminho estreito e apertado. Evitamos tentações quando seguimos o caminho espiritual, como descrito bem claramente pelos profetas vivos.

O versículo 10 sumariza: “E os resgatados do Senhor voltarão; e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna haverá sobre as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido”. Os “resgatados” são aqueles que aceitam o evangelho restaurado e seus convênios,[26] cujos pecados, depois do arrependimento, são remidos através do sacrifício infinito do Senhor Jesus Cristo. “Sião” significa tanto um lugar de coligação espiritual nos últimos dias quanto a Jerusalém dos últimos dias sob circunstâncias dignas.[27] Conforme Sião é edificada no deserto, Israel será reunida das terras para onde se dispersaram. Aqueles que retornarem se encherão de regozijo e felicidade; o sofrimento que passaram enquanto estavam no exílio—espiritualmente, sua ignorância da verdade revelada—será removido.

Em Doutrina e Convênios o Senhor prediz que a coligação de Israel virá com alegria e cânticos: “Os que permanecerem e forem puros de coração retornarão para suas heranças, eles e seus filhos, com cânticos de eterna alegria, para edificar os lugares desolados de Sião”.[28]

Os versículos 9 e 10 contêm um quiasma:

A: (9) Ali não haverá leão,
B: nem animal feroz subirá a ele,
C: nem se achará nele;
D: porém só os remidos andarão por ele.
D: (10) E os resgatados do Senhor voltarão;
C: e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna haverá sobre as suas cabeças;
B: gozo e alegria alcançarão,
A: e deles fugirá a tristeza e o gemido.

“Ali não haverá leão” compara-se com “e deles fugirá a tristeza e o gemido”, e “nem animal feroz subirá a ele” compara-se com “gozo e alegria alcançarão”. A paz e alegria dos que estiverem seguindo o caminho estreito e apertado não serão afetadas por tentações e desígnios malignos de homens ou de Satanás, que foram representados aqui metaforicamente como animais predadores. O estabelecimento de Sião e o derramamento de ricas bênçãos do Senhor vencerão a tristeza e o gemido, e resultarão em gozo e alegria.

NOTAS

[1]. Isaías 2:2-3.
[2]. João 4:10-11; Ver também Jeremias 17:13; Zacarias 14:8.
[3]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 2261, p. 287.
[4]. Doutrina e Convênios 49:24-25.
[5]. Ver Isaías 2:2 e comentário pertinente.
[6]. Ver 1 Néfi 5:14.
[7]. LeGrand Richards, “A Segunda Vinda de Cristo”, A Liahona, Outubro de 1978, p. 125.
[8]. Os versículos 1 e 2 contêm um quiasma: O deserto e o lugar solitário/se alegrarão disto/exultará/florescerá//florescerá/jubilará/alegria e cantará/verão a glória do Senhor.
[9]. Ver Isaías 60:13 e comentário pertinente.
[10]. D&C 81:5.
[11]. Hebreus 12:12-13.
[12]. Gordon B. Hinckley, “Que O Amor Seja a Estrela-Guía de Vossa Vida”, A Liahona, Julho de 1989, p. 72-73.
[13]. Os versículos 3 até 5 contêm um quiasma: Mãos fracas/joelhos trementes/sede fortes, não temais/Deus virá com vingança//com recompensa de Deus/ele virá, e vos salvará/olhos dos cegos serão abertos/ouvidos dos surdos se abrirão.
[14]. João 9:6-7.
[15]. 3 Néfi 26:15-16.
[16]. Isaías 29:18.
[17]. Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 145.
[18]. Isaías 30:25; Ver também Isaías 12:3; 55:1, 11; 58:11 e comentário pertinente.
[19]. Mateus 11:5; Ver também Lucas 7:22.
[20]. Ver Isaías 12:3; 27:3; 55:11; 58:11.
[21]. D&C 133:29-31.
[22]. Joseph Smith’s “New Translation” of the Bible [“Nova Tradução” da Bíblia por Joseph Smith]: Herald Publishing House, Independence, Missouri, 1970, p. 206.
[23]. Isaías 11:16.
[24]. Ver Isaías 11:16; 19:23; 40:14; 49:11 e comentário pertinente.
[25]. Ver Êxodo 14:21-31.
[26]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 319.
[27]. Ver Isaías 1:8 e comentário pertinente. Ver também Salmos 102:13, 16; 129:5; 132:13; Isaías 1:27; 2:3; 4:5; 14:32; 24:23; 28:16; 31:9; 46:13; 51:16; 52:7, 8; 59:20.
[28]. D&C 101:18; Ver também D&C 45:71; 66:11; 109:39;133:33.

CAPÍTULO 30: “No Dia Da Grande Matança, Quando Caírem As Torres”

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No capítulo 30 Isaías declara que Israel seria dispersa por haver rejeitado os profetas. Sua confiança na força do Egito em tempos de perigo provocados pela Assíria seria sem valor. Judá e Israel seriam feridas e dispersas por causa de suas perversidades. Entretanto, esta profecia também se aplica aos últimos dias: O Senhor seria generoso aos penitentes de Israel nos últimos dias, colocando-os como um farol no alto da montanha e um estandarte no monte. Uma efusão de inspiração e bênçãos nos últimos dias seria derramada sobre muitas nações, seguida por uma grande matança, quando as torres caíssem. O Senhor viria numa época de apostasia, para julgar e destruir os ímpios.

Os versículos 1 até 5 formam um oráculo de pesar, descrevendo a rebelião da nação de Judá e declarando que seus esforços em obter assistência do Egito contra as ameaças da Assíria seriam em vão. O versículo 1 começa: “Ai dos filhos rebeldes, diz o SENHOR, que tomam conselho, mas não de mim; e que se cobrem, com uma cobertura, mas não do meu espírito, para acrescentarem pecado sobre pecado”. Judá estabeleceria alianças contrárias à vontade do Senhor e contrárias as advertências dos profetas. O objetivo de Israel em buscar a ajuda do Egito era para “acrescentar pecado sobre pecado”, ou para poderem continuar suas práticas licenciosas sem consequências.

O versículo 2 continua: “Que descem ao Egito, sem pedirem o meu conselho; para se fortificarem com a força de Faraó, e para confiarem na sombra do Egito”. O “conselho” do Senhor é um profeta que eles não consultaram. “Meu conselho” contrasta-se quiasmaticamente com “Faraó”; [1] o Senhor está descontente com as ações imprudentes de Israel.

O versículo 3 começa com uma descrição das consequências desta ação: “Porque a força de Faraó se vos tornará em vergonha, e a confiança na sombra do Egito em confusão”. A aliança que buscou com o Egito seria o resultado da vergonha e desonra de Judá.

O versículo 4 mostra o tempo da vinda destas consequências: “Porque os seus príncipes já estão em Zoã, e os seus embaixadores já chegaram a Hanes”. Isaías usa a forma verbal no passado como se estivesse contando uma visão que o Senhor lhe havia mostrado; esta afirmação prediz eventos que aconteceriam depois do tempo desta declaração de Isaías. Zoã é uma cidade grande no delta do Nilo, enquanto que Hanes é uma cidade menor na mesma região do Egito. A delegação de Jerusalém encontrar-se-ia com os egípcios neste local.

O versículo 5 continua: “Todos se envergonharão de um povo que de nada lhes servirá nem de ajuda, nem de proveito, porém de vergonha, e de opróbrio”.[2] Egito não seria capaz (ou estaria disposto) de ajudar Judá a se proteger da Assíria. Nos últimos dias, a superpotência moderna equivalente ao Egito—os Estados Unidos da América[3]—não estaria disposta a auxiliar Israel quando o equivalente moderno da Assíria ameaçar de atacar. O apelo de Judá ao Egito seria rejeitado, visto que o Egito não podia tirar nenhuma vantagem em prover auxílio e proteção para Judá.

Os versículos 6 e 7 formam uma carga de fatalidades para os representantes de Judá que viajam com animais carregados de presentes para o Egito. O versículo 6 declara: “Peso dos animais do sul. Para a terra de aflição e de angústia (de onde vêm a leoa e o leão, a víbora, e a serpente ardente, voadora) levarão às costas de jumentinhos as suas riquezas, e sobre as corcovas de camelos os seus tesouros, a um povo que de nada lhes aproveitará”. A palavra hebraica traduzida como “do sul” é negeb[4], o nome do deserto no sul de Judá. Os animais mencionados simbolizam a traição do Egito antigo e de seu análogo moderno. Eles também representam os perigos encontrados no deserto, por onde a delegação levando presentes para o Egito passaria, e por onde a antiga Israel foi levada em segurança por inspiração do Senhor sob a liderança de Moisés. O Egito não ajudaria Judá a se defender da Assíria, apesar dos tesouros que lhe foram ofertados. A descrição de Isaías de uma “terra de aflição e de angústia” não promete nada de bom para o equivalente moderno do Egito, ou seja os Estados Unidos.

Os versículos 3 até 6 contêm uma série de quiasmas interligados, no qual a declaração central de um é a declaração introdutória do próximo quiasma. [5] O enfoque da sequência inteira é “um povo que de nada lhes aproveitará”. Esta sequência é semelhante a um longo conectivo condicional “se … então”, uma declaração lógica indutiva, que conclui que o Egito não seria de proveito algum para Judá.

No versículo 7 o Senhor prediz: “Porque o Egito os ajudará em vão, e para nenhum fim; por isso clamei acerca disto: No estarem quietos será a sua força”. A frase “No estarem quietos será a sua força” significa que não deveriam tomar nenhuma ação para estabelecer uma aliança com o Egito,[6] mas confiar no Senhor como foram instruídos pelo profeta.

No versículo 8 o Senhor dá mais instruções a Isaías: “Vai, pois, agora, escreve isto numa tábua perante eles e registra-o num livro; para que fique até ao último dia, para sempre e perpetuamente”,[7] indicando que esta profecia com referência à insensatez de depender no Egito para proteção contra a Assíria aplica-se particularmente às nações equivalentes numa época futura. O Senhor ordenou-lhe que escrevesse essas coisas para que estivessem disponíveis “até ao último dia, para sempre e perpetuamente” para orientar o povo de uma época futura.

O versículo 8 é o começo de um litígio, onde Isaías é instruído a escrever, com a parte que trata da acusação compreendendo os versículos 8 até 12. Os versículos 13 até 17 apresenta a parte do castigo.

O versículo 9 continua a acusação: “Porque este é um povo rebelde, filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do Senhor”.

O versículo 10 continua: “Que dizem aos videntes: Não vejais; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, e vede para nós enganos”. Ao invés da verdade que é dura para os iníquos suportarem,[8] eles buscam as mentiras e o engano. “Coisas aprazíveis” é traduzido da palavra hebraica que significa “coisaslisonjeiras”.[9]

O versículo 11 descreve em mais detalhes a natureza rebelde do povo: “Desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda; fazei que o Santo de Israel cesse de estar perante nós”. Isto é uma rejeição consciente—não em ignorância—da autoridade do Senhor sobre Judá e Israel como nações. Esta condição contrasta-se com o êxodo de Israel do Egito quando o Senhor “ia adiante deles, de dia numa coluna para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os alumiar”.[10] O “caminho” e a “vereda” mencionados no versículo 11 é o “caminho estreitoeapertado”.[11]

Os versículos 9 até 11 formam um quiasma:

A: (9) Porque este é um povo rebelde, filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do Senhor.
B: (10) que dizem aos videntes: Não vejais; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto;
C: dizei-nos coisas aprazíveis,
C: e vede para nós enganos.
B: (11) Desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda;
A: fazei que o Santo de Israel cesse de estar perante nós.

“Não profetizeis para nós o que é reto” é equivalente à frase “desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda”, referindo-se ao caminho estreitoeapertado. “Dizei-nos coisas aprazíveis” e “vede para nós enganos” compreendem as declarações centrais interligadas. Por outro lado, estar no “caminho” ou “vereda” sugere o povo dando ouvidos aos profetas e videntes, que veem e profetizam coisas verdadeira.

O versículo 12 sumariza a acusação: “Por isso, assim diz o Santo de Israel: porquanto rejeitais esta palavra, e confiais na opressão e perversidade, e sobre isso vos estribais”. Judá deixou de lado sua dependência nas palavras do Senhor e colocou sua confiança na opressão e perversidade.

Os versículos 13 até 17 apresentam a parte do castigo deste litígio. O versículo 13 começa: “Por isso esta maldade vos será como a brecha de um alto muro que, formando uma barriga, está prestes a cair e cuja quebra virá subitamente”. Este é um dos dois símiles usados por Isaías para ilustrar a queda repentina das nações rebeldes, Israel e Judá. A rapidez da queda é comparada a um muro alto que começa a inchar, e então cai precipitadamente.O muro simboliza a proteção do Senhor ao redor do povo, a qual seria removida subitamente.

O versículo 14 apresenta outro símile, o qual ilustra a totalidade da destruição: “E ele o quebrará como se quebra o vaso do oleiro e, quebrando-o, não se compadecerá; de modo que não se achará entre os seus pedaços um caco para tomar fogo do lar, ou tirar água da poça”.

O versículo 15 resume a acusação novamente: “Porque assim diz o Senhor DEUS, o Santo de Israel: Voltando e descansando sereis salvos; no sossego e na confiança estaria a vossa força, mas não quisestes”. “Voltando e descansando” refere-se ao arrependimento e perdão, indicando que este é o caminho da salvação. Porém o arrependimento e o perdão são rejeitados pelas nações rebeldes, Israel e Judá.

O versículo 16 ilustra o raciocínio errôneo dos impenitentes: “Mas dizeis: Não; antes sobre cavalos fugiremos; portanto fugireis; e, sobre cavalos ligeiros cavalgaremos; por isso os vossos perseguidores também serão ligeiros”. A Israel rebelde pensa que pode escapar com cavalos ligeiros os avanços da Assíria. O Senhor mostra que isto é insensatez, pois seus perseguidores também viriam em cavalos ligeiros.

O versículo 17 forma uma transição entre o litígio dos versículos 8 até 16 e a descrição da coligação e exaltação de Israel nos últimos dias, que abrange o restante do capítulo. O versículo 17 começa: “Mil homens fugirão ao grito de um, e ao grito de cinco todos vós fugireis, até que sejais deixados como o mastro no cume do monte, e como a bandeira no outeiro”. Este versículo tem duplo sentido. Primeiro, refere-se à Israel sendo impiedosamente expulsa de um lugar para o outro, mil soldados derrotados por somente um guerreiro assírio, como consequência dos assuntos resumidos no litígio precedente. Porém também significa que eventualmente Israel seria colocada na gloriosa posição de ser “como o mastro no cume do monte”, ou “como a bandeira no outeiro”. “Monte” e “outeiro” significam “nação”.[12]

Isaías usou o mesmo simbolismo anteriormente, para descrever a coligação de Israel nos últimos dias: “E ele arvorará o estandarte para as nações de longe, e lhes assobiará para que venham desde a extremidade da terra; e eis que virão apressurada e ligeiramente”.[13]

No versículo 18 Isaías exulta a magnanimidade do Senhor para com a penitente Israel nos últimos dias: “Por isso, o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; e por isso se levantará, para se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos os que nele esperam”. “Equidade” significa “justiça” como foi usada neste versículo.[14]O significado deste versículo é que o Senhor está esperando que o Seu povo se arrependa e se torne justos, antes de derramar Sua graça sobre ele.

Elder Marion D. Hanks explicou mais sobre o significado do versículo 18:

“Sou um dos que creem que Deus ama e nunca deixará de amar todos os seus filhos, e que não deixará de ter esperanças quanto a nós, nem deixará de nos buscar, ou de nos aguardar ….
“E ainda assim, pela terra, através dos anos, tenho encontrado alguns dos filhos mais escolhidos de Deus, que acham muito difícil crer, em seus corações, que o Senhor se refere a eles. Sabem que ele é a fonte de consolo, perdão e paz, e que devem buscá-lo, abrir-lhe a porta e aceitar seu amor; mas ainda assim, em suas circunstâncias extremas, acham difícil acreditar que suas prometidas bênçãos são para eles. Alguns ofenderam a Deus e suas próprias consciências, e encontram o caminho de regresso bloqueado por sua falta de vontade de perdoarem-se a si próprios, ou de crer que Deus lhes perdoará, ou, às vezes, por uma estranha relutância em alguns de nós, de realmente perdoar, de realmente esquecer, e de realmente regozijar-nos”.[15]

O versículo 19 descreve o estado dos que esperam pelo Senhor: “Porque o povo habitará em Sião, em Jerusalém; não chorarás mais; certamente se compadecerá de ti, à voz do teu clamor e, ouvindo-a, te responderá”. O Senhor ouve e responde às orações dos justos. “Sião” foi usada aqui com duplo sentido—um lugar de coligação espiritual nos últimos dias, bem como a Jerusalém dos últimos dias sob condições justas.[16] A definição pode ser substituída para entendermos melhor esta passagem: “Porque o povo habitará em pureza de coração, em Jerusalém …”.

Os versículos 17 até 19 contêm um quiasma:

A: (17) Mil homens fugirão ao grito de um, e ao grito de cinco todos vós fugireis, até que sejais deixados como o mastro no cume do monte,
B: e como a bandeira no outeiro.
C: (18) Por isso, o Senhor esperará,
D: para ter misericórdia de vós;
E: e por isso se levantará, para se compadecer de vós;
E: porque o Senhor é um Deus de equidade;
D: bem-aventurados todos os
C: que nele esperam.
B: (19) Porque o povo habitará em Sião,
A: em Jerusalém; não chorarás mais ….

A declaração introdutória, “o mastro no cume do monte”, reflete-se em “Jerusalém”, fornecendo uma explicação do que Isaías quis dizer. A frase “a bandeira no outeiro” corresponde-se à “Sião”. “O Senhor esperará” é equivalente à frase “que nele esperam”; a sentença “ter misericórdia de vós” é equivalente à “bem-aventurados todos os”; e “se levantará” corresponde com “o Senhor é um Deus de equidade”. Sião nos últimos dias será como a bandeira no outeiro, enquanto que Jerusalém será como o mastro no cume do monte, ambos proclamando a verdade ao mundo.

O versículo 20 explica que os justos não estarão livres de adversidades: “Bem vos dará o Senhor pão de angústia e água de aperto, mas os teus mestres nunca mais fugirão de ti, como voando com asas; antes os teus olhos verão a todos os teus mestres”. Note como Isaías usou os pronomes no plural e no singular. Primeiro, o Senhor dá angústia e aperto coletivamente aos habitantes de Sião—mas depois cada pessoa individualmente recebe asbênçãos de mestres inspirados, indicando que o livre arbítrio desempenha um papel fundamental em como reagimos às adversidades.

Este versículo é a única ocorrência nas escrituras descrevendo o “pão de angústia” e “água de aperto”. O Senhor orientará os justos—apesar de estarem passando por adversidades e angústia—por meio de mestres inspirados.

O versículo 21 descreve a orientação do Espírito dada aos justos: “E os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda”. O Espírito Santo orientará os justos enquanto andarem pelo caminho da vida. Desviar-se para a direita nem para a esquerda significa desviar-se do caminho estreito e apertado, no qual o Espírito redireciona-nos com sua voz mansa e delicada.[17] Observe novamente como Isaías usou os pronomes no singular e no plural. O Espírito Santo interage com cada um de nós individualmente, porém Suas instruções foram dadas a todos coletivamente.

No versículo 22, os justos acabarão com a idolatria: “E terás por contaminadas as coberturas de tuas esculturas de prata, e o revestimento das tuas esculturas fundidas de ouro; e as lançarás fora como um pano imundo, e dirás a cada uma delas: Fora daqui”.[18]

Isaías, no capítulo 2, compara a idolatria com o materialismo:

E a sua terra está cheia de prata e ouro, e não têm fim os seus tesouros; também a sua terra está cheia de cavalos, e os seus carros não têm fim.
Também a sua terra está cheia de ídolos; inclinam-se perante a obra das suas mãos, diante daquilo que fabricaram os seus dedos.[19]

Sua terra está cheia de que? Três declarações paralelas e equivalentes fornecem a resposta: “prata e ouro … tesouros”; “cavalos … carros”; “ídolos … a obra das suas mãos, diante daquilo que os seus dedos fabricaram”. A forma predominante de idolatria nos últimos dias—a adoração de falsos deuses—seria o materialismo.

As bênçãos do Senhor, tanto temporais quanto espirituais, serão dadas aos justos. O versículo 23 atesta: “Então te dará chuva sobre a tua semente, com que semeares a terra, como também pão da novidade da terra; e esta será fértil e cheia; naquele dia o teu gado pastará em largos pastos”. O Senhor proverá ricas bênçãos espirituais e temporais ao Seu povo justo.

Os versículos 20 até 23 contêm um quiasma:

A:(20) Bem vos dará o Senhor pão de angústia
B: e água de aperto,
C: mas os teus mestres nunca mais fugirão de ti, como voando com asas; antes os teus olhos verão a todos os teus mestres.
D: (21) E os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele,
D: sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda.
C: (22) E terás por contaminadas as coberturas de tuas esculturas de prata, e o revestimento das tuas esculturas fundidas de ouro; e as lançarás fora como um pano imundo, e dirás a cada uma delas: Fora daqui.
B: (23) Então te dará chuva sobre a tua semente, com que semeares a terra,
A: como também pão da novidade da terra; e esta será fértil e cheia; naquele dia o teu gado pastará em largos pastos.

A declaração introdutória, “pão de angústia”, contrasta-se com “pão da novidade da terra”. “Água de aperto” contrasta-se com “chuva sobre a tua semente”; isto mostra que apesar de nossas aflições, o Senhor proverá as bênçãos. “Mas os teus mestres nunca mais fugirão de ti” compara-se com “as lançarás fora [tuas esculturas de prata]”, que significa que os mestres inspirados tomarão o lugar dos ídolos nas vidas dos justos. “Este é o caminho, andai nele” compara-se com “sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda”. Na primeira frase, o Espírito define o caminho estreito e apertado para seguirmos; a segunda frase descreve a voz mansa e delicada de advertência, ouvida quando saímos do caminho certo. A mensagem deste quiasma é que apesar de enfrentarmos adversidades e aflições nesta vida, se purificar-nos e abandonarmos a idolatria e dermos ouvidos às palavras inspiradas dos mestres, o Senhor proverá a orientação do Espírito ao caminharmos nesta vida.

O versículo 24 continua: “E os bois e os jumentinhos, que lavram a terra, comerão grão puro, que for padejado com a pá, e cirandado com a ciranda”. Bênçãos temporais e espirituais serão abundantes para os justos.

Os versículos 25 e 26 são analisados juntos para entendermos melhor, devido sua estrutura quiasmática, onde Isaías prediz os acontecimentos traumatizantes dos últimos dias. Entretanto, como se estivesse protegendo-nos das más notícias, ele envolve a profecia com as boas notícias a respeito do que aconteceria como consequência deste evento—uma grande matança quando caírem as torres:

A: (25) E em todo o monte alto, e em todo o outeiro levantado, haverá ribeiros
B: e correntes de águas,
C: no dia da grande matança,
C: quando caírem as torres.
B: (26) 26 E a luz da lua será como a luz do sol,
A: e a luz do sol sete vezes maior, como a luz de sete dias, no dia em que o Senhor ligar a quebradura do seu povo, e curar a chaga da sua ferida.

O enfoque deste quiasma é “no dia da grande matança, quando caírem as torres”. O significado destas frases vinculadas ficou para sempre estampado na consciência mundial no dia 11 de setembro de 2001, quando as Torres Gêmeas do Centro Mundial de Comércio caíram sob ataque terrorista, resultando na grande matança onde milhares de pessoas morreram. Agora, ao referirmos às atrocidades daquele dia, adotamos quase universalmente a frase “quando caíram as torres”, não importando se sabíamos ou não sobre esta profecia de Isaías.

O versículo 26 descreve uma abundância de bênçãos espirituais que seriam derramadas devido ao acontecimento traumatizante e das guerras que seguiriam este evento. “Águas” é uma metáfora que significa inspiração e bênçãos dos céus,[20] enquanto “monte” e “outeiro” são metáforas representando as nações da Terra, tanto grande quanto pequena.[21] A interpretação é que as nações da Terra seriam abençoadas pela efusão contínua de revelação e bênçãos.

O versículo 26, usando uma metáfora diferente, descreve uma abundância de inspiração e bênçãos de Deus que estariam disponíveis às nações da Terra naquele dia. “A luz da lua” e “a luz do sol” aumentariam sete vezes mais sobre a Terra depois da queda das torres e a grande matança, que também simbolizam a efusão de revelação e bênçãos. A estrutura quiasmática mostra-nos que as metáforas dos versículos 25 e 26 são as mesmas—ambas são consequências do evento descrito no enfoque do quiasma. Portanto, Isaías prediz um tempo em que as pessoas despertarão espiritualmente. O fardo da ignorância e superstição que escravizam muitas nações da Terra serão retirados e o caminho estreito e apertado ser-lhes-á mostrado, permitindo uma outra fase de coligação dos descendentes de Israel nos últimos dias.[22] A orientação e a inspiração do Senhor também aumentarão dramaticamente sobre os justos naquele dia, curando as aflições de seu longo exílio[23] e provendo conforto para os que sofreram grandes perdas.

Uma maneira que esta grande efusão de orientação e inspiração aumentaria dramaticamente é a chegada da mensagem do evangelho através da internet e outros dispositivos eletrônicos, que ocorreu, em grande parte, desde aquele dia.

Concernente a este marcante acontecimento, o Presidente Gordon B. Hinckley falou poucas semanas depois das atrocidades ocorridas no dia 11 de setembro de 2001:

“Tenho conhecimento, assim como vocês, das declarações contidas nas revelações modernas que indicam que tempo virá em que a Terra será purificada e haverá angústia indescritível, com pranto, desolação e lamento.[24]
“Mas não quero ser alarmista. Não quero ser um mensageiro de desgraças. Eu sou um otimista. Não creio que tenhamos chegado ao dia das calamidades finais que um dia assolarão a Terra. Oro sinceramente para que não seja assim. Há muito ainda a ser feito na obra do Senhor. Nós, assim com nossos filhos que nos sucederão, precisamos realizar isto”.[25]

Esta profecia de Isaías predizendo a queda das torres, seguida por uma grande efusão de inspiração e bênçãos sobre as nações da Terra, talvez não fosse facilmente compreendida até que se cumprisse. Néfi declara: “… não obstante, nos dias em que se cumprirem as profecias de Isaías, quando elas se realizarem, os homens certamente saberão”.[26] Semelhantemente, muitas outras profecias de Isaías não serão completamente compreendidas até que se cumpram diante de nossos olhos.

Os versículos 27 e 28 descrevem a destruição que acompanhará a Segunda Vinda do Senhor. O versículo 27 começa a descrever: “Eis que o nome do Senhor vem de longe, ardendo a sua ira, sendo pesada a sua carga; os seus lábios estão cheios de indignação, e a sua língua é como um fogo consumidor”.[27], [28] “O nome do Senhor” significa “um símbolo do poder do Senhor vindo para destruir a maldade”.[29] Grandes destruições cairão sobre os ímpios, enquanto os justos estiverem sendo grandemente abençoados.

O versículo 28 continua a descrição: “E a sua respiração como o ribeiro transbordante, que chega até ao pescoço, para peneirar as nações com peneira de destruição, e um freio de fazer errar nas queixadas dos povos”. O “ribeiro transbordante” é um simbolismo usado em outras parte da obra de Isaías para representar um exército invasor.[30] O freio, ou flange, no queixo dos povos é para prevenir, ao invés de causar, que cometam erros.

O versículo 29 descreve a alegria dos sobreviventes justos naquele dia: “Um cântico haverá entre vós, como na noite em que se celebra uma festa santa; e alegria de coração, como a daquele que vai com flauta, para entrar no monte do Senhor, à Rocha de Israel”. Apesar da destruição que está acontecendo, os justos—que dão ouvidos às palavras do Senhor, pronunciadas pelo Seu profeta vivo—serão protegidos.[31] A palavra hebraica traduzida como “em que se celebra uma festa santa” significa “a santificação de um dia de festa”.[32] “Vai com flauta” quer dizer com um instrumento musical de sopro, e o “monte do Senhor” refere-se ao templo.[33]

O versículo 30 continua: “E o Senhor fará ouvir a sua voz majestosa e fará ver o abaixamento do seu braço, com indignação de ira, e labareda de fogo consumidor, raios e dilúvio e pedras de saraiva”. A vozdo Senhor será ouvida na época da destruição, semelhante aos nefitas ouvindo Sua voz quando Ele declarou a extensão da destruição no continente Americano na época da crucificação, conforme se acha escrito no Livro de Mórmon.[34] Manifestações da ira do Senhor, pelas quais a destruição acontecerá, incluem fogo,[35] dispersão, tormentas, e granizos (pedras de saraiva). Tudo isto descreve os extraordinários desastres naturais.

Os versículos 29 e 30 contêm um quiasma:

A: (29) Um cântico haverá entre vós, como na noite em que se celebra uma festa santa; e alegria de coração, como a daquele que vai com flauta, para entrar no monte do Senhor,
B: à Rocha de Israel.
B: (30)E o Senhor
A: fará ouvir a sua voz majestosa ….

O “monte do Senhor” está ligado à frase “fará ouvir a sua voz majestosa”, que quer dizer que a voz do Senhor será ouvida no templo, ou no monte do Senhor. “À Rocha de Israel” é equivalente ao “Senhor”, dando a definição da mesma.

O versículo 31 declara: “Porque com a voz do Senhor será desfeita em pedaços a Assíria, que feriu com a vara”. Através da voz do Senhor o exército invasor da Assíria será destruído, da mesma forma com que assolaram suas vítimas com a vara.

O versículo 32 continua: “E a cada pancada do bordão do juízo que o Senhor lhe der, haverá tamboris e harpas; e com combates de agitação combaterá contra eles”. A palavra hebraica traduzida como “combates de agitação” significa “com brandirde armas”.[36]

Os versículos 31 e 32 contêm um quiasma:

A: (31) Porque com a voz do Senhor
B: será desfeita em pedaços
C: a Assíria,
C: que feriu
B: com a vara.
A: (32) E a cada pancada do bordão do juízo que o Senhor lhe der, haverá tamboris e harpas; e com combates de agitação combaterá contra eles.

Neste quiasma fica claro que o Senhor travaria batalhas nos últimos dias usando Sua voz, bem como com adufes (um tipo de pandeiro) e harpas. A voz do Senhor—inclusive inspiração e orientação divina—serviria como um instrumento na destruição do equivalente da Assíria nos últimos dias, que em contraste feriu o povo com a vara. A música no reino de Deus nos últimos dias seria uma ponderosa influência para o bem.

O versículo 33 descreve o fim do rei da Assíria—e simbolicamente da destruição dos ímpios: “Porque Tofete já há muito está preparada; sim, está preparada para o rei; ele a fez profunda e larga; a sua pira é de fogo, e tem muita lenha; o assopro do Senhor como torrente de enxofre a acenderá”. Tofete eraum localno valedo filho deHinom, ao sul de Jerusalém, onde se ofereciam sacrifícios humanos a Moloque.[37] O justo rei Josias quebrou o altar idólatra.[38] Subsequentemente, este local tornou-se um lugar para a queima de lixo.

NOTAS

[1]. O versículo 2 contém um quiasma: Egito/meu conselho/fortificarem//força/Faraó/Egito.
[2]. Versículos 3 até 5 contêm um quiasma: Vergonha/confusão/seus príncipes//seus embaixadores/um povo que de nada lhes servirá/vergonha.
[3]. Ver Isaías 18 e comentário pertinente.
[4]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 5045, p. 616.
[5]. Os versículos 4 até 6 contêm um quiasma: Príncipes … Zoã … embaixadores … Hanes/envergonharão/de nada lhes servirá//nem de proveito/vergonha/animais do sul.
Os versículos 5 e 6 contêm um quiasma: Povo que de nada lhes servirá/peso dos animais do sul/de aflição e de angústia//a leoa e o leão, o basilisco, a áspide e a serpente/levarão às costas de jumentinhos as suas riquezas, e sobre as corcovas de camelos/um povo que de nada lhes aproveitará.
O versículo 6 contém um quiasma: Para a terra de aflição e de angústia/a leoa e o leão/a víbora//serpente ardente, voadora/costas de jumentinhos … corcovas de camelos/um povo que de nada lhes aproveitará.
[6]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7674, p. 992.
[7]. O versículo 8 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Escreve isto/numa tábua//num livro/registra-o. Em Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 260.
[8]. 1 Néfi 16:2.
[9]. Brown et al., 1996, Número de Strong 2513, p. 325.
[10]. Ver Êxodo 13:20-22.
[11]. Ver Mateus 7:14; D&C 132:22; também Isaías 3:12; 8:11; 26:7-8; 28:7; 40:3 e comentário pertinente.
[12]. Ver Isaías 30:25.
[13]. Isaías 5:26.
[14]. Ver Isaías 1:17; 5:7; 42:4; 59:15.
[15]. Marion D. Hanks, “Ele se Refere a Mim”, A Liahona, Outubro de 1979, p. 118-119.
[16]. Ver Isaías 3:16; 18:7; 24:23; 28:16; 29:8; 31:4, 9; 51:3.
[17]. Ver Doutrina e Convênios 85:6; 1 Reis 19:12; 1 Néfi 17:45.
[18]. O versículo 22 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Terás por contaminadas/coberturas de tuas esculturas de prata//revestimento das tuas esculturas fundidas de ouro/as lançarás fora. Em Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 260.
[19]. Ver Isaías 2:7- 8 e comentário pertinente.
[20]. Ver Isaías 12:3; 35:6-7; 55:1, 11; 58:11 e comentário pertinente.
[21]. Ver Isaías 2:2, 14 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:2, 4 e comentário pertinente.
[22]. Ver Isaías 11:15-16.
[23]. Isaías 30:26, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 26a.
[24]. Ver D&C 112:34.
[25]. Gordon B. Hinckley, “Os Tempos Em Que Vivemos”, A Liahona, Janeiro de 2002, p. 85.
[26]. 2 Néfi 25:7.
[27]. Ver Isaías 1:7, 28; 30:30, 33; 33:11-12 e comentário pertinente.
[28]. O versículo 27 contém um quiasma: Ardendo/ira/pesada a sua carga//lábios estão cheios/indignação/fogo consumidor.
[29]. Isaías 30:27, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 27a.
[30]. Ver Isaías 8:7-8; 28:2; 59:19.
[31]. Compare com Êxodo 12:21-23; ver também Isaías 10:25; 26:20 e comentário pertinente.
[32]. Brown et al., 1996, Número de Strong 2282, p. 290.
[33]. Ver Isaías 2:3; 56:7; 65:11; 66:20 e comentário pertinente.
[34]. Ver 3 Néfi 9:1-22.
[35]. Ver references para o versículo 27, acima.
[36]. Brown et al., 1996, Número de Strong 8573, p. 632.
[37]. Dicionário Bíblico—Tofete.
[38]. 2 Reis 23:10.