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CAPÍTULO 21: “Vai, Põe Uma Sentinela, E Ela Que Diga O Que Vir”

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O capítulo 21 descreve a queda da Babilônia, significando tanto o antigo império quanto o mundo pecador atual. Os efeitos desta catástrofe, sobre outras nações também foram descritos aqui. A destruição da Babilônia atual seguirá à destruição da superpotência moderna equivalente ao Egito, pelas mãos do equivalente moderno da Assíria. A destruição e humilhação do Egito foram descritas nos capítulos anteriores.[1]

O versículo 1 começa: “Peso do deserto do mar. Como os tufões de vento do sul, que tudo assolam, ele virá do deserto, de uma terra horrível”. “Peso do deserto do mar” significa “uma profecia sobre o deserto adjacente ao mar”. Esta declaração feita por Isaías designa o ponto de entrada de um exército invasor vindo de “uma terra horrível” —passando pelo deserto como um grande redemoinho de vento, sem dúvidas levantando enormes nuvens de poeira.

O versículo 2 começa: “Dura visão me foi anunciada: o pérfido trata perfidamente, e o destruidor anda destruindo. Sobe, ó Elão, sitia, ó Média, que já fiz cessar todo o seu gemido”. “O pérfido” significa “aquele que age de má fé” ou “enganosamente”.[2] A frase final do versículo 2 revela os nomes dos invasores antigos— Elão (Pérsia) e Média.[3] Esta frase também refere-se aos seus homólogos modernos simbolicamente. Os efeitos pessoais que esta dolorosa visão causou a Isaías são descritas mais tarde nos versículos 3 e 4.

O versículo 2 contém um quiasma:

A: (2) Dura visão me foi anunciada:
B: o pérfido trata perfidamente,
C: e o destruidor anda destruindo.
C: Sobe, ó Elão,
B: sitia, ó Média;
A: já fiz cessar todo o seu gemido.

“O pérfido trata perfidamente” corresponde com “sitia, ó Média”, identificando o pérfido; e “o destruidor anda destruindo” corresponde à “sobe, ó Elão”, identificando o destruidor.

Os versículos 3 e 4 descrevem a angústia de Isaías ao receber esta visão. O versículo 3 declara: “Por isso os meus lombos estão cheios de angústia; dores se apoderam de mim como as dores daquela que dá à luz; fiquei abatido quando ouvi, e desanimado vendo isso”. Estes símiles descrevem as dores que Isaías sentiu quando recebeu esta visão. Suas declarações atestam que ele viu e ouviu vividamente, indicando seu papel como vidente e profeta.

O versículo 4 continua: “O meu coração se agita, o horror apavora-me; a noite que desejava, se me tornou em temor”. Isaías ficou admirado com as cenas catastróficas que viu nesta visão, apesar do fato de que a nação destruída foi a nação inimiga.[4] “O meu coração se agita” provavelmente significa “o meu coração batia”; “a noite que desejava” significa que a sua noite de sono agradável foi perturbada.[5]

Os versículos 3 e 4 contêm um quiasma:

A: (3) Por isso os meus lombos estão cheios de angústia;
B: dores apoderaram-se de mim
C: como as dores daquela que dá à luz;
D: fiquei abatido quando ouvi,
D: e desanimado vendo isso.
C: (4) O meu coração se agita,
B: o horror apavora-me;
A: a noite que desejava, se me tornou em temor.

Este quiasma descreve vividamente a angústia de Isaías ao receber esta revelação.

O versículo 5 descreve as preparações para batalha, primeiramente cuidando da nutrição e vigilância adequadas: “Põem-se a mesa, estão de atalaia, comem, bebem; levantai-vos, príncipes, e untai o escudo”.[6]  A frase “untai o escudo” refere-se à aplicação de graxa ou óleo no escudo para melhorar a capacidade em desviar os golpes das armas de um inimigo.

No versículo 6, Isaías revela a fonte desta admoestação para se preparar para a guerra: “Porque assim me disse o Senhor:” Isaías então proclama: “Vai, põe uma sentinela; e ela que diga o que vir”. Uma sentinela ou vigia na torre é um símbolo de profetas dos últimos dias declarando os sinais dos tempos, inclusive a grande destruição da Babilônia atual. Isaías também usa o simbolismo de uma sentinela nos capítulos 52, 56 e 62.[7]

No versículo 7, a sentinela vê grupos de carros de guerra, cada um puxado por diferentes animais: “E quando vir um carro com um par de cavaleiros, um carro com jumentos, e um carro com camelos, ela que observe atentamente com grande cuidado”. Estas tropas de diferentes animais simbolizam os medos e os persas, assim como os seus homólogos modernos. A sentinela dos últimos dias será diligente e prestará muita atenção.

O versículo 8 começa: “E clamou: Um leão, meu Senhor!” O Grande Pergaminho de Isaías apresenta “e o vidente exclamou, meu Senhor!”,[8] sem nenhuma referência a um leão. O significado da passagem é provavelmente “E clamou como um leão”, ou gritar com alta voz. As palavras gritadas em alta voz foram: “Meu Senhor! Sobre a torre de vigia estou em pé continuamente de dia, e de guarda me ponho noites inteiras”. A sentinela oferece testemunho pessoal de sua diligência inabalável, vigiando dia e noite.

Os versículos 6 até 8 contêm um quiasma:

A: (6) Porque assim me disse o Senhor:
B: Vai, põe uma sentinela,
C: e ela que diga o que vir.
D: (7) E quando vir um carro com um par de cavaleiros,
D: um carro com jumentos, e um carro com camelos,
C: ela que observe atentamente com grande cuidado.
B: (8) E clamou como um leão:
A: Meu Senhor! Sobre a torre de vigia estou em pé continuamente de dia, e de guarda me ponho noites inteiras.

“Vai, põe uma sentinela” corresponde com “E clamou como um leão”, identificando quem clamou (uma sentinela). “Ela que diga o que vir” compare-se com “ela que observe atentamente com grande cuidado” mostrando que a sentinela é extraordinariamente fiel em seu trabalho e relata o que vê. O relato da sentinela apresenta acontecimentos previstos em forma simbólica; os carros conduzidos por diferentes animais de tração representam os vários exércitos invasores vistos pela diligente sentinela.

O discurso da sentinela continua no versículo 9: “E eis agora vem um carro com homens, e um par de cavaleiros”. Continua a sentinela: “Então respondeu e disse: Caída é Babilônia, caída é! E todas as imagens de escultura dos seus deuses quebraram-se no chão”. O carro com homens simboliza a queda da Babilônia, como foi explicado na sentença final. As imagens de escultura dos deuses da Babilônia caíram e quebraram-se no chão; os ídolos da Babilônia não foram capazes de salvá-la. Para a Babilônia moderna, nem suas riquezas nem o materialismo poderão salvá-la.[9] A diligente sentinela na torre testemunhou tudo, até mesmo a grande destruição.

Em revelações modernas, o Senhor explica melhor:

“Não buscam o Senhor para estabelecer sua justiça, mas todo homem anda em seu próprio caminho e segundo a imagem de seu próprio deus, cuja imagem é à semelhança do mundo e cuja substância é a de um ídolo que envelhece e perecerá em Babilônia, sim, Babilônia, a grande, que cairá.”[10]

Os versículos 6 até 9 ajuda-nos a compreender melhor as funções de um profeta dos últimos dias, em contraste com um profeta da antiguidade. Ao invés de declarar sobre acontecimentos que ocorrerão num future distante, o profeta moderno interpreta o que ele vê na sociedade atual e acontecimentos descritos em antigas profecias, bem como os princípios do evangelho. O que é para acontecer na nossa época já foi profetizado; agora é o tempo do cumprimento das profecias antigas. A tarefa de um profeta moderno é o de advertir e preparar o povo; e a nossa tarefa é a de ouvir e obedecer as palavras dos nossos profetas vivos.

O versículo 9 contém um quiasma:

A: (9) E eis agora vem um carro com homens, e um par de cavaleiros. Então respondeu e disse:
B: Caída é
C: Babilônia,
C: caída é!
B: E todas as imagens de escultura dos seus deuses
A: quebraram-se no chão.

Um exército, simbolizado pelo carro com homens e um par de cavaleiros, derrota a Babilônia e destrói seus ídolos. O Senhor usaria este exército como um instrumento para cumprir Seus propósitos. “Caída” compara-se com “todas as imagens de escultura dos seus deuses”, indicando que “Babilônia” conota idolatria. “Babilônia” corresponde com “caída é!”, enfatizando sua queda estupenda.  A palavra “Caída” é repetida duas vezes para dar ênfase.

O versículo 10 começa: “Ah, malhada minha, e trigo da minha eira! O que ouvi do Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, isso vos anunciei”. A frase introdutória provavelmente refere-se a uma praga comum que dava no trigo, desvalorizando a safra inteira. Isaías falou aos sobreviventes israelitas sobre a queda da Babilônia;[11] ele testificou que o que ele anunciou foi exatamente o que ele ouviu do Senhor.

O versículo 11 declara: “Peso de Dumá. Gritam-me de Seir: Guarda, que houve de noite? Guarda, que houve de noite?” A voz clama, pedindo ao fiel sentinela que lhe diga quanto tempo mais, a escuridão e a opressão, durariam. Dumá fica no centro da Arábia, ao leste de Midiã;[12]foi nomeada em memória ao sexto filho de Ismael.[13] Seir é um cume montanhoso ao sul do Mar Morto.[14]

O Elder Vaughn J. Featherstone citou este versículo: “Em Isaías, pergunta o profeta: ‘Guarda, que houve de noite?’ Esta geração de jovens serão os futuros archoteiros (carregadores das tochas), possivelmente no período mais escuro do mundo”.[15] O significado intencionado por Isaías, da escuridão e opressão espirituais, está bem claro.

A resposta da sentinela aparece no versículo 12: “E disse o guarda: Vem a manhã, e também a noite; se quereis perguntar, perguntai; voltai, vinde”.[16] O fim da opressão—na antiguidade, o cativeiro da Babilônia—viria logo, mas depois disto haveria outra noite de escuridão espiritual, ou apostasia, e outro opressor. Sua resposta quer dizer: Pergunte novamente, mais tarde.[17]

O versículo 13 muda o enfoque, mas não o assunto: “Peso contra Arábia. Nos bosques da Arábia passareis a noite, ó viandantes de Dedanim”. Dedã—possivelmente o mesmo nome—fica localizada na Arábia.[18]

No versículo 14, descreve-se a situação difícil dos que estavam fugindo da devastação da Babilônia: “Saí com água ao encontro dos sedentos; moradores da terra de Tema, saí com pão ao encontro dos fugitivos”. O povo misericordioso de Tema proporcionaria água e pão para os que estavam fugindo dos estragos da guerra; Tema fica localizada na Arábia ao nordeste de Dedã.[19]

Como foi descrito no versículo 15, muitos fugiriam dos horrores da guerra: “Porque fogem de diante das espadas, de diante da espada desembainhada, e de diante do arco armado, e de diante do peso da guerra”.[20]

Os versículos 16 e 17 descrevem a queda iminente de uma tribo no norte da Arábia.[21] O versículo 16 declara: “Porque assim me disse o Senhor: Dentro de um ano, como os anos de jornaleiro, desaparecerá toda a glória de Quedar”. “A glória de Quedar”, como foi usado aqui, significa força militar.[22] Quedar era um dos filhos de Ismael e um ancestral de Muhammad, segundo alguns genealogistas árabes.[23] Um jornaleiro é um mercenário, ou um soldado que trabalha por um salário, tipicamente contratado para trabalhar por um período de tempo, que neste caso era um ano.

O versículo 17 conclui: “E os restantes do número dos flecheiros, os poderosos dos filhos de Quedar, serão diminuídos, porque assim disse o Senhor Deus de Israel”.[24]

NOTAS

[1]. Ver Isaías capítulos 19 e 20.
[2]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 898, p. 93.
[3]. Ver Mapa 2, da edição da Bíblia SUD em inglês para localizer estas nações antigas.
[4]. Ver Isaías 21:3, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 3a.
[5]. Brown et al., 1996, Número de Strong 2837, p. 366.
[6]. O versículo 5 contém um quiasma: Põem-se a mesa/estão de atalaia /comem//bebem/levantai-vos/untai o escudo.
[7]. Ver Isaías 52:8; 56:10; 62:6 e comentário pertinente.
[8]. Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 96.
[9]. Ver Isaías 2:7-9 e comentário pertinente.
[10]. Doutrina e Convênios 1:16.
[11]. Isaías 21:10, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 10a.
[12]. Ver Mapa Bíblico (na versão SUD da Bíblia em inglês) número 9.
[13]. Ver Gênesis 25:13-14.
[14]. Dicionário Bíblico—Seir.
[15]. Vaughn J. Featherstone, “Chamado Como Por Uma Voz do Céu”, A Liahona, Janeiro de 1984, p. 68.
[16]. O versículo 12 contém um quiasma: Vem a manhã, e também a noite/perguntar//perguntai/voltai, vinde.
[17]. Isaías 21:12, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 12a.
[18]. Ver Mapa Bíblico (na versão SUD da Bíblia em inglês) número 9.
[19]. Ver Mapa Bíblico (na versão SUD da Bíblia em inglês) número 9.
[20]. Os versículos 14 e 15 contêm um quiasma: Fugitivos/fogem/espadas//espada desembainhada/arco armado/peso da guerra.
[21]. Ver Mapa Bíblico (na versão SUD da Bíblia em inglês) número 9.
[22]. Ver Isaías 8:7; 10:18; 16:14; 17:3-4; 20:5; 22:18; 66:12.
[23]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 230.
[24]. Os versículos 16 e 17 contêm um quiasma: Porque assim me disse o Senhor/glória de Quedar/flecheiros//poderosos/ filhos de Quedar/assim o disse o Senhor, Deus de Israel.

CAPÍTULO 19: “Na Verdade São Loucos os Príncipes de Zoã; O Conselho Dos Sábios Conselheiros de Faraó Se Embruteceu”

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Este capítulo é um peso, ou profecia de condenação, a respeito do Egito. Fiel ao padrão de múltiplos níveis de significados, neste capítulo Isaías entrelaça profecias a respeito do Egito antigo e do moderno, bem como de seu equivalente moderno, a superpotência dos Estados Unidos da América. O conhecimento da história do Egito antigo serve como orientação, ajudando-nos a reconhecer nesta profecia que elementos pertencem ao Egito antigo ou moderno, quais pertencem ao Estados Unidos da América, e quais pertencem a ambos. É bastante claro que Isaías está falando sobre o future, porque os acontecimentos descritos neste capítulo, que iriam acontecer nos impérios desaparecidos do Egito e da Assíria, não aparecem em suas histórias. Nosso desafio é reconhecer atores modernos no cenário antigo de Isaías.

Por que há essa associação do Egito com os Estados Unidos da América? No capítulo 18 Isaías descreveu uma terra distante “que está além dos rios”, “que envia embaixadores por mar em navios de junco sobre as águas, dizendo: Ide, mensageiros velozes” à Israel dispersa.[1] A tribo de José, dividida entre seus dois filhos Efraim e Manassés, exibia aspectos da cultura egípcia—inclusive as línguas falada e escrita—bem depois das doze tribos estabelecerem-se na Terra Prometida. Suas escrituras foram escritas no egípcio, em placas de latão.[2] Os nefitas, descendentes de José, que haviam imigrado para o continente americano e recebido-o como sua terra de herança, escreveu as suas escrituras em egípcio reformado, usando as placas de latão como modelo.

A maioria dos habitantes atuais dos Estados Unidos da América são descendentes de José, que foram guiados pelas mãos do Senhor a saírem da Europa e outros lugares durante a época da colonização dos Estados Unidos, e mais tarde quando o evangelho foi pregado nestas áreas.[3] Leí profetizou: “…ninguém virá a esta terra a menos que seja trazido pela mão do Senhor”.[4] Os missionários que vão para a Israel dispersa nos últimos dias são principalmente membros da tribo de José. Eles levam o Livro de Mórmon, escrituras que relatam a história dos remanescentes da tribo de José, traduzido do egípcio reformado. Este elo cultural com o Egito antigo é representado simbolicamente pelos “navios de junco sobre as águas” que levam “mensageiros velozes” à Israel dispersa.[5]

O Egito antigo[6] ganhou destaque em mais ou menos 3100 a.C. quando o reino do Alto Egito conquistou o Baixo Egito. O rei Menes uniu o país e formou um governo nacional, um dos primeiros no mundo. Ele criou Mênfis como a capital, que se encontra atualmente perto de Cairo. Ele também criou a primeira dinastia, ou uma série de governantes da mesma família. Em sucessão, mais de 30 dinastias governaram o Egito antigo. Sua história é dividida pelos egiptólogos em três períodos caracterizados por governantes poderosos, conquistas militares e outros desenvolvimentos notáveis. Estes são:  O Antigo Império (2686-2181 a.C.), o Médio Império (1991-1786 a.C.), e o Novo Império (1570-1070 a.C.). Intervalos entre estes grupos, tipicamente durando vários anos, são caracterizados por dinastias fracas durante as quais a proeminência do Egito declinou.

O Antigo Império foi caracterizado pelas construções de pirâmides. Durante o Médio Império a influência do Egito cresceu e incluiu Núbia, Palestina, e Síria; e durante o Novo Império o Egito antigo tornou-se a maior potência do mundo. Depois do final da vigésima dinastia em 1070 a.C., o Egito começou a declinar rapidamente e foi dominado por entidades estrangeiras incluindo os governantes da Núbia, da Assíria, e da Pérsia. Alexander, o Grande, adicionou o Egito ao seu império em 332 a.C. e fundou a cidade de Alexandria, notável por seus museus e grandes bibliotecas de rolos de papiros, e os romanos conquistaram o Egito em 30 a.C. Os muçulmanos da Arábia tomaram a Alexandria e completaram a conquista do Egito em 642 d.C.

Embora não se saiba muitos fatos para conectar historicamente acontecimentos no Egito aos registrados na Bíblia até o reinado dos reis israelitas, durante a época dos Patriarcas, o Egito era um império poderoso (o Novo Império). A residência temporária de Abraão lá[7] sem dúvidas coincide com o desenvolvimento notável da astronomia no Egito. Foram mostradas “as estrelas e elas eram muito grandes…”[8]  a Abraão, que tinha em sua posse o Urim e Tumim.[9] O Senhor deu razões específicas para instruir Abraão desta maneira: “Abraão, mostro-te estas coisas antes de ires para o Egito, para que declare todas estas palavras”.[10] Grandes reformas religiosas—possivelmente inspiradas por Abraão—foram iniciadas por Akhenaton, que se tornou o rei do Egito em 1367 a.C. Entretanto, esta reforma enfureceu muitos egípcios e os sucessores restauraram a antiga religião politeísta. O Egito estava enfraquecido durante a época da proeminência de Israel sob os reinados de Saul, Davi, e Salomão e continuou a sua decadência durante os reinos subsequentes de Judá e Israel. Durante o tempo de Isaías, a proeminência do Egito como uma potência mundial já era coisa do passado e seu declínio sob governantes estrangeiro já havia começado.

No capítulo 19, Isaías prediz que o Egito seria ferido e destruído pelo Senhor. A destruição talvez coincidiu-se com as invasões de Alexandre, o Grande, da Roma ou dos invasores Árabes, ao que se refere ao Egito antigo; mas a maior parte desta profecia aplica-se ao equivalente moderno do Egito, ou seja, os Estados Unidos da América.[11] Depois de sua destruição o Senhor curará o Egito, e três nações modernas—chamadas por Isaías de Egito, Assíria, e Israel—serão abençoadas também.

No versículo 1, Isaías declara: “Peso do Egito. Eis que o SENHOR vem cavalgando numa nuvem ligeira, e entrará no Egito; e os ídolos do Egito estremecerão diante dele, e o coração dos egípcios se derreterá no meio deles”. A idolatria politeísta do Egito antigo é bem conhecida, e a idolatria difusiva da América moderna —o materialismo—foi descrita no capítulo 2 por Isaías.[12]

Que “nuvem ligeira” poderia entrar nos Estados Unidos da América atual, enviada pelo Senhor para destruir a idolatria? Uma possibilidade é uma repentina mudança política, que traria um período de escuridão espiritual e colapso econômico. Outras possibilidades incluem guerra nuclear, explosivos projetados para espalhar materiais radioativo mortais, uma onda de choque eletromagnética que desativaria eletrônicas e transmissão de energia elétrica, ou nuvens de produtos químicos tóxicos que se espalham rapidamente para exterminar multidões de pessoas. Parry et al. descreve a nuvem ligeira como um meio de transporte para o Senhor. Independentemente de sua natureza precisa [13], o Senhor permitiria a devastação trazida por esta nuvem ligeira.

O versículo 2 descreve conflitos internos devastadores; isto não caracteriza a destruição do monarca do Egito antigo, que foi invadido sucessivamente por entidades estrangeiras: “Porque farei com que os egípcios, se levantem contra os egípcios, e cada um pelejará contra o seu irmão, e cada um contra o seu próximo, cidade contra cidade, reino contra reino”. O cumprimento desta profecia talvez tenha começado com a Guerra Civil Americana, mas sem dúvidas ainda será completamente cumprida no futuro. O interessante aqui é que os conflitos coincidem com o colapso dos elementos sociais inclusive a família, vizinhança e cidades, bem como de nações e reinos.[14] Quais circunstancias atuais vemos ao nosso redor que se tornarão na anarquia descrita por Isaías? O Senhor, entretanto, não permitirá a auto destruição dos Estados Unidos da América, contanto que Ele ainda possa usar o presente governo como uma influência estabilizadora mundial, para permitir que o evangelho continue a espalhar-se por toda a Terra.

No versículo 3, Isaías continua sua descrição da anarquia predita: “E o espírito do Egito se esvaecerá no seu interior, e destruirei o seu conselho; e eles consultarão aos seus ídolos, e encantadores, e aqueles que têm espíritos familiares e feiticeiros”. “O espírito do Egito se esvaecerá” provavelmente significa que os grandes princípios fundamentais estabelecidos pelos fundadores da nação dos Estados Unidos serão abandonados e rejeitados. As crenças religiosas reduzir-se-ão ao espiritismo e às feitiçarias. “Aqueles que têm espíritos familiares” são aqueles que dizem se comunicar com os mortos.[15]

Os versículos 1 até 3 contêm um quiasma:

(1) Peso do Egito. Eis que o SENHOR vem cavalgando numa nuvem ligeira, e entrará no Egito;
A: e os ídolos do Egito estremecerão diante dele, e o coração dos egípcios se derreterá no meio deles.
B: (2) Porque farei com que
C: os egípcios, se levantem contra os egípcios,
D: e cada um pelejará contra o seu irmão,
D: e cada um contra o seu próximo,
C: cidade contra cidade,
B: reino contra reino.
A: (3) E o espírito do Egito se esvaecerá no seu interior, e destruirei o seu conselho; e eles consultarão aos seus ídolos, e encantadores, e aqueles que têm espíritos familiares e feiticeiros.

Se este quiasma for lido em ordem reflexiva,  começando do primeiro elemento no lado ascendente, e depois o seu reflexivo no lado descendente, e assim por diante até chegar ao enfoque central do quiasma, um padrão informativo emerge: “Peso do Egito. Eis que o SENHOR vem cavalgando numa nuvem ligeira, e entrará no Egito; e os ídolos do Egito estremecerão diante dele, e o coração dos egípcios se derreterá no meio deles. E o espírito do Egito se esvaecerá no seu interior, e destruirei o seu conselho; e eles consultarão aos seus ídolos, e encantadores, e aqueles que têm espíritos familiares e feiticeiros. Porque farei com que reino [se levantem] contra reino, os egípcios se levantem contra os egípcios, cidade contra cidade, e cada um pelejará contra o seu irmão, e cada um contra o seu próximo”.

Quando o quiasma é lido desta forma, uma sucessão lógica de eventos emerge: Primeiro, um evento cataclísmico, ou “ato de Deus”; depois o fracasso dos princípios fundamentais do governo; seguido pela dependência em idolatria, superstição e feitiçaria ao invés da prática dos verdadeiros princípios religiosos. Os conflitos, e logo a dissolução acontecem—primeiro entre reinos, em seguida contra compatriotas; cidades revoltando-se contra outras cidades, e famílias e vizinhos desintegrando-se. O resultado seria anarquia e caos.

No versículo 4, a anarquia será substituída pela dominação e servidão: “E entregarei os egípcios nas mãos de um senhor cruel, e um rei rigoroso os dominará, diz o Senhor, o SENHOR dos Exércitos”. O cumprimento desta profecia pode ter ocorrido com os invasores estrangeiros conquistando o Egito antigo, inclusive os governantes da Núbia, Assíria, e Pérsia, Alexander o Grande, os Romanos, e os Muçulmanos; porém o atual “senhor cruel” e “rei rigoroso” governando sobre a nação decaída dos Estados Unidos, ainda está para ser cumprido. Um significado alternativo em hebraico para “senhor cruel” é “mestres cruéis”.[16] Devido aos conflitos dividindo os reinos, as nações, as cidades, as famílias e vizinhanças, o análogo atual do Egito antigo será deixado debilitado e vulnerável militarmente e será facilmente conquistado por um “senhor cruel”.

Os versículos 3 e 4 contêm um quiasma:

A: (3) E o espírito do Egito se esvaecerá no seu interior, e destruirei o seu conselho; e eles consultarão aos seus ídolos, e encantadores, e aqueles que têm espíritos familiares e feiticeiros.
B: (4) E entregarei os egípcios nas mãos
C: de um senhor cruel,
C: e um rei rigoroso
B: os dominará,
A: diz o Senhor, o SENHOR dos Exércitos.

“Ídolos, e encantadores, e aqueles que têm espíritos familiares e feiticeiros” contrasta-se com “o Senhor, o SENHOR dos Exércitos”. Ao invés de colocarem sua confiança no Senhor, o homólogo atual do Egito iria contar com magia, espiritismo e idolatria. “Entregarei os egípcios nas mãos” complementa “os dominará”, indicando que o Senhor permitiria que esta transição de poder acontecesse. Sem a proteção do Senhor, um rei rigoroso e cruel governará sobre os Estados Unidos da América moderno.

Os versículos 5 até 10 descrevem calamidades econômicas que acompanharão estes acontecimentos políticos. O versículo 5 começa: “E secarão as águas do mar, e o rio se esgotará e secará”.

A proeminência do Egito antigo era baseada na sua força econômica, derivada das abundantes colheitas cultivadas nos solos férteis ao longo do Rio Nilo.[17] Estes solos eram renovados cada ano, durante a enchente anual do Rio Nilo, que se correspondiam com as chuvas sazonais no interior africano ao sul. A falta de água do mar e do rio incapacitaria totalmente o Egito economicamente, mas tal ocorrência não se encontra nos registros históricos do antigo Egito— exceto acontecimentos como os sete anos de fome durante a época de José: “E as sete vacas feias à vista e magras, que subiam depois delas, são sete anos, e as sete espigas miúdas e queimadas do vento oriental, serão sete anos de fome”.[18] A fome foi causada pelo “vento oriental”, um vento forte, seco e quente vindo dos desertos do Oriente Médio que não permitiam que as safras crescessem. Isto afetou toda a região, não somente o Vale do Nilo.[19]

Ludlow, em seu comentário do capítulo 19, afirma que a profecia de Isaías sobre a calamidade econômica foi cumprida no Egito moderno com a construção da Represa Alta de Assuã.[20] Entretanto, relatos terríveis de desastres social, econômico e ecológico devido a construção da represa são, em grande parte, propagandas políticas, como mostrado por subsequentes estudos científicos. A Represa Alta de Assuã é, em fato, uma das melhores represas do mundo por causa dos grandes benefícios que trouxe para o Egito moderno e seu povo.[21]

Na década dos 1950 os americanos concordaram em prover fundos financeiros para a construção da Represa Alta de Assuã, que tomaria o lugar de uma estrutura antiga que provou ser inadequada para controlar enchentes catastróficas. Por várias razões, os americanos ficaram descontentes com o presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser, e retirou sua oferta de ajuda financeira. A União Soviética rapidamente adiantou-se, oferecendo para fornecer financiamento e conhecimento técnico. Estes eventos resultaram em considerável rivalidade entre as superpotências da época da Guerra Fria, ou seja, os Estados Unidas da América e a União Soviética. As agências e os jornalistas americanos criaram uma avalanche de propagandas negativas depois que a represa estava pronta, dizendo que a represa foi um desastre econômico, social e ecológico de proporções assustadoras.[22]

A construção da Represa Alta de Assuã—que terminou em 1964—ajudou na estabilização do fluxo do Rio Nilo, minimizando as inundações anuais. Ainda que a renovação anual do solo por meio de depósito de novo sedimento tenha cessado—fazendo necessário o uso de fertilizantes sintéticos—o estabelecimento de povoados permanentes na planície de inundação do rio tem permitido a implementação de métodos modernos mecanizados de cultivo. Apesar do número de peixes haver reduzido por alguns anos por causa da mudança das condições ecológicas, tanto no Rio Nilo quanto nas partes perto do Mar Mediterrâneo, a quantidade prévia de peixes retornou e uma nova indústria pesqueira formou-se no Lago Nasser, a reserva formada pela Represa Alta de Assuã.[23] Está claro que o desastre econômico predito por Isaías não se aplica aos efeitos da Represa Alta de Assuã; além disso, as referências de Isaías ao Egito aqui é um símbolo para os Estados Unidos da América atualmente.[24]

O versículo 6 continua: “Também os rios exalarão mau cheiro e se esgotarão e secarão os canais do Egito; as canas e os juncos murcharão”. “Os canais do Egito” eram para irrigação; as safras do Egito—incluindo o trigo para exportação—seriam destruídos sem estes canais.

O versículo 7 declara: “A relva junto ao rio, junto às ribanceiras dos rios, e tudo o que foi semeado junto ao rio, secará, será arrancado e não subsistirá”.

O versículo 8 declara: “E os pescadores gemerão, e suspirarão todos os que lançam anzol ao rio, e os que estendem rede sobre as águas desfalecerão”. A pesca era a maior indústria e fonte alimentar no Egito antigo.[25]

O versículo 9 diz: “E envergonhar-se-ão os que trabalham em linho fino, e os que tecem pano branco”. Os antigos egípcios eram conhecidos por sua habilidade em têxteis; faziam redes de pesca de linho.[26]

O versículo 10 conclui: “E os seus fundamentos serão despedaçados, e todos os que trabalham por salário ficarão com tristeza de alma”.[27] A tradução de Parry do Grande Pergaminho de Isaías apresenta o versículo 10 assim: “E os tecelões serão esmagados, e todos os assalariados entrarão em desespero”.[28]

Nestes versículos Isaías prediz uma paralização econômica total dos Estados Unidos, descrevendo-a em termos das proeminentes indústrias do Egito antigo.

Os versículos 11 até 14 descrevem as causas deste colapso social. O versículo 11 começa: “Na verdade são loucos os príncipes de Zoã; o conselho dos sábios conselheiros de Faraó se embruteceu; como, pois, a Faraó direis: Sou filho de sábios, filho de antigos reis?” Zoã era uma grande cidade no nordeste do delta do Nilo.[29] A dependência na reputação de ancestrais célebres, ao invés de em sua própria diligência e aplicação, prepara o caminho para este colapso.

O versículo 12 continua: “Onde estão agora os teus sábios? Notifiquem-te agora, ou informem-te sobre o que o Senhor dos Exércitos determinou contra o Egito”. O desaparecimento dos sábios indica insensatez predominante, ou o abandono de valores e princípios verdadeiros. “Notifiquem-te agora … o que o Senhor dos exércitos determinou contra o Egito” apresenta um desafio impossível para os que tem sua ética comprometida. A confusão toma o lugar da crença religiosa e a ignorância encobre os propósitos de Deus. A dependência nos princípios fundamentais divinamente inspirados será abandonada.

O versículo 13 declara: “Loucos tornaram-se os príncipes de Zoã, enganados estão os príncipes de Nofe”. Nofe, ou Mênfis, era a capital do Egito antigo;[30] as cidades mencionadas neste versículo são lugares governamentais de grande importância. “Eles fizeram errar o Egito, aqueles que são a pedra de esquina das suas tribos”.[31] “A pedra de esquina das suas tribos” significa os chefes de famílias,[32] que seriam enganados pelos príncipes e governantes.

O versículo 14 declara: “O Senhor derramou no meio dele um perverso espírito; e eles fizeram errar o Egito em toda a sua obra, como o bêbado quando se revolve no seu vômito”. A insensatez dos líderes políticos dos Estados Unidos da América causaria uma enorme crise moral, que afetaria todos os aspectos da vida pública e privada.

O versículo 15 é um resumo dos efeitos dos colapsos morais e econômico: “E não aproveitará ao Egito obra alguma que possa fazer a cabeça, a cauda, o ramo, ou o junco”. O resultado final do colapso econômico predominante, aludido nos versículos 6 até 10, será o desemprego. “A cabeça, a cauda, o ramo, ou o junco” significa os diferentes níveis sociais,[33] este mesmo simbolismo é usado no capítulo 9 por Isaías.[34]

O julgamento iminente do Senhor sobre este moderno homólogo do Egito causaria grande temor, descrito no versículo 16: “Naquele tempo os egípcios serão como mulheres, e tremerão e temerão por causa do movimento da mão do Senhor dos Exércitos, que há de levantar-se contra eles”. A ameaça do castigo do Senhor causaria grande temor.

Os versículos 14 até 16 contêm um quiasma:

A: (14) O Senhor derramou no meio dele um perverso espírito;
B: e eles fizeram errar o Egito em toda a sua obra,
C: como o bêbado quando se revolve no seu vômito.
D: (15) E não aproveitará ao Egito obra alguma
E: que possa fazer a cabeça, a cauda,
E: o ramo, ou o junco.
D: (16) Naquele tempo os egípcios serão como mulheres,
C: e tremerão
B: e temerão
A: por causa do movimento da mão do Senhor dos Exércitos, que há de levantar-se contra eles.

O lado ascendente do quiasma expressa uma insensatez, erro e bebedices predominantes, já do lado descendente expressa temor devido a estes atributos negativos. O colapso econômico desta superpotência moderna seria provocado pela insensatez predominante, ou pelo abandono de princípios morais orientadores.

Os Estados Unidos da América em um estado enfraquecido, depois do colapso econômico, temeriam grandemente os judeus, como foi descrito no versículo 17: “E a terra de Judá será um espanto para o Egito; todo aquele a quem isso se anunciar se assombrará, por causa do propósito do Senhor dos Exércitos, que determinou contra eles”. Aqueles que sabem dos juízos de Deus temerão por causa do poder que será dado à Judá.

Os versículos 18 até 21 afirmam que haveria algumas pessoas no homólogo moderno do Egito, apesar da grande iniquidade, que acreditariam no Senhor. O versículo 18 começa: “Naquele tempo haverá cinco cidades na terra do Egito [apenas algumas] que falarão a língua de Canaã”, que significa compreender as coisas do Espírito. “A língua de Canaã”, claro, é o hebraico, mas isto é simbólico do significado espiritual mais profundo. O versículo continua: “E farão juramento ao Senhor dos Exércitos; e uma se chamará: Cidade de destruição”. “Farão juramento ao Senhor” significa fazer convênios sagrados.

“Cidade de destruição” é traduzido do hebraico iyr-heh’res.[35] O uso de paronomásia (trocadilho) no hebraico forma esta palavra iyr-cherec, que significa “cidade do sol”,[36] ou Heliopolis em grego, Isaías prediz o destino da cidade: o lugar onde o sol era adorado será destruído. Heliopolis, uma cidade antiga do Baixo Egito, é atualmente ruínas. Este jogo sutil de palavras se perde na tradução.[37] Algumas traduções da Bíblia, como a Bíblia Inglesa Básica e a Vulgata Latina traduzem “cidade do sol”, já outras usam “cidade de destruição”, inclusive a versão de João Ferreira de Almeida[38] e a Reina-Valera de 2009 em espanhol.[39] Haverá uma analogia moderna para uma cidade antiga, que agora está destruída?

O versículo 19 continua a descrição daqueles que crerem, apesar da iniquidade desenfreada: “Naquele tempo o Senhor terá um altar no meio da terra do Egito, e uma coluna se erigirá ao Senhor, junto da sua fronteira”. A coluna, ou obelisco, na tradição egípcia, refere-se a um lugar sagrado.

O versículo 20 descreve o significado do altar e da coluna: “E servirá de sinal e de testemunho ao Senhor dos Exércitos na terra do Egito, porque ao Senhor clamarão por causa dos opressores, e ele lhes enviará um salvador e um protetor, que os livrará”. Aqueles que acreditarem no Senhor clamariam ao Senhor por libertação; o Senhor enviaria um libertador, um grande líder militar, que os libertaria. A tradução de “salvador” com letra minúscula indica que não está se referindo ao Senhor vindo em pessoa para libertá-los.

O versículo 21 descreve a profundidade da crença daqueles que sobreviveriam no Egito moderno: “E o Senhor se dará a conhecer ao Egito, e os egípcios conhecerão ao Senhor naquele dia, e o adorarão com sacrifícios e ofertas, e farão votos ao Senhor, e os cumprirão”.[40] Os sobreviventes farão convênios com o Senhor, e cumprirão estes convênios. Depois do colapso econômico desta superpotência moderna e sua conquista por um senhor ou rei cruel, uma nova ordem surgiria, baseada no conhecimento do evangelho verdadeiro e a verdadeira adoração ao Senhor. Os sobreviventes do colapso desta poderosa nação, representada aqui pelo Egito antigo, seguirão ao Senhor, obedecerão Seus mandamentos, e farão convênios com o Senhor.

Apesar do fato que o Egito será ferido pelo Senhor, o Senhor mostrará compaixão depois da destruição, como descrito no versículo 22: “E ferirá o Senhor ao Egito, ferirá e o curará; e converter-se-ão ao Senhor, e mover-se-á às suas orações, e os curará”.[41] A superpotência moderna, representada pelo Egito antigo, seria curada pelo Senhor depois do colapso.

O versículo 23 descreve o estabelecimento de relações amistosas entre antigos inimigos: “Naquele dia haverá estrada do Egito até à Assíria, e os assírios virão ao Egito, e os egípcios irão à Assíria; e os egípcios servirão com os assírios”. A estrada simboliza também o caminho da retidão;[42] isto sugere que as nações modernas, representadas por estas superpotências antigas, seguiriam o verdadeiro evangelho.

No versículo 24, Israel juntar-se-á com os outros países: “Naquele dia Israel será o terceiro com os egípcios e os assírios, uma bênção no meio da terra”. “O terceiro com” significa que Israel formará uma aliança amistosa com as outras duas nações mencionadas.

Finalmente, no versículo 25 as nações modernas, que Isaías compara com o Egito e a Assíria, serão abençoadas juntamente com Israel: “Porque o Senhor dos Exércitos os abençoará, dizendo: Bendito seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra de minhas mãos, e Israel, minha herança”.

NOTAS

[1]. Isaías 18:1-2.
[2]. Ver 1 Néfi 3:3.
[3]. Ver 3 Néfi 15:12-13; também Éter 13:6-8.
[4]. 2 Néfi 1:6.
[5]. Ver Isaías 18:2.
[6]. Leonard H. Lesko, Ancient Egypt [O Egito Antigo]: The World Book Encyclopedia 1986 edition, volume 6, pp. 91-100. Dr. Lesko é um Professor de Egiptologia na Brown University.
[7]. Ver Abraão 2:21-25.
[8]. Ver Abraão 3:1-14.
[9]. Ver Abraão 3:1.
[10]. Abraão 3:15.
[11]. Avraham Gileadi, The Book of Isaiah: A new translation with interpretive keys from The Book of Mórmon [O Livro de Isaías: Uma nova tradução com chaves interpretativas do Livro de Mórmon]: Deseret Book Co., Salt Lake City, Utah, 1988, p. 72-76.
[12]. Ver Isaías 2:8-18 e comentário pertinente.
[13].  Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 178.
[14]. Parry et al., p. 179.
[15]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 178, p. 15.
[16]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7186, p. 904.
[17]. Lesko.
[18]. Gênesis 41:27.
[19]. Ver Gênesis 41:27; 56-57.
[20]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 213-216.
[21]. Asit K. Biswas, Aswan Dam Revisited: The Benefits of a Much-Maligned Dam: [Represa de Assuã Revisitada: Os Benefícios da Represa Tão Difamada] Deutsche Stiftung Für Internationale Entwicklung, D+C Development e Cooperation, número 6, Novembro/Dezembro 2002, p. 25-27.
[22]. Biswas.
[23]. Sayed El-Sayed e Gert L. Van Dijken, The Southeastern Mediterranean Ecosystem Revisited: Thirty Years After the Construction of the Aswan High Dam [O Ecosistema Sudeste Mediterrâneo Revisitado: Trinta anos depois da Construção da Represa Alta de Assuã]: The Quarterdeck, Texas A&M University, Departmento de Oceanografía, College Station, Texas 77843-3146, vol. 3, número 1, 1995, p.1-4.
[24]. Gileadi.
[25]. Lesko.
[26]. Lesko.
[27]. Os versículos 8 até 10 contêm um quiasma: Pescadores/todos os que lançam anzol ao rio/desfalecerão/os que trabalham em linho fino//os que tecem pano branco/os seus fundamentos serão despedaçados/todos os que trabalham por salário/ficarão com tristeza de alma.
[28]. Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 93.
[29]. Ver Mapa Bíblico (na versão SUD da Bíblia em inglês) número 2.
[30]. Lesko.
[31]. Os versículos 11 até 13 contêm um quiasma: São loucos os príncipes de Zoã/sábios conselheiros de Faraó/filho de sábios//filho de antigos reis/onde estão agora os teus sábios?/Loucos tornaram-se os príncipes de Zoã.
[32]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6438, p. 819.
[33]. Ver Isaías 19:15, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em Inglês 15a.
[34]. Ver Isaías 9:14.
[35]. Brown et al., 1996, Número de Strong 2041, p. 249; também Strong’s número 5892, p. 746.
[36]. Brown et al., 1996, Número de Strong 2775, p. 357; também Strong’s número 5892, p. 746.
[37]. J. R. Dummelow, The One Volume Bible Comentário[Comentário Bíblico de Um Volume]: Macmillan Publishing Company, New York, NY, 1909, p. 429.
[38]. Uma variedade de traduções da Bíblia está disponível na “The Unbound Bible” [“A Bíblia Desencadernada]”, online at http://unbound.biola.edu. Este site é provido e mantido pela Biola University [Universidade Biola], Administrative Computing [Computação Administrativa], 3800 Biola Ave., La Mirada, California 90639.
[39]. Santa Bíblia, Reina-Valera, 2009: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Salt Lake City, Utah, E.U.A.
[40]. Versículo 21 contém um quiasma: O Senhor/se dará a conhecer/Egito//os egípcios/conhecerão/ao Senhor.
[41]. Versículo 22 contém um quiasma: Ferirá o Senhor ao Egípto, ferirá e o curará/converter-se-ão /ao Senhor//mover-se-á/às suas orações/os curará.
[42]. Ver Isaías 11:16; 35:8; 40:14; 49:11 e comentário pertinente.

CAPÍTULO 14: “Como Já Cessou O Opressor, Como Já Cessou A Cidade Dourada!”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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O capítulo 14, que continua a predição da destruição da Babilônia, que começou no capítulo 13, contém cinco partes. A primeira, abrangendo os versículos 1 até 3, proclama a misericórdia do Senhor sobre Israel, que será reunida e desfrutará de um descanso milenar. A segunda parte, compreendendo os versículos 4 até 11, prediz a derrota e a desonra do rei da Babilônia; e a terceira parte, abrangendo os versículos 12 até 23, compara o rei da Babilônia com Lúcifer, que foi expulso dos céus por causa de sua rebelião. A quarta parte, do versículo 24 até ao versículo 27, prediz e promete que o Senhor livrará Seu povo dos agressores assírios; e a quinta parte, abrangendo os versículos 28 até 32, prediz a destruição da Palestina. Esta profecia refere-se tanto à Babilônia antiga quanto à Babilônia dos últimos dias, isto é, o mundo pecador antes da Segunda Vinda do Senhor. Néfi cita este capítulo por completo com variações em diversos versículos. Compare 2 Néfi 24.

Nos versículos 1 até 3 Isaías proclama a misericórdia do Senhor sobre Israel, que será reunida e desfrutará de um descanso milenar. O versículo 1 declara: “Porque o SENHOR se compadecerá de Jacó, e ainda escolherá a Israel e os porá na sua própria terra; e ajuntar-se-ão com eles os estrangeiros, e se achegarão à casa de Jacó”. “Estrangeiros” é traduzida de uma palavra hebraica que significa “peregrinos”.[1] Os prosélitos que não faziam parte do Convênio Abraâmico, mas que receberiam a religião verdadeira nos últimos dias, também ajudarão a cumprir o Convênio Abraâmico.[2]

O versículo 2 começa: “E os povos os receberão, e os levarão aos seus lugares” ― O Livro de Mórmon adiciona uma frase aqui: Sim, desde os confins da Terra; e voltarão para suas terras de promissão”.[3] A versão de João Ferreira de Almeida continua: “e a casa de Israel os possuirá por servos, e por servas, na terra do Senhor; e cativarão aqueles que os cativaram, e dominarão sobre os seus opressores”. Este versículo prediz a coligação dos remanescentes de Israel nos últimos dias; eles nunca mais seriam oprimidos, mas reinariam sobre os seus opressores.

Os versículos 1 e 2 contêm um quiasma:

A: (1) Porque o SENHOR se compadecerá de Jacó,
B: e ainda escolherá a Israel e os porá na sua própria terra;
C: e ajuntar-se-ão com eles os estrangeiros,
D: e se achegarão à casa de Jacó.
E: (2) E os povos os receberão,
E: e os levarão aos seus lugares; Sim, desde os confins da Terra; e voltarão para suas terras de promissão.
D: e a casa de Israel
C: os possuirá
B: por servos e por servas, na terra do Senhor; e cativarão aqueles que os cativaram,
A: e dominarão sobre os seus opressores.

“O Senhor se compadecerá de Jacó” é complementado por “dominarão os seus opressores”, isto é, através da compaixão do Senhor Jacó dominará os seus opressores. “Os porá na sua própria terra” compara-se com “na terra do Senhor”. A terra prometida aos filhos de Israel é mencionada como sendo a terra do Senhor. “E ajuntar-se-ão com eles os estrangeiros” complementa “os possuirá”, mostrando que seus antigos opressores serão servos dos filhos de Israel. “A casa de Jacó” é equivalente à “casa de Israel”; “os receberão” corresponde à frase “os levarão aos seus lugares”. Israel voltará à sua própria terra, tendo ganho a vitória sobre seus opressores. Os antigos opressores de Israel, que se uniriam à casa de Jacó, tornar-se-iam seus servos.

O versículo 3 continua: “E acontecerá que no dia em que o Senhor vier a dar-te descanso do teu sofrimento, e do teu pavor, e da dura servidão com que te fizeram servir” —[4] O versículo seguinte continua a sentença, mas o assunto muda.

Os versículos 4 até 11 predizem a derrota e desonra do rei da Babilônia. O versículo 4 continua a sentença iniciada no versículo 3: “Então proferirás este provérbio contra o rei da Babilônia, e dirás: Como já cessou o opressor, como já cessou a cidade dourada!” “Provérbio” significa “sentença moral” ou “poema”.[5] O Livro de Mórmon adiciona: “E acontecerá naquele dia”, no começo deste versículo,[6] indicando que pelo menos algumas das profecias seriam cumpridas nos últimos dias. O “provérbio” ou “poema” abrange os versículos 4 até 21.

O versículo 5 declara, “Já quebrantou o Senhor o bastão dos ímpios e o cetro dos dominadores”. O Livro de Mórmon usa “os cetros dos governantes”.[7] O paralelismo nesta sentença leva-nos à conclusão de que os governantes derrotados, tornaram-se tão iníquo, que o Senhor destruiu seus regimes corruptos.

O versículo 6 continua: “Aquele que feria aos povos com furor, com golpes incessantes, e que com ira dominava sobre as nações agora é perseguido, sem que alguém o possa impedir”. “Com golpes incessantes” significa que este governante iníquo infligiria continuamente dores e lesões sobre o povo. Esta declaração descreve a iniquidade tanto do rei da Babilônia antiga quanto de seu equivalente moderno.

O versículo 7 descreve as condições depois da derrota do tirano: “Já descansa, já está sossegada toda a terra; rompem cantando”. O Livro de Mórmon apresenta: “…eles rompem em cânticos”. Ninguém lamenta a perda deste tirano.

O versículo 8 usa uma metáfora com árvores[8] para descrever o grande alívio dos governantes das nações menores: “Até as faias se alegram sobre ti, e os cedros do Líbano, dizendo: Desde que tu caíste ninguém sobe contra nós para nos cortar”. O Livro de Mórmon apresenta: “…e também os cedros do Líbano, dizendo: Desde que tu caíste, nenhum lenhador subiu contra nós”.[9] “Faias” é traduzida de uma palavra hebraica que significa “cipreste”, “zimbro”, “abeto” ou “pinheiro”.[10]

Esta metáfora foi usada antes por Isaías, no capítulo 2:

“Porque o dia do Senhor dos Exércitos será contra todo o soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido;
“E contra todos os cedros do Líbano, altos e sublimes; e contra todos os carvalhos de Basã.”[11]

Note que a primeira sentença provê a interpretação da metáfora.

O versículo 9 continua a retórica dos líderes das nações menores: “O inferno desde o profundo se turbou por ti, para te sair ao encontro na tua vinda; despertou por ti os mortos, e todos os chefes da terra, e fez levantar dos seus tronos a todos os reis das nações”.

“Inferno” foi traduzido da palavra hebraica sheol, que significa o mundo dos espíritos que partiram.[12] O significado original desta palavra não tinha uma conotação de punição.

No versículo 10, os príncipes da terra continuam a zombar do rei da Babilônia: “Estes todos responderão, e te dirão: Tu também adoeceste como nós, e foste semelhante a nós”.

Os versículos 8 até 10 contêm um quiasma:

A: (8) Até as faias se alegram sobre ti,
B: e os cedros do Líbano, dizendo:
C: Desde que tu caíste nenhum lenhador sobe contra nós para nos cortar.
D: (9) O inferno desde o profundo se turbou por ti,
E: para sair ao teu encontro
E: na tua vinda;
D: despertou por ti os mortos, e todos os chefes da terra,
C: e fez levantar dos seus tronos
B: a todos os reis das nações.
A: (10) Estes todos responderão, e te dirão: Tu também adoeceste como nós, e foste semelhante a nós.

“Até as faias se alegram sobre ti” corresponde à “Estes todos [os reis] responderão, e te dirão”. A frase “Os cedros do Líbano” é equivalente à frase “reis das nações”; observe a chave dada aqui por Isaías para se entender o simbolismo das árvores, que representam os reis das nações. “Desde que tu caíste” contrasta-se com “fez levantar”; “o inferno desde o profundo se turbou por ti” complementa “despertou por ti os mortos”; e “sair ao teu encontro na tua vinda” forma o enfoque do quiasma. Os governantes das nações, que estavam sendo ameaçados pelo o rei da Babilônia, se alegraram com sua morte.

A zombaria dos príncipes contra o rei da Babilônia, continua no versículo 11: “Já foi derrubada na sepultura a tua soberba com o som das tuas violas; os vermes debaixo de ti se estenderão, e os bichos te cobrirão”. O Livro de Mórmon apresenta “o som dos teus alaúdes não é ouvido”.[13]

Os versículos 12 até 23 comparam o rei da Babilônia a Lúcifer, que foi expulso dos céus por sua rebelião. Esta profecia não só se refere ao antigo rei da Babilônia; haverá um equivalente moderno que ainda não foi manifestado. Este equivalente moderno estará determinado a avançar os propósitos de Satanás, tanto quanto o antigo rei da Babilônia.

O versículo 12 é um lamento profético: “Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações!” O rei da Babilônia foi comparado aqui a Lúcifer, o filho da manhã decaído. “Lúcifer” vem de uma palavra hebraica que significa “portador da luz” ou “estrela da manhã”;[14] portanto o nome “Lúcifer” descreve a alta posição no mundo pré-mortal de onde ele caiu por rebeldia, para chegar a ser Satanás. A morte de Lúcifer foi espiritual, já a do rei da Babilônia foi física.

Foi mostrado numa grande visão a Joseph Smith e a Sidney Rigdon o decaído Lúcifer e a origem de Satanás:

“E isto também vimos e testificamos: Que um anjo de Deus, que possuía autoridade na presença de Deus, que se rebelou contra o Filho Unigênito, a quem o Pai amava e que estava no seio do Pai, foi expulso da presença de Deus e do Filho,
“E foi chamado Perdição, porque os céus prantearam por ele—ele era Lúcifer, um filho da manhã.
“E olhamos, e eis que ele caiu! Caiu, ele, um filho da manhã![15]

Os versículos 11 e 12 contêm um quiasma:

A: (11) Já foi derrubada
B: na sepultura a tua soberba com o som das tuas violas não é ouvido;
C: os vermes debaixo de ti se estenderão,
C: e os bichos te cobrirão.
B: (12) Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva!
A: Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações!

Neste quiasma a expulsão de Lúcifer dos céus é um símbolo da morte do rei da Babilônia. “Já foi derrubada” é equivalente a “foste cortado por terra”; “na sepultura a tua soberba” corresponde à “como caíste desde o céu”; e a frase “os vermes debaixo de ti se estenderão” corresponde-se à frase “os bichos te cobrirão”. Como já foi mencionado, a morte de Lúcifer foi espiritual; a do rei da Babilônia foi física.

O versículo 12 contém um quiasma:

A: (12) Como caíste desde o céu,
B: ó Lúcifer,
B: filho da alva!
A: Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações!

“Como caíste desde o céu” é equivalente à “como foste cortado por terra”; note que a primeira frase refere-se a Lúcifer, mas a frase equivalente refere-se ao rei da Babilônia. “Lúcifer” é um sinônimo para “filho da alva!”, dando a definição do nome.  Lúcifer era um dos filhos espirituais mais velhos do Pai Celestial, e desfrutava de grande honra e poder no mundo pré-mortal, antes da sua queda ignominiosa. Da mesma maneira, o rei da Babilônia desfrutou de grande glória e honra antes de sua morte.

Os versículos 13 e 14 continua o “provérbio”, ou uma expressão com fundo moral, descrevendo a arrogância e rebelião de Lúcifer. O versículo 13 declara: “E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte”. De acordo com as crenças Babilônicas, o norte era o lugar onde habitavam os deuses.[16] A ambição cega de Lúcifer é um símbolo para a do rei da Babilônia.

O versículo 14 continua: “Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo”. Tanto Lúcifer quanto o rei da Babilônia procuraram exaltar a si mesmos, e serem como Deus.

Foi mostrado também a Joseph Smith e a Sidney Rigdon a rebelião e a hostilidade de Satanás para com os santos de Deus: “…vimos Satanás, aquela antiga serpente, sim, o diabo, que se rebelou contra Deus e procurou tomar o reino de nosso Deus e seu Cristo—Portanto ele faz guerra aos santos de Deus e cerca-os”.[17]

O Senhor explica com mais detalhes:

“Mas eis que em verdade vos digo: Antes que passe a Terra, Miguel, meu arcanjo, soará sua trombeta e então todos os mortos despertarão, pois suas sepulturas serão abertas e eles surgirão—sim, todos.
“E os justos serão reunidos a minha direita para a vida eterna; e os iníquos a minha esquerda, envergonhar-me-ei de reivindicar perante o Pai;
“Portanto eu lhes direi: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.
“E agora, eis que vos digo que nunca, em tempo algum, declarei de minha própria boca que eles voltariam, pois onde eu estou eles não podem vir, porque não têm poder.
“Lembrai-vos, porém, de que aos homens não são dados todos os meus juízos; e assim como as palavras saíram de minha boca, assim serão cumpridas, para que os primeiros sejam os últimos e para que os últimos sejam os primeiros em todas as coisas que eu criei pela palavra de meu poder, que é o poder de meu Espírito.”[18]

Os versículos 13 e 14 contêm um quiasma:

A: (13) E tu dizias no teu coração: Eu subirei
B: ao céu;
C: acima das estrelas de Deus
D: exaltarei
D: o meu trono,
C: e no monte da congregação me assentarei,
B: aos lados do norte.
A: (14) Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.

“Eu subirei” corresponde à frase “subirei sobre as alturas das nuvens”; “ao céu” comparara-se com a frase “aos lados do norte”; e “acima das estrelas de Deus” reflete-se “no monte da congregação”. O enfoque e sua reflexão são “exaltarei” e “o meu trono”. Os desejos de Lúcifer de “subir ao céu” e exaltar o seu trono “acima das estrelas de Deus” é semelhante ao desejo do rei da Babilônia de assentar-se “no monte da congregação” “nas extremidades do norte”. Para ambos, o maior desejo era o de subir “acima das alturas das nuvens”, e ser “semelhante ao Altíssimo”. Para cada um deles, o que lhes motivavam grandemente era a obtenção de um poder incomparável.

Revelações modernas proveem detalhes adicionais a respeito da queda de Lúcifer:

“E Eu, o Senhor Deus, falei a Moisés, dizendo: Aquele Satanás a quem tu deste ordem em nome de meu Unigênito é o mesmo que existiu desde o princípio; e ele apresentou-se perante mim, dizendo: Eis-me aqui, envia-me; serei teu filho e redimirei a humanidade toda, de modo que nenhuma alma se perca; e sem dúvida eu o farei; portanto dá-me a tua honra.
“Mas eis que meu Filho Amado, que foi meu Amado e meu Escolhido desde o princípio, disse-me: Pai, faça-se a tua vontade e seja tua a glória para sempre.
“Portanto, por ter Satanás se rebelado contra mim e procurado destruir o arbítrio do homem, o qual eu, o Senhor Deus, lhe dera; e também por querer que eu lhe desse meu próprio poder, fiz com que ele fosse expulso pelo poder do meu Unigênito.
“E ele tornou-se Satanás, sim, o próprio diabo, o pai de todas as mentiras, para enganar e cegar os homens e levá-los cativos segundo sua vontade, sim, todos os que não derem ouvidos a minha voz.[19]

Elder Joseph Anderson explicou esta passagem:

“Dá à entender que visto que na existência pré-mortal, naquele estado espiritual, os espíritos tiveram seu livre arbítrio, havia diferentes graus de obediência lá, diversos graus de retidão. Lúcifer exerceu seu livre arbítrio quando rebelou-se contra o Pai, mas teve que pagar as consequências de sua rebelião e ainda está pagando, bem como aqueles espíritos que o seguiram. Foi-lhes negado o privilégio de tomarem sobre si a mortalidade, e isto tem sido uma grande maldição e desapontamento para eles.”[20]

Continuando com o versículo 15, o rei da Babilônia e seu equivalente moderno são ainda mais menosprezados: “E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo”.

Os versículos 13 até 15 contêm um quiasma:

(13) E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação
A: me assentarei, aos lados do norte.
B: (14) Subirei sobre as alturas das nuvens,
C: e serei semelhante ao Altíssimo.
C: (15) E contudo levado
B: serás [levado] ao inferno
A: [levado] ao mais profundo do abismo.

Os elementos emparelhados deste quiasma formam uma série de contrastes literários. “Aos lados do norte” contrasta-se com “ao mais profundo do abismo”. “Subirei sobre as alturas das nuvens” é o oposto de “serás [levado] ao inferno”, e “serei semelhante ao Altíssimo” contradiz “contudo levado”. O lado ascendente do quiasma descreve as ambições altivas, mas malévolas que caracterizavam tanto a Lúcifer quanto ao rei da Babilônia; o lado descendente revela o resultado ignominioso.

Os versículos 16 e 17 apresentam uma pergunta retórica. O versículo 16 declara: “Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão, e dirão: É este o homem que fazia estremecer a terra e que fazia tremer os reinos?” Esta declaração refere-se ao decaído rei da Babilônia e seu equivalente moderno. “Contemplarão” foi traduzido de uma palavra hebraica que significa “olhar atentamente”.[21]

O versículo 17 completa a pergunta retórica que começou no versículo 16: “Que punha o mundo como o deserto, e assolava as suas cidades? Que não abria a casa de seus cativos?” Este tirano destruiu cidades, tomou cativos, e despovoou muitas terras. Temor, ou terror, foi a influência preeminente exercida pelo déspota destronado.

Os versículos 18 e 19 contrastam o tratamento do derrotado rei da Babilônia com os sepultamentos dos reis. O versículo 18 começa: “Todos os reis das nações, todos eles, jazem com honra, cada um na sua morada”. O Livro de Mórmon substitui “…sim, todos eles…”.[22] “Sua morada” significa “a sepultura de sua família”.[23]

O versículo 19 continua a comparação: “Porém tu és lançado da tua sepultura, como um renovo abominável, como as vestes dos que foram mortos atravessados à espada, como os que descem ao covil de pedras, como um cadáver pisado”. O Livro de Mórmon apresenta “…como um ramo abominável…”.[24] “Ramo abominável” significa “um ramo rejeitado, podado e desprezado”.[25]

O versículo 20 revela a razão para tal desonra: “Com eles não te reunirás na sepultura; porque destruíste a tua terra e mataste o teu povo; a descendência dos malignos não será jamais nomeada”.

Os versículos 17 até 20 contêm um quiasma:

A: (17) Que punha o mundo como o deserto, e assolava as suas cidades? Que não abria a casa de seus cativos? (18) Todos os reis das nações, todos eles, jazem com honra, cada um na sua morada.
B: (19) Porém tu és lançado da tua sepultura,
C: como um renovo abominável,
D: como as vestes dos que foram mortos atravessados à espada,
D: como os que descem ao covil de pedras,
C: como um cadáver pisado.
B: (20) Com eles não te reunirás na sepultura;
A: porque destruíste a tua terra e mataste o teu povo; a descendência dos malignos não será jamais nomeada.

“Que punha o mundo como o deserto, e assolava as suas cidades?” complementa “destruíste a tua terra e mataste o teu povo”; “tu és lançado da tua sepultura” é esclarecido pela frase “com eles não te reunirás na sepultura”. “Como um renovo abominável” é o mesmo que “como um cadáver pisado”; e a frase “como as vestes dos que foram mortos atravessados à espada” complementa “como os que descem ao covil de pedras”, que forma o enfoque do quiasma.

O versículo 21 continua: “Preparai a matança para os seus filhos por causa da maldade de seus pais, para que não se levantem, e nem possuam a terra, e encham a face do mundo de cidades”.[26] O Livro de Mórmon apresenta “…por causa da iniquidade de seus pais…”.[27] Não só seria destruído o rei da Babilônia e seu corpo profanado, mas seus filhos seriam abatidos também, para evitar que outra geração subisse ao poder e continuassem esse regime injusto.[28] O tratamento divinamente mandatados para este tirano e seus herdeiros é de exterminação, para prevenir a ascensão de outra dinastia injusta.

O Senhor está envolvido nesta atrocidade aparentemente cruel, como foi explicado no versículo 22: “Porque me levantarei contra eles, diz o SENHOR dos Exércitos, e extirparei da Babilônia o nome, e os sobreviventes, o filho e o neto, diz o SENHOR”.

Os versículos 21 e 22 contêm um quiasma:

A: (21) Preparai a matança para os seus filhos
B: por causa da maldade de seus pais,
C: para que não se levantem,
D: e nem possuam a terra,
D: e [nem] encham a face do mundo de cidades.
C: (22) Porque me levantarei contra eles, diz o SENHOR dos Exércitos,
B: e extirparei da Babilônia
A: o nome, e os sobreviventes, o filho e o neto, diz o SENHOR.

“Os seus filhos” complementa “o nome, e os sobreviventes, o filho e o neto”, provendo uma explicação mais ampla. “Maldade de seus pais” compara-se com “Babilônia”. Este significado simbólico é bem conhecido, mas aqui Isaías estabelece a conotação através da estrutura do quiasma. “Para que não se levantem” contrasta-se com “me levantarei contra eles”, que descreve o propósito do Senhor para a destruição decretada. “Nem possuam a terra” contrasta-se com “encham a face do mundo de cidades”, que forma o enfoque do quiasma e descreve a mensagem intencionada.

O versículo 23 relembra-nos de que a Babilônia nunca mais seria habitada: “E farei dela uma possessão de ouriços e a lagoas de águas; e varrê-la-ei com vassoura de perdição, diz o Senhor dos Exércitos”.[29] “Ouriço” é o fruto da castanha, constituído por uma cápsula espinhosa com uma semente dentro.[30]  “Ouriço” foi traduzido de uma palavra hebraica que significa “porco-espinho”.[31]

A quarta parte deste capítulo, abrangendo os versículos 24 até 27, representa uma mudança brusca de assunto. Predizendo e prometendo que o Senhor livrará Seu povo dos agressores assírios. Isaías predisse este acontecimento antes, no capítulo 10.[32] O antigo cumprimento desta profecia está registrado em 2 Reis 18 e 19 e em Isaías 36 e 37.

Os versículos 24 e 25 descrevem a destruição dos assírios. O versículo 24 começa: “O Senhor dos Exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará”. O Senhor jura que será como Ele pensou e planejou, que Ele derrotaria os exércitos dos assírios.

O versículo 25 continua: “Quebrantarei a Assíria na minha terra, e nas minhas montanhas a pisarei, para que o seu jugo se aparte deles e a sua carga se desvie dos seus ombros”.[33] O Livro de Mórmon substitui “quebrantarei” por trarei.[34] “Na minha terra, e nas minhas montanhas” significa que isto aconteceria em Judá;[35] além disso, este acontecimento terminaria com a subordinação de Judá à Assíria.

O cumprimento desta profecia ocorreu quando 185.000 homens dos exércitos assírios foram destruídos durante a noite por um anjo do Senhor, enquanto eles estavam sitiando a cidade de Jerusalém:

“Sucedeu, pois, que naquela mesma noite saiu o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil deles; e, levantando-se pela manhã cedo, eis que todos eram cadáveres.
“Então Senaqueribe, rei da Assíria, partiu, e se foi, e voltou e ficou em Nínive.
“E sucedeu que, estando ele prostrado na casa de Nisroque, seu deus, Adrameleque e Sarezer, seus filhos, o feriram à espada; porém eles escaparam para a terra de Ararate; e Esar-Hadom, seu filho, reinou em seu lugar.”[36]

O versículo 26: “Este é o propósito que foi determinado sobre toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações”. “O propósito” é que, eventualmente, todas as nações do mundo serão derrotadas desta forma.[37] Este acontecimento, apesar de haver sido cumprido no passado, é também um símbolo para acontecimentos semelhantes nos últimos dias.

O versículo 27 reafirma a vontade do Senhor mencionada no versículo 24: “Porque o Senhor dos Exércitos o determinou; quem o invalidará? E a sua mão está estendida; quem pois a fará voltar atrás?”[38] O Livro de Mórmon omite “o” e diz: “…e quem invalidará?”[39]

A parte final deste capítulo, abrangendo os versículos 28 até 32, prediz a destruição da Palestina. O versículo 28 afirma: “No ano em que morreu o rei Acaz, foi dada esta sentença”. Uma sentença, como foi traduzido do hebraico, é uma mensagem de condenação para o povo.[40] O ano em que morreu o rei Acaz foi mais ou menos em 730 a.C.[41]

Durante um certo período de tempo os filisteus estavam subjugados por Judá; entretanto, no versículo 29, os filisteus são advertidos à não se regozijarem na derrota prevista de Judá: “Não te alegres, tu, toda a Filístia, por estar quebrada a vara que te feria” ― O Livro de Mórmon diz: “Não te alegres tu, Palestina toda” …[42] “Palestina” vem de uma palavra hebraica que significa “terra dos filisteus” ou “terra dos estrangeiros”.[43] Continuando: “porque da raiz da cobra sairá um basilisco, e o seu fruto será uma serpente ardente, voadora”, que significa que apesar do fato de que Judá seria subjugada e eventualmente destruída, os subsequentes opressores da Filístia tornar-se-iam progressivamente piores, resultando finalmente em sua destruição. Portanto, a Filístia não teria nenhuma razão para regozijar-se com a destruição de Judá.

O versículo 30 continua: “E os primogênitos dos pobres serão apascentados, e os necessitados se deitarão seguros; porém farei morrer de fome a tua raiz, e ele matará os teus sobreviventes”.[44] Apesar da predita destruição de Judá pelas mãos do rei da Babilônia, ela seria novamente estabelecida; seus pobres e necessitados seriam cuidados por bons governantes. Por outro lado, a iníqua Palestina será aniquilada: “morrer de fome a tua raiz, e ele matará os teus sobreviventes”. “Raiz” significa ancestrais; “sobreviventes” significa descendentes. Quem está falando aqui é Jeová; os exércitos invasores agiriam como representantes para cumprir a vontade do Senhor.

Continuando no versículo 31: “Dá uivos, ó porta, grita, ó cidade; tu, ó Filístia, estás toda derretida; porque do norte vem uma fumaça, e não haverá quem fique sozinho nas suas convocações”. O Livro de Mórmon apresenta: “…ninguém ficará solitário no tempo que lhe foi designado”. A última frase neste versículo, “não haverá quem fique sozinho nas suas convocações”, revela que esta “fumaça” é um exército bem disciplinado, que avançará do norte.

Os versículos 29 até 31 contêm um quiasma:

A: (29) Não te alegres, tu, toda a Filístia, por estar quebrada a vara que te feria;
B: porque da raiz da cobra sairá um basilisco, e o seu fruto será uma serpente ardente, voadora.
C: (30) E os primogênitos dos pobres serão apascentados,
C: e os necessitados se deitarão seguros;
B: porém farei morrer de fome a tua raiz, e ele matará os teus sobreviventes.
A: (31) Dá uivos, ó porta, grita, ó cidade; tu, ó Filístia, estás toda derretida; porque do norte vem uma fumaça, e não haverá quem fique sozinho nas suas convocações.

“Não te alegres, tu, toda a Filístia” corresponde à “Dá uivos, ó porta, grita, ó cidade; tu, ó Filístia, estás toda derretida”, que prediz a destruição da Filístia (Palestina). “Da raiz da cobra” complementa “farei morrer de fome a tua raiz”, indicando que a destruição total da Filístia, pelas mãos da Assíria, ocorreria sob um governante tirano, que seria pior do que os outros dois anteriores. A frase “Os primogênitos dos pobres” corresponde à frase “os necessitados se deitarão seguros”, que forma o enfoque do quiasma. Apesar da Palestina ter sido destruída pelo exército invasor, Judá seria eventualmente restaurada, e teria o Senhor cuidando de seus pobres e necessitados.

O versículo 32 reforçar o significado do versículo 30: “Que se responderá, pois, aos mensageiros da nação? Que o Senhor fundou a Sião, para que os opressos do seu povo nela encontrem refúgio”. O Livro de Mórmon apresenta “Que responderão pois os mensageiros das nações?…”.[45] Isto é, “O que vai relatar os emissários de várias nações sobre a destruição da Palestina?” A resposta se encontra na sentença final: “Que o Senhor fundou a Sião, e que nela acharão refúgio os aflitos do seu povo”. O Senhor apoiará Seu povo justo em seu tempo de necessidade; a retidão pessoal é a chave para a sobrevivência. O significado de “Sião” aqui é Jerusalém sob um governo justo; como também um lugar de coligação espiritual nos últimos dias.[46]

NOTAS

[1]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 1616, p. 158.
[2]. Ver Gênesis 22:15-18.
[3]. 2 Néfi 24:2.
[4]. Os versículos 2 e 3 contêm um quiasma: Por servos e por servas/aqueles que os cativaram/sofrimento//pavor/dura servidão/servir.
[5]. Brown et al., 1996, 1996, Número de Strong 4912, p. 605.
[6]. 2 Néfi 24:4.
[7]. 2 Néfi 24:5.
[8]. Ver Isaías 2:13; 9:18; 10:18-19, 33-34; 29:17; 32:15; 37:24; 55:12.
[9]. 2 Néfi 24:8.
[10]. Brown et al., 1996, Número de Strong 1265, p. 141.
[11]. Isaías 2:12-13. Também ver Isaías 9:18; 10:18-19, 33-34; 29:17; 32:15; 37:24; 55:12.
[12]. Isaías 14:11, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 11a; Ver Dicionário Bíblico—Inferno.
[13]. 2 Néfi 24:11.
[14]. Brown et al., 1996, Número de Strong 1966, p. 237.
[15]. D&C 76:25-27.
[16]. Ver Isaías 14:13, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 13e.
[17]. Doutrina e Convênios 76:28-29.
[18]. D&C 29:36-39.
[19]. Moisés 4:1-4.
[20]. Joseph Anderson, “A Testimony of Christ” [Um Testemunho de Cristo], Ensign, Nov. 1974, p. 101.
[21]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7200, p. 906; Ver também Isaías 14:16, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 16b.
[22]. 2 Néfi 24:18.
[23]. Brown et al., 1996, Número de Strong 1004, p. 108.
[24]. 2 Néfi 24:19.
[25]. Brown et al., 1996, Número de Strong 5432, p. 666; Ver também Isaías 14:19, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 19a.
[26]. Os versículos 20 e 21 contêm um quiasma: Porque destruíste a tua terra/a descendência dos malignos//a matança para os seus filhos/para que não se levantem, e nem possuam a terra.
[27]. 2 Néfi 24:21.
[28]. Ver Isaías 14:21, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 21a.
[29]. Ver Isaías 13:19-22; Ver também Isaías 34:11-15.
[30]. Ouriço Em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. Disponível na http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/ouriço.
[31]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7090, p. 891.
[32]. Isaías 10:24-34.
[33]. O versículo 25 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Deles/jugo se apartará/a sua carga/se desvie dos seus ombros. Em Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 259.
[34]. 2 Néfi 24:25.
[35]. “Montanha” significa “nação”; Ver Isaías 2:2, 14 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:2, 4; 30:25 e comentário pertinente.
[36]. 2 Reis 19:35-37. Ver também Isaías 10:33-34 e pertinent discussion.
[37]. Ver Isaías 14:26, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 26b.
[38]. Os versículos 24 até 27 contêm um quiasma: Como pensei, assim sucederá/quebrantarei a Assíria na minha terra/nas minhas montanhas o pisarei/seu jugo se aparte//sua carga se desvie/este é o propósito que foi determinado sobre toda a terra/esta é a mão que está estendida sobre todas as nações/o Senhor dos exércitos o determinou; quem o invalidará?
[39]. 2 Néfi 24:24.
[40]. Brown et al., 1996, Número de Strong 4853, p. 672.
[41]. Ver Dicionário Bíblico—Cronologia.
[42]. 2 Néfi 24:29.
[43]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6429, p. 814.
[44]. O versículo 30 contém dois quiasmas reconhecido no hebraico original: Serão apascentados/pobres//necessitados/ se deitarão seguros. Tua raiz/ele matará//será destruído/ os teus sobreviventes. Em Parry,  Harmonizing Isaiah [A Harmonização de Isaías], 2001, p. 259.
[45]. 2 Néfi 24:32.
[46]. Ver Isaías 1:8 e comentário pertinente. Ver também Salmos 102:13, 16; 129:5; 132:13; Isaías 1:27; 2:3; 4:5; 24:23; 28:16; 31:9; 35:10; 46:13; 51:16; 52:7, 8; 59:20.

CAPÍTULO 10: “Porque Daqui A Bem Pouco Se Cumprirá A Minha Indignação”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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O capítulo 10 prediz a destruição de Israel pelas mãos da Assíria. A Assíria serviria como instrumento nas mãos de Deus para trazer a punição e destruição à Israel impenitente, mas a Assíria também seria destruída. A destruição da Assíria é um símbolo para—ou, é típico da—destruição dos iníquos na Segunda Vinda. Por causa da maldade desenfreada que precedeu a destruição naquela época, poucos restariam depois da destruição dos ímpios. O Senhor conforta aqueles em Sião, assegurando-os que a indignação duraria por apenas um curto período de tempo; então o Senhor derrotaria os invasores.

Uma chave importante para compreender este capítulo é notar cuidadosamente quem está falando e quando muda de orador. Na primeira parte—um oráculo de pesar (versículos 1 até 4) —o Senhor está falando, declarando uma maldição sobre os líderes iníquos e especificando uma destruição que lhes sobreviria. O oráculo de pesar é seguido por uma frase explanatória expressada por Isaías— “Com tudo isto a sua ira não cessou, mas ainda está estendida a sua mão” na última parte do versículo 4. O Senhor, então, continua a falar, declarando destruição sobre “uma nação hipócrita”, referindo-se a antiga Israel e seu equivalente nos tempos atuais, pelas mãos dos assírios e seus paralelos nos últimos dias (versículos 5 até 7). O Senhor vocaliza os pensamentos orgulhosos do rei da Assíria (versículos 8 até 11) e decreta uma rápida destruição sobre ele, seu exército, e seu equivalente moderno (versículo 12). Depois disto segue-se mais sobre os pensamentos orgulhosos do rei da Assíria, vangloriando-se de suas conquistas (versículos 13 e 14). Isaías, então, exorta a Assíria por não haver reconhecido que a devastação que eles trouxeram sobre Israel foi obra do Senhor, que usou os assírios como um instrumento (versículo 15). Isaías, continuando a falar, declara uma rápida destruição sobre a Assíria (versículos 16 até 19). Esta declaração é seguida por uma profecia, expressada por Isaías, sobre o retorno dos remanescentes de Israel que seriam espalhados por todas as nações (versículos 20 até 23).

Nos últimos versículos deste capítulo (versículos 24 até 34) Isaías de repente muda o assunto, e começa a profetizar sobre uma invasão pela antiga Assíria contra Jerusalém, a qual é repelida pela milagrosa destruição do exército assírio pelas mãos do Senhor. Esta profecia foi cumprida durante o reinado de Ezequias,[1] mas serve como um símbolo para os nossos dias.

Néfi cita este capítulo por completo; compare 2 Néfi 20. Diferenças presentes no texto do Livro de Mórmon são mostradas em itálico onde forem citadas. Este capítulo tem vários quiasmas que adiciona muito à nossa compreensão dos significados intencionados por Isaías.

Os versículos 1 até 4 contêm um oráculo de pesar no qual o Senhor declara más consequências sobre os líderes injustos. O oráculo de pesar é o último de quatro que contêm uma mensagem profética importante, ou “sermão sacerdotal”, dirigido ao reino de Israel Setentrional e à Judá. O versículo 1 começa: “Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que prescrevem opressão”. A frase “prescrevem opressão” significa decretos ou leis injustas que impedem cidadãos de seus direitos, recursos ou propriedades.

O versículo 2, continuando a sentença do versículo 1, descreve a perseguição dos pobres por líderes iníquos: “Para desviarem os pobres do seu direito, e para arrebatarem o direito dos aflitos do meu povo; para despojarem as viúvas e roubarem os órfãos!” Os líderes iníquos ganhariam seu poder ao tirar vantagem dos pobres, viúvas e órfãos.

No versículo 3 o Senhor faz umas perguntas acusatórias: “Mas que fareis vós no dia da visitação, e na desolação, que há de vir de longe? A quem recorrereis para obter socorro, e onde deixareis a vossa glória”― “Visitação” é traduzido da palavra hebraica que significa “punição” ou “responsabilidade”.[2] O Senhor irá abandoná-los no dia da visitação por causa de suas iniquidades, deixando-os sem defesa contra “a desolação, que há de vir de longe”, que significa a invasão do exército assírio e seu equivalente moderno.

O versículo 4 conclui a maldição pronunciada pelo Senhor: “Sem que cada um se abata entre os presos, e caia entre mortos?” Os líderes iníquos seriam contados entre os prisioneiros e entre os mortos.

A frase final do versículo 4, pronunciada por Isaías, “com tudo isto a sua ira não cessou, mas ainda está estendida a sua mão” significa que a justiça da ira do Senhor continua e está estendida a sua mão contra eles para puni-los. O profeta explica o significado desta frase anteriormente, no capítulo 5, onde é precedido no mesmo versículo por uma frase com palavras um pouco diferentes, porém com o mesmo sentido: “Por isso se acendeu a ira do Senhor contra o seu povo, e estendeu a sua mão contra ele, e o feriu”.[3] A frase é repetida três vezes no capítulo 9, além da que aparece no versículo 4, todas com o mesmo significado.[4]

O Senhor declarou a Joseph Smith com referência aos governantes arrogantes dos últimos dias:

“E para que eu os visite no dia da visitação, quando eu tirar o véu que me cobre a face, para designar a porção do opressor entre os hipócritas, onde há ranger de dentes, caso rejeitem meus servos e meu testemunho que lhes revelei.”[5]

Os versículos 1 até 4 contêm um quiasma que começa com a frase final do último versículo do capítulo 9:

A: (9:21) …Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
B: (1) Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que prescrevem opressão.
C: (2) Para desviarem os pobres do seu direito, e para arrebatarem o direito dos aflitos do meu povo; para despojarem as viúvas e roubarem os órfãos!
D: (3) Mas que fareis vós no dia da visitação,
D: e na desolação, que há de vir de longe?
C: A quem recorrereis para obter socorro, e onde deixareis a vossa glória,
B: (4) Sem que cada um se abata entre os presos, e caia entre mortos?
A: Com tudo isto a sua ira não cessou, mas ainda está estendida a sua mão.

Este quiasma pronuncia uma maldição sobre os governantes injustos. A frase inicial, “com tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”, é refletida no final por uma repetição da mesma frase. A frase “Ai dos que decretam leis injustas” complementa a “sem que cada um se abata entre os presos, e caia entre mortos”, significando especialmente que os governantes injustos serão escolhidos para serem levados como prisioneiros ou assassinados. “Para desviarem os pobres do seu direito” complementa “a quem recorrereis para obter socorro[?]”, indicando que a ajuda que recusaram aos necessitados, ser-lhes-á recusada como retribuição; e a frase “que fareis vós no dia da visitação?” compara-se com “na desolação, que há de vir de longe?” declarando que quando a destruição vier, esses governantes injustos serão responsáveis por suas maldades contra aqueles que dependiam deles para ajudá-los.[6]

No versículo 5 o Senhor volta a falar, declarando que a Assíria é um instrumento em Suas mãos para trazer justiça aos iníquos de Israel: “Ai da Assíria, a vara da minha ira, porque a minha indignação é como bordão nas suas mãos”. O exército assírio é figurativamente a vara que o Senhor está usando para punir Israel e Judá por suas maldades. O Livro de Mórmon apresenta assim: “vara da minha ira, e a sua indignação”;[7] esta interpretação inclui a ira dos invasores. “Indignação” significa revolta ou sentimento de desprezo provocado por uma circunstância que demonstra indignidade, que neste caso é a corrupção.

No versículo 6 o Senhor, que ainda está falando, declara: “Enviá-la-ei contra uma nação hipócrita, e contra o povo do meu furor lhe darei ordem, para que lhe roube a presa, e lhe tome o despojo, e o ponha para ser pisado aos pés, como a lama das ruas”.[8] O Livro de Mórmon apresenta assim: “para que lhe tome os despojos e roube-lhe a presa”, que foi traduzido do hebraico Maer-Salal-Has-Baz, o nome do segundo filho de Isaías, indicando que a destruição predita seria para cumprir a profecia de Isaías dada na época da concepção de seu filho.[9]  “Uma nação hipócrita” significa Israel e Judá, e seus equivalentes modernos. Destruição virá pelas mãos dos assírios e suas superpotências modernas equivalentes.

No versículo 7 o Senhor explica que o rei da Assíria não compreende que ele é simplesmente um instrumento de destruição nas mãos do Senhor: “Ainda que ele não cuide assim, nem o seu coração assim o imagine; antes no seu coração intenta destruir e desarraigar não poucas nações”.

No versículos 8 até 11 o Senhor cita os pensamentos orgulhosos do rei da Assíria. O versículo 8 questiona: “Porque diz: Não são meus príncipes todos eles reis?” Ele argumenta que seus príncipes são tão nobres quanto os reis.

O versículo 9 continua: “Não é Calno como Carquemis? Não é Hamate como Arpade? E Samaria como Damasco?” Estes são países que ficaram desolados depois dos ataques assírios, os quais foram incapazes de resistirem. Síria nesta época pagava tribute aos governantes assírios.

No versículos 10 e 11 o rei da Assíria continua a se vangloriar. O versículo 10 declara: “Como a minha mão alcançou os reinos dos ídolos, cujas imagens esculpidas eram melhores do que as de Jerusalém e do que as de Samaria”. O Livro de Mórmon apresenta: “Assim como minha mão fundou os reinos dos ídolos…”.[10] “Fundou” significa “estabelecer” ou “edificar desde os alicerces”.[11]

O versículo 11 continua: “Porventura como fiz a Samaria e aos seus ídolos, não o faria igualmente a Jerusalém e aos seus ídolos?” Aqui o rei ridiculariza a idolatria de Jerusalém, dizendo que seus ídolos seriam tão incapazes em defender a nação contra os exércitos invasores, quanto os ídolos dos outros países, inclusive seu país vizinho, a Samaria. Era costume entre os antigos conquistadores destruírem ou levarem consigo os ídolos das nações derrotadas, para mostrarem que seus deuses eram superiores aos deles. No capítulo 46, Isaías prediz a derrota da Babilônia ao descrever seus ídolos sendo levados cativos.[12]

No versículo 12, o Senhor decreta uma destruição rápida sobre o rei da Assíria, seu exército, e seu equivalente moderno, uma vez que tenham cumprido os propósitos do Senhor: “Por isso acontecerá que, havendo o Senhor acabado toda a sua obra no monte Sião e em Jerusalém, então castigarei o fruto da arrogante grandeza do coração do rei da Assíria e a pompa da altivez dos seus olhos”. A palavra “Sião” é usada duas vezes no capítulo 10 da mesma forma, com duplo sentido—um lugar para a coligação espiritual nos últimos dias, como também como um sinônimo para Jerusalém, tanto a antiga quanto a moderna. A frase “toda a sua obra” inclui as destruições preditas neste capítulo, bem como a restauração nos últimos dias e a coligação de Israel sob condições dignas.[13]

No versículos 13 e 14 o rei da Assíria continua a se vangloriar: “Porquanto disse: Com a força da minha mão o fiz, e com a minha sabedoria, porque sou prudente; e removi os limites dos povos, e roubei os seus tesouros, e como valente abati aos habitantes. E achou a minha mão as riquezas dos povos como a um ninho, e como se ajuntam os ovos abandonados, assim eu ajuntei a toda a terra, e não houve quem movesse a asa, ou abrisse a boca, ou murmurasse”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “…com a minha sabedoria fiz essas coisas…”.[14] Isto é preocupante, porque o equivalente moderno da Israel antiga—uma “nação hipócrita” —de alguma maneira se encontraria tão indefesa que um exército invasor seria capaz de saquear a terra sem nenhuma oposição.

No versículo 15 Isaías continua a falar, repreendendo a Assíria por não haver reconhecido que a destruição que eles trariam sobre Israel seria obra do Senhor, com o Senhor usando-os como instrumento: “Porventura gloriar-se-á o machado contra o que corta com ele, ou presumirá a serra contra o que puxa por ela, como se o bordão movesse aos que o levantam, ou a vara levantasse como não sendo pau?” A palavra hebraica de onde “pau” foi traduzido significa “lenha”.[15] Todas as metáforas neste versículo, apresentadas como perguntas retóricas, fazem a mesma pergunta: Pode um homem—especificamente, o rei da Assíria—vencer a Deus?

No versículos 16 até 19 Isaías, continuando a falar, declara uma destruição rápida sobre a Assíria. O versículo 16 começa: “Por isso o Senhor, o Senhor dos Exércitos, fará definhar os que entre eles são gordos, e debaixo da sua glória ateará um incêndio, como incêndio de fogo”.[16] A frase “Por isso o Senhor…fará definhar os que entre eles são gordos” significa que o Senhor enviaria fraqueza entre os mais vigorosos guerreiros do rei da Assíria.

O versículo 17 revela a causa da conflagração: “Porque a Luz de Israel virá a ser como fogo e o seu Santo por labareda”―Estas frases equivalentes ensinam-nos que “a Luz de Israel” é o mesmo que “o seu Santo”, que significam o Messias ou Jesus Cristo.

Continuando no versículo 17, Isaías declara: “que abrase e consuma os seus espinheiros e as suas sarças num só dia”. “Seus” como foi usado aqui refere-se ao equivalente moderno do rei da Assíria, e “espinheiros” e “sarças” significam as mentiras e doutrinas falsas que ele plantou nos corações das pessoas.[17] Previamente, no capítulo 9, Isaías descreve a destruição na Segunda Vinda do Senhor. Ao invés de cenas comuns de batalhas com “tumulto da batalha, e todo o manto revolvido em sangue”, nesta destruição todos “serão queimados, servindo de combustível ao fogo”.[18]

O versículo 18 continua a descrição do rei da Assíria e suas hostes, tanto antigos quanto modernos: “Também consumirá a glória da sua floresta, e do seu campo fértil, desde a alma até à carne, e será como quando desmaia o porta-bandeira”.[19] “Sua floresta” significa os nobres ou líderes da Assíria, e “seu campo fértil” significa seus aparatos econômicos.[20] “Glória” como foi usado aqui significa força militar.[21] “Desde a alma até à carne” significa que a Assíria desapareceria completamente, tanto política quanto culturalmente. O porta-bandeira, em guerras do passado, fazia o papel vital de comunicação entre o comandante e seu exército. Com o porta-bandeira incapaz de prover esta comunicação, aconteceria um caos total.

Versículos 16 até 18 contêm um quiasma:

A: (16) Por isso o Senhor, o Senhor dos Exércitos, fará definhar os que entre eles são gordos,
B: e debaixo da sua glória
C: ateará um incêndio, como incêndio de fogo.
D: (17) Porque a Luz de Israel virá a ser como fogo
D: e o seu Santo por labareda,
C: que abrase e consuma os seus espinheiros e as suas sarças num só dia.
B: (18) Também consumirá a glória da sua floresta, e do seu campo fértil, desde a alma até à carne,
A: e será como quando desmaia o porta-bandeira.

“Fará definhar os que entre eles são gordos”, refere-se a debilidade física, que seria enviada ao exército assírio e a seu equivalente moderno, e compara-se com “quando desmaia o porta-bandeira”, o que resultaria numa confusão militar total. “Sua glória”, que significa a glória do Senhor na Sua vinda, é contrastada com “a glória da sua floresta”, que significa glória do mundo e força militar dos orgulhosos líderes da antiga Assíria e seu equivalente moderno. A frase “Ateará um incêndio, como incêndio de fogo” reflete-se na frase “que abrase e consuma os seus espinheiros e as suas sarças num só dia”. “A Luz de Israel virá a ser como fogo” é equivalente ao “seu Santo por labareda”, que contém o enfoque central deste quiasma.

Será que este incêndio refere-se a um holocausto nuclear, ou, está se referindo aos injustos sendo consumido pela glória da presença do Senhor? A combinação de elementos deste quiasma indica que a glória do Senhor será o fogo consumidor—os que não forem dignos da Sua presença e não puderem suportá-la serão consumidos. Note que além das destruições físicas, as verdades que serão manifestadas na Segunda Vinda do Senhor destruirão todas as mentiras e falsas doutrinas do equivalente moderno do rei da Assíria, e seus exércitos, num dia só.

No versículo 19, as “árvores” e a “floresta” referem-se aos líderes ou nobres da Assíria: “E o resto das árvores da sua floresta será tão pouco em número, que um menino poderá contá-las”. Quase todos seriam assassinados, dizimando suas fileiras.

No versículos 20 até 23, Isaías profetiza do retorno dos remanescentes de Israel, que estavam espalhados por todas as nações, nos últimos dias. O versículo 20 declara: “E acontecerá naquele dia que os restantes de Israel, e os que tiverem escapado da casa de Jacó, nunca mais se estribarão sobre aquele que os feriu; antes estribar-se-ão verdadeiramente sobre o Senhor, o Santo de Israel”. A palavra hebraica de onde o termo “se estribarão” foi traduzido, significa “confiar” ou “apoiar”.[22] Ao invés de colocarem sua confiança em déspotas malignos, os remanescentes colocariam sua confiança no Senhor.

O versículo 21 declara: “Os restantes se converterão ao Deus forte, sim, os restantes de Jacó”.[23] O Livro de Mórmon apresenta: “Os remanescentes retornarão, sim, os remanescentes de Jacó…”.[24]  A frase “os remanescentes retornarão” é a tradução em português para o nome do filho mais velho de Isaías, Sear-Jasube, indicando que este acontecimento profetizado para os últimos dias seria em cumprimento da profecia dada na época do nascimento do filho de Isaías.[25]

O versículo 22 continua: “Porque ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, só um remanescente dele se converterá; uma destruição está determinada, transbordando em justiça”. Israel como “a areia do mar” significa numerosos, mas espalhados. “Destruição” vem da palavra hebraica que significa “completa aniquilação”;[26] e “trasbordando em justiça” significa que a destruição cumpriria os desígnios justos do Senhor.

O versículo 23 declara: “Porque determinada já a destruição, o Senhor DEUS dos Exércitos a executará no meio de toda esta terra”. O significado é que os injustos seriam completamente destruídos da face da Terra.

No versículos 24 até 34, os últimos versículos deste capítulo, Isaías muda de assunto de repente, profetizando de uma invasão pela Assíria contra Jerusalém, onde encontram uma resistência milagrosa com a destruição do exército assírio pelo anjo do Senhor. Esta profecia foi cumprida durante o reinado de Ezequias.[27] Não somente a profecia prediz a derrota da antiga Assíria; isto é um símbolo da destruição do equivalente moderno da Assíria.

No versículo 24 Isaías declara autoritariamente: “Por isso assim diz o Senhor DEUS dos Exércitos”, seguido pelas palavras do Senhor nos versículos 24 e 25: “Povo meu, que habitas em Sião, não temas à Assíria, quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão à maneira dos egípcios”. “À maneira dos egípcios” significa a crueldade dos Egípcios em outras épocas.[28] “Sião” é usada aqui com duplo sentido—um lugar para a coligação espiritual nos últimos dias, bem como um sinônimo para a antiga Jerusalém, particularmente sob seu rei justo. Estes significados refletem as diferentes épocas que esta profecia deveria se cumprir.[29]

O versículo 25 continua a sentença do versículo 24: “Porque daqui a bem pouco se cumprirá a minha indignação e a minha ira, para a consumir”. O ataque devastador da Assíria—tanto nos dias de Ezequias e no confronto equivalente nos últimos dias—duraria por um curto período de tempo. Esta declaração seria um grande conforto para aqueles que compreenderem a significância dos acontecimentos nos últimos dias.[30]

No versículos 26 e 27, Isaías descreve o que acontecerá naquela época. O versículo 26 declara: “Porque o Senhor dos Exércitos suscitará contra ela um flagelo, como na matança de Midiã junto à rocha de Orebe; e a sua vara estará sobre o mar, e ele a levantará como sucedeu aos egípcios”. A frase “matança de Midiã junto à rocha de Orebe” refere-se à quando Gideão liderou um exército de 300 Israelitas, identificados por sua maneira de beber água de um riacho—lambendo “as águas com a sua língua”, “levando a mão à boca”. Este pequeno exército assustou os Midianitas com trombetas e luzes; os resultados foram lutas, abate e derrota entre os Midianitas.[31] “Como sucedeu aos egípcios” neste caso refere-se à época quando os exércitos Egípcios foram destruídos pelas águas que retornaram quando tentaram perseguir Israel através das águas divididas do Mar Vermelho.[32]

No versículo 27, Isaías afirma que a opressão assíria seria desfeita: “E acontecerá, naquele dia, que a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu jugo do teu pescoço; e o jugo será despedaçado por causa da unção”. A “unção” refere-se ao convênio do Senhor com Abraão[33] e também a promessa a Davi que seus descendentes justos sobre o trono de Judá seriam sustentados pelo Senhor.[34]

Apesar desta passagem predizer um acontecimento milagroso específico, que ocorreu durante o reinado de Ezequias, isto é um exemplo que prediz a intervenção do Senhor a favor de Seu povo nos últimos dias. Com certeza, isto também seria um grande milagre.

Os versículos 24 até 27 contêm um quiasma:

(24) Por isso assim diz o Senhor DEUS dos Exércitos:
A: Povo meu, que habitas em Sião,
B: não temas à Assíria, quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão
C: à maneira dos egípcios.
D: (25) Porque daqui a bem pouco se cumprirá a minha indignação e a minha ira, para a consumir.
D: (26) Porque o Senhor dos Exércitos suscitará contra ela um flagelo, como na matança de Midiã junto à rocha de Orebe;
C: e a sua vara estará sobre o mar, e ele a levantará como sucedeu aos egípcios.
B: (27) E acontecerá, naquele dia, que a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu jugo do teu pescoço;
A: e o jugo será despedaçado por causa da unção.

“Povo meu, que habitas em Sião” compara-se com “unção”, indicando que seria a retidão de Seu povo do convênio—apesar de provavelmente excedido em número pelos iníquos entre o povo—que levaria a intervenção miraculosa do Senhor contra o exército assírio. Também refere-se à unção de um rei davídico—neste caso Ezequias, que se humilharia diante do Senhor. “Quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão” contrasta-se com “que a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu jugo do teu pescoço”, indicando que apesar dos açoites do rei da Assíria, sua opressão seria miraculosamente removida. “À maneira dos egípcios” no versículo 24 significa a opressão suportada pelos Israelitas escravizados no Egito, enquanto que “como sucedeu aos egípcios” no versículo 26 refere-se à destruição do exército egípcio no Mar Vermelho quando eles perseguiram os Israelitas guiados por Moisés. “A minha indignação” compara-se com “o Senhor dos Exércitos”, indicando quem está falando e de quem é a indignação que causaria a destruição.

Nos versículos 28 até 32, o avanço aterrorizante do rei da Assíria e seu exército é descrito por Isaías, mencionando vários bairros e vilas, finalmente chegando na base do outeiro onde Jerusalém está localizada:

“Já vem chegando a Aiate, já vai passando por Migrom, e em Micmás deixa a sua bagagem.
“Já passaram o desfiladeiro, já se alojam em Geba; já Ramá treme, e Gibeá de Saul vai fugindo.
“Clama alto com a tua voz, ó filha de Galim! Ouve, ó Laís! Ó tu pobre Anatote!
“Madmena já se foi; os moradores de Gebim vão fugindo em bandos.
“Ainda um dia parará em Nobe; acenará com a sua mão contra o monte da filha de Sião, o outeiro de Jerusalém.”

Alguns dos locais citados podem ser encontrados nos mapas bíblicos; veja especialmente o Mapa 4, “O Império de Davi e Salomão” na bíblia SUD em inglês.[35] A sucessão de nomes de lugares indica que o rei da Assíria avançaria do norte em direção a Jerusalém.

Isaías usa “o monte da filha de Sião” com duplo significado no versículo 32. O sentido principal aqui é como sinônimo para Jerusalém, mas quando esses acontecimentos são considerados como símbolos para acontecimentos nos últimos dias, outros significados podem ser observados. Em particular, refere-se ao lugar de coligação espiritual nos últimos dias, o qual estará sob ataque e será defendido miraculosamente pelo Senhor.[36] O Grande Pergaminho de Isaías mostra “…o monte da casa de Sião” no versículo 32.[37]

Os versículos 33 e 34 descrevem a derrota do exército assírio naquela época:

“Mas eis que o Senhor, o Senhor dos Exércitos, cortará os ramos com violência, e os de alta estatura serão cortados, e os altivos serão abatidos.
“E cortará com ferro a espessura da floresta, e o Líbano cairá à mão de um poderoso.”

“Ramos”, “os de alta estatura” e a “floresta” referem-se aos líderes ou nobres assírios, que seriam cortados pelo poderoso machado de ferro do Senhor. Os elementos da metáfora nos são bem familiares.[38]

Esta profecia foi cumprida quando 185,000 soldados do exército assírio foram mortos durante a noite por um anjo do Senhor:

“Sucedeu, pois, que naquela mesma noite saiu o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil deles; e, levantando-se pela manhã cedo, eis que todos eram cadáveres.
“Então Senaqueribe, rei da Assíria, partiu, e se foi, e voltou e ficou em Nínive.
“E sucedeu que, estando ele prostrado na casa de Nisroque, seu deus, Adrameleque e Sarezer, seus filhos, o feriram à espada; porém eles escaparam para a terra de Ararate; e Esar-Hadom, seu filho, reinou em seu lugar.”[39]

NOTAS

[1]. Ver 2 Reis 18 e 19; também Isaías 36 e 37.
[2]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 6486, p. 824.
[3]. Isaías 5:25.
[4]. Isaías 9:12, 17, e 21.
[5]. Doutrina e Convênios 124:8.
[6]. Versículo 4 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: E abata/entre os presos//entre mortos/caia. Em Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 258.
[7]. 2 Néfi 20:5.
[8]. Versículos 4 até 6 contêm um quiasma: Se abata/a sua ira/Assíria//a vara/da minha ira/para ser pisado aos pés.
[9].  Ver 2 Néfi 10:6; também ver Isaías 8:3 e debate de Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 105.
[10]. 2 Néfi 20:10.
[11]. Fundou Em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
Disponível na http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/Fundou.
[12]. Ver Isaías 46:1.
[13]. Ver Isaías 1:27; 3:16; 4:3-4; 8:18; 10:24; 12:6; 51:3.
[14]. 2 Néfi 20:13.
[15]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6086, p. 781.
[16]. Ver Isaías 1:7, 28; 5:24; 9:5, 18-19 e comentário pertinente.
[17]. Ver Isaías 55:13; 5:6; 9:18; 27:4; 32:13 e comentário pertinente.
[18]. Ver Isaías 9:5.
[19]. Versículos 17 e 18 contêm um quiasma: Os seus espinheiros e as suas sarças/glória da sua floresta//do seu campo fértil/desde a alma até à carne.
[20]. Ver Isaías 2:13; 9:18; 10:33-34; 14:8; 29:17; 32:15; 37:24; 55:12.
[21]. Ver Isaías 8:7; 16:14; 17:3-4; 20:5; 21:16-17; 22:18; 66:12 e comentário pertinente.
[22]. Brown et al., 1996, Número de Strong 8172, p. 1043.
[23]. Versículos 20 e 21 contêm um quiasma: Os restantes de Israel/se estribarão sobre aquele que os feriu//estribar-se-ão verdadeiramente sobre o Senhor/os restantes se converterão.
[24]. 2 Néfi 20:21.
[25]. Ver Isaías 7:3; também, Ver debate de Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 109.
[26]. Brown et al., 1996, Número de Strong 3617, p. 478.
[27]. Ver 2 Reis 18 e 19; também Isaías 36 e 37.
[28]. Ver Isaías 10:24, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 24b.
[29]. Ver Isaías 1:27; 3:16; 4:3-4; 8:18; 10:12; 12:6; 51:3.
[30]. Ver Isaías 26:20; 30:29 e comentário pertinente.
[31]. Ver Juízes 7.
[32]. Êxodo 14:24-28.
[33]. Ver Gênesis 22:9-12, 15-18.
[34]. Ver Gênesis 49:10; 1 Reis 2:33; 1 Samuel 15:27-28.
[35]. Ver Mapa Bíblico 4.
[36]. Ver 2 Reis 19:21, 31; Salmos 9:14; 51:18; Isaías 16:1; 37:22; 52:2; 62:11. Também ver Isaías 1:27; 3:16; 4:3-4; 8:18; 10:12, 24; 12:6; 51:3.
[37]. Parry,  Harmonizing Isaiah [Harmonizando Isaías], 2001, p. 71.
[38]. Ver Isaías 2:13; 9:18; 10:18-19; 14:8; 29:17; 32:15; 37:24; 55:12.
[39]. 2 Reis 19:35-37.

CAPÍTULO 9: “O Povo Que Andava Em Trevas, Viu Uma Grande Luz”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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A primeira parte deste capítulo é uma profecia predizendo a vinda do Messias, referindo-se tanto ao ministério mortal do Senhor, quanto à Sua Segunda Vinda.  Ao seguir vemos uma advertência dirigida especialmente a Efraim, porém aplicável a Judá e aos descendentes de ambas tribos nos últimos dias, para que evitassem o orgulho e a corrupção governamental, ou seriam destruídos. Este capítulo é citado completamente por Néfi, com pequenas variações, mostradas em itálico quando forem citadas. Compare 2 Néfi 19.

Versículo 1 declara: “Mas a terra, que foi angustiada, não será entenebrecida; envileceu nos primeiros tempos, a terra de Zebulom, e a terra de Naftali; mas nos últimos tempos a enobreceu junto ao caminho do mar, além do Jordão, na Galileia das nações”.[1] O Livro de Mórmon apresenta “…e depois afligiu mais severamente, pelo caminho do Mar Vermelho…”.[2] As terras de Zebulom e Naftali se encontravam na direção oeste e noroeste, respectivamente, do Mar da Galileia.[3] A  palavra entenebrecida que se encontra na primeira parte do versículo 1 refere-se ao último versículo do capítulo 8; a conjunção “mas”, estabelece esta conexão e indica que as trevas (entenebrecer significa cobrir de trevas) mencionadas aqui é a escuridão espiritual, trazida pelas iniquidades mencionadas nos últimos versículos do capítulo 8. Escuridão, ou temor e desencorajamento descrevem os sentimentos do povo quando os invasores assírios vieram atacar pela primeira vez as terras de Zebulom e de Naftali.

Comentadores rabínicos “relacionam isto aos ataques assírios sob o comando de Tiglate-Pileser e Sargão II”.[4] Entretanto, devido Isaías usar acontecimentos desta época como exemplos de acontecimentos que viriam a acontecer no futuro, não se deve depender somente nos registros históricos como chave principal para entender as palavras de Isaías.

Os versículos 2 até 5 descrevem a glória a ser contemplada na vinda do Senhor. O versículo 2 declara: “O povo que andava em trevas, viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz”. Esta passagem descreve uma grande luz que influenciaria todos “os que habitavam na região da sombra da morte”, o que significa todos os habitantes da Terra em seu estágio mortal probatório na época da vinda do Senhor. Durante Seu ministério mortal essa luz era espiritual, compreendida somente por aqueles que acreditavam e entendiam Sua missão divina. Todavia, Ele rompeu as ligaduras da morte e proporcionou a salvação para todos; esta luz de esperança e felicidade brilham em cada um de nós que somos os beneficiários de Sua Expiação. Na Sua Segunda Vinda, esta luz será um fenômeno físico também.

Os versículos 1 e 2 foram citados por Mateus; esta profecia de Isaías é uma das diversas profecias citadas por escritores do Novo Testamento que foram cumpridas com acontecimentos na vida de Jesus Cristo:[5]

“E, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zebulom e Naftali;
“Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías, que diz:
“A terra de Zebulom, e a terra de Naftali, junto ao caminho do mar, além do Jordão, A Galileia das nações;
“O povo, que estava assentado em trevas, viu uma grande luz; aos que estavam assentados na região e sombra da morte, A luz raiou.”[6]

Esta passagem ilustra o uso extenso de símbolos e duplo significados usados por Isaías, e a compreensão profunda que Mateus tinha deles.

O versículo 2 é a base textual para a obra “O Messias” de Handel, Parte 1, número 11—Ária para Baixo, “O povo que andava em trevas viu uma grande luz”.

O versículo 3 declara: “Tu multiplicaste a nação, a alegria lhe aumentaste; todos se alegrarão perante ti, como se alegram na ceifa, e como exultam quando se repartem os despojos”. A tradução de Joseph Smith afirma “…e todos se alegrarão perante ti…”.[7] Haverá uma grande alegria na vinda do Senhor—alegria semelhante à quando há uma boa ceifa, ou quando os soldados conquistadores repartem os despojos. “Multiplicaste a nação” refere-se ao Convênio Abraâmico, no qual foi prometido a Abraão uma posteridade inumerável.[8] O número dos congregados e dos que retornarem por meio da Restauração e pregação do evangelho será grande, culminando na época da Segunda Vinda do Senhor.

Ao contrastar o temor e apreensão provocada pelas ameaças de invasão dos assírios, que tanto Israel quanto Judá enfrentaram, com a luz, alegria e gratidão trazida pela vinda do Messias prometido, Isaías confirma que as condições impostas pelos invasores seriam somente temporárias. Num tempo no futuro, o Messias viria aos descendentes de Abraão, um povo que ainda existiria.

Os versículos 1 até 3 formam um quiasma:

(1) Mas a terra, que foi angustiada, não será entenebrecida; envileceu nos primeiros tempos, a terra de Zebulom, e a terra de Naftali;
A: mas nos últimos tempos afligiu mais severamente junto ao caminho do Mar Vermelho,
B: além do Jordão, a Galileia das nações.
C: (2) O povo que andava em trevas viu uma grande luz;
C: e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz.
B: (3) Tu multiplicaste a nação,
A: a alegria lhe aumentaste; todos se alegrarão perante ti, como se alegram na ceifa, e como exultam quando se repartem os despojos.

Isaías usa um contraste literário neste quiasma para comparar as trevas e o temor infligido pelos invasores assírios, descrito no lado ascendente do quiasma; com a alegria que o povo sentiria quando o Senhor vier em Sua glória, descrito do lado descendente. Num contraste literário, os opostos são comparados a fim de ressaltarem as diferenças. A alegria que sentirá o “povo que andava em trevas” e os “que habitavam na região da sombra da morte”, seria porque o povo “viu uma grande luz”, e porque “resplandeceu a luz” sobre eles.

Os versículos 4 e 5 descrevem a destruição que aconteceria entre os opressores do povo do Convênio do Senhor na Sua Segunda Vinda. O versículo 4 inicia dizendo: “Porque tu quebraste o jugo da sua carga, e o bordão do seu ombro, e a vara do seu opressor, como no dia dos midianitas”. O Livro de Mórmon omite “como no dia dos midianitas”.[9]  Na Segunda Vinda do Senhor Seu povo será livrado da opressão.

O versículo 5 continua: “Porque todo calçado que levava o guerreiro no tumulto da batalha, e todo o manto revolvido em sangue, serão queimados, servindo de combustível ao fogo”.[10] Ao invés das típicas cenas de batalha caracterizadas pelo “tumulto” e mortes provocadas por armas convencionais, resultando em “todo o manto revolvido em sangue”, nesta destruição “serão queimados, servindo de combustível ao fogo”. Será que isto significa um holocausto nuclear, ou se refere aos iníquos sendo consumido pela glória da presença Senhor? No capítulo 10 Isaías declara: “Por isso o Senhor, o Senhor dos Exércitos, fará definhar os que entre eles são gordos, e debaixo da sua glória ateará um incêndio, como incêndio de fogo. Porque a Luz de Israel virá a ser como fogo e o seu Santo por labareda, que abrase e consuma os seus espinheiros e as suas sarças num só dia”.[11] Isto parece indicar que a glória do Senhor será o fogo consumidor—aqueles que forem indignos de Sua presença, e que não forem capazes de suportá-la, serão consumidos. “Seus espinheiros e as suas sarças” também referem-se às falsas doutrinas, que serão exterminadas na Sua vinda.[12]

Outras passagens que parecem indicar que a glória do Senhor será o fogo consumidor são: “Está queimada pelo fogo, está cortada; pereceu pela repreensão da tua face”, em Salmos;[13] “Os montes tremem perante ele, e os outeiros se derretem; e a terra se levanta na sua presença; e o mundo, e todos os que nele habitam”, em Naum;[14] e “Porque eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo”, em Malaquias.[15] Esta passagem em Malaquias foi citada pelo Anjo Moroni ao jovem profeta Joseph Smith com algumas variações: “Porque eis que vem o dia que arderá como fornalha e todos os soberbos, sim, e todos os que cometem impiedade, queimarão como a palha; e aqueles que hão de vir os abrasarão, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que lhes não deixarão nem raiz nem ramo” (ênfases adicionadas).[16] A glória do Senhor e a das hostes de anjos que Lhe acompanham, aparentemente, queimará os ímpios.

Talvez uma conflagração nuclear ocorrerá nesta época, também. Uma guerra nuclear é possivelmente a “abominação desoladora” profetizada por Daniel.[17]

Revelações modernas nos esclarecem este assunto:

“Eis que o tempo presente se chama hoje até a vinda do Filho do Homem e, em verdade, é um dia de sacrifício e um dia para o dízimo de meu povo; pois aquele que paga o dízimo não será queimado na sua vinda.
“Porque depois de hoje vem a queima—falando à maneira do Senhor—pois em verdade eu digo que amanhã todos os soberbos e os que praticam iniquidade serão como o restolho; e queimá-los-ei, pois sou o Senhor dos Exércitos, e não pouparei quem permanecer em Babilônia.”[18]

O versículo 6 apresenta a profecia sobre Cristo: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. Estas palavras ficaram imortalizadas em “O Messias” de Handel, Parte 1, número 12—Refrão, “Porque um Menino Nos Nasceu”. Quem não se emociona com uma apresentação de um coral destas palavras tão comoventes?

A palavra hebraica traduzida como “Maravilhoso” é um substantivo masculino,[19] que indica que deveria haver um título distinto de o Senhor, ao invés de um adjetivo ou uma palavra subsequente, “Conselheiro”. No Livro de Mórmon,[20] bem como em traduções bíblicas, incluindo a versão de João Ferreira de Almeida em português, a versão em inglês de King James e a versão em espanhol de Valera, uma vírgula foi colocada corretamente pelos tradutores depois do título “Maravilhoso”, preservando o significado original intencionado.

Parte da profecia anunciada no versículo 6 foi cumprida com o nascimento de Jesus, mais o restante está para ser cumprida na Sua Segunda Vinda. Durante Seu ministério mortal Ele não presidiu sobre nenhum governo político, e Ele foi aclamado “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” somente por seus seguidores mais fiéis. Os escritores no Novo Testamento proclamaram que esta profecia de Isaías relaciona-se ao ministério mortal e imortal de Jesus Cristo.[21]

Como podemos dizer que Jesus Cristo é o Pai da Eternidade? Abinádi, um profeta do Livro de Mórmon, explicou:

“Eis que vos digo que quem tenha ouvido as palavras dos profetas, sim, de todos os santos profetas que profetizaram sobre a vinda do Senhor, digo-vos que todos aqueles que tenham escutado suas palavras e acreditado que o Senhor redimiria seu povo e hajam esperado ansiosamente pelo dia da remissão de seus pecados, eu vos digo que estes são a sua semente, ou seja, os herdeiros do reino de Deus.
“Porque estes são aqueles cujos pecados ele tomou sobre si; estes são aqueles por quem ele morreu, para redimi-los de suas transgressões. E agora, não são eles sua semente?[22]

O Senhor Jesus Cristo torna-se o Pai, espiritualmente falando, de todos os que se beneficiarem de Seu sacrifício redentor e de todos aqueles que tomam Seu nome sobre eles—o Pai de sua salvação.

Os versículos 4 até 6 contêm um quiasma:

A: (4) Porque tu quebraste o jugo da sua carga, e o bordão do seu ombro,
B: e a vara
C: do seu opressor, como no dia dos midianitas.
D: (5) Porque todo calçado que levava o guerreiro no tumulto da batalha, e todo o manto revolvido em sangue,
D: serão queimados, servindo de combustível ao fogo.
C: (6) Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu,
B: e o principado
A: está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.

Isaías usa novamente um contraste literário para enfatizar a grande diferença entre o governo do Senhor e a opressão da Assíria, ou a destruição pelo fogo que precederá a Segunda Vinda do Senhor. O “ombro” do povo suportando “a vara” da opressão contrasta-se com os amplos ombros do Redentor que suportaria a responsabilidade de um governo justo. “A vara” da opressão contrasta-se com o governo benevolente do Senhor; “opressor” é o oposto de “porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu”. Ao invés de vir como um conquistador opressivo, o Redentor nasceria como uma criança inocente. A frase “No tumulto da batalha, e todo o manto revolvido em sangue” contrasta-se com “serão queimados, servindo de combustível ao fogo” para indicar que a destruição antes da Segunda Vinda do Redentor seria pelo fogo ao invés de métodos prevalentes de guerra.

A profecia de Isaías continua no versículo 7, declarando o acesso do Senhor ao trono de Davi:[23] “Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto”. Cristo é o herdeiro literal do trono de Davi.

Versículos 6 até 7 contêm um quiasma:

(6) Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro,
A: Deus Forte,
B: Pai da Eternidade,
C: Príncipe
D: da Paz. (7) Do aumento deste principado
D: e da paz não haverá fim,
C: sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça,
B: desde agora e para sempre;
A: o zelo do Senhor dos exércitos fará isto.

Neste quiasma “Deus Forte” é equivalente ao “Senhor dos exércitos”, estabelecendo a equivalência destes dois títulos para o Senhor Jeová. “Pai da Eternidade” compara-se com “desde agora e para sempre”. “Príncipe” equivale ao “trono de Davi e no seu reino”, provando que “Príncipe da Paz” refere-se especificamente a herança de Cristo ao trono de Davi. “Paz”, o enfoque central deste quiasma, caracterizaria o reino do Senhor na Terra.

Os versículos 8 até 21 contêm uma mensagem profética, ou sermão sacerdotal, a Efraim, ou ao reino setentrional de Israel.[24] Este sermão sacerdotal consiste-se em três oráculos de pesar que descrevem as iniquidades, inclusive o orgulho e a corrupção governamental, pelas quais Efraim está sendo destruído. O quarto oráculo de pesar, dirigido contra Efraim e Judá, abrange a primeira parte do capítulo 10. Entretanto, a mensagem completa também aplica-se a nós nos últimos dias. Estes acontecimentos, que iriam se passar com as antigas Efraim e Judá, são exemplos de semelhantes ocorrências em nossos dias.

Os quiasmas nesta mensagem profética fornecem uma ponte entre os quatro oráculos de pesares, unificando-os como uma advertência coerente. A frase final de cada oráculo de pesar— “nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão” —forma a declaração central no primeiro quiasma, uma declaração auxiliar no segundo, a reflexão da declaração introdutória no terceiro, e a declaração introdutória e sua reflexão no quarto quiasma. As frases que são quiasmaticamente equivalentes fornecem um método para discernir o significado intencionado por Isaías.

O versículo 8 significa que o Senhor enviou uma mensagem profética a Israel: “O Senhor enviou uma palavra a Jacó, e ela caiu em Israel”. No Livro de Mórmon diz: “O Senhor enviou sua palavra a Jacó…”.[25] A mensagem segue nos próximos versículos.

O versículo 9 declara: “E todo este povo o saberá, Efraim e os moradores de Samaria, que em soberba e altivez de coração, dizem” — A frase “todo este povo o saberá” indica que o reino de Israel todo saberá sobre esta mensagem profética e deverá aprender com esta mensagem. E também, é um exemplo da Segunda Vinda quando “a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente a verá…”.[26] Todo o povo de “Efraim e os moradores de Samaria” saberão, apesar do orgulho—soberba e altivez de coração—que tomou conta de seus corações.

No versículo 10, o orgulho do povo de Efraim e Samaria é manifestado em sua declaração que apesar da destruição que lhes sobreviria, eles por si mesmos reconstruiriam melhor que antes: “Os tijolos caíram, mas com cantaria tornaremos a edificar; cortaram-se os sicômoros, mas em cedros as mudaremos”.

No versículo 11, “Portanto o Senhor suscitará, contra ele, os adversários de Rezim, e juntará os seus inimigos” indica que os inimigos do rei da Síria juntar-se-iam para guerrear contra ele.

O versículo 12 continua: “Pela frente virão os sírios, e por detrás os filisteus, e devorarão a Israel à boca escancarada; e nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”. Esta frase descreve uma longa história de guerras contra o reino setentrional de Israel, que finalmente resultaria em sua destruição. Israel e Síria, aliados contra o reino meridional de Judá, seriam destruídos pelos seus adversários.

A frase final do versículo 12, “nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão” significa que a justiça da ira do Senhor continua e sua mão está estendida contra eles para puni-los. Aparentemente, o tempo para o arrependimento terá passado quando estas condições surgirem. Esta frase aparece pela primeira vez no capítulo 5, onde é precedida por uma frase paralela com algumas diferenças na redação, porém com o mesmo significado: “Por isso se acendeu a ira do Senhor contra o seu povo, e estendeu a sua mão contra ele”.[27] A frase repete-se três vezes no capítulo 9,[28] e aparece uma vez mais no capítulo 10,[29] todas com o mesmo significado. Uma segunda interpretação é que “com tudo isto, o Senhor ainda está disponível para ajudá-los, se eles se voltarem para Ele”.[30] A primeira interpretação é absolutamente verdadeira, já a segunda continua sendo uma possibilidade, dado o caráter misericordioso do Senhor.

Este Segundo significado é explicado por Néfi:

“Ai dos gentios, diz o Senhor Deus dos Exércitos! Pois apesar de eu estender o braço sobre eles, dia após dia, eles me negarão; não obstante, serei misericordioso para com eles, diz o Senhor Deus, caso se arrependam e venham a mim; pois o meu braço está estendido o dia todo, diz o Senhor Deus dos Exércitos (ênfases adicionadas).”[31]

A frase final do versículo 12, “nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão” é equivalente quiasmaticamente à frase “este povo não se voltou para quem o feria, nem buscou ao Senhor dos Exércitos” no versículo 13. Aqui fica claro que o Senhor estenderia Sua mão para ferir os iníquos de Israel.

Em Doutrina e Convênios, o Senhor explica que Seu braço estende-se para salvar o Seu povo contra os iníquos nos últimos dias: “Eu sou aquele que tirou os filhos de Israel da terra do Egito; e meu braço estende-se nos últimos dias, para salvar meu povo Israel”.[32]

A mensagem do versículo 13 é que tribulações e punições pela mão do Senhor raramente levam ao arrependimento: “Todavia este povo não se voltou para quem o feria, nem buscou ao Senhor dos Exércitos”.

Os versículos 14 e 15 descrevem a destruição que sobreviria a Israel; isto também é um exemplo da destruição dos ímpios nos últimos dias. O versículo 14 declara: “Assim o Senhor cortará de Israel a cabeça e a cauda, o ramo e o junco, num mesmo dia”. “A cabeça e a cauda, o ramo e o junco” significam as diferentes camadas sociais.[33] “Junco” é um nome dado às plantas herbáceas aquáticas, alongadas e flexíveis, comumente usadas para tecelagem de cestas e tapetes.[34] A destruição seria dirigida primeiramente aos líderes e clero corruptos de Israel, porém se estenderia à camada mais baixa do reino—todos os que estiverem envolvidos em mentiras[35] e outras corrupções. A destruição aconteceria rapidamente, em um dia.

Os versículos 12 até 14 contêm um quiasma:

A: (12) Pela frente virão os sírios, e por detrás os filisteus,
B: e devorarão a Israel à boca escancarada;
C: e nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
C: (13) Todavia este povo não se voltou para quem o feria, nem buscou ao Senhor dos Exércitos.
B: (14) Assim o Senhor cortará de Israel
A: a cabeça e a cauda, o ramo e o junco, num mesmo dia

A frase “pela frente virão os sírios, e por detrás os filisteus” complementa “a cabeça e a cauda, o ramo e o junco”. Os exércitos invasores—ou sua analogia nos últimos dias—traria a destruição descrita. “Israel” no versículo 12 é o mesmo que “Israel” no versículo 14, identificando o reino de Israel e seu equivalente nos últimos dias como alvo da destruição. “Nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão” é equivalente à “todavia este povo não se voltou para quem o feria, nem buscou ao Senhor dos Exércitos”. Aqui fica claro que o propósito do Senhor ao estender a Sua mão é para feri-los, mas isto não faz com que o povo busque ao Senhor.

No versículo 15 o profeta explica parcialmente o simbolismo, inserido em parêntesis: “15 (O ancião e o homem de respeito é a cabeça; e o profeta que ensina a falsidade é a cauda)”. O Livro de Mórmon omite “e o homem de respeito”,[36] revelando que não haveria ninguém que seria considerado respeitável aos olhos do Senhor entre os que seriam destruídos naquela época.

No versículo 16 Isaías continua a explicação: “Porque os guias deste povo são enganadores, e os que por eles são guiados são destruídos”. “Os guias deste povo” ―a cabeça―significa líderes políticos e a cauda significa líderes espirituais. “Os que por eles são guiados” são o ramo e o junco.

O versículo 17 continua: “Por isso o Senhor não se regozija nos seus jovens, e não se compadecerá dos seus órfãos e das suas viúvas, porque todos eles são hipócritas e malfazejos, e toda a boca profere doidices; e nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”. A nação inteira—dos seus jovens até os seus órfãos e as suas viúvas—são hipócritas, malfeitores e mentirosos.

No versículo 18, os iníquos são apresentados como combustível para o fogo: “Porque a impiedade lavra como um fogo, ela devora as sarças e os espinheiros; e ela se ateará no emaranhado da floresta; e subirão em espessas nuvens de fumaça”. As sarças e os espinheiros para serem devorados são as falsas doutrinas que surgiriam no lugar da verdade,[37] resultando num longo período de apostasia. “Se ateará no emaranhado da floresta” significa que as sociedades dos nobres e poderosos seriam destruídas.[38] Tudo desapareceria como nuvens de fumaça.[39]

O versículo 19 continua a metáfora e provê uma explicação: “Por causa da ira do Senhor dos Exércitos a terra se escurecerá, e será o povo como combustível para o fogo; ninguém poupará ao seu irmão”.[40] Os ímpios serão queimados pelo fogo da destruição, com as pessoas servindo como combustível para o fogo. A palavra hebraica traduzida como “poupar” significa “ter piedade ou compaixão”.[41]

O versículo 20 declara: “Se colher à direita, ainda terá fome, e se comer à esquerda, ainda não se fartará; cada um comerá a carne de seu braço”. Ganancia e corrupção lastrar-se-iam desenfreadamente sobre a terra. Todos enganariam ou roubariam seu vizinho à direita, porém ainda quereriam mais, e cada um roubaria de seu vizinho à esquerda e ainda não ficariam satisfeitos. Essas terríveis condições resultariam em um colapso total da sociedade; as ações corruptas do povo seriam tão destrutivas para a sociedade quanto a ação de comer a carne do seu próprio braço seria para o corpo.

O versículo 21 continua: “Manassés a Efraim, e Efraim a Manassés, e ambos serão contra Judá. Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”. Este versículo e os versículos precedentes descrevem os terrores da guerra infligidos sobre Efraim, Manassés e Judá. A frase final, “Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”, significa que a justiça da ira do Senhor continua e está estendida a sua mão contra eles para puni-los.[42]

Os versículos 19 até 21 formam um quiasma:

A: (19) Por causa da ira do Senhor dos Exércitos a terra se escurecerá, e será o povo como combustível para o fogo;
B: ninguém poupará ao seu irmão.
C: (20) Se colher à direita, ainda terá fome,
C: e se comer à esquerda, ainda não se fartará;
B: cada um comerá a carne de seu braço. (21) Manassés a Efraim, e Efraim a Manassés, e ambos serão contra Judá.
A: Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.

A frase “Por causa da ira do Senhor dos Exércitos a terra se escurecerá” complementa “Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”, e “ninguém poupará ao seu irmão” complementa “cada um comerá a carne de seu braço”, provendo uma interpretação para o simbolismo. “Se colher à direita, ainda terá fome” complementa “e se comer à esquerda, ainda não se fartará”, formando o enfoque central do quiasma.

A frase final, “Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”, é também a frase introdutória do quiasma formada pelo quarto oráculo de pesar, que se consiste dos primeiros quatro versículos do capítulo 10.[43]

NOTAS

[1]. Versículo 1 contém um quiasma: Entenebrecida/nos primeiros tempos/Zebulom//Naftali/nos últimos tempos/ enobreceu.
[2]. 2 Néfi 19:1.
[3]. Ver Mapa Bíblico 3.
[4]. Ver Isaías 9:1, nota de rodapé da versão da Bíblia de King James em inglês 1b.
[5]. Ver Isaías 6:10, comentário pertinente e endnote.
[6]. Mateus 4:13-16.
[7]. Joseph Smith’s “New Translation” of the Bible [“Nova Tradução” da Bíblia por Joseph Smith]: Herald Publishing House, Independence, Missouri, 1970, p. 197.
[8]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah: [Compreendendo Isaías] Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 94.
[9]. 2 Néfi 19:4.
[10]. Ver Isaías 1:7, 28; 5:24; 9:18-19 e comentário pertinente.
[11]. Isaías 10:16-17.
[12]. Ver Isaías 5:6 e comentário pertinente.
[13]. Salmos 80:16.
[14]. Naum 1:5.
[15]. Malaquias 4:1.
[16]. Joseph Smith—História 1:37.
[17]. Ver Daniel 9:27, 11:31, e 12:11; Ver também Mateus 24:15.
[18]. Doutrina e Convênios 64:23-24.
[19]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 6382, p. 810.
[20]. Ver 2 Néfi 19:6.
[21]. Ver também Isaías 7:14; 11:1; 25:9; 53:5.
[22]. Mosias 15:11-12.
[23]. Ver Gênesis 49: 9-10.
[24]. Ver Avraham Gileadi, The Book of Isaiah: A New Translation With Interpretive Keys From The Book of Mórmon [O Livro de Isaías: Uma nova tradução com chaves interpretativas do Livro de Mórmon]: Deseret Book Company, P.O. Box 30178, Salt Lake City, Utah 84130, 1988, p. 19.
[25]. 2 Néfi 19:8.
[26]. Isaías 40:5.
[27]. Isaías 5:25.
[28]. Isaías 9:12, 17, e 21.
[29]. Isaías 10:4.
[30]. Isaías 9:12, nota de rodapé na Bíblia SUD em inglês 12d.
[31]. 2 Néfi 28:32.
[32]. D&C136:22.
[33]. Ver Isaías 19:15, nota de rodapé da versão da Bíblia de King James em inglês 15a.
[34]. Junco em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. Disponível na www: http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/junco.
[35]. Ver Isaías 16:6; 28:15, 17; 59:3-4 e comentário pertinente.
[36]. 2 Néfi 19:15.
[37]. Ver Isaías 55:13; 5:6; 10:17; 27:4; 32:13 e comentário pertinente.
[38]. Ver Isaías 2:13; 10:18-19, 33-34; 14:8; 29:17; 32:15; 37:24; 55:12.
[39]. Ver Isaías 1:7, 28; 5:24; 9:5 e comentário pertinente.
[40]. Os versículos 17 até 19 formam um quiasma: Todos eles…toda a boca/a sua ira/lavra como um fogo/sarças//espinheiros/se ateará/ira do Senhor dos exércitos/ninguém.
[41].  Brown et al., 1996, Número de Strong 2550, p. 328.
[42]. Ver comentários para o versículo 12, onde esta frase também aparece.
[43]. Um outro quiasma também se encontra nos versículos 19 até 21: Ira do Senhor dos exércitos/ninguém poupará ao seu irmão/Manassés/Efraim//Efraim/Manassés/ambos serão contra Judá/não cessou a sua ira.

CAPÍTULO 2: “Se Firmará O Monte da Casa Do Senhor No Cume Dos Montes”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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No capítulo 2, Isaías vê acontecimentos preparatórios para o reinado Milenar do Senhor. Ele vê templos dos últimos dias, a coligação de Israel, e o julgamento e paz milenar. O orgulhoso e o iníquo será rebaixado na Segunda Vinda. Uma grande destruição antes disto trará o fim ao penetrante materialismo idólatra, e causará medo nos corações dos perversos.

Este é o primeiro capítulo citado por Néfi completamente, em 2 Néfi 12.  Quando comparado com a tradução de João Ferreira de Almeida há diferenças em mais da metade dos 433 versículos de Isaías citados no Livro de Mórmon, enquanto que uns 200 versículos têm as mesmas palavras.[1] Neste livro as palavras e frases que vêm do Livro de Mórmon que são apresentadas diferentemente das da Bíblia serão mostradas em itálico. Em Joseph Smith—Tradução (JST), as palavras são bem parecidas às do Livro de Mórmon.[2]

Este capítulo marca o começo da maior divisão no Livro de Isaías, abrangendo os capítulos 2 até 39.  Nestes capítulos, a nação de Israel antiga é descrita como se estivera em sua terra natal num estado de iniquidade. Estas condições são típicas de semelhantes iniquidades nos últimos dias.[3]

As palavras dos quiasmas no Capítulo 2, como foram apresentadas no Livro de Mórmon, se diferenciam da versão de João Ferreira de Almeida, adicionando e esclarecendo seus significados. Em alguns casos os quiasmas intencionados pelo profeta são irreconhecíveis sem as palavras adicionadas. Isto indica que aqueles que alteraram o texto depois da época de Isaías[4] não tinham um bom conhecimento das sutis estruturas escritas originalmente pelo profeta. Isto também mostra que o texto de Isaías contidos nas placas de latão, levadas para o deserto por Leí e eventualmente ao continente Americano,[5] era uma versão mais autêntica do que o texto Massorético Hebraico de onde o Velho Testamento foi traduzido para as línguas modernas.

O versículo 1 declara: “Palavra que viu Isaías, filho de Amós, a respeito de Judá e de Jerusalém”. Este capítulo, contudo, lida extensivamente com os desenvolvimentos mundiais nos últimos dias, ao invés de somente em Judá e Jerusalém. O significado é, portanto, aqueles que vieram de Judá e Jerusalém e foram espalhados por toda a Terra.

No versículo 2, o profeta prevê a casa do Senhor (o templo nos últimos dias) estabelecida no cume dos montes: “E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor no cume dos montes, e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações”. O Livro de Mórmon diz “…quando o monte da casa do Senhor…”[6] “Concorrerão a ele todas as nações” significa que um grande número de pessoas de outras nações subiriam à casa do Senhor.[7] “O monte da casa do Senhor” significa o templo sagrado.[8]

Quando os pioneiros Mórmons chegaram no Vale do Lago Salgado[9], eles chamaram este vale e as regiões ao redor de “Deseret”, que vem do Livro de Mórmon, uma palavra Jaredita que significa “abelha de mel”.[10] O nome foi escolhido para simbolizar a laboriosidade do povo. Porém, quando os cidadãos de Deseret tentaram se incorporar aos Estados Unidos como território, o Congresso tentou impor seus próprios desejos negando a escolha do nome Deseret. O nome Utah—nome dado à região pelos indígenas Utes—foi ordenado como mudança, aplicando o costume de manter o nome original indígena, que muitos dos Estados nos Estados Unidos seguiam. Assim, Utah se tornou o nome deste território em 1869 e finalmente o nome do Estado em 1896. Na época ninguém sabia que “Utah” na língua indígena Ute significava “cume dos montes”.[11] Devido essas circunstâncias, não podemos dizer que a escolha do nome Utah para o Estado foi feita por homens desejosos em cumprir a profecia de Isaías.

De acordo com Gileadi,[12] a palavra “monte” é retoricamente conectada à “nação”, a qual pode ser substituída para se obter um significado mais profundo. Isto é ilustrado em vários lugares, tanto na tradução de Isaías de João Ferreira de Almeida, quanto no Livro de Mórmon. A transcrição de Néfi do versículo 14 no Capítulo 2 diz: “E a todos os montes altos e a todos os outeiros; e a todas as nações que se exaltam e a todos os povos”.[13] Itálicos mostram as palavras e frases que são diferentes no Livro de Mórmon, como já foi explicado anteriormente. Note nestas duas frases paralelas e sinônimas que uma chave interpretativa importante foi apresentada, aplicável em todo o livro de Isaías, “montes” significa “nações”. Semelhantemente, no Capítulo 13 na versão de João Ferreira de Almeida, Isaías diz: “Já se ouve a gritaria da multidão sobre os montes, como a de muito povo; o som do rebuliço de reinos e de nações congregados. O Senhor dos Exércitos passa em revista o exército de guerra”.[14] Nestas duas declarações paralelas, “montes” equivale à palavra “nações”.[15]

Com esta explicação, compreendemos que o versículo 2 significa: “E acontecerá nos últimos dias que a nação que possui o Templo do Senhor, será estabelecida como cabeça entre as outras nações, e se exalçará sobre todas as nações menores; e correrão a ela todas as nações”.

O Senhor usou a mesma conexão retórica ao instruir Sidney Rigdon: “…eis que eu, o Senhor vosso Deus, o curarei [Sidney Rigdon] para que fique são; e ele tornará a erguer a voz nas montanhas e será um porta-voz diante de minha face” (ênfases adicionadas).[16] Este companheiro do Profeta Joseph Smith seria chamado para erguer sua voz novamente entre as nações.

Nos últimos dias, então, a nação—América—teria um templo, ou uma casa do Senhor, no lugar chamado Utah— “nas montanhas, ou cume dos montes”, conforme o significado do idioma Ute; esta nação será preeminente sobre todas as outras nações, e gente de todas as nações correrão para ela.  Esta profecia já foi cumprida, pelo menos parcialmente; parte desta profecia, tal como as nações correndo para ela, já foi cumprida de uma cetra forma, mas deverá ser cumprida num grau ainda mais elevado.

No versículo 3, o propósito das nações correrem para o templo na América é revelado: “E irão muitos povos, e dirão: Vinde, subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor”. “Lei” vem da palavra hebraica que significa “ensinamento”, ou “doutrina”.[17] Cada ano, milhões de pessoas visitam a Praça do Templo em Salt Lake City (Cidade do Lago Salgado), onde elas têm a oportunidade de aprender sobre os caminhos do Senhor. “Sião”, como usada aqui, significa um lugar que seria estabelecido nos últimos dias para a coligação espiritual do povo do Senhor de muitos países.[18] “Para que nos ensine os seus caminhos” significa que o povo será ensinado por revelação de Deus, e “andemos nas suas veredas” significa que o povo seguirá o Plano de Salvação, fazendo convênios sagrados com Deus em Sua Casa.

As palavras dos versículos 2 e 3 foram citadas, com uma pequena variação, por Miquéias.[19]

Elder LeGrande Richards declarou:

“Este templo é a casa do Senhor Deus de Jacó, o qual nossos pioneiros começaram a edificar quando estavam a centenas de quilômetros de distância dos transportes, precisando de quarenta anos para construi-lo. Não é uma construção gloriosa, um dos mais belos edifícios do mundo? Aqueles que já fizeram missão sabem como os conversos de antigamente, assim que se filiavam à Igreja, estavam dispostos a vender tudo o que possuíam, economizando o pouco que tinham, como aconteceu na Holanda, de modo a conseguirem o suficiente para ir à terra desse templo, devido ao poder atrativo dele, a fim de que pudessem conhecer os seus caminhos e trilhar as suas veredas.”[20]

As duas últimas frases do versículo 3 formam um paralelismo:

A: porque de Sião
B: sairá a lei,
A: e de Jerusalém
B: a palavra do Senhor.

“Sião” equivale à “Jerusalém”, e “a lei” é equivalente em sentido à “a palavra do Senhor”. Aparentemente, não há um significado especial na combinação de “Sião” com “a lei”, tampouco de “Jerusalém” com “a palavra do Senhor”; o sentido não seria diferente se a combinação fosse revertida. Miquéias apresenta estas frases da mesma forma.[21]

O que a Sião dos últimos dias tem em comum com a Jerusalém antiga, no contexto estrutural desta frase? Várias interpretações vêm dos diversos significados das palavras chaves “Sião” e “Jerusalém”.[22] A Sião dos últimos dias, onde o templo serve como um estandarte, teria profetas vivos bem como a Jerusalém antiga. Estes profetas vivos receberiam a palavra do Senhor e a transmitiria para o mundo. Por outro lado, se “Jerusalém” for interpretada como o lugar de coligação nos últimos dias para os descendentes fiéis de Israel, o significado é de que haveria dois lugares de onde a palavra do Senhor partiria. Em Doutrina e Convênios, onde o versículo 3 foi parafraseado, o significado de dois lugares nos últimos dias de onde partiria a palavra Senhor é evidente: “E sua voz sairá de Sião e ele falará de Jerusalém; e ouvir-se-á sua voz entre todo o povo”.[23] É bem possível que Isaías intencionou expressar os dois significados.

Joel também parafraseou, e deu a entender o mesmo sentido: “E o Senhor bramará de Sião, e de Jerusalém fará ouvir a sua voz; e os céus e a terra tremerão, mas o Senhor será o refúgio do seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel”.[24]

Mais tarde, no Capítulo 56, Isaías profetiza sobre a disponibilidade universal das ordenanças do templo nos últimos dias:

“Também os levarei [povos de muitas nações que não eram do convênio] ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos.”[25]

O Senhor receberia todos os povos—até mesmo aqueles que não foram nascidos no convênio —no templo e aceitaria suas ordenanças e ofertas.

Mateus, no Novo Testamento, descreve o versículo 3 como cumprido durante a vida do Senhor Jesus Cristo. Durante a última semana de Sua vida ele ensinou diariamente no templo—ou, no monte da casa do Senhor.[26]

O Presidente Gordon B. Hinckley declarou na dedicação do Centro de Conferência no dia 8 de outubro de 2000, que aquele novo edifício fazia parte do “monte da casa do Senhor”, juntamente com o templo de Salt Lake e todos os outros edifícios da sede da Igreja, em cumprimento à profecia de Isaías. Ele falou: “Ao contemplar esta magnífica estrutura, adjacente ao templo, vem à minha mente a grande declaração profética de Isaías”. Depois de citar os versículos 2, 3, e 5, ele continuou:

“Creio que essa profecia se aplique ao histórico e maravilhoso Templo de Salt Lake. Mas acredito também que se relacione a este edifício magnífico. Pois é deste púlpito que a lei de Deus sairá, juntamente com a palavra e o testemunho do Senhor.[27]

Alguns judeus modernos acreditam que esta profecia de Isaías prediz a terceira edificação do templo em Jerusalém e, quando construído, o templo anunciaria a vinda do Messias.[28]

O Presidente Joseph Fielding Smith deu a seguinte explicação concernente a profecia no versículo 3:

“A antiga Jerusalém, depois que os judeus forem purificados e santificados de todos os seus pecados, se tornará uma cidade santa onde o Senhor habitará e de onde Ele enviará Sua palavra a todos os povos. Da mesma forma, neste continente, a cidade de Sião, a Nova Jerusalém, será construída e dali a lei de Deus será enviada. Não haverá conflito, porque cada cidade será uma sede para o Redentor do mundo, e de cada uma Ele enviará Suas proclamações tal como requere a ocasião. Jerusalém será o lugar de coligação de Judá e dos membros da casa de Israel, e Sião será o lugar de coligação de Efraim e seus membros, sobre cujas cabeças serão conferidas as ‘mais ricas bênçãos…’
“Estas duas cidades, uma na terra de Sião e a outra na Palestina, se tornarão as capitais para o reino de Deus durante o milênio.”[29]

O hino “No Monte a Bandeira” declara o cumprimento da profecia que se encontra nos versículos 2 e 3:

No monte a bandeira se alteia já,
Com júbilo proclama “O senhor virá” ….

Seu templo soerguido em Sião está
E sobre as montanhas se exalçará.
Queremos lá a Deus servir
Verdade eterna descobrir.[30]

O versículo 4 fala de grandes guerras com o propósito de julgar e repreender: “E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos”—Estas declarações paralelas indicam que “julgará” significa “repreenderá” e “nações” tem o mesmo significado que “muitos povos”. Depois destas guerras passarem, guerra será abolida: “e estes converterão as suas espadas em enxadões e as suas lanças em foices; uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerrear”. Tecnologias de armamentos serão usadas com fins pacíficos e a guerra será uma coisa do passado.[31] O versículo 4 também foi citado por Miquéias, com pouca variação.[32]

No versículo 5, o profeta implora: “Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor”. “Luz” neste versículo refere-se à luz da inspiração, ou a influência do Espírito Santo. Isto é um dom espiritual que só se pode ser obtido através de uma vida justa. Para o nosso tempo, Isaías apela conosco para que vivamos uma vida reta para que possamos escapar os julgamentos dos últimos dias e desfrutar das bênçãos espirituais prometidas. O Livro de Mórmon acrescenta mais ao versículo 5: [S]im, vinde, pois vós todos vos desviastes, cada um para seus caminhos iníquos”.[33]

O apelo de Isaías foi expressado no hino escrito para as crianças “Faz-me Andar Só na Luz”.[34]

Versículos 3 até 5 contêm um quiasma:[35]

(3) E irão muitos povos, e dirão: Vinde, subamos ao monte do Senhor,
A: à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor.
B: (4) E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos;
C: e estes converterão as suas espadas em enxadões
C: e as suas lanças em foices;
B: uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerrear.
A: (5) Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor.

A enfoque deste quiasma é que as nações da Terra, depois que aprenderem sobre o Senhor e Seus caminhos, e seguindo-o, abandonarão as guerras. Instrumentos de guerra se reverterão em instrumentos de paz; Isaías explica isto figurativamente dizendo: “estes converterão as suas espadas em enxadões e as suas lanças em foices”.

Versículo 6 declara: “Mas tu desamparaste o teu povo, a casa de Jacó, porque se encheram dos costumes do oriente e são agoureiros como os filisteus; e associam-se com os filhos dos estrangeiros”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “Portanto tu, ó Senhor…”[36] A frase “se encheram dos costumes do oriente” significa que eles estão cheios de práticas e costumes dos povos do oriente, especialmente da Babilônia.  Ao invés de praticarem as leis dadas a eles pelo Senhor, o povo adotou práticas e costumes iníquos. Eles contam com adivinhos, como os seus vizinhos Filisteus, e fazem acordos com os filhos dos estrangeiros, o que foi proibido pelo o Senhor.

Versículos 5 e 6 contêm um quiasma:

A: (5) Vinde, ó casa de Jacó,
B: e andemos na luz do Senhor.
C: [S]im, vinde, pois vós todos vos desviastes,
C: cada um para seus caminhos iníquos.
B: (6) Mas tu, ó Senhor, desamparaste o teu povo,
A: a casa de Jacó….

De acordo com O Livro de Mórmon “pois vós todos vos desviastes” e “cada um para seus caminhos iníquos” consiste de declarações centrais que se combinam. O profeta do Senhor, Isaías, apela ao povo para que voltem à retidão.

Palavras e frases do Livro de Mórmon ampliam e completam este quiasma. As alterações do texto Massorético, vistas na Versão de João Ferreira de Almeida, obscurecem e enfraquecem este quiasma, que foi originalmente escrito pelo profeta.

Os versículos 7 e 8 contêm um paralelismo triplo:

“E a sua terra está cheia de prata e ouro, e não têm fim os seus tesouros; também a sua terra está cheia de cavalos, e os seus carros não têm fim.
“Também a sua terra está cheia de ídolos; inclinam-se perante a obra das suas mãos, diante daquilo que fabricaram os seus dedos.”

Três diferentes declarações equivalentes seguem a frase principal, “A sua terra está cheia de…”. Este são: “prata e ouro, e não têm fim os seus tesouros”; “cavalos, e os seus carros não tem fim”; e “de ídolos; inclinam-se perante a obra das suas mãos, diante daquilo que fabricaram os seus dedos”. Quais são seus ídolos? –Prata e ouro, tesouros, cavalos e carros; a obra das suas mãos, aquilo que fabricaram os seus dedos.[37] Isaías viu nossa sociedade materialista e a ênfase colocada na posição social. “Os seus carros não têm fim” sugere que Isaías viu o tráfego contínuo nas estradas modernas. Cavalos e carros também implica o poder e equipamentos militares.[38]

Este materialismo seria deixado para trás pelas pessoas arrependidas na época da Segunda Vinda do Senhor. Isaías proclama mais tarde, no capítulo 17: “E não atentará [aqueles que sobreviveriam as grandes destruições dos últimos dias] para os altares, obra das suas mãos, nem olhará para o que fizeram seus dedos, nem para os bosques, nem para as imagens”.[39]

O versículo 9 implora: “E o povo se abate, e os nobres se humilham; portanto não lhes perdoarás”. O Livro de Mórmon apresenta: “E o malvado não se inclina e o grande não se humilha; portanto não o perdoes”.[40] Ao invés de dizer que tanto o povo, quanto os nobres se inclinariam perante ídolos de materialismo, aprendemos com O Livro de Mórmon que a decisão de não se humilharem perante o Senhor é a razão de Sua ira. A versão do Livro de Mórmon acrescenta palavras e frases que revelam um quiasma elaborado, incluso os versículos 9 até 11, isto é quase irreconhecível na versão de João Ferreira de Almeida. Ver discussões e análises do quiasma depois do comentário do versículo 11.

O restante do capítulo, os versículos 10 até 22, descreve as grandes destruições que acompanharão na Segunda Vinda do Senhor—depois que o templo for construído e nações correrem para lá. Grandes destruições trarão o fim ao materialismo idólatra e medo nos corações dos iníquos.

No versículo 10, o profeta admoesta o iníquo: “Entra nas rochas, e esconde-te no pó, do terror do Senhor e da glória da sua majestade”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “Ó iníquos, entrai na rocha e escondei-vos no pó, porque o temor do Senhor e a glória de sua majestade vos ferirão”.[41] Os iníquos temerão na Sua vinda e tentarão esconder-se; eles serão abatidos pela glória da majestade do Senhor.

Versículos 11 até 14 descrevem como a sociedade se humilhará. O versículo 11 declara: “Os olhos altivos dos homens serão abatidos, e a sua altivez será humilhada; e só o Senhor será exaltado naquele dia”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “E acontecerá que os olhares altivos dos homens…”[42] Durante e depois das grandes destruições, a humildade substituirá o orgulho.

Versículos 9 até 11 contêm um quiasma:

A: (9) E o povo
B: não se abate,
C: e os nobres não se humilham; portanto não lhes perdoarás.
A: (10) Ó iníquos,
D: Entra nas rochas,
D: e esconde-te no pó,
A:  porque o terror do Senhor e a glória da sua majestade vos ferirão.
C: (11) E acontecerá que os olhos altivos do homem serão abatidos,
B: e a sua altivez será humilhada;
A: e só o Senhor será exaltado naquele dia.

A declaração introdutória e sua reflexão antitética aparecem quatro vezes neste quiasma, também inseridas antes e depois da declaração central e sua reflexão. Elementos no lado descendente do quiasma tem significados opostos aos do lado ascendente. “E o povo” no versículo 9 e sua repetição “ó iníquos”, provido pelo Livro de Mórmon, são opostos à frase “o terror do Senhor e a glória da sua majestade vos ferirão” no versículo 10 e sua repetição “e só o Senhor será exaltado naquele dia” no versículo 11. Para que o segundo e terceiro elementos sejam opostos do lado descendente e ascendente, para seguir ao padrão antitético deste quiasma, as palavras do Livro de Mórmon são essenciais. A palavra “não” inserida em dois lugares e uma segunda repetição do primeiro elemento, “ó iníquos”, todos do lado ascendente, completam o quiasma. “Não se abate” e “não se humilham” no lado ascendente estão contrastados com humilhada” e “serão abatidos”, no lado descendente; e “entra nas rochas” e “esconde-te no pó” são declarações descrevendo o medo e evasão fútil dos iníquos na vinda do Senhor.  O fato deste quiasma fazer sentido somente com as palavras apresentadas no Livro de Mórmon é um testemunho da veracidade do Livro de Mórmon e do trabalho do Profeta Joseph Smith [43]

O tema do versículo precedente é repetido no versículo 12 para dar ênfase: “Porque o dia do Senhor dos Exércitos será contra todo o soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido”. O Livro de Mórmon apresenta esta escritura da seguinte maneira: “Pois o dia do Senhor dos Exércitos logo virá a todas as nações; sim, a todas; sim, ao soberbo e altivo…”.[44] Mais tarde, no capítulo 13, Isaías explica as razões do Senhor para a destruição: “E visitarei sobre o mundo a maldade, e sobre os ímpios a sua iniquidade; e farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos tiranos”.[45]

Versículos 11 e 12 contêm um quiasma:

A: (11) E acontecerá que Os olhos altivos dos homens serão abatidos, e a sua altivez será humilhada;
B: e só o Senhor será exaltado
C: naquele dia.
C: (12) Pois o dia
B: do Senhor dos exércitos logo virá a todas as nações; sim,
A: contra todo o soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido.

No quiasma a exaltação do Senhor na Sua gloriosa Segunda Vinda é contrastada com o orgulho egoísta dos ímpios. A altivez de todas as nações será abatida e só o Senhor será exaltado naquele dia.

No versículo 13, árvores referem-se aos líderes orgulhosos e aos homens nobres[46] nos países adjacentes: “E contra todos os cedros do Líbano, altos e sublimes; e contra todos os carvalhos de Basã”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “Sim, e o dia do Senhor contra todos os cedros do Líbano…”.[47] Basã é a área do nordeste dos Mar da Galileia, que agora faz parte da Síria. Ver Mapa Bíblico 1.[48] Basã é a área típica e o homônimo de basalto, uma rocha ígnea eruptiva (lava) comum, que se encontra com abundância nesta área.[49]

No versículo 14 “montes altos” e “outeiros” referem-se tanto às grandes como às pequenas nações da Terra, todas consumidas pelo orgulho: “E contra todos os montes altos, e contra todos os outeiros elevados”.  O Livro de Mórmon apresenta assim: “E a todos os montes altos e a todos os outeiros; e a todas as nações que se exaltam e a todos os povos”,[50] fornecendo a interpretação da metáfora numa série de declarações paralelas. Esta conexão retórica é usada em todo o livro de Isaías.[51]

No versículo 15, torre alta e um muro fortificado referem-se ás fortalezas militares: “E contra toda a torre alta, e contra todo o muro fortificado”.

O versículo 16 continua: “E [o dia do Senhor logo virá] contra todos os navios de Társis, e contra todas as pinturas desejáveis”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “E a todos os navios do mar e a todos os navios de Társis e a todos os cenários agradáveis”.[52] Este versículo dá informações sobre as placas de latão de onde Néfi copiou estes capítulos de Isaías. Uma nota de rodapé na edição SUD da Bíblia em inglês explica: “A Septuaginta Grega diz: ‘navios do mar.’ A Hebraica diz: ‘navios de Társis.’ O Livro de Mórmon apresenta ambos termos, mostrando que as placas de latão continham as duas frases”.[53] O Grande Pergaminho de Isaías, um dos Pergaminhos do Mar Morto, apresenta “navios luxuosos” para “pinturas desejáveis”.[54]

O versículo 17 repete o tema estabelecido nos versículos 10 até 16: “E a arrogância do homem será humilhada, e a sua altivez se abaterá, e só o Senhor será exaltado naquele dia”. Isaías contrasta a altivez do homem sendo abatida com o estado exaltado do Senhor, para enfatizar suas diferenças. O propósito deste grande contraste é para acentuar na mente dos leitores a vasta diferença entre o estado humilde dos homens depois das destruições com o estado exaltado do Senhor em Sua Segunda Vinda.

O versículo 18 declara: “E todos os ídolos desaparecerão totalmente”. A adoração verdadeira tomará o lugar do materialismo, imoderação e iniquidades características dos últimos dias.[55]

O versículo 19 continua a descrição do temor que sentirão os homens: “Então os homens entrarão nas cavernas das rochas, e nas covas da terra, do terror do Senhor, e da glória da sua majestade, quando ele se levantar para assombrar a terra”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “E meter-se-ão nos buracos das rochas e nas cavernas da terra, porque o temor do Senhor virá sobre eles; e a glória da sua majestade feri-los-á quando ele se levantar para sacudir terrivelmente a terra”.[56]

Ao aproximar-se o dia do Senhor, terremotos “sacudirão terrivelmente a terra”. No princípio do século doze, terremotos com magnitude 6 ou mais aconteciam uma vez por década. Depois desta época o índice de ocorrência de terremotos severos cresceram exponencialmente, agora terremotos com magnitude 6 ou maior ocorrem quase todos os dias em alguma parte do mundo.[57]

O versículo 20 declara que aqueles que praticam idolatria (materialismo) virá a conhecer o descontentamento do Senhor: “Naquele dia o homem lançará às toupeiras e aos morcegos os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro, que fizeram para diante deles se prostrarem”. Os homens tentarão esconder as evidências de suas idolatrias em cavernas e buracos nas rochas—os habitats típicos de toupeiras e morcegos.
Versículos 8 até 20 contêm um quiasma:

A: (8) Também a sua terra está cheia de ídolos; inclinam-se perante a obra das suas mãos, diante daquilo que fabricaram os seus dedos. (9) E o povo não se abate, e os nobres não se humilham; portanto não lhes perdoarás.
B: (10) Ó iníquos, Entra nas rochas, e esconde-te no pó, do terror do Senhor e da glória da sua majestade vos ferirão. (11) E acontecerá que Os olhos altivos dos homens serão abatidos, e a sua altivez será humilhada;
C: e só o Senhor será exaltado naquele dia.
D: (12) Porque o dia do Senhor dos Exércitos será contra todo soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido;
E: (13) E contra todos os cedros do Líbano, altos e sublimes; e contra todos os carvalhos de Basã;
F: (14) contra todos os montes altos e contra todos os outeiros elevados;
G: e a todas as nações
H: que se exaltam,
G: e a todos os povos;
F: (15) E contra toda torre alta, e contra todo o muro fortificado;
E: (16) E contra todos os navios do mar e contra todos os navios de Társis, e contra todas as pinturas desejáveis.
D: (17) E a arrogância do homem será humilhada, e a sua altivez se abaterá, e só o Senhor será exaltado naquele dia. (18) E todos os ídolos desaparecerão totalmente.
B: (19) Então os homens se meterão nas cavernas das rochas, e nas covas da terra, do terror do Senhor, e da glória da sua majestade feri-los-á, quando ele se levantar para sacudir terrivelmente a terra.
A: (20) Naquele dia o homem lançará às toupeiras e aos morcegos os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro, que fizeram para diante deles se prostrarem.

Os donos orgulhosos de ídolos tentarão escondê-los nas cavernas, de tanta vergonha e temor que sentirão quando o Senhor aparecer. Os ímpios, temerosos da majestade e glória do Senhor e conscientes de suas culpas, serão humilhados e feridos. As nações e seus líderes, representados metaforicamente como montes, outeiros elevados, cedros e carvalhos, serão abatidos e humilhados no dia do Senhor dos Exércitos.  Sem as palavras e frases fornecidas pelo Livro de Mórmon, este quiasma seria significantemente enfraquecido.

O versículo 21 é semelhante ao versículo 19, repetido para equilíbrio poético e ênfase: “E entrarão nas fendas das rochas, e nas cavernas das penhas, por causa do terror do Senhor, e da glória da sua majestade, quando ele se levantar para abalar terrivelmente a terra”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “Para entrar pelas fendas das rochas e pelos cumes dos penhascos, porque o temor do Senhor virá sobre eles; e a majestade de sua glória feri-los-á quando ele se levantar para sacudir terrivelmente a terra”.[58]

Versículos 19 até 21 contêm um quiasma:

A: (19) Então os homens entrarão nas cavernas das rochas, e nas covas da terra, do terror do Senhor virá sobre eles; e da glória da sua majestade feri-los-á, quando ele se levantar para sacudir terrivelmente a terra.
B: (20) Naquele dia o homem lançará às toupeiras e aos morcegos os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro,
C: que fizeram
C: para diante deles
B: se prostrarem.
A: (21) E entrarão nas fendas das rochas, e nas cavernas das penhas porque o terror do Senhor virá sobre eles; e da glória da sua majestade feri-los-á quando ele se levantar para abalar terrivelmente a terra.

A Terra estremecerá violentamente e o iníquo será ferido na vinda do Senhor. Por causa do temor que terão do Senhor—reconhecendo suas terríveis iniquidades—idólatras buscarão esconder as evidências de suas iniquidades.

No versículo 22 somos admoestados: “Deixai-vos do homem cujo fôlego está nas suas narinas; pois em que se deve ele estimar?” Devemos parar de colocar nossa confiança nos homens, porque o braço da carne é insignificante comparado com o poder do Senhor.[59]

Será que Joseph Smith tinha suficiente conhecimento das sutilezas e dos significados escondidos na obra de Isaías a fim de poder fabricar O Livro de Mórmon? Comparando os quiasmas deste capítulo às palavras usadas no Livro de Mórmon nos testifica que o Profeta Joseph Smith traduziu O Livro de Mórmon de registros antigos através de orientação divina, conforme ele testificou.[60] Como que Joseph poderia ter inventado as palavras precisas para completar estes quiasmas?  Leve em consideração que 1820s quase nada se sabia a respeito de quiasma—especialmente entre os fazendeiros sem muita escolaridade.[61]

NOTAS


[1]. 2 Néfi 12:2, nota de rodapé.
[2]. Joseph Smith’s “New Translation” of the Bible: [“Nova Tradução” da Bíblia por Joseph Smith] Herald Publishing House, Independence, Missouri, 1970, 523 p.
[3]. Capítulos 2 até 39  descrevem Israel em sua terra natal num estado de iniquidade; capítulos 40 até 54 descrevme Israel em exílio no mundo em geral, interagindo com pessoas e acontecimentos; e capítulos 55 até 66 descrevme o retorno glorioso de Israel à sua terra natal  depois do arrependimento e purificação.
[4]. Ver 1 Néfi 13:28.
[5]. 1 Néfi 3:3, 12, 24; 1 Néfi 4:16, 24, 38; 1 Néfi 5:10-22; 1 Néfi 13:23; 1 Néfi 19:21-24; 1 Néfi 22:1, 30; 2 Néfi 4:2, 15; 2 Néfi 5:12.
[6]. 2 Néfi 12:2.
[7]. Brown et al., 1996, Número de Strong 5102, p. 625.
[8]. Ver Isaías 30:29; 56:7; 65:11; 66:20 e comentário pertinente.
[9]. Ver Isaías 35:1 e comentário pertinente.
[10]. Éter 2:3.
[11]. Joseph Fielding McConkie, Gospel Symbolism: [Simbolismo do Evangelho] Bookcraft, Inc. Salt Lake City, UT, 1985, pp. 129-130. Ver também “The Mountain of The Lord” (“O monte do Senhor”) (Dvd), A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1993.
[12]. Avraham Gileadi, The Book of Isaiah: A new translation with interpretive keys from The Book of Mormon [O Livro de Isaías: Uma nova tradução com chaves interpretativas do Livro de Mórmon]:  Deseret Book Co., Salt Lake City, Utah, 1988, 250 pp. Ver p. 43. Ver Isaías 2:2 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:2, 4; 30:25 e comentário pertinente.
[13]. 2 Néfi 12:14.
[14]. Isaías 13:4.
[15]. Ver Isaías 2:14 e 2 Néfi 12:14; Isaías 11:9; 13:2, 4; 30:25 e comentário pertinente.
[16]. Doutrina e Convênios 124:104.
[17]. Brown et al., 1996, Número de Strong 8451, p. 435.
[18]. Ver Isaías 1:27 e comentário pertinente. Ver também Salmos 102:13, 16; 129:5; 132:13; Isaías 1:8; 4:5; 14:32; 24:23; 28:16; 31:9; 35:10; 46:13; 51:16; 52:7, 8; 59:20.
[19]. Miquéias 4:1-2.
[20]. LeGrande Richards, “Profetas e Profecia”, The Ensign, Nov. 1975, p. 50.
[21]. Miquéias 4:2.
[22]. Por exemplo, Ver diferentes significados para “Sião” no comentário para Isaías 3:16.
[23]. D. e C. 133:21.
[24]. Joel 3:16.
[25]. Isaías 56:7.
[26]. Ver Mateus 26:56; Ver também Isaías 6:10, comentário pertinente e endnote.
[27]. Gordon B. Hinckley, “Este grande ano milenar” , A Liahona, Janeiro de 2001, p. 82.
[28]. Ver http://www.templemountfaithful.org/vision.htm.
[29]. Joseph Fielding Smith, Doutrinas de Salvaçãon, Vol. 3, páginas. 69-71.
[30]. Hinos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1990, Hino número 4, “No Monte a Bandeira”, estrofes 1 e 3.
[31]. Ver Isaías 32:15.
[32]. Miquéias 4:3.
[33]. 2 Néfi 12:5.
[34]. Hinos, num. 199.
[35]. Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University, [A Harmonização de  Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade de Brigham Young] Provo, Utah, 2001, p. 257.
[36]. 2 Néfi 12:6.
[37]. Ver Gileadi, p. 22.
[38]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah: [Compreendendo Isaías] Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 30.
[39]. Isaías 17:8; Ver comentário pertinente.
[40]. 2 Néfi 12:9.
[41]. 2 Néfi 12:10.
[42]. 2 Néfi 12:11.
[43]. Ver John W. Welch, Chiasmus in the Book of Mormon [Quiasmas no Livro de Mórmon]: Estudos da BYU 10, número 1, 1969, p.6.
[44]. 2 Néfi 12:12.
[45]. Isaías 13:11.
[46]. Ver Isaías 9:18; 10:18-19, 33-34; 14:8; 29:17; 32:15; 37:24; 55:12.
[47]. 2 Néfi 12:13.
[48]. Ver Mapas Bíblicos 1.
[49]. Ernest Klein, A Comprehensive Etymological Dictionary of the English Language [Um Dicionário Etimológico Completo do Inglês]: Elsevier Publishing Company, New York, 1971, basalt, p. 72.
[50]. 2 Néfi 12:14.
[51]. Ver Isaías 2:2 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:2, 4; 30:25 e comentário pertinente.
[52]. 2 Néfi 12:16.
[53]. Isaías 2:16, nota de rodapé 16a na Bíblia SUD em inglês.
[54]. Parry, 2001, p. 45.
[55]. Ver Isaías 2:7-8 e comentário pertinente.
[56]. 2 Néfi 12:19.
[57]. Na Internet, Ver http://earthquake.usgs.gov/recenteqsww/Quakes/quakes_all.html para um relatório mudial de ocorrências de terremotos quase no momento exato.
[58]. 2 Néfi 12:21.
[59]. Ver 2 Néfi 4:34.
[60]. O Livro de Mórmon—Introdução (edição1981) diz: “Com respeito a este registro o Profeta Joseph Smith declarou: ‘Eu disse aos irmâos que O Livro de Mórmon era o mais correto de todos os livros da Terra e a pedra fundamental de nossa religião; e que seguindo seus preceitos o homem se aproximaria mais de Deus do que seguindo os de qualquer outro livro.’” Ver também Joseph Smith—História 1:59-68.
[61]. John W. Welch, Chiasmus in the Book of Mormon [Quiasmas no Livro de Mórmon]: Estudos da BYU 10, número 1, 1969, p. 6. Compare com A Pérola de Grande Valor, Joseph Smith—História 1:3, 22-23, 27, 48, 55.