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CAPÍTULO 37: “Não Temas À Vista Das Palavras Que Ouviste”

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O capítulo 37 é o segundo dos quatro capítulos chamados de “capítulos históricos” que descrevem uma série de acontecimentos que ocorreram durante a vida de Isaías. Estes acontecimentos são importantes para nós nos últimos dias porque servem como um símbolo profético para acontecimentos que ocorrerão em nosso próprio tempo.[1]

Estes acontecimentos eram o tema de algumas das prévias profecias de Isaías.[2] Entretanto, o cumprimento antigo destas profecias, como descritos nestes capítulos, não é a história completa. Os agressores assírios servem como exemplo de uma superpotência equivalente nos últimos dias que ameaçará o povo do Senhor e, tal como Ele defendeu Ezequias e seu povo na antiguidade, o Senhor defenderá Seu povo justo nos últimos dias.[3] Os detalhes pertinentes ao cumprimento duplo desta profecia foram fornecidos no capítulo 37.

Os acontecimentos de Isaías no capítulo 37 também estão registrados em 2 Reis capítulo 19. Uma comparação cuidadosa revela que as diferenças na escolha de palavras entre os dois relatos aparecem em quase todos os versículos sem alterar consideravelmente o significado.[4]

Os acontecimentos mais importantes do capítulo 37, continuando o relato do capítulo anterior, são os seguintes: Ezequias, ao ouvir o relatório de Eliaquim e seus companheiros, rasga as suas vestes como sinal de consternação. Ezequias então envia Eliaquim e outros ao profeta Isaías, para buscar conselho. Isaías profetiza a derrota dos assírios e a morte de Senaqueribe. Senaqueribe envia uma carta blasfema a Ezequias, e Ezequias ora ao Senhor para livra-los. O Senhor fala novamente a Isaías, predizendo a defesa de Jerusalém contra Senaqueribe e, mais tarde, o cativeiro e retorno dos judeus. Finalmente, o anjo do Senhor mata 185,000 do exército assírio e Senaqueribe é morto em sua própria terra por seus filhos.

A abundância de quiasmas neste capítulo reforça o argumento que Isaías mesmo foi quem escreveu este e os outros “capítulos históricos”, visto que se mantém o mesmo aspecto importante do estilo narrativo de Isaías.

O versículo 1 continua a narrativa do capítulo anterior, descrevendo a resposta de Ezequias às informações trazidas por Eliaquim e seus dois companheiros: “E aconteceu que, tendo ouvido isso, o rei Ezequias rasgou as suas vestes, e se cobriu de saco, e entrou na casa do SENHOR”. As informações causaram Ezequias uma grande angústia . O ato de rasgar as suas vestes foi um sinal exterior da angústia que sentia dentro de si, e o ato de cobrir-se ou vestir-se com roupas feitas de saco indica que ele foi ao templo em jejum. Estas roupas de saco eram feitas com pelos ásperos de cabra ou de camelo, normalmente usados para fazer bolsas.

O versículo 2 declara: “Então enviou Eliaquim, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e os anciãos dos sacerdotes, cobertos de sacos, ao profeta Isaías, filho de Amós”. Note que o cronista, Joá filho de Asafe que estava presente com Eliaquim e Sebna durante o pronunciamento de Rabsaqué no capítulo 36, não foi enviado a Isaías; em seu lugar foram enviados alguns “anciãos dos sacerdotes”.

O versículo 3 inicia a declaração do mensageiro a Isaías: “E disseram-lhe: Assim diz Ezequias: Este dia é dia de angústia, e de vitupério, e de blasfêmias; porque chegados são os filhos ao parto, e força não há para dá-los à luz”. O povo se encontrava angustiado por causa da blasfêmia e ameaças de guerra feitas por Rabsaqué. Sem dúvidas, o povo também estava se recordando da desolação do reino setentrional de Israel, depois de ter sido conquistado e levado em cativeiro pelos assírios. A metáfora usada neste versículo descreve a grande angústia. Antes do desenvolvimento de técnicas da medicina moderna uma gestante com as dores do parto, mas sem forças para dar à luz, pereceria, causando uma angústia indescritível aos familiares, devido a perda da mãe e da criança.

Os versículos 1 até 3 contêm um quiasma:

A: (1) E aconteceu que, tendo ouvido isso, o rei Ezequias rasgou as suas vestes,
B: e se cobriu de saco,
C: e entrou na casa do SENHOR.
D: (2) Então enviou Eliaquim,
C: o mordomo,
B: e Sebna, o escrivão, e os anciãos dos sacerdotes, cobertos de sacos, ao profeta Isaías, filho de Amós.
A: (3) E disseram-lhe: Assim diz Ezequias: Este dia é dia de angústia, e de vitupério, e de blasfêmias; porque chegados são os filhos ao parto, e força não há para dá-los à luz.

O quiasma conta a história em forma poética: Ezequias veste-se com saco e entra na casa do Senhor. Envia Eliaquim, Sebna e os anciãos dos sacerdotes, também cobertos de sacos, a Isaías para buscar o conselho do Senhor.

No versículo 4, os mensageiros dão seu recardo a Isaías: “Porventura o SENHOR teu Deus terá ouvido as palavras de Rabsaqué, a quem o rei da Assíria, seu senhor, enviou para afrontar o Deus vivo, e para vituperá-lo com as palavras que o SENHOR teu Deus tem ouvido; faze oração pelo remanescente que ficou”. O Grande Pergaminho de Isaías declara “o remanescente que permaneceram na cidade ”.[5] O exército assírio tinha devastado completamente Judá, exceto a capital, Jerusalém; muitos foram mortos ou levados em cativeiro, e alguns tinham fugidos para a cidade à frente dos saqueadores. A esperança expressada pelos mensageiros é que o Senhor, depois de haver ouvido as blasfêmias de Rabsaqué contra Deus, puni-lo-á e salvará Judá da destruição. Eles pedem que Isaías ore pelos judeus.

O versículo 4 contém um quiasma:

A: (4) Porventura o SENHOR teu Deus
B: terá ouvido as palavras
C: de Rabsaqué,
C: a quem o rei da Assíria, seu senhor, enviou para afrontar o Deus vivo,
B: e para vituperá-lo com as palavras
A: que o SENHOR teu Deus tem ouvido; faze oração pelo remanescente que ficou.

Este quiasma expressa a esperança de que o Senhor estará irado pelas palavras blasfemas de Rabsaqué e defenderá Judá. “Rabsaqué” complementa “para afrontar o Deus vivo”, uma declaração de que o próprio Rabsaqué era um opróbrio.

O versículo 5 sumariza: “E os servos do rei Ezequias foram ter com Isaías”.

Os versículos 6 e 7 apresenta a resposta de conforto de Isaías. O versículo 6 começa: “E Isaías lhes disse: Assim direis a vosso senhor: Assim diz o SENHOR: Não temas à vista das palavras que ouviste, com as quais os servos do rei da Assíria me blasfemaram”.

Os versículos 4 até 6 contêm dois quiasmas sobrepostos, que por sua vez sobrepõem o quiasma do versículo 4:

(4) Porventura o SENHOR teu Deus terá ouvido as palavras de Rabsaqué,
A: a quem o rei da Assíria, seu senhor, enviou para afrontar o Deus vivo,
B: e para vituperá-lo com as palavras
C: que o SENHOR teu Deus tem ouvido; faze oração pelo remanescente que ficou.
D: (5) E os servos do rei Ezequias
E: foram ter com Isaías.
E: (6) E Isaías lhes disse:
D: Assim direis a vosso senhor:
C: Assim diz o SENHOR:
B: Não temas à vista das palavras que ouviste,
A: com as quais os servos do rei da Assíria me blasfemaram.

O lado ascendente do quiasma apresenta a súplica dos servos de Ezequias a Isaías, enquanto que o lado descendente começa com a resposta do Senhor dada através do profeta.

Os quiasmas sobrepostos contidos nestes mesmos versículos proveem mais conexões interpretativas:

(4) Porventura o SENHOR teu Deus terá ouvido as palavras de Rabsaqué,
A: a quem o rei da Assíria, seu senhor, enviou para afrontar o Deus vivo, e para vituperá-lo com as palavras que o SENHOR teu Deus tem ouvido; faze oração pelo remanescente que ficou.
B: (5) E os servos do rei Ezequias foram ter com Isaías.
C: (6) E Isaías lhes disse: Assim direis a vosso senhor:
C: Assim diz o SENHOR: Não temas à vista das palavras que ouviste,
B: com as quais os servos do rei da Assíria
A: me blasfemaram.

O primeiro quiasma centra em “Isaías lhes disse”, e “os servos do rei Ezequias” equivale à frase “vosso senhor”. No quiasma sobreposto “os servos do rei Ezequias” contrasta-se com “os servos do rei da Assíria” e “assim direis a vosso senhor” compara-se com “assim diz o SENHOR”. Em ambos quiasmas, “afrontar o Deus vivo” corresponde-se à “me blasfemaram”. Devido aos quiasmas sobrepostos, todas as vezes que o termo “o Senhor” aparece nos versículos 4 até 6 são estruturalmente equivalentes.

O versículo 7 continua com as palavras do Senhor, transmitidas por Isaías: “Eis que porei nele um espírito, e ele ouvirá um rumor, e voltará para a sua terra; e fá-lo-ei cair morto à espada na sua terra”. “Espírito” significa “vento” ou “respiração pesada através das narinas com ira”.[6]

A profecia de Isaías concernente Senaqueribe, o rei da Assíria, contém três partes: Primeiro, a ira do Senhor, ou maldição, será enviada sobre ele; segundo, ele ouvirá um rumor que o fará retornar à sua terra; e terceiro, cairá morto à espada em sua própria terra.

No versículo 8, ao retornar, o capitão assírio descobre que as circunstâncias mudaram: “Voltou, pois, Rabsaqué, e achou ao rei da Assíria pelejando contra Libna; porque ouvira que já se havia retirado de Laquis”. Senaqueribe ouviu que um adversário, Libna, já se havia retirado da cidade de Laquis; por conseguinte, Senaqueribe o seguiu para continuar o conflito.

O versículo 9 provê detalhes explicando porque Senaqueribe não foi imediatamente a Jerusalém para começar as operações militares lá: “E, ouviu ele dizer que Tiraca, rei da Etiópia, tinha saído para lhe fazer guerra. Assim que ouviu isto, enviou mensageiros a Ezequias, dizendo: ” O Grande Pergaminho de Isaías declara “ele voltoue enviou mensageiros a Ezequias …”.[7] O propósito de Senaqueribe era o de promover urbanização adicional em Jerusalém para terminar o confronto com Ezequias, evitando, assim, guerra em ambas frentes. Aprendemos mais adiante, no versículo 14, que a mensagem foi enviada em forma de uma ou mais cartas, levada pelos mensageiros a Ezequias.

Os versículos 10 até 13 contêm o texto das cartas. O versículo 10 começa com instruções aos mensageiros: “Assim falareis a Ezequias, rei de Judá, dizendo: Não te engane o teu Deus, em quem confias, dizendo: Jerusalém não será entregue na mão do rei da Assíria”. O uso de frases negativas por Senaqueribe pode obscurecer o significado desta passagem. A primeira frase, “Não te engane o teu Deus, em quem confias, dizendo …” essencialmente, declara: “Não creia no que tu pensas que teu Deus está falando”. A segunda apresenta a suposição de Senaqueribe de que Deus diria a Ezequias: “Jerusalém não será entregue na mão do rei da Assíria”. Embora mais tarde esta declaração tenha sido provada verdadeira, Senaqueribe quis dizer exatamente o oposto—que nem mesmo o Deus de Israel poderia proteger Jerusalém da invasão dos assírios.

O versículo 10 contém um quiasma:

A: (10) Assim falareis a Ezequias, rei de Judá,
B: dizendo:
C: Não te engane
D: o teu Deus,
D: em quem
C: confias,
B: dizendo: Jerusalém não será entregue
A: na mão do rei da Assíria.

Este quiasma ilustra que a intenção de Senaqueribe era de intimidar; e a de Ezequias era de confiar no Senhor.

Nos versículos 11 até 13 a carta continua:

“Eis que já tens ouvido o que fizeram os reis da Assíria a todas as terras, destruindo-as totalmente; e escaparias tu?
“Porventura as livraram os deuses das nações que meus pais destruíram: Gozã, e Harã, e Rezefe, e os filhos de Éden, que estavam em Telassar?
“Onde está o rei de Hamate, e o rei de Arpade, e o rei da cidade de Sefarvaim, Hena e Iva?”

O Grande Pergaminho de Isaías adiciona à lista de Senaqueribe “e Samaria”.[8] O rei de Assíria faz uma série de perguntas retóricas, na qual afirma sua intenção e sua capacidade de destruir Jerusalém, bem como ele e seus antecessores dominaram reis após reis e destruíram reinos após reinos.

O versículo 14 descreve a reação de Ezequias: “Recebendo, pois, Ezequias as cartas das mãos dos mensageiros, e lendo-as, subiu à casa do Senhor; e Ezequias as estendeu perante o Senhor”.

O versículo 15 declara: “E orou Ezequias ao Senhor, dizendo: ”

No versículo 16, começa a oração de Ezequias, continuando a sentença do versículo 15: “Ó Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, que habitas entre os querubins; tu mesmo, só tu és Deus de todos os reinos da terra; tu fizeste os céus e a terra”. A frase “que habitas entre os querubins” refere-se ao altar nos santos dos santos no templo. O Senhor, ao falar com Moisés, explicou o significado:

“E ali virei a ti, e falarei contigo de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins (que estão sobre a arca do testemunho), tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel.”[9]

O sagrado altar foi o lugar designado para os profetas—e neste caso um rei justo—receberem revelações do Senhor. Ezequias reconhece que o Senhor é o único Deus verdadeiro e vivo, criador dos céus e da Terra.

A oração de Ezequias continua no versículo 17: “Inclina, ó Senhor, o teu ouvido, e ouve; abre, Senhor, os teus olhos, e vê; e ouve todas as palavras de Senaqueribe, as quais ele enviou para afrontar o Deus vivo”. O sentido desta passagem no texto original em hebraico é “… blasfemar contra o Deus vivo”.[10]

Nos versículos 18 e 19 Ezequias reconhece a verdade de parte das palavras de Senaqueribe: “Verdade é, Senhor, que os reis da Assíria assolaram todas as nações e suas terras. E lançaram no fogo os seus deuses; porque deuses não eram, senão obra de mãos de homens, madeira e pedra; por isso os destruíram”.

No versículo 20, Ezequias conclui sua oração com uma súplica para a libertação: “Agora, pois, ó Senhor nosso Deus, livra-nos da sua mão; e assim saberão todos os reinos da terra, que só tu és o Senhor”. O Grande Pergaminho de Isaías apresenta “só tu és Deus”.[11] Ao livrar os judeus do exército assírio, o mundo inteiro veria que o Deus de Israel é o único Deus verdadeiro.

Os versículos 16 até 20, que contêm a oração de Ezequias, formam um quiasma:

A: (16) Ó Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, que habitas entre os querubins;
B: só tu és Deus
C: de todos os reinos da terra;
D: tu fizeste os céus e a terra.
E: (17) Inclina, ó Senhor, o teu ouvido, e ouve;
E: abre, Senhor, os teus olhos, e vê; e ouve todas as palavras de Senaqueribe, as quais ele enviou para blasfemar contra o Deus vivo.
D: (18) Verdade é, Senhor, que os reis da Assíria assolaram
C: todas as nações e suas terras.
B: (19) E lançaram no fogo os seus deuses; porque deuses não eram, senão obra de mãos de homens, madeira e pedra; por isso os destruíram.
A: (20) Agora, pois, ó Senhor nosso Deus, livra-nos da sua mão; e assim saberão todos os reinos da terra, que só tu és o Senhor.

“Só tu és Deus …” complementa “deuses não eram”, mostrando a falha da lógica de Senaqueribe. O Senhor é o criador de tudo, em contraste com os ídolos impotentes de outras nações, feitos por mãos de homens. “Fizeste os céus e a terra” contrasta-se com “assolaram”, colocando o poder de criação em contraste com o de destruição e caos.

A resposta do Senhor à prece de Ezequias é dada nos versículos 21 até 35. O versículo 21 começa: “Então Isaías, filho de Amós, mandou dizer a Ezequias: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Quanto ao que pediste acerca de Senaqueribe, rei da Assíria”. O Grande Pergaminho de Isaías adiciona “Assim diz o Senhor Deus de Israel, a quem tu oraste …”.[12] Isaías enviou uma mensagem ao rei, ao invés de ir em pessoa.

No versículo 22 Isaías proclama a palavra do Senhor, falando contra Senaqueribe: “Esta é a palavra que o Senhor falou a respeito dele: A virgem, a filha de Sião, te despreza, de ti zomba; a filha de Jerusalém meneia a cabeça por detrás de ti”. A frase “a virgem, a filha de Sião” é equivalente quiasmaticamente à “filha de Jerusalém”; conforme foi usado aqui, significa a cidade de Jerusalém.[13] A equivalência entre “a filha de Sião” e “a filha de Jerusalém” reflete o sentido duplo desta profecia e seus cumprimentos em duas épocas diferentes. Compare a profecia anterior de Isaías referente a estes acontecimentos: “Ainda um dia parará [o rei da Assíria] em Nobe; acenará com a sua mão contra o monte da filha de Sião, o outeiro de Jerusalém”.[14]

Compare também a variedade de significados destes dísticos paralelos “porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor”.[15] O Senhor defendeu Jerusalém no tempo de Ezequias e defenderá Sião nos últimos dias, ambas de forma semelhante e ambas em cumprimento desta profecia.

No versículo 23, o Senhor faz e depois responde às perguntas retóricas: “A quem afrontaste e blasfemaste? E contra quem alçaste a voz, e ergueste os teus olhos ao alto? Contra o Santo de Israel”. A blasfêmia do rei da Assíria foi feita contra o Senhor Deus, o Santo de Israel.

Os versículos 21 até 23 contêm um quiasma:

(21) Então Isaías, filho de Amós, mandou dizer a Ezequias:
A: Assim diz o Senhor Deus de Israel:
B: Quanto ao que pediste
C: acerca de Senaqueribe, rei da Assíria,
D: (22) Esta é a palavra que o Senhor falou a respeito dele:
E: A virgem, a filha de Sião,
F: te despreza,
F: de ti zomba;
E: a filha de Jerusalém meneia a cabeça por detrás de ti.
D: (23) A quem afrontaste e blasfemaste?
C: E contra quem
B: alçaste a voz, e ergueste os teus olhos ao alto?
A: Contra o Santo de Israel.

Este quiasma apresenta as palavras do Senhor a Ezequias, dadas por meio do profeta Isaías. “O Senhor Deus de Israel” é equivalente ao “Santo de Israel”. “Filha de Sião” e “filha de Jerusalém” são equivalentes; sua equivalência fortalece a teses de que esta profecia é para ser cumprida em duas épocas diferentes. O Senhor defendeu Jerusalém na época de Ezequias e defenderá Sião nos últimos dias, ambas de maneira semelhante e ambas em cumprimento desta profecia.

O versículo 24 continua a acusação do Senhor: “Por meio de teus servos afrontaste o Senhor, e disseste: Com a multidão dos meus carros subi eu aos cumes dos montes, aos últimos recessos do Líbano; e cortarei os seus altos cedros e as suas faias escolhidas, e entrarei na altura do seu cume, ao bosque do seu campo fértil”. A metáfora de altas árvores como homens nobres é usada por todo o livro de Isaías.[16]

Estas palavras, dirigidas ao antigo rei da Assíria, serve como um símbolo profético para os acontecimentos nos últimos dias. Uma superpotência equivalente nos últimos dias ameaçará a Sião moderna depois de haver devastado as regiões vizinhas.

A metáfora de árvores foi apresentada anteriormente por Isaías, provendo a interpretação: “E contra todos os cedros do Líbano, altos e sublimes; e contra todos os carvalhos de Basã”.[17]

A frase “os cumes dos montes” no versículo 24 provê uma conexão com os acontecimentos dos últimos dias. Esta frase foi usada anteriormente por Isaías: “E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor no cume dos montes, e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações” (ênfases adicionadas).[18]

Isaías falou sobre o atual Estado de Utah, cujo nome significa “os cumes dos montes” no idioma dos índios Ute,[19] onde se edificaria um templo.

Os versículos 23 e 24 contêm um quiasma:

A: (23) A quem
B: afrontaste e blasfemaste?
C: E contra quem
D: alçaste a voz,
D: e ergueste os teus olhos ao alto?
C: Contra o Santo de Israel.
B: (24) Por meio de teus servos afrontaste
A: o Senhor, e disseste ….

“A quem” corresponde ao “Senhor”; “contra quem” corresponde à “contra o Santo de Israel”, e “alçaste a voz” corresponde à frase “ergueste os teus olhos ao alto”. O Senhor foi ofendido com as palavras blasfema de Senaqueribe.

No versículo 25 Isaías descreve a vanglória do rei da Assíria: “Eu cavei, e bebi as águas; e com as plantas de meus pés sequei todos os rios dos lugares sitiados”.[20] O Grande Pergaminho de Isaías diz “e bebi as águas estrangeiras”,[21] que quer dizer as águas em nações estrangeiras. Os antigos assírios foram capazes de atravessarem as vastas regiões desertas cavando poços onde quer que fossem, ao invés de confiar na existência de córregos e nascentes, aumentando, assim, a extensão de suas conquistas.

No versículo 26, o Senhor repreende Senaqueribe por sua vanglória: “Porventura não ouviste que já há muito tempo eu fiz isto, e já desde os dias antigos o tinha formado? Agora porém o fiz vir, para que tu fosses o que destruísse as cidades fortificadas, e as reduzisse a montões de ruínas”. O Senhor atesta que Ele havia erguido o rei da assíria para destruir as cidades.

No versículo 27 o Senhor menospreza as conquistas do rei da Assíria: “Por isso os seus moradores, dispondo de pouca força, andaram atemorizados e envergonhados; tornaram-se como a erva do campo, e a relva verde, e o feno dos telhados, e o trigo queimado antes da seara”. O Grande Pergaminho de Isaías diz “… queimadodiante de um vento do leste”.[22] O Senhor explica que estes eram reinos enfraquecidos e de pouca importância, que eram facilmente intimidados e desanimados. “Queimado” refere-se a qualquer uma das pragas destruidoras que resultaram em plantas secas antes de estarem maduros, além do significado do Grande Pergaminho de Isaías de dessecação perante um vento quente e seco.

O versículo 28 revela que o Senhor sabia sobre a malevolência do rei da Assíria: “Porém eu conheço o teu assentar, e o teu sair, e o teu entrar, e o teu furor contra mim”.

No versículo 29, o Senhor prediz a partida do rei depois de ser derrotado: “Por causa do teu furor contra mim, e porque a tua arrogância subiu até aos meus ouvidos, portanto porei o meu anzol no teu nariz e o meu freio nos teus lábios, e te farei voltar pelo caminho por onde vieste”. “O meu anzol no teu nariz” e “o meu freio nos teus lábios” referem–se aos dispositivos usados para controlar animais, causando-lhes dor ou direcionando sua visão, usados aqui metaforicamente.

Os versículos 26 até 29 contêm um quiasma:

A: (26) Porventura não ouviste que já há muito tempo eu fiz isto,
B: e já desde os dias antigos o tinha formado?
C: Agora porém o fiz vir,
D: para que tu fosses o que destruísse as cidades fortificadas, e as reduzisse a montões de ruínas.
E: (27) Por isso os seus moradores, dispondo de pouca força,
F: andaram atemorizados
F: e envergonhados;
E: tornaram-se como a erva do campo, e a relva verde, e o feno dos telhados, e o trigo queimado antes da seara.
D: (28) Porém eu conheço o teu assentar, e o teu sair, e o teu entrar, e o teu furor contra mim.
C: (29) Por causa do teu furor contra mim, e porque a tua arrogância subiu até aos meus ouvidos,
B: portanto porei o meu anzol no teu nariz e o meu freio nos teus lábios,
A: e te farei voltar pelo caminho por onde vieste.

No lado ascendente deste quiasma o Senhor atesta que Ele é o criador de todas as coisas e levantou o rei da Assíria para destruir. No lado descendente o Senhor menospreza as conquistas do rei da Assíria, quando as compara com Suas próprias obras como Criador, então declara que Ele fará Senaqueribe voltar pelo caminho por onde veio.

Os versículos 30 até 32 dão um sinal ao rei da Assíria e ao povo de Jerusalém. O versículo 30 declara: “E isto te será por sinal: Este ano se comerá o que espontaneamente nascer, e no segundo ano o que daí proceder; porém no terceiro ano semeai e segai, e plantai vinhas, e comei os frutos delas”. O pronome singular, “te” dirige a declaração ao rei da Assíria, enquanto que os verbos na segunda pessoa do plural (vós), “semeai”, “segai”, “plantai” e “comei” são dirigidos aos habitantes de Jerusalém. Isto significa que por dois anos a terra de Judá permaneceria caída por causa do conflito com a Assíria e o perigo em estar fora das muralhas protetoras da cidade, porém no terceiro ano os judeus seriam capazes de trabalhar em suas terras, plantar e colher. Outra dimensão deste sinal é como um símbolo para o cativeiro de Judá na Babilônia por três gerações, depois do qual um remanescente voltaria.

Este segundo sentido se manifesta claramente nos versículos 31 e 32. O versículo 31 começa: “Porque o que escapou da casa de Judá, e restou, tornará a lançar raízes para baixo, e dará fruto para cima”. A profecia é apresentada metaforicamente, como uma planta crescendo no solo.

O versículo 32 continua: “Porque de Jerusalém sairá o restante, e do monte de Sião os que escaparem; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto”. O restante de Jerusalém e de Sião escaparia e retornaria no futuro. Lembre anteriormente de um sinal, que foi dado ao rei Acaz, que também descreveu acontecimentos que ocorreriam mais tarde: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel”.[23]

Ambos sinais proclamam que Jerusalém sobreviveria suas dificuldades atuais, permitindo o cumprimento da profecia num futuro distante. O “monte de Sião” como foi usado aqui significa tanto no monte do templo de Jerusalém[24] quanto do lugar de coligação espiritual nos últimos dias,[25] indicando, assim, o cumprimento duplo da profecia, tanto na antiguidade quanto nos últimos dias.

No versículo 33 o Senhor sumariza: “Portanto, assim diz o Senhor acerca do rei da Assíria: Não entrará nesta cidade, nem lançará nela flecha alguma; tampouco virá perante ela com escudo, ou levantará trincheira contra ela”. Senaqueribe não seria permitido lançar sequer uma flecha contra Jerusalém.

O versículo 34 prediz a partida de Senaqueribe: “Pelo caminho por onde vier, por esse voltará; porém nesta cidade não entrará, diz o Senhor”.

No versículo 35 o Senhor atesta: “Porque eu ampararei esta cidade, para livrá-la, por amor de mim e por amor do meu servo Davi”.[26] “Meu servo Davi” significa o herdeiro atual do trono de Davi, o justo rei Ezequias.[27]

O versículo 36 descreve a intervenção do Senhor: “Então saiu o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil deles; e, quando se levantaram pela manhã cedo, eis que todos estes eram corpos mortos”. A Tradução de Joseph Smith apresenta “e, quando os que foram deixados se levantarampela manhã …”.[28] Sem dúvidas as notícias sobre este acontecimento singular se propagariam por terras longínquas, em cumprimento do apelo de Ezequias ao Senhor: “Agora, pois, ó Senhor nosso Deus, livra-nos da sua mão; e assim saberão todos os reinos da terra, que só tu és o Senhor”.[29]

Esta destruição do exército assírio serve como exemplo de acontecimentos nos últimos dias. Por intervenção milagrosa, o Senhor deterá um exército bem disciplinado na periferia do domínio de Seu povo justo, depois do exército haver devastado muitas das regiões ao redor. Anteriormente, no capítulo 14, Isaías afirma:

“O Senhor dos Exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará.
“Quebrantarei a Assíria na minha terra, e nas minhas montanhas a pisarei, para que o seu jugo se aparte deles e a sua carga se desvie dos seus ombros.”[30]

A declaração do Senhor “nas minhas montanhas” significa a área que rodeava Jerusalém nos tempos antigos, bem como um símbolo profético para a Sião moderna nas montanhas.[31] Além disso, pode ser um símbolo para Jerusalém nos últimos dias e os acontecimentos que ocorrerão lá.

Como descreveu Isaías no capítulo 28, o Senhor proverá força e coragem para o pequeno exército de efraimitas justos, que fará um exército invasor regressar pela mesma porta da cidade de Sião: “E por espírito de juízo, para o que se assenta a julgar, e por fortaleza para os que fazem recuar a peleja até à porta”.[32]

Os versículos 37 e 38 descrevem o cumprimento da profecia concernente a morte do rei da Assíria:

“Assim Senaqueribe, rei da Assíria, se retirou, e se foi, e voltou, e habitou em Nínive.
“E sucedeu que, estando ele prostrado na casa de Nisroque, seu deus, Adrameleque e Sarezer, seus filhos, o feriram à espada; escaparam para a terra de Ararate; e Esar-Hadom, seu filho, reinou em seu lugar.”

Assim, Senaqueribe foi morto na casa de seu deus por seus próprios filhos, e Ezequias e Jerusalém foram defendidos por seu Deus contra invasores de uma terra estrangeira. O Deus verdadeiro, adorado por Ezequias e por seu povo, salvou-lhes ao milagrosamente destruir o exército assírio, enquanto que Senaqueribe, que blasfemava que o Senhor Jeová não seria capaz de salvar Ezequias e seu povo, foi morto na presença de seu deus falso, que não possuía nenhum poder para salvá-lo.

NOTAS

[1]. Ver Isaías 36 e comentário pertinente.
[2]. Isaías 10:24-34.
[3]. Ver Isaías 10 e comentário pertinente.
[4]. Ver Isaías 36 e comentário pertinente.
[5]. Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 149.
[6]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 7307, p. 924.
[7]. Parry, 2001, p. 150.
[8]. Parry, 2001, p. 150.
[9]. Êxodo 25:22.
[10]. Brown et al., 1996, Número de Strong 2778, p. 357.
[11]. Parry, 2001, p. 151.
[12]. Parry, 2001, p. 151.
[13]. Ver 2 Reis 19:21, 31; Salmos 9:14; 51:18; Isaías 10:32; 16:1; 52:2; 62:11.
[14]. Isaías 10:32.
[15]. Isaías 2:3; Ver comentário pertinente. Ver também Isaías 10:12; 24:23; 31:9; 52:1, 2.
[16]. Ver Isaías 9:18; 10:18-19, 33-34; 14:8; 29:17; 32:15; 55:12.
[17]. Ver Isaías 2:13; 9:18; 10:18-19, 33-34; 14:8; 29:17; 32:15; 55:12.
[18]. Ver Isaías 2:2, 14 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:2, 4; 30:25 e comentário pertinente.
[19]. Joseph Fielding McConkie, Gospel Symbolism [Simbolismos no Evangelho]: Bookcraft, Inc. Salt Lake City, UT, pp. 129-130. Ver Isaías 2:2, 14 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:2, 4; 30:25 e comentário pertinente.
[20]. Os versículos 24 e 25 contêm um quiasma: Com a multidão dos meus carros/aos cumes dos montes//Líbano/os seus altos cedros/na altura do seu cume/com as plantas de meus pés.
[21]. Parry, 2001, p. 152.
[22]. Parry, 2001, p. 152.
[23]. Isaías 7:14.
[24]. Ver Salmos 9:11; 14:7; 74:2; 78:68-69; Isaías 1:8; 4:3-4; 10:12, 32; 16:1; 18:7; 30:19; 31:4; 34:8; D&C 133:18, 56.
[25]. Ver Salmos 102:13, 16; 129:5; 132:13; Ver Isaías 3:16; 33:5, 14, 20; 34:8; 40:9; 41:27; 51:3.
[26]. Os versículos 32 até 35 contêm um quiasma: O zelo do Senhor dos Exércitos fará isto/assim diz o Senhor/Não entrará nesta cidade/caminho por onde vier//por esse voltará/porém nesta cidade não entrará/diz o Senhor/eu ampararei esta cidade.
[27]. Ver Gênesis 49:10; 1 Reis 2:33; 1 Samuel 15:27-28.
[28]. JST, 1970, p. 206.
[29]. Isaías 37:20.
[30]. Isaías 14:24-25.
[31]. Ver Isaías 2:2; 37:24; e comentário pertinente.
[32]. Isaías 28:6.

INTRODUÇÃO 3: Recursos Literários Usados Por Isaías

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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As palavras de Isaías são poéticas porque são belas. Sua eloquência, sua habilidade de incorporar tantos significados em poucas palavras, e o uso extensivo de recursos literários e estruturais para alcançar os seus propósitos literários revelam uma perícia literária que requereriam muitos anos para desenvolver. Na verdade, o nível de perícia literária de Isaías é inalcançável exceto por poucos que já viveram sobre a Terra.

O que é poesia? Poesia não é simplesmente uma forma literária caracterizada por ritmo e rima, é uma forma artística complexa na qual beleza é um objetivo importante intencionado pelo escritor. Toda arte, seja música, pintura, dança, desenho, escultura, drama, poesia e prosa, tem elementos em comum que consideramos beleza. Estes elementos incluem ritmo, cores, humor, variedade dentro da unidade, padrão, repetição, contraste e movimento ou ação, os quais influenciam emoções humanas. As escrituras de Isaías são poesias e são belas porque elas causam um profundo impacto emocional, dado aos leitores através do uso perito desses elementos.

Surpreendentemente, os ritmos e padrões de Isaías são de ideias, ao invés de sons das palavras ou rimas. Portanto, sua expressão poética geralmente não se perde quando traduzida; a beleza das palavras de Isaías está presente em qualquer língua.

O aspecto espiritual das palavras de Isaías é perfeitamente unido com sua extraordinária expressão artística. O impacto emocional transmitido pela sua perícia artística é amplificado por sua percepção espiritual inabalável e discernimento profético do passado, presente e futuro. O leitor, quando guiado pelo Espírito Santo, compreende coisas espiritualmente como também responde emocionalmente. Assim, a pura luz da revelação é manifesta nas palavras de Isaías de uma forma extraordinária.

As chaves dadas por Bruce R. McConkie para compreender as palavras de Isaías,[1] apresentadas no capítulo anterior, são as mesmas usadas por Néfi no Livro de Mórmon. O resultado é uma interpretação geral, descrevendo claramente os significados das palavras de Isaías, porém não interpretando palavra-por-palavra nem sentença-por-sentença. A oitava chave apresentada por McConkie, “Aprenda a maneira de profetizar usada entre os Judeus no tempo de Isaías”, tem sido um obstáculo para os Santos dos Últimos Dias por gerações.  A falta de conhecimento faz com que os leitores pulem a parte de Isaías do Livro de Mórmon—tão rica em beleza e significados! Néfi explicou suas razões:

“Agora eu, Néfi, digo algo sobre as palavras que escrevi, que foram proferidas pela boca de Isaías. Pois eis que Isaías disse muitas coisas que, para muitos de meu povo, eram de difícil compreensão; porque não conhecem o modo de profetizar dos judeus.
“Porque eu, Néfi, não lhes ensinei muitas coisas sobre os costumes dos judeus; porque suas obras eram obras de trevas e seus feitos eram abominações.”[2]

Não precisamos temer que ao aprender tais métodos seremos levados às mesmas abominações dos Judeus antigos; ao contrário, os Judeus que Néfi se referiu não tinha o espírito de profecia, talvez mais automaticamente, eles se concentravam nos aspectos mecânicos das palavras de Isaías. Néfi já foi ao outro extremo, se concentrando no contexto espiritual e ignorando o mecânico. Podemos evitar esta dificuldade enfrentada pelos Judeus antigos aplicando as dez chaves apresentadas por McConkie, especialmente a nona: “Tenha o espírito de profecia”.

Na época que McConkie escreveu seu livro não havia muita informação ou orientação disponível sobre a maneira de profetizar entre os Judeus. Quinze anos depois, em 1988, um trabalho seminal por Avraham Gileadi apresentou chaves interpretativas muito úteis.[3]

De acordo com Gileadi, a maneira de aprender entre os Judeus não mudou desde o tempo dos profetas. Nas escolas rabínicas de hoje,

“Os Judeus dependem de recursos interpretativos como símbolos e figuras, linguagem alegórica, padrão literário, estruturas básicas, paralelismos, significado duplo, palavras chaves, codinomes, e outros instrumentos mecânicos…. Sua abordagem é completamente mecânica. Em seus enormes livros, um pequeno quadrado no centro de cada página contém o versículo ou passagem que está sendo estudado…. Lembro levando um mês inteiro da minha vida na escola rabínica discutindo só um versículo, explorando-o por todos os ângulos…. Os Judeus, exclusivamente, usam este método.”[4]

Mesmo as análises simples apresentadas neste comentário se diferem grandemente da abordagem dogmática predominante nas religiões de hoje, onde a passagem tem somente uma interpretação que é aceita. Uma abordagem superficial dogmática elimina a possibilidade de vários níveis de interpretações intencionadas, o que é uma característica importante nas escrituras de Isaías.

Gileadi apresenta uma variedade de recursos literários usados por Isaías, alguns dos mais usados estão resumidos aqui.[5]

Formas de Linguagem

Isaías utiliza muitos pequenos padrões literário, chamados por Gileadi[6] de “formas de linguagem”. Incluindo os seguintes:

Litígio.—Uma só passagem que pode incluir vários versículos de escrituras na qual o Senhor acusa Israel como se estivera numa corte. A sentença é geralmente condicional, concedendo um período de tempo para um possível arrependimento.

Discurso por um Mensageiro.—Aqui o profeta funciona como emissário do Senhor. Ele transmite a mensagem do Senhor para o povo ou seu rei, descrevendo como ele foi chamado e enviado pelo Senhor, apresenta uma lista de pecados cometidos pelo povo e anuncia o subsequente castigo.

Oráculo de Pesar.—Uma série de maldições que o Senhor profere sobre Israel por haver quebrado o convênio. Tomando um formato específico, estes sempre incluem citações de específicas transgressões, estabelecendo, assim, causa e consequências.

Lamento Profético.—Lamentando uma calamidade ou uma desgraça, um lamento profético começa com a palavra “Como” e expressa o pesar pelo estado decaído do povo.

Sermão Sacerdotal.—o profeta assume o papel de sacerdote ou mestre explicando doutrinas, instando o arrependimento e exortando o povo a seguir o caminho correto.

Parábolas.—Uma história na qual uma coisa é comparada à outra alegoricamente, para retratar uma sequência de causas e consequências.

Cânticos da Salvação.—Israel, ou seu porta-voz profético, canta louvores ao Senhor reconhecendo Sua intervenção que resultou em seu resgate.

Metáforas

Gileadi[7] mostra que Isaías usa “mar” e “rio” como metáforas para o rei da Assíria e seus exércitos invasores. O rei da Assíria representa poderes do mal e caos em qualquer tempo e lugar da história humana.

Há vários outros termos metafóricos usados por Isaías que, se soubermos que são metáforas, enriquecerão a nossa compreensão. Considere a seguinte passagem em Isaías 30, que contém várias metáforas: “E em todo o monte alto, e em todo o outeiro levantado, haverá ribeiros e correntes de águas, no dia da grande matança, quando caírem as torres”.[8]

“Água”, como se usa aqui, é uma metáfora que significa inspiração e bênçãos dos céus,[9] enquanto que “monte” e “outeiro” são metáforas que significam nações da Terra, tanto grande quanto pequena.[10]  Esta profecia foi em parte cumprida com a grande matança de milhares de pessoas que morreram em um dia, quando as Torres Gêmeas do Centro Mundial de Comércio em Nova Iorque caíram sobre ataque terrorista no dia 11 de setembro de 2011. De alguma maneira, este acontecimento terrível dará lugar para que as bênçãos e inspirações dos céus se tornarem disponíveis para muitas nações da Terra.[11]

O próximo versículo descreve, usando uma metáfora diferente, uma abundância de inspiração e revelação de Deus que se tornaria disponível para as nações da Terra naquele dia: “E a luz da lua será como a luz do sol, e a luz do sol sete vezes maior, como a luz de sete dias…”.[12] A luz da lua e do sol, ampliada como foi descrita, é uma metáfora muito conhecida que significa inspiração e revelação.

A primeira parte deste versículo é equivalente quiasmaticamente à primeira parte do versículo anterior, de modo que o significado idêntico das duas metáforas seja claro. Além disso, o enfoque da estrutura dos dois versículos é “no dia da grande matança, quando caírem as torres”. O significado é que este traumatizante, catastrófico acontecimento e o subsequente conflito é o ponto culminante para o surgimento das maiores inspirações e bênçãos espirituais que serão derramadas sobre as nações da Terra. Mais a respeito de quiasmas e outras estruturas poéticas serão apresentadas em maiores detalhes no próximo capítulo introdutório.

A frase final do versículo é “…no dia em que o Senhor ligar a quebradura do seu povo, e curar a chaga da sua ferida”.[13] Isto significa que a grande orientação e inspiração descritas resultarão numa cura para a aflição do povo e conforto para os que sofreram grande perda.

O Hebraico

Como em outras línguas, é difícil traduzir do Hebraico e transmitir com precisão a mesma coisa. Isto acontece especialmente em casos de palavras com definições duplas. Gileadi[14] cita caso do chamado profético de Isaías, descrito em Isaías 6:

“No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e a cauda do seu manto enchia o templo.
“Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam.”[15]

Gileadi explica:

“Em Hebraico, a palavra serafim literalmente significa ‘um ser ardente ou abrasador…’.  O uso de ‘ser ardente’ por Isaías para descrever anjos que rodeiam o Senhor, ao invés de usar o termo comum para anjos (‘mensageiros’) enfatizam a natureza da visão de Isaías—aqui os anjos não servem como mensageiros, mas exemplificam um estado de purificação.”

Cada serafim possui seis asas. O termo “asas” em hebraico…também significa “véus”.

Assim traduz Gileadi: “Com duas podiam ocultar sua presença, com duas esconder sua localização, e com as outras duas voarem”.  Então, ao invés de descreverem características físicas, estas descrições são das capacidades ou qualidades dos serafins. Um conhecimento do Hebraico auxilia grandemente na compreensão do significado desta passagem.

Uma fonte valiosa de significados hebraicos se encontra nas notas de rodapé da edição SUD da Bíblia Sagrada em Inglês (1979 versão de King James) e também em Espanhol (2009 versão Reina-Valera), publicadas pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Esses significados nos fornecem mais discernimentos e mostram onde essas traduções modernas diferenciam do original em hebraico. E ainda, os léxicos estão disponíveis para auxiliarem na compreensão mais precisa de palavras específicas baseando-se nos seus significados e contexto hebraicos.[16]

Símbolos

Ao admoestar os nefitas para que buscassem diligentemente as palavras de Isaías, o ressuscitado Senhor Jesus Cristo disse “…grandes são as palavras de Isaías. Porque ele certamente falou sobre todas as coisas relativas a meu povo, que é da casa de Israel; portanto é preciso que ele fale também aos gentios. E todas as coisas que ele disse foram e serão cumpridas de acordo com as palavras que ele disse” (ênfases adicionadas).[17]

Como que algo dito por Isaías possa se referir eficazmente ao future e ao presente ao mesmo tempo? Simplesmente falando, Isaías usa eventos antigos como modelos ou símbolos do que acontecerá. Gileadi[18] relata que mais de 30 acontecimentos aparecem no livro de Isaías, os quais estabelecem um precedente antigo e anunciam uma série de acontecimentos para os últimos dias. Isaías não era um historiador; ele nunca mencionou a dispersão das Dez Tribos, o que foi um evento histórico de suma importância que aconteceu em seu tempo, apesar de haver profetizado que este evento iria acontecer. Portanto, referências a acontecimentos históricos não são com propósitos simplesmente históricos. Suas profecias englobam o passado, presente e future, com cumprimento recorrente em diferente dispensação. Assíria e Egito, as superpotências dos tempos de Isaías, são codinomes para superpotências semelhantes nos últimos dias. Nossa dificuldade e desafio são o de reconhecer os atores de hoje no palco de Isaías.

 Significados Múltiplos de Palavras

Algumas das palavras chaves usadas nas escrituras têm diferentes significados. Ao entender qual significado está implícito numa determinada passagem nos levará a entender o significado intencionado pelo autor. Quando múltiplos significados são intencionados, cada um representa uma distinta camada de significado para a passagem.  Por exemplo, a palavra hebraica “Sião” significa, literalmente, “lugar seco”.[19] Durante a época de Davi era o nome de um forte perto de Jerusalém;[20] a Arca do Convênio foi trazida de lá para o templo em Jerusalém por Salomão.[21] O monte onde fica o templo em Jerusalém era conhecido também como Monte de Sião,[22] enquanto que Sião, ou filha de Sião, é usado por muitos escritores bíblicos como um sinônimo poético para Jerusalém.[23] Sião também se refere a coligação espiritual nos últimos dias— a restauração da plenitude do evangelho e estabelecimento de um povo que iria respeitar seus princípios.[24] Sião, então, é um grupo dos justos—os puros de coração—vivendo em paz e harmonia, independentemente de onde se encontrem.[25] Em algumas passagens espirituais Sião tem duplo significados—a coligação espiritual dos últimos dias, como também funciona como um sinônimo para a antiga ou Jerusalém dos últimos dias, o lugar para a coligação física.[26] Jerusalém é designada como um lugar de coligação das tribos de Israel retornadas, seja no local original de Jerusalém ou em outro lugar.[27] Uma “Nova Jerusalém” para a coligação de certas das tribos perdidas seria estabelecida no continente Americano.[28]

Considere esta afirmação de Isaías “porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor”.[29] “Sião” neste caso significa o povo ou um lugar que seria estabelecido nos últimos dias para a coligação espiritual do povo do convênio do Senhor.[30] Se “Jerusalém” for considerada a cidade antiga, o significado da passagem é que, tal como a antiga Jerusalém, haveria profetas na Sião moderna de onde a palavra do Senhor sairia. Se, por outro lado “Jerusalém” for considerada a coligação moderna dos descendentes justos de Israel, a passagem significa que haveria dois lugares de onde a palavra inspirada do Senhor emanaria pelo mundo inteiro, tanto de Jerusalém como de Sião.  É possível que Isaías intencionou ambos significados.

Sinônimos para Jesus Cristo

Isaías usa diversos sinônimos para o Senhor Jesus Cristo. Cada um tem seu propósito específico, enfatizando um aspecto específico da missão ou papel do Senhor. A incapacidade de reconhecer os títulos do Senhor pode causar má interpretação do significado das palavras de Isaías. Quarenta e três títulos são estudados neste comentário.[31] Eles são, em ordem alfabética: A Rocha de Israel;[32]  Conselheiro;[33] Criador;[34] Criador de Israel;[35] Criador dos fins da terra;[36] Deus de toda a terra;[37] Deus da tua salvação;[38] Deus da verdade;[39] Deus de Davi;[40] Deus de Israel;[41] Deus de Jacó;[42] Deus Forte;[43] Deus, o Senhor;[44] Emanuel;[45] eterno Deus;[46] Excelso;[47] Maravilhoso;[48] o Alto;[49] o Deus vivo;[50] o eterno Deus;[51] o Forte de Israel;[52] o Forte de Jacó;[53] o primeiro…o último;[54] o Rei;[55] o Rei de Jacó;[56] o Sublime;[57] o teu Redentor;[58] o teu Salvador;[59] Pai da Eternidade;[60] Poderoso de Jacó;[61] Príncipe da Paz;[62] Redentor;[63] Redentor de Israel;[64] Rei de Israel;[65] Rei de Jacó;[66] Salvador;[67] Santo;[68] Santo de Israel;[69] Santo de Jacó;[70] Senhor Deus;[71] Senhor Deus de Israel;[72] Senhor Deus dos Exércitos;[73] Senhor Deus nosso;[74] Senhor dos Exércitos;[75] Senhor teu Deus;[76] seu Santo;[77] Siloé;[78] tronco de Jessé;[79] vosso Rei;[80] vosso Santo.[81]


Notas

[1]. Bruce R. McConkie, Ten keys to Understanding Isaiah [Dez Chavez para Compreender Isaías]: Ensign, Oct. 1973, p. 78.
[2]. 2 Néfi 25:1-2.
[3]. Avraham Gileadi, The Book of Isaiah: A new translation with interpretive keys from The Book of Mormon:[O Livro de Isaías: Uma nova tradução com chaves interpretativas do Livro de Mórmon] Deseret Book Company, P.O. Box 30178, Salt Lake City, Utah 84130, 1988, 250 p.
[4]. Gileadi, 1988, p. 4‑5.
[5]. Gileadi, 1988, p. 1-90.
[6]. Gileadi, 1988, p. 18-20.
[7]. Gileadi, 1988, p. 23.
[8]. Isaías 30:25.
[9]. Ver Isaías 12:3; 35:6-7; 55:11; 58:11.
[10]. Ver Isaías 2:2, 14 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:2, 4; 30:17, 25-26; 34:3 e comentário pertinente.
[11]. Ver Isaías 30:25 e comentário pertinente.
[12]. Isaías 30:26.
[13]. Isaías 30:26.
[14]. Gileadi, 1988, p. 35.
[15]. Isaías 6:1-2.
[16]. Ver F. Brown, S. Driver e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [O Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, 1185 p.
[17]. 3 Néfi 23:1‑3.
[18]. Gileadi, 1988, p. 69‑70.
[19]. Brown et al., 1996, Strong- Número 6726; p. 851.
[20]. Ver 2 Samuel 5:7; 2 Crônicas 5:2.
[21]. Ver 1 Reis 8:1.
[22]. Ver Salmos 9:11; 14:7; 74:2; 78:68-69; Isaías 4:3-4; 10:12, 32; 16:1; 18:7; 30:19; 31:4; 34:8; 37:22, 32; Doutrina e Convênios  133:18, 56.
[23]. Ver 2 Reis 19:21, 31; Salmos 9:14; 51:18; Isaías 1:8; 10:32; 16:1; 37:22; 52:2; 62:11; 64:10.
[24]. Ver Salmos 102:13, 16; 129:5; 132:13; Isaías 2:3; 4:5; 14:32; 46:13; 51:16; 52:7-8; 59:20.
[25]. Ver D. e C. 97:21.
[26]. Ver Isaías 1:27; 3:16-17; 4:3-4; 8:18; 10:12, 24; 12:6; 18:7; 24:23; 28:16; 29:8; 30:19; 31:4, 9; 33:5, 14, 20; 34: 8; 37:32; 40:9; 41:27; 49:14; 51:3, 11; 52:1; 60:14; 61:3; 66:8.
[27]. Ver Isaías 2:3; 4:3; 24:23; 27:13; 30:19; 31:5, 9; 33:20; 40:2, 9; 41:27; 52:1-2, 9; 62:6-7; 65:18-19; 66:10, 13, 20.
[28]. Ver 3 Néfi 20:22; Éter 13:3-6, 10; D. e C. 84:2-4; Apocalipse 3:12; 21:2; 3 Néfi 21:23-24; D. e C. 42:9, 35, 62, 67; 45:66; 133:56; Moisés 7:62; Regras de Fé 1:10.
[29]. Isaías 2:3.
[30]. Ver Salmos 102:13, 16; 129:5; 132:13; Isaías 4:5; 14:32; 46:13; 51:16; 52:7-8; 59:20.
[31]. Gary W. Hamon, Strathmore, Alberta, Canada; comunicação pessoal, 2003.
[32]. Isaías 30:29.
[33]. Isaías 9:6.
[34]. Isaías 17:7; 40:28; 45:9; 54:5.
[35]. Isaías 43:15.
[36]. Isaías 40:28.
[37]. Isaías 54:5.
[38]. Isaías 17:10.
[39]. Isaías 65:16.
[40]. Isaías 38:5.
[41]. Isaías 17:6; 21:10, 17; 24:15; 29:23; 37:16, 21; 41:17; 45:3, 15; 48:1, 2; 52:12.
[42]. Isaías 2:3.
[43]. Isaías 9:6; 10:21.
[44]. Isaías 40:28; 42:5.
[45]. Isaías 7:14; 8:8.
[46]. Isaías 40:28.
[47]. Isaías 12:4.
[48]. Isaías 9:6.
[49]. Isaías 57:15.
[50]. Isaías 37:4, 17.
[51]. Isaías 40:28.
[52]. Isaías 1:24.
[53]. Isaías 49:26.
[54]. Isaías 44:6; 48:12.
[55]. Isaías 6:5; 33:17, 22.
[56]. Isaías 41:21.
[57]. Isaías 57:15.
[58]. Isaías 41:14; 48:17; 49:26; 54:5, 8; 60:16.
[59]. Isaías 43:3; 49:26; 60:16.
[60]. Isaías 9:6.
[61]. Isaías 60:16.
[62]. Isaías 9:6.
[63]. Isaías 43:14; 44:16, 24; 47:4; 59:20; 63:16.
[64]. Isaías 49:7.
[65]. Isaías 44:6.
[66]. Isaías 41:21.
[67]. Isaías 45:15, 21; 63:8.
[68]. Isaías 5:16; 6:3; 10:17; 40:25; 43:15; 49:7; 57:15.
[69]. Isaías 1:4; 5:19, 24; 10:20; 12:6; 17:7; 29:19; 30:11, 12, 15; 31:1; 37:23; 41:14, 16, 20; 43:3, 14; 45:11; 47:4; 48:17; 49:7; 54:5; 55:5; 60:9, 14.
[70]. Isaías 29:23.
[71]. Isaías 7:7; 12:2; 25:8; 26:4, 13; 28:16; 30:15; 40:10; 48:16; 49:22; 50:4, 5, 7, 9; 52:4; 56:8; 61:1, 11; 65:13, 15.
[72]. Isaías 17:6; 21:17; 24:15; 37:21.
[73]. Isaías 3:15; 10:23, 24; 22:5, 12, 14, 15; 28:22.
[74]. Isaías 26:13.
[75]. Isaías 1:9, 24; 2:12; 3:1; 5:7, 9, 15, 24; 6:3, 5; 8:13, 18; 9:7, 19; 10:16, 26, 33; 13:4, 13; 14:22, 23, 24, 27; 17:3; 18:7; 19:4, 12, 16, 17, 18, 20, 25; 21:10; 22:14, 25; 23:9; 24:23; 25:6; 28:5, 29; 29:6; 31:4, 5; 37:16, 32; 39:5; 44:6; 45:13; 47:4; 48:2; 51:15; 54:5.
[76]. Isaías 7:10; 37:4; 41:13; 43:3; 48:17; 51:15; 55:5; 60:9.
[77]. Isaías 10:17; 49:7.
[78]. Isaías 8:6.
[79]. Isaías 11:1.
[80]. Isaías 43:15.
[81]. Isaías 43:15.