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CAPÍTULO 40: “E O Que Está Torcido Se Endireitará, E O Que É Áspero Se Aplainará”

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O capítulo 40 é dividido em várias partes. A primeira, abrangendo os versículos 1 até 5, é bem familiar para nós devido as palavras da música de Handel “O Messias”. Na primeira parte Isaías apresenta várias profecias importantes concernenetes à vinda de Cristo, e como este conhecimento confortaria o povo. Abrangendo os versículos 6 até 9, é uma indicação do que João Batista faria para preparar o caminho para o Senhor. Esta segunda parte compara o frágil estágio mortal da humanidade com a estabilidade da palavra de Deus, a qual permaneceria para sempre. A terceira parte, compreendendo os versículos 10 e 11, apresenta a metáfora do Messias como o bom Pastor. Os versículos descrevendo o bom Pastor também foram imortalizados em “O Messias” de Handel. A quarta parte, abrangendo os versículos 12 até 26, descreve a onipotência e onisciência de Deus, contrastando Seu poder com a impotência dos ídolos mudos e a completa insensatez dos homens que os adoram. A quinta e última parte, incluindo os versículos 27 até 31, atesta que aqueles que seguem o Senhor serão fortalecidos.

Este capítulo marca o começo de uma importante divisão no livro de Isaías, abrangendo os capítulos 40 até 54, na qual a antiga nação de Israel é descrita num estado de exílio no mundo em geral, interagindo com pessoas e acontecimentos.[1]

O versículo 1 declara: “Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus”. O significado original em hebraico é “arrepender-se” [2], a fim de serem consolados pelos servos do Senhor.

O versículo 1 serve como introdução para os próximos quatro versículos, que apresentam outras profecias sobre a vinda do Senhor Jesus Cristo. Por que o povo seria consolado? Por causa do conhecimento destas coisas importantes que anunciariam a vinda do Salvador. Por que devemos nos arrepender? Porque a vinda do Senhor está próxima.

O versículo 2 declara: “[2]Falai benignamente a Jerusalém, e bradai-lhe que já a sua milícia é acabada, que a sua iniquidade está expiada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor, por todos os seus pecados”.[3] O significado hebraico para “sua milícia” é “serviço árduo”.[4] Devido ao infinito sacrifício do Senhor, os pecados podem ser perdoados através do arrependimento—tanto os pecados individuais como coletivos. Sob a lei de Moisés, restituição requeria duplo pagamento: “Sobre todo o negócio fraudulento … aquele a quem condenarem os juízes pagará em dobro ao seu próximo”.[5] Na época da restauração de Judá nos últimos dias, em preparação para a Segunda Vinda do Senhor, Judá haverá pago completamente por seus pecados sob a lei. Esta frase também serve como uma advertência de que devido o grau de conhecimento dado à toda a nação de Israel, se ela abandonasse este conhecimento superior, as consequências seriam severas.

Outro significado para a mensagem de conforto e consolo, apresentada nos versículos 1 e 2, pode ser que se Jerusalém tivesse aceito João Batista e sua missão preparatória, suas iniquidades seriam perdoadas.

Em Doutrina e Convênios, o Senhor elabora: “Porque a quem muito é dado, muito é exigido; e o que pecar contra a luz maior, receberá a condenação maior”.[6] Compare as palavras de Jesus no Novo Testamento: “Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá”.[7]

O versículo 3 prediz a missão preparatória de João Batista: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus”.[8] “O caminho”, a metáfora que significa conhecimento do Plano de Salvação,[9] deveria ser preparado antes de Jesus Cristo, o Messias que viria.

João Batista iria diante do Messias para restaurar o conhecimento verdadeiro do Plano de Salvação. O cumprimento desta profecia foi mencionado no Novo Testamento:

“Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse:Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas.
“E este João tinha as suas vestes de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre.
“Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão;
“E eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.”[10]

Néfi recitou os ensinanmentos de seu pai, Leí, acerca de João Batista:

“E falou também sobre um profeta que viria antes do Messias, a fim de preparar o caminho do Senhor—
“Sim, ele iria clamar no deserto: Preparai o caminho do Senhor e endireitai as suas veredas, pois há entre vós um que não conheceis e ele é mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de desatar a correia das alparcas. E muito falou meu pai a respeito disto.
“E disse meu pai que ele batizaria em Betabara, além do Jordão; e também disse que ele batizaria com água; que ele batizaria o Messias com água.
“E depois de haver batizado o Messias com água, ele reconheceria e testificaria haver batizado o Cordeiro de Deus que iria tirar os pecados do mundo.”[11]

Aos Seus discípulos dos últimos dias, o Senhor aplica o mesmo mandamento “endireitai as suas veredas” como parte da Restauração, preparatório para a Segunda Vinda do Senhor: “Sim, abri vossa boca e ela encher-se-á, dizendo: Arrependei-vos, arrependei-vos e preparai o caminho do Senhor e endireitai suas veredas; pois o reino do céu está próximo”.[12]

O Senhor explica melhor aos Santos dos Últimos Dias:

“Escutai e ouvi uma voz como a de alguém enviado do alto, que é forte e poderoso … cuja voz se dirige aos homems: Preparai o caminhodo Senhor, endireitai suas veredas ….
“Sim, uma voz clamando: Preparai o caminho do Senhor, preparai a ceia do Cordeiro, aprontai-vos para o Esposo.”[13]

“Endireitai no ermo vereda a nosso Deus” prediz a missão preparatória de João Batista e, como um símbolo, prediz o estabelecimento de Sião no deserto antes da Segunda Vinda do Senhor. Anteriormente, no capítulo 35, Isaías predice:

“E ali haverá uma estrada, um caminho, que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão”.[14]

A significância do caminho é espiritual, e quer dizer o “caminho apertado” com uma “porta estreita”. Compare as palavras de Jesus, registradas por Mateus: “E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem”.[15]

O caminho aberto pelo Senhor para os filhos de Israel, para atravessarem o Mar Vermelho, é um símbolo para o caminho espiritual— o caminho estreito e apertado.[16] O caminho do Senhor será tão simples que os caminhantes, mesmo que sejam loucos, não terão nenhuma dificuldade em andar nele, desde que sejam obedientes.[17]

Bem como João Batista teve que fugir para o deserto escapando da perseguição, os Santos dos Últimos Dias foram forçados a fugirem de sua querida cidade—Nauvoo, Illinois—por causa de perseguição. O profeta Joseph Smith foi martirizado. Seu successor, Brigham Young, depois de ter sido orientado pelo Senhor[18], e anteriormente por Joseph Smith, levou os Santos dos Últimos Dias à Grande Bacia do Lago Salgado, um lugar inabitado no oeste dos Estados Unidos da America, onde estabeleceram uma sociedade na qual eles puderam praticar o Cristianismo recentemente restaurado e fortalecerem-se, longe de seus adversários.

Os versículos 1 até 3 foram colocados em forma de música em “O Messias” de Handel, parte 1 número 2—Recitativo para Tenor, “Consolai, consolai o meu povo”.

O Senhor revelou o seguinte a Joseph Smith acerca de João Batista:

“Pois foi batizado quando ainda na infância e, quando tinha oito dias de idade, foi ordenado por um anjo de Deus para esse poder, a fim de derrubar o reino dos judeus e endireitar as veredas do Senhor diante da face de seu povo, com o fim de prepará-lo para a vinda do Senhor, em cujas mãos é dado todo o poder (ênfases adicionadas)”.[19]

O versículo 4 descreve metaforicamente a restauração do evangelho, inclusive a ordem unida praticada pelos que creem, que aconteceria antes da vinda do Messias: “Todo o vale será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro será abatido; e o que é torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará”. O significado em hebraico de “o que é áspero” é “cadeias de montanhas”.[20] Este versículo descreve não só a missão de João Batista em preparar o caminho para o ministério terreno do Senhor Jesus Cristo; mas também como um símbolo para descrever o papel de Joseph Smith, o profeta da restauração nos últimos dias. Esta passagem talvez também esteja se referindo às mudanças tipográficas, que acontecerão antes da a Segunda Vinda do Senhor como resultado de terremotos cataclísmicos;[21] mas, obviamente, não é o significado que se aplica à missão de João Batista ou à restauração do evangelho nos últimos dias.

Tiago, o irmão de Jesus,[22] interpreta o significado de: “Mas glorie-se o irmão abatido na sua exaltação, E o rico em seu abatimento; porque ele passará como a flor da erva”.[23] É obvio que devido a frase “porque ele passará como a flor da erva”, Tiago está se referindo à esta passagem no capítulo de Isaías. No versículo 6, Isaías declara: “Uma voz diz: Clama; e alguém disse: Que hei de clamar? Toda a carne é erva e toda a sua beleza como a flor do campo”.[24] De acordo com esta profecia, seria a responsabilidade de João Batista de introduzir a ordem unida entre seus seguidores, apesar disto não está claramente escrito no Novo Testamento.

Tiago, no versículo que se acaba de citar, explicou mais sobre o conceito de que Deus não faz acepção de pessoas e responderá as orações dos que oram com fé.[25] É interessante notar que quando Joseph Smith estava lendo o primeiro capítulo de Tiago, quando foi inspirado a orar ao Senhor, o que resultou na restauração do evangelho.[26]

Em Doutrina e Convênios o Senhor descreve como os Santos dos Últimos Dias irão estabelecer a lei da consagração para prover suas necessidades temporais, usando palavras similares as de Tiago: “Mas é necessário que seja feito a meu modo; e eis que este é o modo que eu, o Senhor, decretei para suprir meus santos, para que os pobres sejam aumentados naquilo que os ricos são diminuídos” (ênfases adicionadas).[27]

Além disso, doutrinas falsas ou veredas “torcidas” que dizem prover a vida eterna se endireitarão, e “o que é áspero”, que quer dizer doutrinas confusas e difíceis de se compreenderem, se aplainará ao entendimento.

As palavras do versículo 4 formam o texto da música “O Messias” de Handel, Parte 1 número 3—Ária para Tenor, “Todo o Vale Será Exaltado”.

O versículo 5 conclui o conjunto de conceitos messiânicos que proverão conforto ao povo do Senhor: “E a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente a verá, pois a boca do Senhor o disse”.

O Senhor dá mais informações acerca do predito acontecimento:

“Eis que é meu desejo que todos os que invocam meu nome e me adoram, de acordo com meu evangelho eterno, se reúnam e permaneçam em lugares santos;
“E preparem-se para a revelação que virá quando o véu que cobre meu templo, em meu tabernáculo, que oculta a Terra, for retirado; e toda carne juntamente me verá” (ênfases adicionadas).[28]

O significado aqui é que aqueles que clamarem o nome do Senhor e adorá-Lo com pureza de coração serão orientados a congregarem-se em lugares santos para proteção, a fim de se prepararem para a vinda do Senhor. Logo, o Senhor se revelará, através da remoção do véu que cobre seu templo e tabernáculo celestiais. Certamente, será um grande conforto para o povo reto do Senhor de ver o seu Senhor, Jesus Cristo, aparecendo à toda a Terra.

Os versículos 3 até 5 são citados por Lucas no Novo Testamento, identificando João Batista como uma “voz do que clama no deserto”.[29]

As palavras do versículo 5 é parte da lírica da música “O Messias” de Handel, Parte 1 número 4—Refrão, “E a glória do Senhor”.

O versículo 5 é mencionado pelos Apóstolos vivos em uma declaração doutrinal importante acerca de Cristo:

“Testificamos que Ele voltará um dia à Terra. “E a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente a verá …”. Ele governará como Rei dos Reis e reinará como Senhor dos Senhores, e todo joelho se dobrará e toda língua confessará em adoração perante Ele. Cada um de nós será julgado por Ele de acordo com nossas obras e os desejos de nosso coração.”[30]

Os versículos 6 até 8 predizem a mensagem de João Batista, apresentada anteriormente no versículo 3. O versículo 6 começa: “Uma voz diz: Clama; e alguém disse: Que hei de clamar?” A message é: “Toda a carne é erva e toda a sua beleza como a flor do campo”. Este versículo foi parafraseado por Tiago, como foi citado acima.[31] A pessoa designada como “alguém” é João Batista, dirigindo-se ao Senhor.

Os versículos 3 até 6 contêm um quiasma:

A: (3) Voz do que clama no deserto:
B: Preparai o caminho do Senhor;
C: endireitai no ermo
D: vereda a nosso Deus.
E: (4) Todo o vale será exaltado,
E: e todo o monte e todo o outeiro será abatido;
D: e o que é torcido
C: se endireitará, e o que é áspero se aplainará.
B: (5) E a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente a verá, pois a boca do Senhor o disse.
A: (6) Uma voz diz: Clama ….

“Voz do que clama no deserto” compare-se com “uma voz diz: Clama …”. No primeiro caso a voz é de João Batista; no segundo caso a voz é do Senhor, instruindo João Batista no que deveria dizer. “Preparai o caminho do Senhor” complementa “E a glória do Senhor se manifestará”, que significa que a preparação predita é para a gloriosa Segunda Vinda do Senhor. “Endireitai no ermo vereda a nosso Deus” é complementada pela sentença “o que é torcido se endireitará”, indicando que o caminho estreito e apertado que leva à exaltação, torcido pela apostasia, é o que será endireitado. “Todo o vale será exaltado” contrasta-se com “todo o monte e todo o outeiro será abatido”. Estas frases significam que aqueles em altas posições ou estado temporal serão humilhados e o pobre será elevado sob a ordem unida do Senhor, a ser apresentada por João Batista.

O versículo 7 continua a mensagem a ser pronunciada por João Batista: “Seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o Espírito do Senhor. Na verdade o povo é erva”.[32] A última frase deste versículo explica a metáfora. A mesma palavra hebraica para “Espírito” ou “vento” que sopra tem diferentes significados.[33] O sentido que Isaías, provavelmente, intencionou seria que os ventos —representando condições mortais em general, causadas ou permitidas pelo Senhor—trazem a temporalidade da condição humana.

Os versículos 5 até 7 contêm um quiasma:

A: (5) E a glória do Senhor se manifestará,
B: e toda a carne juntamente a verá, pois a boca do Senhor o disse.
C: (6) Uma voz diz: Clama;
C: e alguém disse: Que hei de clamar?
B: Toda a carne é erva e toda a sua beleza como a flor do campo.
A: (7) Seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o Espírito do Senhor. Na verdade o povo é erva.

“A glória do Senhor se manifestará” é comparado com “seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o Espírito do Senhor”. Durante este estágio mortal temporal, cada um de nós deverá receber a influência do Espírito, a fim de suportar a glória da Segunda Vinda do Senhor. “Toda a carne juntamente a verá” combina com “toda a carne é erva”, advertindo-nos que seremos consumidos na Sua vinda como a erva seca, a menos que tenhamos o Espírito conosco.

O versículo 8 contrasta a temporalidade do homem neste estágio mortal com a estabilidade e permanência de Deus: “Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente”. Tudo o que se refere ao homem mortal é temporário, enquanto que Deus e suas palavras são eternos e permanecerão para sempre. Observe as declarações paralelas nos versículos 7 e 8: “Seca-se a erva, e cai a flor” primeiramente corresponde-se com “soprando nela o Espírito do Senhor. Na verdade o povo é erva” no versículo 7, e depois contrasta-se com “porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente” no versículo 8. Que significa que enquanto que o estágio do homem é mortal e temporário, a palavra of Deus é eterna. Novamente, note que “espírito” e “vento” foram traduzidos da mesma palavra hebraica .[34]

O Apóstolo Pedro citou os versículos 6 até 8, expandindo o seu significado:

“Porque toda a carne é como a erva,e toda a glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor;
“Mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada.”[35]

O versículo 9 declara: “Tu, ó Sião, que anuncias boas novas, sobe a um monte alto. Tu, ó Jerusalém, que anuncias boas novas, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize às cidades de Judá: Eis aqui está o vosso Deus”.[36] “Que anuncias boas novas” significa “ele que anuncia boas novas” ou “arauto”;[37] ele que anuncia boas novas concernente à Sião é orientado a subir a um monte alto. A palavra “evangelho” significa “as boas novas”.[38] Semelhantemente, na segunda frase deste versículo, aquele que traria as boas novas do evangelho à Jerusalém é instruido a levantara sua voz com firmeza e sem temor.

Líderes eclesiásticos cuja responsabilidade é de espalhar as boas novas do evangelho deve mostrar ao povo o caminho que leva a Deus, sem temor. Este mandato aplica-se especialmente aos profetas dos últimos dias, cuja missão é a de preparar, tanto o povo de Jerusalém quanto o de Sião, para receber o Messias que retornará. A palavra “Sião” foi usada aqui com duplo sentido—um lugar de coligação espiritual nos últimos dias, bem como um sinônimo para Jerusalém, especialmente a Jerusalém dos últimos dias onde a retidão prevalecerá.[39] “Um monte alto” também refere-se ao templo, um lugar de preparação para aqueles que ensinariam o evangelho.[40]

As palavras do versículo 9 encontram-se na lírica da música “O Messias” de Handel, Parte 1 número 9—Ária para Alto, e Refrão, “Tu, ó Sião, Que Anuncias Boas Novas”.

O versículo 10 declara: “Eis que o Senhor DEUS virá com poder e seu braço dominará por ele; eis que o seu galardão está com ele, e o seu salário diante da sua face”. Esta passagem prediz a Segunda Vinda do Senhor; Sua primeira vinda foi como um bebê em Belém, que se contrasta grandemente com esta descrição. Seu poder militar, bem como a aclamação que merece, devido suas ponderosas realizações, serão evidentes a todos. O Senhor, em Doutrina e Convênios, elaborou: “E o braço do Senhor será revelado; e chegará o dia em que aqueles que não ouvirem a voz do Senhor nem a voz de seus servos nem atenderem às palavras dos profetas e apóstolos serão afastados do meio do povo”.[41]

O versículo 11 apresenta a metáfora do Messías como o bom Pastor: “Como pastor apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no seu regaço; as que amamentam guiará suavemente”. Em seu estado debilitado, as ovelhas que recentemente deram à luz precisam de mais cuidados.

Durante Seu ministério mortal, Jesus declarou ser Ele o bom Pastor:

“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.
“Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas.
“Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas.
“Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.
“Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas.”[42]

Aqui, no contexto do Senhor como o bom Pastor, Jesus prediz Seu infinito sacrifício, onde Ele daria a sua vida pelas ovelhas.

O profeta Alma exortou seu povo:

“Eis que vos digo que o bom pastor vos chama; sim, e em seu próprio nome vos chama, que é o nome de Cristo; e se não quereis dar ouvidos à voz do bom pastor, ao nome pelo qual sois chamados, eis que não sois as ovelhas do bom pastor.”[43]

As palavras do versículo 11 emcontram-se na lírica de “O Messias” de Handel, Parte 1 número 20—Ária para Contralto, “Como Pastor Apascentará O Seu Rebanho”. A metáfora do Senhor como o bom Pastor também é apresentada em Salmos 23. Veja também as palavras dos hinos “O Senhor Meu Pastor É”[44] e “Ama O Pastor Seu Rebanho”.[45]

Delbert L. Stapley ensinou:

“O testemunho de que Jesus é o Bom Pastor era uma figura retórica familiar ao povo acostumado às condições pastoris da Palestina. Jesus sabia que seus ouvintes estavam familiarizados com a profecia de que um pastor fora prometido aos filhos de Israel … Isaías profetizou que, quando Deus descesse, “Como pastor apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos”. Não havia engano no que Jesus queria dizer. Ele era o seu Senhor―o Messias prometido!
“Ao comparar os falsos mestres e pastores com ladrões e mercenários, cuja preocupação era o dinheiro em vez do rebanho. Jesus repudiou todos os enganadores. Não se poderia imaginar uma acusação mais forte!”[46]

Começando no versículo 12, o Senhor é descrito como o Criador: “Quem mediu na concha da sua mão as águas, e tomou a medida dos céus aos palmos, e recolheu numa medida o pó da terra e pesou os montes com peso e os outeiros em balanças?”[47], [48] O Grande Pergaminho de Isaías diz: “Quem mediu na concha da sua mão as águas do mar …?”[49] O poder do Criador é impressionante e inconpreensível ao homem. Note que “quem” foi combinado como uma série de cinco declarações paralelas neste versículo, bem como outras nos versículos seguintes. O propósito de Isaías ao usar estruturas paralelas é para dar ênfases. “Mediu”, “tomou a medida … aos palmos”, “recolheu numa medida”, “pesou … com peso”, e “[pesou] … em balanças”todos estes termos descrevem atividades associadas com construção—o análogo terreno da obra divina da criação. “Aos palmos” refere-se à distância entre a ponta do polegar e o dedo mindinho, quando a mão está completamente aberta.

O versículo 13 continua as perguntas retóricas de Isaías: “Com quem tomou ele conselho, que lhe desse entendimento, e lhe ensinasse o caminho do juízo, e lhe ensinasse conhecimento, e lhe mostrasse o caminho do entendimento?” O conhecimento infinito do Senhor, demonstrado em suas obras de criação, é incompreensível para o homem. Note que a estrutura deste versículo é similar à do versículo anterior, consistindo da frase-guia “com quem”, seguida por duas declarações paralelas que são uma continuação daquelas do versículo 12.

O Apóstolo Paulo parafraseou e expandiu o versículo 13:

“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!
“Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro?” [50]

A revelação moderna invocou palavras similares: “Grande é sua sabedoria, maravilhosos são seus caminhos e a extensão de suas obras ninguém pode descobrir”.[51]

O versículo 14 continua: “Com quem tomou ele conselho, que lhe desse entendimento, e lhe ensinasse o caminho do juízo, e lhe ensinasse conhecimento, e lhe mostrasse o caminho do entendimento?” [52] Aqui, Isaías estabelece que nenhum homem mortal ensinou o Senhor estas coisas; ao contrário, Ele foi ensinado por Seu Pai Celestial. Note, novamente, a estrutura paralela: “Com quem” é a frase-guia, seguida por cinco frases equivalentes e paralelas. “Caminho do juízo” e “caminho do entendimento” simbolizam o Plano de Salvação.[53] “Juízo”, como foi usado aqui, significa “raciocínio são”.[54]

O versículo 15 descreve a magnitude dos feitos do Senhor: “Eis que as nações são consideradas por ele como a gota de um balde, e como o pó miúdo das balanças; eis que ele levanta as ilhas como a uma coisa pequeníssima”. A onipotência do Senhor é novamente atestada, enfatizada pela estrutura paralela.

O versículo 16 descreve a insignificância do homem ao tentar honrar o Senhor por Seu poder e feitos: “Nem todo o Líbano basta para o fogo, nem os seus animais bastam para holocaustos”. Devido Sua grandeza, nem mesmo todos os animais do Líbano, nem todas as lenhas nas grandes florestas, são adequadas para um holocausto grande suficiente para dar devida honra ao Senhor.

O versículo 17 resume: “Todas as nações são como nada perante ele; ele as considera menos do que nada e como uma coisa vã”. Tendo em vista a onipotência e feitos do Senhor, as nações da Terra—juntamente com todos seus feitos humanos—são insignificantes. Se o Senhor tem poder para criar a Terra e colocar o homem sobre ela, certamente Ele tem o poder de cumprir todas as Suas promessas.

O versículo 18 apresenta o desafio de Isaías aos idólatras: “A quem, pois, fareis semelhante a Deus, ou com que o comparareis?” Esta pergunta retórica afirma que não há nenhuma entidade comparável com Deus.

Os versículos 19 e 20 descrevem os esforços fúteis dos idólatras em fazer algo digno de adoração. O versículo 19 começa: “O artífice funde a imagem, e o ourives a cobre de ouro, e forja para ela cadeias de prata”.

O versículo 20 declara: “O empobrecido, que não pode oferecer tanto, escolhe madeira que não se apodrece; artífice sábio busca, para gravar uma imagem que não se pode mover”. Mesmo os pobres que não podem oferecer prata e ouro tentam oferecer madeira que não se apodrece para gravar uma imagem.

O versículo 21 começa com a denúncia exasperada de Isaías: “Porventura não sabeis? Porventura não ouvis, ou desde o princípio não se vos notificou, ou não atentastes para os fundamentos da terra?” Estas quatro perguntas retóricas são estruturadamente paralelas, todas têm o mesmo significado. Seu propósito é de enfatizar; visualize Isaías sublinhando quatro vezes esta idéia. Idolatria é uma grande ignorância.

O versículo 22 relembra a onipotência do Senhor, resumindo as declarações de Isaías nos versículos 12 até 15: “Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda, para neles habitar”. O Senhor, assentado sobre o círculo da Terra, pode ver todos os seus habitantes de uma vez.

O versículo 23 confirma o poder do Senhor sobre os líderes políticos da Terra: “O que reduz a nada os príncipes, e torna em coisa vã os juízes da terra”. Os poderosos, quando comparado com a onipotência do Senhor, são como nada.

O versículo 24 elabora: “E mal se tem plantado, mal se tem semeado, e mal se tem arraigado na terra o seu tronco, já se secam, quando ele sopra sobre eles, e um tufão os leva como a pragana”. Sem os cuidados do Senhor, os governantes políticos são como plantas descuidadas e desnutridas. Eles serão removidos e destruídos de acordo com a vontade do Senhor.

No versículo 25, o Senhor fez outa pergunta retórica: “A quem, pois, me fareis semelhante, para que eu lhe seja igual? diz o Santo”.

No versículo 26, Ele fornece a resposta: “Levantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou estas coisas; foi aquele que faz sair o exército delas segundo o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por causa da grandeza das suas forças, e porquanto é forte em poder, nenhuma delas faltará”. [55] O Salmista afirma: “Conta o número das estrelas, chama-as a todas pelos seus nomes”.[56] Todas as estrelas nos céus testificam do poder de criação do Senhor. Ele conta os números das estrelas nos céus e sabe seus nomes. Cada uma delas obedece as leis dadas pelo Senhor.[57]

O versículo 27 apresenta o desafio de Isaías à Israel: “Por que dizes, ó Jacó, e tu falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus?”[58] Isaías desafia a declaração de Jacó que o Senhor não está ciente de seu caminho difícil e que Deus desconsidera seus melhores esforços. “O meu caminho” significa os desafios e tribulações da vida; “o caminho” significa o Plano de Salvação.[59] “Juízo” como foi usado aqui significa “raciocínio são”.[60]

O versículo 28 fornece a resposta de Isaías: “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento”. “Os fins da terra” aqui significam toda a terra.[61] O Senhor, o Criador de todas as coisas,[62] está sempre ciente, Sua vigilância é infinita, e não há limite para Seu conhecimento e compreensão.

Os versículos 21 até 28 contêm um quiasma:

A: (21) Porventura não sabeis? Porventura não ouvis, ou desde o princípio não se vos notificou, ou não atentastes para os fundamentos da terra?
B: (22) Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda, para neles habitar;
C: (23) O que reduz a nada os príncipes, e torna em coisa vã os juízes da terra.
C: (24) E mal se tem plantado, mal se tem semeado, e mal se tem arraigado na terra o seu tronco, já se secam, quando ele sopra sobre eles, e um tufão os leva como a pragana. (25) A quem, pois, me fareis semelhante, para que eu lhe seja igual? diz o Santo.
B: (26) Levantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou estas coisas; foi aquele que faz sair o exército delas segundo o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por causa da grandeza das suas forças, e porquanto é forte em poder, nenhuma delas faltará. (27) Por que dizes, ó Jacó, e tu falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus?
A: (28) Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento.

Neste quiasma Isaías declara que o Senhor é o Grande Criador; ídolos mudos e governantes do mundo não se comparam ao Senhor. “Porventura não sabeis?” corresponde-se à “Não sabes”. Primeiro, Isaías exorta os idólatras como um grupo (uso do verbo “sabeis” na segunda pessoa do plural); depois repreende-os individualmente (uso do verbo “sabes” na segunda pessoa do singular) por sua grande ignorância. “Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra” é equivalente à “vede quem criou estas coisas” mostrando que é o Criador. “O que reduz a nada os príncipes” juntamente com “e mal se tem plantado” testificam que líderes do mundo são temporários, enquanto que o reino e poder do Senhor duram para sempre.

Nos versículos 29 até 31, Isaías descreve a boa vontade do Senhor de dar força àqueles que O obedecem. O versículo 29 começa: “Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor”. O Senhor fortalece os fiéis.

Jeffery R. Holland testificou:

“Vi realizada em minha própria vida a promessa de ‘que o eterno Deus … o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga’. Sou uma testemunha de que Ele ‘dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor’.”[63]

O versículo 30 descreve o estado lamentável do iníquo: “Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão”.

O versículo 31 descreve a bondade do Senhor ao obediente: “Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão”. “Esperar no Senhor” vem do hebraico que significa “antecipar” pelo Senhor.[64] Assim como as novas penas crescem nas águias, para renovar seu poder de voar, o Senhor fortalecerá e renovará os justos que O servem.

Robert D. Hales falou a respeito desta passagem:

“Caros irmãos, quando passarem pelas dores, provas e provações de vida, acheguem-se ao Salvador. ‘Esperarei ao Senhor … e a ele aguardarei’.[65] ‘… Os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão’ (ênfase adicionão). Somos curados no memento determinado pelo Senhor e à maneira Dele. Sejam pacientes.”[66]

Obediência à lei de Saúde do Senhor—referida em Doutrina e Convênios como “Uma Palavra de Sabedoria”[67]—é uma demonstração de obediência dos fiéis, que foram prometidos obterem estas mesmas bênçãos:

“E todos os santos que se lembrarem de guardar e fazer estas coisas, obedecendo aos mandamentos, receberão saúde para o umbigo e medula para os ossos;
“E encontrarão sabedoria e grandes tesouros de conhecimento, sim, tesouros ocultos;
“E correrão e não se cansarão; e caminharão e não desfalecerão.
“E eu, o Senhor, faço-lhes uma promessa de que o anjo destruidor passará por eles, como os filhos de Israel, e não os matará.”[68]

As frases paralelas “correrão e não se cansarão” e “caminharão e não desfalecerão” são sinônimas. A palavra “correrão” sendo combinada com “não se cansarão” e “caminharão” sendo combinada com “não desfalecerão” não têm nenhuma significância especial, embora esta mesma cobinação de palavaras aparecerem na Palavra de Sabedoria.

Compare uma estrutura semelhante apresentada anteriormente, no capítulo 8, que diz: “Liga o testemunho, sela a lei entre os meus discípulos”.[69] Em outros dois casos, estes elementos ocorrem em ordem reversa. Em um dos casos em Doutrina e Convênios eles são aprentados como “ligar a lei e selar o testemunho”[70] enquanto que em outro caso eles são apresentados como “permite a teus servos que selem a lei e liguem o testemunho”.[71] Devido estas frases paralelas serem, bem dizer, sinônimas, em nenhum dos casos o significado muda.

Os versículos 29 até 31 contêm um quiasma:

A: (29) Dá força ao cansado,
B: e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.
C: (30) Os jovens
D: se cansarão
D: e se fatigarão,
C: e os moços certamente cairão;
B: (31) Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias;
A: correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão.

O Senhor fortalece o obediente e humilde. “Dá força ao cansado” é equivalente à frase “correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão”. Obediência à lei de saúde do Senhor é um meio de ser fortalecido pelo Senhor.

NOTAS

[1]. Os capítulos 2 até 39 descreve Israel em sua terra natal num estado de iniquidade; capítulos 40 até 54 descreve Israel em exílio no mundo em geral, interagindo com pessoas e acontecimentos; e capítulos 55 até 66 descreve o retorno glorioso de Israel à sua terra natal depois de seu arrependimento e purificação.
[2]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 5162, p. 636.
[3]. Os versículos 1 e 2 contêm um quiasma: Consolai/o meu povo//vosso Deus/falai benignamente.
[4]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6635, p. 838-839.
[5]. Êxodo 22:9.
[6]. Doutrina e Convênios 82:3.
[7]. Lucas 12:48.
[8]. Os versículos 2 e 3 contêm um quiasma: Da mão do Senhor/pecados/voz do que//clama/deserto/do Senhor.
[9]. Ver Isaías 11:16; 19:23; 35:8; 40:14; 49:11 e comentário pertinente.
[10]. Mateus 3:3-6. Ver também Marcos 1:3-4; Lucas 3:4; e João 1:23.
[11]. 1 Néfi 10:7-10.
[12]. D&C 33:10.
[13]. D&C 65:1, 3.
[14]. Isaías 35:8.
[15]. Mateus 7:14.
[16]. Ver Êxodo 14:21‑31.
[17]. Ver Isaías 3:12; 8:11; 26:7-8; 28:7 e comentário pertinente.
[18]. D&C 136.
[19]. D&C 84:28.
[20]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7406, p. 940.
[21]. D&C 49:23.
[22]. Ver Dicionário Bíblico—Tiago, Epístola de.
[23]. Tiago 1:9‑10.
[24]. Isaías 40:6.
[25]. Ver Tiago 1:5‑6.
[26]. Ver Joseph Smith—História 1:11 e versículos seguintes.
[27]. D&C 104:16.
[28]. D&C 101:22‑23.
[29]. Lucas 3:4-6.
[30]. “O Cristo vivo—O Testemunho dos Apóstolos”, A Liahona, Abril 2000, p. 2-3.
[31]. Tiago 1:10.
[32]. Os versículos 6 e 7 contêm um quiasma que sobrepõe o dos versículos 5 até 7: Toda a carne é erva/a sua beleza/seca-se a erva//cai a flor/o Espírito do Senhor/o povo é erva.
[33]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7307, p. 924.
[34]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7307, p. 924.
[35]. 1 Pedro 1:24-25.
[36]. Os versículos 8 e 9 contêm um quiasma: Nosso Deus/ó Sião/levanta a tua voz//levanta-a/cidades de Judá/vosso Deus.
[37]. Brown et al., 1996, Número de Strong 1319, p. 142.
[38]. Ernest Klein, A Comprehensive Etymological Dictionary of the English Language [Um Dicionário Etimológico Completo do Inglês]:Elsevier Publishing Company, New York, 1971, p. 318.
[39]. Ver Isaías 3:16; 33:5, 14, 20; 34:8; 37:32; 41:27; 51:3.
[40]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 343.
[41]. D&C 1:14.
[42]. João 10:11‑15.
[43]. Alma 5:38.
[44]. Hinos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1990, Hino número 37, “O Senhor Meu Pastor É.”
[45]. Hinos, número 140, “Ama O Pastor Seu Rebanho.”
[46]. Delbert L. Stapley, “O Que Constitui a Igreja Verdadeira”, A Liahona, Outubro de 1977, p. 21.
[47]. Os versículos 10 até 11 contêm um quiasma: Senhor DEUS/seu braço dominará/seu galardão//seu salário/entre os seus braços/guiará suavemente.
[48]. O versículo 12 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Mediu/mão/águas//céus/palmos/recolheu numa medida. Parry, 2001, p. 261.
[49]. Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 159.
[50]. Romanos 11:33-34; Ver também 1 Coríntios 2:15.
[51]. D&C 76:2.
[52]. O versículo 14 contém um quiasma: Lhe desse entendimento/lhe ensinasse//lhe ensinasse/lhe mostrasse … entendimento. Parry, 2001, p. 261.
[53]. Ver Isaías 11:16; 19:23; 35:8; 49:11 e comentário pertinente.
[54]. Ver Isaías 1:17; 28:7; 40:27; 42:3; 59:8.
[55]. O versículo 26 contém dois quiasmas;o primeiro é reconhecido no hebraico original: Levantai ao alto/olhos//vede/quem. Seu número/grandeza das suas forças//forte em poder/nenhuma. Em Parry, 2001, p. 261.
[56]. Salmo 147:4.
[57]. D&C 88:25.
[58]. O versículo 27 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Está encoberto/meu caminho/ao Senhor// ao meu Deus/meu juízo/passa despercebido. Em Parry, 2001, p. 261.
[59]. Ver Isaías 26:7-8; 28:7; 42:16 e comentário pertinente.
[60]. Ver Isaías 1:17; 28:7; 40:14; 42:3; 59:8.
[61]. Ver Isaías 5:26; 26:15; 41:5, 9.
[62]. Ver Isaías 41:20; 42:5; 44:24; 45:12; Moisés 1:33; 4:2.
[63]. Jeffrey R. Holland, “As Coisas Pacíficas do Reino”, A Liahona, Janeiro de 1997, p. 88.
[64]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6960, p. 875.
[65]. Isaías 8:17; 2 Néfi 18:17.
[66]. Robert D. Hales, “A Cura da Alma e do Corpo”, A Liahona, Janeiro de 1999, p. 16.
[67]. Ver D&C 89:1.
[68]. D&C 89:18‑21.
[69]. Isaías 8:16.
[70]. D&C 88:84.
[71]. D&C 109:46.

CAPÍTULO 38: “Assim Retrocedeu O Sol Os Dez Graus Que Já Tinha Declinado”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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O capítulo 38 é o terceiro de quatro capítulos no Livro de Isaías chamados de “capítulos históricos”, que descrevem certos acontecimentos que ocorreram durante a vida de Isaías. Estes acontecimentos são símbolos proféticos para ocorrências nos últimos dias; são portanto de grande importância para nós.[1]

Os acontecimentos profetizados no capítulo 38 foram cumpridos pouco tempo depois que foram preditos por Isaías. Os agressores assírios, entretanto, são símbolos de uma superpotência equivalente nos últimos dias que ameaçaria o povo justo do Senhor. Assim como Ele defendeu Ezequias e seu povo nos tempos antigos, o Senhor defenderá Seu povo nos últimos dias.[2] O sinal dado a Ezequias de testemunhar que ele seria curado de suas enfermidades, também foi dado para toda a cidade de Jerusalém como promessa do Senhor de que eles seriam livrados dos assírios. Semelhantemente, o sinal dado naquela época pode ser dado novamente ao povo justo do Senhor, para assegurá-lo de que ele será livrado do equivalente moderno dos assírios. O duplo cumprimento desta profecia, uma vez na antiguidade e a outra em nossos dias, é a mensagem deste capítulo.

Os acontecimentos do capítulo 38 também foram registrados pelos escribas do rei, em 2 Reis 20:1-8. Uma comparação cuidadosa das passagens equivalentes revela que diferenças nas palavras usadas nas duas narrações ocorrem em quase todos os versículos sem alterar significantemente o sentido. Entretanto, a narrativa dos escribas do rei fornece mais detalhes acerca dos acontecimentos deste capítulo. A falta de detalhes na narração de Isaías talvez indique que a parte histórica não é tão importante para nós como o símbolo profético apresentado.

Acontecimentos importantes registrados no capítulo 38 são que Ezequias fica seriamente doente, Isaías declara as palavras do Senhor a Ezequias que ele iria morrer, Ezequias implora ao Senhor para que poupe sua vida, Isaías retorna e informa Ezequias que o Senhor lhe permitiria viver mais quinze anos, um sinal é dado a Jerusalém que o Senhor lhe defenderia contra a Assíria e a Ezequias que ele se recuperaria, e Ezequias louva e agradece ao Senhor. Ao invés de continuar a narração do capítulo anterior, os acontecimentos do capítulo 38 ocorreram antes ou ao mesmo tempo dos do capítulo 37.[3]

O versículo 1 começa: “Naqueles dias Ezequias adoeceu de uma enfermidade mortal; e veio a ele o profeta Isaías, filho de Amós, e lhe disse: Assim diz o SENHOR: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás, e não viverás”. “Naqueles dias” indica que estes acontecimentos ocorreram antes ou durante o tempo dos acontecimentos registrados no capítulo anterior, ao invés de sequencialmente depois.

O versículo 2 continua: “Então virou Ezequias o seu rosto para a parede, e orou ao Senhor”.

O versículo 3 resume a oração de Ezequias: “E disse: Ah! Senhor, peço-te, lembra-te agora, de que andei diante de ti em verdade, e com coração perfeito, e fiz o que era reto aos teus olhos. E chorou Ezequias muitíssimo”. Ezequias diz em sua oração que ele andou em retidão perante o Senhor. Seu pedido para que sua vida fosse poupada é implicado, ao invés de falado diretamente, na breve narrativa de Isaías. Todas as ocorrências do nome “Ezequias” nos versículos 1 até 3 são equivalentes quiasmaticamente, bem como todas as ocorrências do título o Senhor” ou “Ah! Senhor”.[4]

A retidão de Ezequias é manifestada em suas ações:

Ele [Ezequias] tirou os altos, quebrou as estátuas, deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera; porquanto até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso, e lhe chamaram Neustã …. Porque se chegou ao Senhor, não se apartou dele, e guardou os mandamentos que o Senhor tinha dado a Moisés.[5]

O versículo 4 continua: “Então veio a palavra do Senhor a Isaías, dizendo”— com a sentença continuando no próximo versículo. A narrativa dos escribas do rei fornece mais detalhes: “Sucedeu, pois, que, não havendo Isaías ainda saído do meio do pátio, veio a ele a palavra do Senhor dizendo”—[6]

O versículo 5 apresenta as palavras do Senhor, continuando a sentença do versículo 4: “Vai, e dize a Ezequias: Assim diz o Senhor, o Deus de Davi teu pai: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas; eis que acrescentarei aos teus dias quinze anos”.[7] A frase “O Deus de Davi teu pai” está acentuando que os convênios do Senhor com o rei Davi também pertenciam a Ezequias.

O registro dos escribas provê mais detalhes, com o Senhor se dirigindo a Isaías:

Volta, e dize a Ezequias, capitão do meu povo: Assim diz o Senhor, o Deus de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas; eis que eu te sararei; ao terceiro dia subirás à casa do Senhor.[8]

No versículo 6, o Senhor declara: “E livrar-te-ei das mãos do rei da Assíria, a ti, e a esta cidade, e defenderei esta cidade”. Esta declaração feita pelo Senhor mostra que a enfermidade de Ezequias e o que estava se passando com a nação ao mesmo tempo ocorreram antes da destruição do exército assírio, descrito no capítulo anterior.[9] O primeiro versículo deste capítulo também apoia esta conclusão, que começa com “Naqueles dias …”.[10] O registro dos escribas do rei adiciona: “… e ampararei esta cidade por amor de mim, e por amor de Davi, meu servo”.[11] A razão do Senhor em defender Jerusalém é a de honrar Seu convênio com Davi e seus sucessores, de que Ele os defenderia se estivessem andando em retidão. “Por amor de mim” reflete o apelo de Ezequias em sua oração: “Agora, pois, ó Senhor nosso Deus, livra-nos da sua [do rei da Assíria] mão; e assim saberão todos os reinos da terra, que só tu és o Senhor”.[12]

“Assim diz o Senhor” no versículo 5 é seguido pela frase paralela “o Deus de Davi teu pai”. Esta frase, por sua vez, é seguida por cinco frases paralelas. As primeiras duas frases começam com “ouvi” e “vi”, ambas no versículo 5, referindo-se às oração e lágrimas de Ezequias. As outras três frases seguinte mencionam as coisas que o Senhor fará como respostas à oração de Ezequias. Estas são “acrescentarei aos teus dias quinze anos” no versículo 5, e “livrar-te-ei das mãos do rei da Assíria, a ti, e a esta cidade” e “defenderei esta cidade”, ambas no versículo 6.

Neste ponto da narrativa dos escribas do rei, informações são fornecidas que só foram apresentadas no registro de Isaías no final do capítulo, onde aparece quase como se fosse um adendo. (Ver versículos 21 e 22):

“Disse mais Isaías: Tomai uma pasta de figos. E a tomaram, e a puseram sobre a chaga; e ele sarou. E Ezequias disse a Isaías: Qual é o sinal de que o Senhor me sarará, e de que ao terceiro dia subirei à casa do Senhor?”[13]

O versículo 7 (voltando agora à narrativa de Isaías) declara: “E isto te será da parte do Senhor como sinal de que o Senhor cumprirá esta palavra que falou”.[14] O que o Senhor faria, descrito nas frases paralelas do registro dos escribas citadas acima, seria curar Ezequias e livrar Jerusalém das mãos do rei da Assíria. O sinal teria, então, duplo propósito—aos habitantes de Jerusalém seria uma afirmação de que o Senhor lhes defenderia contra os assírios, e para Ezequias era uma promessa de que ele seria curado e viveria por mais 15 anos.

No versículo 9 do registro dos escribas, Isaías pergunta a Ezequias acerca do sinal: Isto te será sinal, da parte do Senhor, de que o Senhor cumprirá a palavra que disse: Adiantar-se-á a sombra dez graus, ou voltará dez graus atrás? ”[15] Os versículos seguintes fornecem mais detalhes: “Então disse Ezequias: É fácil que a sombra decline dez graus; não seja assim, mas volte a sombra dez graus atrás”,[16] indicando que foi Ezequias que escolheu qual das duas opções apresentadas por Isaías serviria como sinal.

No versículo 8 (novamente, retornando à narrativa de Isaías), o Senhor declara: “Eis que farei retroceder dez graus a sombra lançada pelo sol declinante no relógio de Acaz. Assim retrocedeu o sol os dez graus que já tinha declinado”. Em um dia solar, isto equivaleria à dois-terços de uma hora, ou, 40 minutos. Note que “assim retrocedeu o sol os dez graus que já tinha declinado” é a sexta declaração paralela que começa com “ouvi” e “vi” no versículo 5. Bem como as primeiras cinco, a sexta também possui uma estrutura quiasmática.

O Senhor, falando sobre os sinais nos últimos dias, declarou numa revelação ao profeta Joseph Smith:

“E acontecerá que aquele que me teme estará esperando que venha o grande dia do Senhor, sim, os sinais da vinda do Filho do Homem.
“E verão sinais e maravilhas, pois serão mostrados em cima nos céus e embaixo na Terra.”[17]

Grandes sinais e maravilhas, somos informados, caracterizariam o período bem depois da Segunda Vinda do Senhor. Imagine a consternação dos cientistas modernos quando eles tentam achar uma explicação para o sol haver retornado os dez graus que já tinha declinado! Entretanto, os que estiverem familiarizados com as palavras de Isaías serão confortados por elas.

Os versículos 9 até 20 abrangem um salmo escrito pelo rei Ezequias acerca de sua enfermidade e recuperação miraculosa. O versículo 9 introduz o salmo: “O escrito de Ezequias, rei de Judá, de quando adoeceu e sarou de sua enfermidade: ”

Nos versículos 10 até 14, Ezequias descreve sua enfermidade e grande angústia que sentia com a possibilidade de sua morte. O versículo 10 começa: “Eu disse: No cessar de meus dias ir-me-ei às portas da sepultura; já estou privado do restante de meus anos”.

O versículo 11 continua: “Disse: Não verei ao Senhor, o Senhor na terra dos viventes; jamais verei o homem com os moradores do mundo”.[18] O Grande Pergaminho de Isaías omite a segunda iteração do “Senhor”.[19] Esta declaração fornece uma perspectiva interessante sobre as crenças messiânicas de Ezequias. Durante toda sua vida, aparentemente, ele esperou pela possibilidade de que o Senhor Jeová viria durante o periodo de sua vida mortal. Com a possibilidade de morrer, ele expressou um grande desapontamento de que sua esperança não seria cumprida. Além disso, ele expressou seu desapontamento de que perderia sua associação com os homens da Terra.

No versículo 12, Ezequias lamenta ainda mais o fim de sua vida: “Já o tempo da minha vida se foi, e foi arrebatada de mim, como tenda de pastor; cortei a minha vida como tecelão; ele me cortará do tear; desde a manhã até à noite me acabarás”. Estes símiles descrevem a condição transitória de nossas vidas, comparando com uma tenda que pode ser desmontada e dobrada, ou com um tecelão corta um tecido.

No versículo 13, Ezequias reconta uma noite que passou sem dormir: “Esperei com paciência até à madrugada; como um leão quebrou todos os meus ossos; desde a manhã até à noite me acabarás”. Ele pensou no processo da morte, a fraqueza de seu corpo, o fim de sua vida.

O versículo 14 continua: “Como o grou, ou a andorinha, assim eu chilreava, e gemia como a pomba”. Ezequias descreve seus soluços, comparando-os aos sons que fazem esses pássaros. “Alçava os meus olhos ao alto; ó Senhor, ando oprimido, fica por meu fiador”. Olhava para os céus, clamando ao Senhor. “Fica por meu fiador” vem do hebraico e quer dizer “seja minha segurança”.[20]

No versículo 15, Ezequias reconhece que o Senhor curou-lhe: “Que direi? Como me prometeu, assim o fez; assim passarei mansamente por todos os meus anos, por causa da amargura da minha alma”. Ele ficou sem palavras com a magnanimidade do Senhor ao poupar-lhe a vida—“Como me prometeu, assim o fez”. A Tradução de Joseph Smith apresenta “… e Assim ele me curou: assim passarei mansamente por todos os meus anos, para que eu não ande na amargura da minha alma”.[21] Devido sua gratidão pelo Senhor haver restaurado sua vida, ele decide a andar “mansamente”—ou seja, deliberadamente (com determinação e propósito) [22]—toda a sua vida, para que não seja tragado pela armagura de sua alma. Esta amargura, ou tristeza, vem ao reconhecer o quanto a vida é passageira.

Nos versículos 16 até 20 Ezequias descreve as grandes bênçãos que recebeu do Senhor. No versículo 16, Ezequias ora: “Senhor, por estas coisas se vive, e em todas elas está a vida do meu espírito, portanto cura-me e faze-me viver”. A Tradução de Joseph Smith adiciona outra frase: “… e por todas estas coisas te louvarei”.[23] A palavra hebraica traduzida como “cura-me” significa “restaura-me”.[24] Os homens passam pela vida sabendo que a vida é transitória, e como todos homens, Ezequias um dia partiria. A restauração de sua vida pelo Senhor também dá-lhe pleno entendimento de sua mortalidade.

O versículo 17 continua a oração: “Eis que foi para a minha paz que tive grande amargura, mas a ti agradou livrar a minha alma da cova da corrupção; porque lançaste para trás das tuas costas todos os meus pecados”. A Tradução de Joseph Smith apresenta “Eis que foi para a minha paz que tive grande amargura, mas a ti agradou salvar–me da cova da corrupção …”.[25] Apesar de sua tristeza ao reconhecer o quanto a vida é curta, ele regozija-se em saber sobre os dois estagios da salvação provida pelo Senhor; primeiro, que a vida será restaurada a todos os homens na ressurreição; e segundo, que o Senhor dará um caminho para sermos perdoados de nossos pecados.

No versículo 18, Ezequias expressa mais gratidão: “Porque não te louvará a sepultura, nem a morte te glorificará; nem esperarão em tua verdade os que descem à cova”. Louvar e glorificar a misericordia do Senhor são ações que pertencem à mortalidade, e esperar pela vinda do Messias, ele conclui, pertence aos vivos.

O versículo 19 conclui a oração de Ezequias: “O vivente, o vivente, esse te louvará, como eu hoje o faço; o pai aos filhos fará notória a tua verdade”. Ezequias, sendo permitido a continuar vivendo, louvou ao Senhor. Como um pai e um rei, ele reconhece sua responsabilidade em ensinar seus filhos, e também seus súditos, os princípios do evangelho.

No versículo 20, Ezequias resume: “O Senhor veio salvar-me; por isso, tangendo em meus instrumentos, nós o louvaremos todos os dias de nossa vida na casa do Senhor”. Este salmo foi, aparentemente, cantado acompanhado por um instrumento de cordas no templo.

Os versículos 10 até 20 contêm um quiasma:[26]

A: (10) Eu disse: No cessar de meus dias ir-me-ei às portas da sepultura; já estou privado do restante de meus anos.
B: (11) Disse: Não verei ao Senhor, o Senhor
C: na terra dos viventes; jamais verei o homem com os moradores do mundo.
D: (12) Já o tempo da minha vida se foi, e foi arrebatada de mim, como tenda de pastor; cortei a minha vida como tecelão; ele me cortará do tear; desde a manhã até à noite me acabarás.
E: (13) Esperei com paciência até à madrugada; como um leão quebrou todos os meus ossos;
F: desde a manhã até à noite me acabarás.
G: (14) Como o grou, ou a andorinha, assim eu chilreava, e gemia como a pomba; alçava os meus olhos ao alto; ó Senhor, ando oprimido, fica por meu fiador.
H: (15) Que direi? Como me prometeu,
H: assim ele me curou; assim passarei mansamente por todos os meus anos, para que eu não ande na amargura da minha alma.
G: (16) Senhor, por estas coisas se vive, e em todas elas está a vida do meu espírito,
F: portanto cura-me e faze-me viver,e por todas estas coisas te louvarei.
E: (17) Eis que foi para a minha paz que tive grande amargura, mas a ti agradou salvar a minha alma da cova da corrupção; porque lançaste para trás das tuas costas todos os meus pecados.
D: (18) Porque não te louvará a sepultura, nem a morte te glorificará; nem esperarão em tua verdade os que descem à cova.
C: (19) O vivente, o vivente, esse te louvará, como eu hoje o faço; o pai aos filhos fará notória a tua verdade.
B: (20) O Senhor veio salvar-me;
A: por isso, tangendo em meus instrumentos, nós o louvaremos todos os dias de nossa vida na casa do Senhor.

O salmo de Ezequias é estruturado como um quiasma. No enfoque do quiasma, o Senhor cura-o de sua enfermidade: “Como me prometeu, assim ele me curou”. No lado ascendente Ezequias contempla sua enfermidade e sua morte inevitável; ele sofre muito, vendo que as alegrias e glórias terrenas logo ficariam para trás. No lado descendente ele reconhece a grande paz que tem recebido do Senhor ao ser curado, tanto física quanto espiritualmente. Ezequias resolve cantar cânticos de louvor ao Senhor pelo resto de sua vida. A frase “Eu disse: No cessar de meus dias ir-me-ei às portas da sepultura” contrasta-se com “por isso, tangendo em meus instrumentos, nós o louvaremos todos os dias de nossa vida na casa do Senhor”.

O versículo 21 declara: “E dissera Isaías: Tomem uma pasta de figos, e a ponham como emplastro sobre a chaga; e sarará”. “A ponham” vem do hebraico e significa “esfregue-o no”.[27] Isto, juntamente com a declaração no versículo 22, são adicionados por Isaías falando na terceira pessoa, quase como um adendo. O conteúdo deste versículo foi apresentado anteriormente no registro dos escribas do rei.[28]

O versículo 22 adiciona: “Também dissera Ezequias: Qual será o sinal de que hei de subir à casa do Senhor? ” Esta declaração foi colocada no final do capítulo para diminuir sua importância na história, elevando, assim, a importância e significância da outra razão para o sinal do sol voltando dez graus—para testificar que o Senhor defenderia Seu povo contra os assírios, como mencionado no versículo 6. Aos leitores modernos, a mensagem de Isaías neste capítulo é a mesma: o Senhor defenderá Seus discípulos justos contra o homólogo dos antigos assírios nos últimos dias.

NOTAS

[1]. Ver Isaías 36 e 37 e comentário pertinente.
[2]. Ver Isaías 45:3; Isaías 54:17 e D&C 71:9-10; Isaías 29:8; 52:12; 58:8; D&C 45:66; 63:34; 97:25.
[3]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 330.
[4]. Os versículos 1 até 3 contêm um quiasma: Ezequias adoeceu de uma enfermidade mortal/o SENHOR/ morrerás//não viverás/orou ao Senhor/chorou Ezequias muitíssimo. Os versículos 2 e 3 contêm um quiasma sobreposto: Ezequias/orou/ao Senhor/Ah! Senhor/peço-te/Ezequias.
[5]. 2 Reis 18:4, 6.
[6]. 2 Reis 20:4.
[7]. Os versículos 4 e 5 contêm um quiasma: Palavra do Senhor/Isaías/dizendo//dize/a Ezequias/Assim diz o Senhor.
[8]. 2 Reis 20:5.
[9]. Ver Isaías 37:36.
[10]. Isaías 38:1.
[11]. 2 Reis 20:6.
[12]. Isaías 37:20.
[13]. 2 Reis 20:7-8.
[14]. O versículo 7 contém um quiasma: E isto te será/do Senhor como sinal//o Senhor cumprirá/esta palavra.
[15]. 2 Reis 20:9.
[16]. 2 Reis 20:10.
[17]. Doutrina e Convênios 45:39-40.
[18]. Os versículos 10 e 11 contêm um quiasma: No cessar de meus dias/às portas da sepultura/ao Senhor//o Senhor/na terra dos viventes/jamais verei o homem.
[19]. Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 155.
[20]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6148, p. 786.
[21]. Joseph Smith’s “New Translation” of the Bible [“Nova Tradução” da Bíblia por Joseph Smith]: Herald Publishing House, Independence, Missouri, 1970, p. 207.
[22]. Brown et al., 1996, Número de Strong 1718, p. 186.
[23]. JST, p. 207.
[24]. Brown et al., 1996, Número de Strong 2421, p. 1092.
[25]. JST, p. 207.
[26]. Compare Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 332-334.
[27]. Isaías 38:21, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 21a.
[28]. 2 Reis 20:7.

CAPÍTULO 35: “E O Ermo Exultará E Florescerá Como A Rosa”

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Este capítulo descreve o estabelecimento de Sião no deserto nos últimos dias, antes da Segunda Vinda do Senhor Jesus Cristo. Os acontecimentos deste capítulo estão sendo cumprido espiritual e fisicamente. A profecia descreve o ambiente físico para o estabelecimento do monte da casa do Senhor no cume dos montes, como predito anteriormente por Isaías no capítulo 2.[1] Esta mesma profecia também descreve a introdução das ordenanças de salvação do evangelho—a “água viva” mencionada por Cristo durante Seu ministério mortal[2]—na terra espiritualmente deserta que é o mundo. Fisicamente, o deserto começou a florescer como a rosa com a chegada dos pioneiros mórmons na Grande Bacia Hidrográfica do oeste da América do Norte, e com o estabelecimento de Sião neste lugar. Os redimidos do Senhor—os coligados de Israel das nações da Terra—têm imigrado para esta área desde a chegada dos primeiros pioneiros em 1847. O deserto espiritual do mundo continua a receber a água viva conforme os missionários levam a mensagem do evangelho e as bênçãos e ordenanças vivificadoras a todo o mundo. Conversos de muitas nações reúnem-se em Sião ou em suas estacas, que estão estabelecidas em muitos lugares do mundo, mas que são orientadas e guiadas do local central por profetas vivos. Outra forma de cumprimento desta profecia é o retorno dos judeus à terra de sua herança, que começou no princípio do século XX, e do desenvolvimento da agricultura e comércio lá. Ainda para o futuro está a Segunda Vinda do Senhor e Sua glória sendo manifestada em Sião no deserto.

O versículo 1 descreve o florescimento do deserto: “O deserto e o lugar solitário se alegrarão disto; e o ermo exultará e florescerá como a rosa”. Isaías prevê tanto a transformação física do deserto em um lugar agradável quanto a introdução espiritual de bênçãos vivificadoras entre as nações que antes não sabiam sobre Jesus Cristo nem sobre Sua Expiação salvadora. As frases “se alegrarão disto” refere-se aos refugiados da opressão, reunidos das tribos dispersas de Israel, que viriam a transformar o deserto ou que apreciariam a “água viva” oferecida a eles por Cristo. A palavra hebraica de onde “rosa” foi traduzida é chabatstseleth, que significa “Açafrão Erva-ruiva”, “crocus ou croco” ou ” a flor de Narciso”.[3]

Em uma revelação recebida em março de 1831, bem antes do anúncio dos planos de imigração dos Santos dos Últimos Dias para a a cidade do Lago Salgado em Utah, o Senhor predisse o estabelecimento de Sião no deserto e o florescimento dos Lamanitas:

“Mas antes que venha o grande dia do Senhor, Jacó prosperará no deserto e os lamanitas florescerão como a rosa.
Sião florescerá nos outeiros e nas montanhas regozijar-se-á; e será reunida no lugar que designei”.[4]

Nesta revelação o Senhor parafraseia a profecia de Isaías, fornecendo uma maior explicação. Está claro que a reunião física dos santos no deserto, nos outeiros e nas montanhas—juntamente com as bênçãos espirituais do evangelho—foi predita pelo Senhor muito antes do tempo em que a perseguição forçasse os Santos dos Últimos Dias a imigrarem para o oeste dos Estados Unidos, em Utah. O nome “Jacó” refere-se aos descendentes de Jacó, ou Israel; “outeiros” e “montanhas” significam as nações da Terra, tanto grande quanto pequena.[5]

A maioria dos membros pioneiros da Igreja eram da tribo de José, o décimo primeiro filho de Jacó. Os Lamanitas são descendentes de Leí, bem como da tribo de José, cuja história está registrada no Livro de Mórmon. Os descendentes modernos de Leí são os nativos das ilhas do Pacífico e os nativos americanos, juntamente com os ancestrais da mistura dos europeus e nativos americanos que caracterizam a maioria dos povos da América Latina.[6] A América Latina é atualmente um dos lugares mais bem sucedidos na pregação do evangelho—caracterizada por um rápido crescimento da Igreja, pelo estabelecimento de muitas alas e estacas e edificações de muitos templos. Tal crescimento é um cumprimento espiritual desta profecia de Isaías.

Outra perspectiva do cumprimento desta profecia é a volta dos judeus às terras de suas heranças, no princípio do século XX, e o desenvolvimento da agricultura e do comércio neste local. Para nós é importante considerar esta profecia em sua perspectiva e seu cumprimento mundial entre todos os povos com quem o Senhor fez convênios.

LeGrand Richards descreveu o cumprimento desta profecia nos últimos dias e o propósito para o cumprimento da mesma:

“Somos um povo abençoado. O Senhor tem-nos abençoado. Depois que nossos pioneiros foram expulsos para longe da civilização e do transporte, a mais de 1.600 quilômetros de distância, chegaram neste deserto. Isaías viu que o Senhor faria com que o deserto florescesse como a rosa. Viu os rios fluindo no deserto, descendo de lugares altos, para tornarem a terra produtiva. E por quê? Para que os santos, quando fossem aqui reunidos, pudessem cumprir Suas promessas. Pois, se o evangelho citado por Jesus Cristo deveria ser pregado em todo o mundo, teria que ser feito por Seus filhos”.[7]

O versículo 2 continua a descrição de Sião no deserto: “Abundantemente florescerá, e também jubilará de alegria e cantará; a glória do Líbano se lhe deu, a excelência do Carmelo e Sarom; eles verão a glória do Senhor, o esplendor do nosso Deus”.[8] A música e canto têm sido parte das vidas dos Santos dos Últimos Dias para a adoração, e o famoso Coro do Tabernáculo Mórmon é uma parte importante do cumprimento desta profecia. “A glória do Líbano” e “a excelência do Carmelo” são apresentadas como típico do crescimento, florescimento e beleza de Sião no deserto. Em “Eles verão a glória do Senhor, o esplendor do nosso Deus” Isaías prevê a gloriosa Segunda Vinda do Senhor. “Eles” referem-se aos descendentes de José cuja obra trouxe a Sião no deserto, prevista há tanto tempo. A frase “a glória do Líbano” é usada por Isaías mais tarde, no capítulo 60, para descrever as riquezas do mundo a serem trazidas para o estabelecimento de Sião e Israel.[9]

O versículo 3 dá uma ordem à Sião para que cuide dos enfermos e espiritualmente fracos: “Fortalecei as mãos fracas, e firmai os joelhos trementes”. Este versículo foi parafraseado em Doutrina e Convênios no contexto de prover para os desprivilegiados: “Portanto sê fiel; ocupa o cargo para o qual te designei; socorre os fracos, ergue as mãos que pendem e fortalece os joelhos enfraquecidos”.[10]

O Apóstolo Paulo parafraseia: “Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas, e os joelhos desconjuntados, e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja não se desvie inteiramente, antes seja sarado”.[11] O estabelecimento de Sião requer muito trabalho, inclusive ajudar e prover as bênçãos aos enfermos, enfraquecidos espiritualmente e desprivilegiados.

O versículo 4 começa com uma advertência para fortalecerem e confortarem os que temem: “Dizei aos turbados de coração: Sede fortes, não temais”. As palavras de conforto a serem ditas são: “Eis que o vosso Deus virá com vingança, com recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará”. Duas características importantes do povo de Sião são: como cuidam uns dos outros e a fé que o Senhor os defenderá e protegerá. Isto não se aplica somente aos líderes, mas também a todas as pessoas de Sião. Os projetos de serviços, reuniões sacramentais inspiradoras, visitas mensais de mestres familiares e professoras visitantes, e conferências de estaca e geral fazem parte desta ordem de fortalecer uns aos outros.

O Presidente Gordon B. Hinckley admoestou:

“Fazei com que o amor seja a estrela-guia de nossa vida ao estender a mão àqueles que necessitam de nossa força. Há muitos entre nós que padecem sozinhos. A medicina ajuda, mas palavras de amor operaram milagres. Muitos vivem em condições alarmantes, temerosos e incapazes de enfrentá-las. Temos bons bispos e líderes da Sociedade de Socorro capazes de ajudarem, mas eles não podem fazer tudo sozinhos. Todos nós podemos e devemos ocupar-nos numa boa causa”.[12]

Os versículos 5 e 6 descrevem os bons resultados destes esforços. O versículo 5 começa: “Então os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se abrirão”.[13] Em Seu ministério terreno o Senhor Jesus Cristo realizou muitos milagres no qual os enfermos ou deficientes foram curados com Seu toque. João descreveu um destes casos: “Untou com o lodo os olhos do cego. E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé … Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo”.[14]

Durante Seu ministério aos nefitas, o Senhor ressuscitado realizou milagres semelhantes:

“E aconteceu que depois de haver ascendido ao céu—a segunda vez que se havia mostrado a eles e voltado ao Pai, depois de haver curado todos os seus doentes e seus coxos e aberto os olhos dos cegos e os ouvidos dos surdos; e feito toda sorte de curas no meio deles e levantado um homem dentre os mortos e ter demonstrado seu poder a eles e ascendido ao Pai—
“Eis que, na manhã seguinte, aconteceu que a multidão se reuniu …”.[15]

Estas curas servem como exemplos de acontecimentos que se passarão na Segunda Vinda do Senhor Jesus Cristo.

Esta profecia não só prediz as bênçãos temporais que Sião receberá, mas também prediz que as bênçãos espirituais serão ainda maiores. Palavras semelhantes foram usadas por Isaías anteriormente no capítulo 29, referindo-se às grandes bênçãos espirituais relacionadas à chegada do Livro de Mórmon: “E naquele dia os surdos ouvirão as palavras do livro, e dentre a escuridão e dentre as trevas os olhos dos cegos as verão”.[16] O significado é que os espiritualmente surdos e cegos compreenderão as coisas espirituais devido ao conteúdo do livro. Grandes bênçãos, tanto físicas quanto espirituais, são dadas porque Sião espera pela Segunda Vinda do Senhor com grande fé.

O versículo 6 continua: “Então os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; porque águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo”. Metaforicamente, os espiritualmente coxos ou deficientes serão capacitados e aos espiritualmente mudos será dado o poder de cantar. O ermo e o deserto espirituais—o mundo em geral vivendo sem Cristo ou sem as bênçãos da salvação fornecida pela Expiação—tornar-se-ão verdejantes conforme as águas vivas do evangelho fluírem pelo mundo. O Grande Pergaminho de Isaías apresenta “e ribeiros correrá no ermo”.[17]

A relação entre a primeira parte do versículo 6 com a última parte não é óbvia, a menos que se considere o significado espiritual. As extraordinárias bênçãos espirituais descrevem os resultados do constante fluxo de conhecimento vindo de profetas vivos da Sião no deserto, como se fosse um rio de água fluente. Compare com uma declaração feita por Isaías anteriormente, no capítulo 30, onde usou esta mesma metáfora: “E em todo o monte alto, e em todo o outeiro levantado, haverá ribeiros e correntes de águas, no dia da grande matança, quando caírem as torres”.[18]

O Senhor, durante Seu ministério terreno, citou estes versículos aos discípulos de João Batista a fim de responder a pergunta de João se Jesus era o Messias: “Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho”.[19] Sem dúvidas o Senhor sabia que João reconheceria o cumprimento da profecia messiânica de Isaías.

Os versículos 5 e 6 contêm o texto para “O Messias” de Handel, parte 1, número 19: Área para alto, “Então os olhos dos cegos serão abertos”.

O versículo 7 continua a metáfora: “E a terra seca se tornará em lagos, e a terra sedenta em mananciais de águas; e nas habitações em que jaziam os chacais haverá erva com canas e juncos”. As terras secas seriam irrigadas pelas mãos cuidadosas dos refugiados que viriam para estabelecer Sião, fazendo a vegetação florescer abundantemente. O significado espiritual é que a escuridão da apostasia seria dissipada pelas doutrinas verdadeiras. Doutrinas de dragões e chacais seriam substituídas pela verdade revelada, que fluiria abundantemente como as águas vivas de Sião.[20]

Esta passagem foi parafraseada e explicada em Doutrina e Convênios:

“E nos desertos estéreis surgirão poços de água viva; e o solo ressequido já não será uma terra sedenta.
“E trarão seus ricos tesouros para os filhos de Efraim, meus servos.
“E as extremidades dos outeiros eternos estremecerão em sua presença”.[21]

Aqui está claro que as águas que viriam do deserto representam não somente a irrigação e o florescimento físicos, mas também a vinda de um fluxo ininterrupto de bênçãos espirituais. “Efraim, meus servos” significa os membros da tribo de José que estabeleceriam Sião no deserto.

Os versículos 6 e 7 contêm um quiasma:

(6) Então os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará;
A: porque águas arrebentarão no deserto
B: e ribeiros
C: no ermo.
C: (7) E a terra seca
B: se tornará em lagos,
A: e a terra sedenta em mananciais de águas; e nas habitações em que jaziam os chacais haverá erva com canas e juncos.

“Porque águas arrebentarão no deserto” equivale à frase “a terra sedenta [se tornará] em mananciais de águas”, significando uma abundância de revelação e inspiração. Os termos “deserto”, “terra sedenta”, “ermo” e “terra seca” são quiasmaticamente equivalentes.

O versículo 8 prediz: “E ali haverá uma estrada, um caminho, que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão”. A Tradução de Joseph Smith apresenta:

“E ali haverá uma estrada; porque um caminho será aberto, que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será aberto para aqueles que são puros; os caminhantes, apesar de serem contados entre os loucos, não errarão”.[22]

Anteriormente, no capítulo 11, Isaías faz uma referência semelhante a um caminho: “E haverá caminho plano para o remanescente do seu povo, que for deixado da Assíria, como sucedeu a Israel no dia em que subiu da terra do Egito”.[23]

O significado de caminho, em ambos os casos, é espiritual, querendo dizer o caminho estreito e apertado.[24] O caminho aberto pelo Senhor para os filhos de Israel passarem pelo Mar Vermelho é um símbolo ou exemplo físico deste caminho.[25] O meio pelo qual os remanescentes de Israel serão reunidos nos últimos dias será através da pregação do evangelho, eles se unirão à Sião e ao seu povo, sua identidade como herdeiros do Convênio Abraâmico ser-lhes-á revelada, e eles farão convênios com o Senhor como no passado. O “caminho” será tão claro que os caminhantes, que apesar de serem chamados de loucos, não terão nenhum problema para segui-lo, desde que sejam obedientes.

O versículo 9 descreve a proteção espiritual que os viajantes deste caminho receberão: “Ali não haverá leão, nem animal feroz subirá a ele, nem se achará nele; porém só os remidos andarão por ele”. Estes predadores representam as tentações e os desígnios malignos dos homens e de Satanás para divergi-los do caminho estreito e apertado. Evitamos tentações quando seguimos o caminho espiritual, como descrito bem claramente pelos profetas vivos.

O versículo 10 sumariza: “E os resgatados do Senhor voltarão; e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna haverá sobre as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido”. Os “resgatados” são aqueles que aceitam o evangelho restaurado e seus convênios,[26] cujos pecados, depois do arrependimento, são remidos através do sacrifício infinito do Senhor Jesus Cristo. “Sião” significa tanto um lugar de coligação espiritual nos últimos dias quanto a Jerusalém dos últimos dias sob circunstâncias dignas.[27] Conforme Sião é edificada no deserto, Israel será reunida das terras para onde se dispersaram. Aqueles que retornarem se encherão de regozijo e felicidade; o sofrimento que passaram enquanto estavam no exílio—espiritualmente, sua ignorância da verdade revelada—será removido.

Em Doutrina e Convênios o Senhor prediz que a coligação de Israel virá com alegria e cânticos: “Os que permanecerem e forem puros de coração retornarão para suas heranças, eles e seus filhos, com cânticos de eterna alegria, para edificar os lugares desolados de Sião”.[28]

Os versículos 9 e 10 contêm um quiasma:

A: (9) Ali não haverá leão,
B: nem animal feroz subirá a ele,
C: nem se achará nele;
D: porém só os remidos andarão por ele.
D: (10) E os resgatados do Senhor voltarão;
C: e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna haverá sobre as suas cabeças;
B: gozo e alegria alcançarão,
A: e deles fugirá a tristeza e o gemido.

“Ali não haverá leão” compara-se com “e deles fugirá a tristeza e o gemido”, e “nem animal feroz subirá a ele” compara-se com “gozo e alegria alcançarão”. A paz e alegria dos que estiverem seguindo o caminho estreito e apertado não serão afetadas por tentações e desígnios malignos de homens ou de Satanás, que foram representados aqui metaforicamente como animais predadores. O estabelecimento de Sião e o derramamento de ricas bênçãos do Senhor vencerão a tristeza e o gemido, e resultarão em gozo e alegria.

NOTAS

[1]. Isaías 2:2-3.
[2]. João 4:10-11; Ver também Jeremias 17:13; Zacarias 14:8.
[3]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 2261, p. 287.
[4]. Doutrina e Convênios 49:24-25.
[5]. Ver Isaías 2:2 e comentário pertinente.
[6]. Ver 1 Néfi 5:14.
[7]. LeGrand Richards, “A Segunda Vinda de Cristo”, A Liahona, Outubro de 1978, p. 125.
[8]. Os versículos 1 e 2 contêm um quiasma: O deserto e o lugar solitário/se alegrarão disto/exultará/florescerá//florescerá/jubilará/alegria e cantará/verão a glória do Senhor.
[9]. Ver Isaías 60:13 e comentário pertinente.
[10]. D&C 81:5.
[11]. Hebreus 12:12-13.
[12]. Gordon B. Hinckley, “Que O Amor Seja a Estrela-Guía de Vossa Vida”, A Liahona, Julho de 1989, p. 72-73.
[13]. Os versículos 3 até 5 contêm um quiasma: Mãos fracas/joelhos trementes/sede fortes, não temais/Deus virá com vingança//com recompensa de Deus/ele virá, e vos salvará/olhos dos cegos serão abertos/ouvidos dos surdos se abrirão.
[14]. João 9:6-7.
[15]. 3 Néfi 26:15-16.
[16]. Isaías 29:18.
[17]. Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 145.
[18]. Isaías 30:25; Ver também Isaías 12:3; 55:1, 11; 58:11 e comentário pertinente.
[19]. Mateus 11:5; Ver também Lucas 7:22.
[20]. Ver Isaías 12:3; 27:3; 55:11; 58:11.
[21]. D&C 133:29-31.
[22]. Joseph Smith’s “New Translation” of the Bible [“Nova Tradução” da Bíblia por Joseph Smith]: Herald Publishing House, Independence, Missouri, 1970, p. 206.
[23]. Isaías 11:16.
[24]. Ver Isaías 11:16; 19:23; 40:14; 49:11 e comentário pertinente.
[25]. Ver Êxodo 14:21-31.
[26]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 319.
[27]. Ver Isaías 1:8 e comentário pertinente. Ver também Salmos 102:13, 16; 129:5; 132:13; Isaías 1:27; 2:3; 4:5; 14:32; 24:23; 28:16; 31:9; 46:13; 51:16; 52:7, 8; 59:20.
[28]. D&C 101:18; Ver também D&C 45:71; 66:11; 109:39;133:33.

CAPÍTULO 33: “Cujas Estacas [de Sião] Nunca Serão Arrancadas”

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Este capítulo fala sobre a apostasia, violência e traição que precederão a Segunda Vinda. Os justos em Sião orarão pela proteção do Senhor durante esta época. Quando o Senhor vier em Sua glória, os ímpios serão destruídos com fogo consumidor. Apesar das tribulações, Sião e suas estacas nunca serão removidas e o Senhor reinará como Legislador, Juiz, e Rei.

Para entender este capítulo é fundamental que se observe cuidadosamente quem está falando e de quem Isaías está falando, pois muda muitas vezes, o que pode deixar o leitor confuso. O uso de diversos sujeitos e formas verbais fornece uma dica para notarmos estas mudanças.

O versículo 1 consiste de um oráculo de pesar contra aqueles que despojam, ou roubam através de violência e traição: “Ai de ti, despojador, que não foste despojado, e que procedes perfidamente contra os que não procederam perfidamente contra ti! Acabando tu de despojar, serás despojado; e, acabando tu de tratar perfidamente, perfidamente te tratarão”.[1] O oráculo de pesar descreve predadores que roubam os inocentes e os indefesos. Muitos estudiosos acreditam que este predador é Senaqueribe, rei da Assíria, que invadiria e saquearia Jerusalém em 701 a.C.[2] Para os últimos dias, este versículo descreve um estado de anarquia violenta e terror, onde saqueadores vagueiam por todo lado, buscando vítimas para poderem ferir, saquear e roubar. Doutrina e Convênios descreve as mesmas ou semelhantes condições: “E acontecerá entre os iníquos que todo homem que não tomar sua espada contra seu próximo terá que fugir para Sião, por segurança”.[3]

No versículo 2, os justos oram fervorosamente pedindo proteção: “Senhor, tem misericórdia de nós, por ti temos esperado; sê tu o nosso braço cada manhã, como também a nossa salvação no tempo da tribulação”. A Tradução de Joseph Smith apresenta “sua salvação no tempo da tribulação”.[4] “Sê tu o nosso braço” é o apelo de Isaías ao Senhor, que quer dizer “defenda-nos dos que nos querem ferir”.

Os versículos 3 e 4 descrevem a vinda do Senhor. O versículo 3 começa: “Ao ruído do tumulto fugirão os povos; à tua exaltação as nações serão dispersas”. “À tua exaltação” significa “em Teu raiar ou ascensão”, como o raiar do sol—para ser visto pelo mundo inteiro, pronto para a batalha. Observe o uso da segunda pessoa do singular “tua”; aqui Isaías está dirigindo-se ao Senhor.

No versículo 4 a narração de Isaías muda, dirigindo-se às nações que serão dispersas na vinda do Senhor: “Então ajuntar-se-á o vosso despojo como se ajunta a lagarta; como os gafanhotos saltam, assim ele saltará sobre eles”. Estes símiles usados por Isaías, de insetos devorando seus alimentos, ajudam aos leitores a imaginarem os saqueadores destruindo as nações.

O versículo 5 descreve o estado bendito dos habitantes de Sião durante este tempo de grande destruição. A declaração de Isaías aqui é dirigida ao leitor: “O Senhor está exaltado, pois habita nas alturas; encheu a Sião de juízo e justiça”.[5] “Justiça” significa “equidade”.[6] A palavra hebraica traduzida como “retidão” significa “eticamente correto”.[7]

“Sião” neste versículo significa tanto um lugar de coligação espiritual nos últimos dias quanto Jerusalém, especialmente a Jerusalém dos últimos dias sob circunstâncias justas.[8] “Sião” é usado em outros dois lugares neste capítulo com os mesmos significados. A definição de “Sião” dada em Doutrina e Convênios é o puro de coração, que significa que Sião é onde os justos habitam—não necessariamente um lugar específico.[9]

Em Doutrina e Convênios, a frase que segue a definição de Sião talvez refira-se a acontecimentos descritos por Isaías no capítulo 33: “Portanto, que Sião se regozije enquanto se lamentam todos os iníquos”.[10]

O Senhor revela os Seus desígnios ao nomear os lugares de coligação:

“E eis que não há outro lugar designado além daquele que designei; nem haverá outro lugar designado além daquele que designei para a reunião de meus santos
“Até chegar o dia em que não haja mais lugar para eles; e então lhes designarei outros lugares que tenho e serão chamados estacas, para as cortinas ou a força de Sião” (ênfases adicionadas).[11]

No versículo 6, Isaías muda para a segunda pessoa do singular para falar com Sião: “E haverá estabilidade nos teus tempos, abundância de salvação, sabedoria e conhecimento; e o temor do Senhor será o seu tesouro”. O maior tesouro do Senhor é a retidão de Seu povo. Os justos de Israel nos últimos dias serão poupados das tribulações, invasões e pilhagem por causa de sua sabedoria, conhecimento e temor ao Senhor.

No versículo 7 Isaías continua falando à Sião, descrevendo agora a angústia daqueles que não foram permitidos entrar: “Eis que os seus embaixadores estão clamando de fora; e os mensageiros de paz estão chorando amargamente”. Um significado alternativo no hebraico original, traduzido na versão de João Ferreira de Almeida como “os seus embaixadores”, é Ariel, que significa “a lareira de Deus” ou “o leão de Deus”,[12] usado anteriormente no capítulo 29.[13] Ariel refere-se ao povo do convênio—especialmente ao povo dos últimos dias, que teria os convênios e as bênçãos do templo. Ariel não sendo permitida a desfrutar da proteção temporal de Sião quer dizer um grupo—à parte de Sião e suas Estacas—que não está vivendo os convênios que lhe traria proteção e bênçãos de Sião. Este grupo representa a Israel apóstata; mas pode ser que se refira a outros grupos.

No versículo 8 Isaías continua dirigindo seus comentários à Sião. Ele descreve a destruição que precederá a Segunda Vinda, em seguida dá a razão pela qual Ariel foi excluída da proteção de Sião: “As estradas estão desoladas, cessou o que passava pela vereda”. Violência, anarquia e possivelmente desastres naturais destruiriam as estradas a tal ponto que nenhum viajante podería prosseguir. “Ele rompeu a aliança, desprezou as cidades, e já não faz caso dos homens”.

Os versículos 7 e 8 contêm um quiasma:

A: (7) Eis que os seus embaixadores estão clamando de fora;
B: e os mensageiros de paz estão chorando amargamente.
C: (8) As estradas estão desoladas, cessou o que passava pela vereda,
C: ele rompeu a aliança,
B: desprezou as cidades,
A: enão se faz caso dos homens.

O lado ascendente do quiasma descreve o remorso e desapontamento de Ariel, o povo do convênio da antiguidade, ao encontrar-se indigno da proteção do Senhor nos últimos dias. No lado descendente, descreve o porquê a proteção foi negada. Não foi permitido a Ariel entrar na cidade de Sião, portanto não terá sua proteção.

O versículo 9 descreve o efeito de haver quebrado os convênios: “A terra geme e pranteia, o Líbano se envergonha e se murcha; Sarom se tornou como um deserto; e Basã e Carmelo foram sacudidos”. O sacudir de Basã e Carmelo pode ser resultado de terremotos; ou que esses lugares tenham sido despojados. Também pode representar frutos caindo da vinha antes de estarem maduros.[14] “Líbano” refere-se aos “orgulhosos líderes e nobres”, como foi descrito anteriormente por Isaías no capítulo 2.[15]

Os versículos 10 até 12 descrevem a vinda do Senhor. O versículo 10 começa: “Agora, pois, me levantarei, diz o Senhor; agora me erguerei. Agora serei exaltado”. Ser “exaltado” ou ser “levantado” significa que o Senhor Jeová seria reconhecido pelo mundo.

No versículo 11, o Senhor fala aos injustos: “Concebestes palha, dareis à luz restolho; e o vosso espírito vos devorará como o fogo”. “Palha” e “restolho” enfatizam que os frutos temporais das obras diárias dos iníquos não seriam duradouras e seriam queimadas como um campo de grão depois da colheita. Os esforços mais importantes de suas vidas serão de pouca importância; os assuntos espirituais importantes foram deixados de lado, quando deveriam ter prestado mais atenção neles.

O versículo 12 descreve a queima: “E os povos serão como as queimas de cal; como espinhos cortados arderão no fogo”.[16] “As queimas de cal” trazem em mente cenas horríveis de corpos sendo consumidos pelo fogo, deixando as cinzas dos ossos como um acúmulo de cal.[17] Quiasmaticamente, a causa para serem queimados no fogo é porque o povo concebeu palha.

Tal como indicado no versículo 13, a grandeza, o poder e a majestade do Senhor serão reconhecidos no mundo todo: “Ouvi, vós os que estais longe, o que tenho feito; e vós que estais vizinhos, conhecei o meu poder”. O Senhor falará com os povos que estão perto e com os que estão distantes.

O versículo 14 fala dos indignos que estão entre o povo do convênio em Sião: “Os pecadores de Sião se assombraram, o tremor surpreendeu os hipócritas. Quem dentre nós habitará com o fogo consumidor? Quem dentre nós habitará com as labaredas eternas?” Apesar de terem tido muitas oportunidades, eles não se prepararam para o dia quando o Senhor viria. Por estarem vivendo com pecados escondidos, eles perguntam temerosamente: “Quem dentre nós habitará com o fogo consumidor? Quem dentre nós habitará com as labaredas eternas?”[18]

Dois tipos de fogo foram descritos aqui: “Fogo consumidor” é aquele que destruirá os iníquos, enquanto que “labaredas eternas” significa a glória eterna característica da presença de Deus. O Profeta Joseph Smith descreveu esta glória:

“Vi a incomparável beleza da porta por onde entrarão os herdeiros desse reino, que se assemelhava a chamas de fogo circulantes;
“Também o refulgente trono de Deus, no qual estavam sentados o Pai e o Filho”.[19]

A retidão pessoal é um requerimento para sobreviver a queimação destruidora na vinda do Senhor e é essencial para suportar a glória de Sua presença.[20] Quando não existir a retidão pessoal entre eles, os injustos e hipócritas olharão com grande temor para a glória resplandecente do Senhor. “Sião”, como foi usada aqui, significa tanto um lugar de coligação espiritual nos últimos dias quanto a Jerusalém justa dos últimos dias. Outros significados também podem ser aplicados.[21]

Bruce R. McConkie explicou:

“… Quem na Igreja alcançará uma herança no reino celestial? Quem irá habitar onde Deus e Cristo e os seres santos estão? —Aqueles que sobrepujarem o mundo, fizerem obras justas, e perseverarem em fé e devoção até o fim, ouvirão a prometida bênção: ‘Vinde, e possuí por herança o reino de meu Pai’”.[22]

No versículo 15, o profeta responde às perguntas retóricas feitas pelos indignos hipócritas do versículo 14: “O que anda em justiça, e o que fala com retidão; o que rejeita o ganho da opressão, o que sacode das suas mãos todo o presente; o que tapa os seus ouvidos para não ouvir falar de derramamento de sangue e fecha os seus olhos para não ver o mal”.[23] “Ouvir falar do derramamento de sangue” significa “não ouvir falar de violências”.[24] Estas qualidades dos justos lhes permitirão aguardar a vinda do Senhor e a herdar a vida eterna no reino celestial.

Que pecados os hipócritas do versículo 14 cometeram? A resposta está no versículo 15: Eles andam injustamente; e falam enganosamente—o que quer dizer que eles mentem, não são honestos; eles se aproveitam com a opressão de outros—isto é, cometeram extorsão; aceitaram subornos; eles “ouviram”, ou aprovaram a violência ou o derramamento de sangue; e aprovaram coisas perversas. Em nossos dias, fechar os olhos para as coisas más incluem evitar mídia cujos propósitos são de promulgar o mal, como a pornografia ou programas ofensivos na televisão ou nos filmes.

O salmista falou sobre este princípio: “Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente”.[25]

No versículo 16 fala sobre as bênçãos a serem obtidas por aquele “que anda em justiça”, evitando as armadilhas descritas no versículo 15: “Este habitará nas alturas; as fortalezas das rochas serão o seu alto refúgio, o seu pão lhe será dado, as suas águas serão certas”. As “Fortalezas das rochas” proporcionarão uma segurança temporal maior. O Senhor defenderá Seus seguidores justos; Ele proverá para eles o pão e água—sustento temporal como também espiritual[26]—durante este tempo de destruição e tumulto.

Maiores bênçãos para os justos são mencionadas por Isaías na segunda pessoa do singular, e são descritas nos versículos 17 até 20. O versículo 17 declara: “Os teus olhos verão o rei na sua formosura, e verão a terra que está longe”. A primeira frase reflete o significado da frase bem conhecida das Bem-aventuranças: “Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus”.[27] “Formosura” significa a glória resplendente do Senhor mencionada no versículo 14. Na segunda frase deste versículo, Isaías descreve o que mais os olhos dos justos verão: “Verão a terra que está longe”, que significa o reino celestial de Deus.

O versículo 17 contém um quiasma reconhecido no hebraico original, reconstruído aqui para corresponder com a construção hebraica:[28]

A: (17) O rei na sua formosura,
B: Os teus olhos
B: verão
A: e verão a terra que está longe.

“O rei na sua formosura” é complementado por “e verão a terra que está longe”, indicando que a terra mencionada é a morada do rei, ou do Messias. O enfoque do quiasma é “Os teus olhos verão” e “verão”.

Os versículos 18 e 19 descrevem a proteção contra os invasores a ser desfrutada pelos justos. O versículo 18 declara: “O teu coração considerará o assombro dizendo: Onde está o escrivão? Onde está o que pesou o tributo? Onde está o que conta as torres?” O escrivão, o que pesou o tributo e o que conta as torres são os que gerenciam os despojos das guerras; os justos não precisam se preocupar com eles ou com suas delegações.

O Apóstolo Paulo parafraseou o versículo 18 no Novo Testamento: “Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?”[29]

O versículo 19 continua: “Não verás mais aquele povo atrevido, povo de fala obscura, que não se pode compreender e de língua tão estranha que não se pode entender”. Os justos não verão os temerosos exércitos invasores que falam uma língua incompreensível. “Fala obscura” refere-se aos efeitos no ouvido de uma língua incompreensível falada rapidamente. Este versículo ajuda a esclarecer o significado de uma passagem anterior no capítulo 28: “Assim por lábios gaguejantes, e por outra língua, falará [o Senhor] a este povo”.[30] Neste outro versículo Isaías descreve missionários ou mensageiros, enviados pelo Senhor, tentando aprender outra língua; porém neste versículo que estamos analisando agora, o povo de fala obscura são os exércitos invasores—enviados para destruirem aqueles que não derem ouvidos à mensagem dos primeiros que falaram com lábios gaguejantes.

No versículo 20 Isaías continua seu discurso aos justos, admoestando-os: “Olha para Sião, a cidade das nossas solenidades; os teus olhos verão a Jerusalém, habitação quieta, tenda que não será removida, cujas estacas nunca serão arrancadas e das suas cordas nenhuma se quebrará”.[31] “Sião” e “Jerusalém”, aqui, são sinônimos, referindo-se ao povo justo do Senhor.[32] A analogia da Sião dos últimos dias e suas estacas com a tenda da Israel antiga, suportadas por cordas e estacas, é melhor explicada no capítulo 54 por Isaías:

“Amplia o lugar da tua tenda, e estendam-se as cortinas das tuas habitações; não o impeças; alonga as tuas cordas, e fixa bem as tuas estacas.
“Porque transbordarás para a direita e para a esquerda; e a tua descendência possuirá os gentios e fará que sejam habitadas as cidades assoladas”.[33]

A declaração de Isaías no versículo 20 é citada pelo Senhor ressuscitado aos nefitas[34] e mencionada em vários lugares em Doutrina e Convênios.[35] A promessa do Senhor que as “estacas nunca serão arrancadas, e das suas cordas nenhuma se quebrará” é um grande conforto e consolo para os Santos dos Últimos Dias. A profecia de Isaías descrevendo a destruição dos iníquos—deixando as cidades gentias desabitadas—serve como advertência para todos os que derem ouvidos.

Uma estaca é uma organização eclesiástica constituída de várias alas, ou congregações, e é presidida por um presidente de estaca, o qual dirige as obras da Igreja nas alas e fornece orientação, direção e liderança aos bispos que presidem nas alas. O presidente da estaca, por sua vez, recebe direção das autoridades gerais e de área que reportam ao presidente da Igreja. Inerente à organização da estaca é a disponibilidade dos programas da Igreja, incluindo as ordenanças do sacerdócio, necessárias para os membros da estaca obterem a exaltação eterna. “Solenidades”, usada na primeira linha do versículo 20, vem do Latim sollemnis que significa “aquilo que acontece a cada ano”,[36] isto é, celebrações e cerimônias religiosas.

Os versículos 17 até 20 contêm um quiasma:

A: (17) Os teus olhos verão o rei na sua formosura, e verão a terra que está longe.
B: (18) O teu coração considerará o assombro dizendo:
C: Onde está o escrivão?
D: onde está o que pesou o tributo?
E: onde está o que conta as torres?
E: (19) Não verás mais
D: aquele povo atrevido,
C: povo de fala obscura, que não se pode compreender
B: e de língua tão estranha que não se pode entender.
A: (20) Olha para Sião, a cidade das nossas solenidades; os teus olhos verão a Jerusalém, habitação quieta ….

“Os teus olhos verão o rei na sua formosura” corresponde “Olha para Sião, a cidade das nossas solenidades”, mostrando que Sião deverá ser o lugar onde o Senhor habitará e quem reinará sobre a Terra. O lado ascendente deste quiasma apresenta perguntas retóricas que preveem a proteção contra os invasores proporcionada aos justos de Sião e Jerusalém; as declarações no lado descendente descrevem os invasores que assolariam os ímpios durante as destruições precedentes a Segunda Vinda, mas das quais Sião e Jerusalém seriam poupadas. Os justos em Sião e Jerusalém não serão invadidos pelos exércitos que falam em língua estranha.

O versículo 21 continua a descrição de Isaías da Sião dos últimos dias, que virá a ser o lugar onde o Senhor habitará durante Seu glorioso reinado sobre a Terra: “Mas ali o glorioso Senhor será para nós um lugar de rios e correntes largas; barco nenhum de remo passará por ele, nem navio grande navegará por ele”. Sião será um lugar de refúgio, protegida pelo Senhor contra os invasores. Esta descrição de Sião como um lugar de “rios e correntes largas” caracteriza o local designado pelo Senhor, através do Profeta Joseph Smith, como a Nova Jerusalém nos Estados Unidos da América—no condado de Jackson, Missouri.[37]

O versículo 22 descreve a razão para a grande paz e proteção desfrutada por Sião: “Porque o Senhor é o nosso Juiz; o Senhor é o nosso legislador; o Senhor é o nosso rei, ele nos salvará”. A salvação, neste caso, significa proteção temporal contra inimigos terrenos, bem como exaltação eterna na presença de Deus. A Expiação, que fornece o caminho para sermos purificados de nossos pecados e abre o caminho para obtermos exaltação eterna, é provida pelo Senhor Jesus Cristo.

Os versículos 21 e 22 contêm um quiasma:

A: (21) Mas ali o glorioso Senhor será para nós
B: um lugar de rios
C: e correntes largas;
C: barco nenhum de remo passará por ele,
B: nem navio grande navegará por ele.
A: (22) Porque o Senhor é o nosso juiz; o Senhor é nosso legislador; o Senhor é o nosso rei; ele nos salvará.

“Um lugar de rios” compara-se com “navio grande”; o termo “correntes largas” compara-se com “barco … de remo”. Note que os objetos maiores, “rios” e “navio grande”, e os elementos menores, “correntes” e “barco de remo”, são quiasmaticamente paralelos.

O versículo 23 volta ao tema apresentado no versículo 21, no qual nenhum navio chegaria perto de Sião. Primeiro Isaías refere-se ao navio na segunda pessoa do singular, descrevendo sua inabilidade de navegar: “As tuas cordas se afrouxaram”; depois, Isaías muda sua atenção para os homens conduzindo o navio: “não puderam ter firme o seu mastro, e nem desfraldar a vela”. Devido a inabilidade de navegar, o navio está vulnerável aos ataques, mesmo pelos fracos: “então a presa de abundantes despojos se repartirá; e até os coxos dividirão a presa”. Os despojos serão divididos entre os conquistadores, que incluem, até mesmo, os deficientes físicos. Este navio é um símbolo para qualquer pessoa que procura invadir ou conquistar Sião. No capítulo 54 o Senhor promete a Seus seguidores justos: “Toda a ferramenta preparada contra ti não prosperará, e toda a língua que se levantar contra ti em juízo tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor, e a sua justiça que de mim procede, diz o Senhor”.[38]

O versículo 24 descreve a força espiritual dos habitantes de Sião: “E morador nenhum dirá: Enfermo estou; porque o povo que habitar nela será absolvido da iniquidade”. O Senhor, através da Expiação, proveu o caminho para cada pessoa ser purificada de seus pecados, ou enfermidades espirituais; a fim de qualificar para esta bênção de habitar em Sião, cada pessoa deve se arrepender de seus pecados e ser perdoada, de acordo com as leis do Senhor.

NOTAS

[1]. O versículo 1 contém um quiasma: Ai de ti, despojador, que não foste despojado/procedes perfidamente/os que não procederam perfidamente contra ti!//acabando tu de tratar perfidamente/perfidamente te tratarão.
[2]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 294.
[3]. Doutrina e Convênios 45:68.
[4]. Joseph Smith’s “New Translation” of the Bible [“Nova Tradução” da Bíbliapor Joseph Smith]: Herald Publishing House, Independence, Missouri, 1970, p. 205.
[5]. Versículos 2 até 5 contêm um quiasma: Tem misericórdia de nós/fugirão os povos; à tua exaltação/O Senhor//pois habita nas alturas/encheu a Sião de juízo/justiça.
[6]. Ver Isaías 1:21; 30:18; 32:1; 41:1; 49:4; 53:8.
[7]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996; Número de Strong 6666, p. 842.
[8]. Ver Isaías 3:16; 33:14, 20; 34:8; 37:32; 40:9; 41:27; 51:3.
[9]. D&C 97:21.
[10]. D&C 97:21.
[11]. D&C 101:20-21.
[12]. Brown et al., 1996, Número de Strong 691, p. 72.
[13]. Ver Isaías 29:1-2, 7 e comentário pertinente.
[14]. Ver Malaquias 3:11.
[15]. Ver Isaías 2:13 e comentário pertinente; Ver também Isaías 10:34 e 14:8.
[16]. Versículos 11 e 12 contêm um quiasma: Palha/restolho/vosso espírito//fogo/queimas/arderão no fogo.
[17]. Ver Isaías 1:7, 28; 30:27, 30, 33; 33:11-12 e comentário pertinente.
[18]. O versículo 14 contém um quiasma: Pecadores de Sião/se assombraram//tremor/hipócritas.
[19]. D&C 137:2-3.
[20]. D&C 130:7.
[21]. Ver Isaías 3:16; 33:5, 20; 34:8; 37:32; 40:9; 41:27; 51:3.
[22]. Bruce R. McConkie, “Think on These Things” [Pensem Sobre Estas Coisas], Ensign, Jan. 1974, p. 45.
[23]. O versículo 15 contém um quiasma: Anda em justiça/fala com retidão/rejeita o ganho da opressão//sacode das suas mãos todo o presente/tapa os seus ouvidos para não ouvir/fecha os seus olhos para não ver o mal.
[24]. Brown et al., 1996, Número de Strong 1818, p. 196.
[25]. Salmo 24:3-4.
[26]. Ver Isaías 12:3; 35:6-7; 55:11; 58:11 e comentário pertinente.
[27]. Mateus 5:8.
[28]. Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 261.
[29]. 1 Coríntios 1:20.
[30]. Isaías 28:11.
[31]. O versículo 20 contém um quiasma: Não será removida/estacas//cordas/nenhuma se quebrará.
[32]. Ver Isaías 3:16; 33:5, 14; 34:8; 37:32; 40:9; 41:27; 51:3.
[33]. Isaías 54:2-3.
[34]. 3 Néfi 22:2-3.
[35]. D&C 68:25-26; 82:14; 101:21; 107:36-37; 115:6, 18; 133:9.
[36]. Ernest Klein, A Comprehensive Etymological Dictionary of the English Language [Um Dicionário Etimológico Completo do Inglês]: Elsevier Publishing Company, New York, 1971, p. 696.
[37]. D&C 57:1-2.
[38]. Isaías 54:17.

CAPÍTULO 32: “Ao Vil Nunca Mais Se Chamará Liberal”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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Este capítulo é a respeito dos governantes políticos. Começa com uma descrição do arquétipo rei justo, o Messias cujo reinado na Terra trará inauditas bênçãos, paz, e segurança. O uso desta descrição por Isaías no começo, descrevendo a corrupção dos governantes políticos, é um contraste literário—uma comparação de extremos para fazer as descrições de cada uma mais vívida.[1] Esta comparação acentua nas mentes dos leitores tanto a severidade da iniquidade prevalente como a retidão infinita do Senhor. Esta iniquidade e corrupção descrevem tanto a Israel antiga quanto a dos últimos dias, com as condições da Israel antiga servindo como exemplo das condições futuras. Este capítulo termina com uma descrição quiasmática—refletindo nos primeiros quatro versículos do capítulo—da retidão do Senhor e das condições favoráveis que prevalecerão sob Seu reinado.

O versículo 1 descreve o reinado do Senhor na Sua Segunda Vinda: “Eis que reinará um rei com justiça, e dominarão os príncipes segundo o juízo”.[2]Como foi usado aqui, “justiça” significa “honestidade, retidão”.[3] O Senhor é o arquétipo de um rei justo; governantes políticos sob Seu comando governarão em retidão.

O versículo 2 apresenta uma série de símiles que descrevem a segurança e paz que será desfrutava pelos justos sob o reinado do Senhor: “E será aquele homem como um esconderijo contra o vento, e um refúgio contra a tempestade, como ribeiros de águas em lugares secos, e como a sombra de uma grande rocha em terra sedenta”. Depois das destruições dos últimos dias o Senhor será visto pelos sobreviventes justos como um grande alívio das tribulações. “Ribeiros de águas em lugares secos” simbolizam inspirações e revelações dos céus.[4] Cada um destes símiles descreve um grande contraste entre o alívio e consolo provido pelo Senhor em Seu reinado benévolo e o caos, miséria e sofrimento sob opressão dos governantes iníquos que O precederam. Suas regras injustas foram caracterizadas neste versículo como “vento”, “tempestade”, “lugares secos” e “terra sedenta”.

O versículo 3 descreve metaforicamente os dons espirituais que abundarão entre os justos sob o reinado do Senhor: “E os olhos dos que veem não olharão para trás; e os ouvidos dos que ouvem estarão atentos”.[5] “Os que veem” significa “videntes”, e aqueles com a habilidade de identificar e compreender coisas espirituais, enquanto que “os que ouvem” refere-se àqueles com habilidades de ouvir a voz do Espírito. “Estarão atentos” significa aqueles que ouvem responderão os sussurros do Espírito. Esta declaração compara-se com uma descrição de Isaías sobre a chegada do Livro de Mórmon no capítulo 29, usando as mesmas metáforas físicas para descreverem qualidades espirituais: “E naquele dia os surdos ouvirão as palavras do livro, e dentre a escuridão e dentre as trevas os olhos dos cegos as verão”.[6]

O versículo 4 continua com outras metáforas semelhantes: “E o coração dos imprudentes entenderá o conhecimento; e a língua dos gagos estará pronta para falar distintamente”. “Os imprudentes” significam “aqueles que agem impetuosamente”[7], enquanto que “os gagos” significam “aqueles que falam inarticuladamente”.[8] Este significado contrasta-se com “assim por lábios gaguejantes, e por outra língua, falará a este povo” usado no capítulo 28, onde descreve os representantes do Senhor falando em línguas estrangeiras.[9]

O versículo 5 descreve o fim dos valores distorcidos característicos dos últimos dias: “Ao vil nunca mais se chamará liberal; e do avarento nunca mais se dirá que é generoso”. “Vil” significa “pessoa desprezível”.[10]

Estas frases paralelas enfatizam definições corretas das duas palavras que tiveram seus significados distorcidos intencionalmente em nosso tempo. Isaías prediz um tempo quando os líderes que têm títulos de nobreza, mas que na realidade são vis, grosseiros, avarentos, mentirosos ou trapaceiros não serão mais chamados de generoso.Isaías descreve esta inversão de significados deliberada no capítulo 5: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!”[11]

No versículo 6, Isaías provê uma dica simples para reconhecer os líderes iníquos—por suas ações ao invés de por suas posições elevadas: “Porque o vil fala obscenidade, e o seu coração pratica a iniquidade, para usar hipocrisia, e para proferir mentiras contra o Senhor, para deixar vazia a alma do faminto, e fazer com que o sedento venha a ter falta de bebida”.[12], [13] A palavra hebraica traduzida como “obscenidade” significa “loucura sem sentido” ou “profanação”.[14]

O versículo 7 continua a exposição de Isaías para que saibamos distinguir um governante iníquo: “Também todas as armas do avarento são más; ele maquina invenções malignas, para destruir os mansos com palavras falsas, mesmo quando o pobre chega a falar retamente”.[15] Esta frase significa que governantes corruptos com más intenções elaboram esquemas para enganar, medindo suas palavras cuidadosamente ou mentindo.

Quão impressionante é esta descrição de Isaías dos governantes iníquos de nosso tempo! Eles fingem que estão cuidando dos carentes para acumularem poderes políticos, mas eles destroem os pobres com suas mentiras. O Senhor deu esta mesma dica para distinguir malfeitores no Sermão da Montanha: “Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?”[16]

O versículo 8 provê a verdade contrastante: “Mas o liberal projeta coisas liberais, e pela liberalidade está em pé”.[17] Liberalidade é uma qualidade pessoal grandemente valorizada pelo Senhor. O verdadeiro líder, aquele que reconhece o que se espera de um líder digno, atinge as expectativas.

Os versículos 9 até 11 exortam as mulheres de Israel, e como um exemplo, as mulheres dos últimos dias. O versículo 9 começa: “Levantai-vos, mulheres, que estais sossegadas, e ouvi a minha voz; e vós, filhas, que estais tão seguras, inclinai os ouvidos às minhas palavras”. “Sossegada” significa “tranquila” atualmente, mas a palavra hebraica de onde “sossegada” foi traduzida significa “confiante” ou “segura”.[18]

O versículo 10 continua: “Porque num ano e dias vireis a ser turbadas, ó mulheres que estais tão seguras; porque a vindima se acabará, e a colheita não virá”. Apesar da facilidade e conforto que gozam no presente, muitos anos de deprivação esperam por eles no futuro.

O versículo 11 conclui: “Tremei, mulheres que estais sossegadas, e turbai-vos vós, que estais tão seguras; despi-vos, e ponde-vos nuas, e cingi com saco os vossos lombos”.[19] Isaías prediz muitos anos de dificuldades e deprivação que lhes esperam—admoestando-os a tremerem e preocuparem-se, despirem-se ou retirarem o orgulho de dentro de si, e cingirem-se ou vestirem-se em sacos, que representam a humildade e o arrependimento.[20]

O versículo 12 descreve sua melancolia por haverem perdido o ambiente agradável que antes desfrutavam: “Baterão nos peitos, pelos campos desejáveis, e pelas vinhas frutíferas”.

Os versículos 8 até 12 contêm um quiasma:

A: (8) Mas o liberal projeta coisas liberais, e pela liberalidade está em pé.
B: (9) Levantai-vos, mulheres, que estais sossegadas,
C: e ouvi a minha voz;
D: e vós, filhas que estais tão seguras, inclinai os ouvidos às minhas palavras.
E: (10) Porque num ano e dias vireis a ser perturbadas,
F: ó mulheres que estais tão seguras;
G: porque a vindima se acabará,
G: e a colheita não virá.
F: (11) Tremei, mulheres que estais sossegadas,
E: e turbai-vos
D: vós, que estais tão seguras;
C: despi-vos e ponde-vos nuas,
B: e cingi com saco os vossos lombos.
A: (12) Baterão nos peitos, pelos campos desejáveis, e pelas vinhas frutíferas.

O termo “Coisas liberais” é complementado pelos “campos desejáveis, e pelas vinhas frutíferas”, que nos dá uma dica do que o profeta quis dizer. “Levantai-vos, mulheres que estais sossegadas” é contrastado com “cingi com saco os vossos lombos”, admoestando os privilegiados a arrependerem-se de sua arrogância. “Ouvi a minha voz” é equivalente a “despi-vos e ponde-vos nuas”, dando-nos uma explicação com sentido espiritual para a comparação. Aqueles que derem ouvidos à voz de advertência de Isaías deixarão de ser orgulhosos, colocando em lugar do orgulho as vestimentas do verdadeiro arrependimento. Devido a sobreposição destes quiasmas, todas as frases semelhantes a frase “mulheres que estais seguras” são equivalentes.

O versículo 13 descreve tanto o abandono físico da terra depois da queda de Jerusalém quanto a negligência mundial de assuntos espirituais.: “Sobre a terra do meu povo virão espinheiros e sarças, como também sobre todas as casas onde há alegria, na cidade jubilosa”. Além do sentido literal de espinheiros e sarças crescendo numa terra negligenciada, também representam doutrinas falsas que surgem quando a vinha do Senhor é negligenciada devido a iniquidade.[21]

O versículo 14 continua a descrição de uma terra abandonada pelos seus habitantes: “Porque os palácios serão abandonados, a multidão da cidade cessará; e as fortificações e as torres servirão de cavernas para sempre, para alegria dos jumentos monteses, e para pasto dos rebanhos”. Animais ferozes andarão pelos palácios e fortificações abandonados de Jerusalém.

O versículo 15 descreve as condições que trará o fim deste período de devastação, abandono e negligência de assuntos espirituais: “Até que se derrame sobre nós o espírito lá do alto; então o deserto se tornará em campo fértil, e o campo fértil será reputado por um bosque”. O renascer espiritual descrito neste versículo refere-se à restauração nos últimos dias, predita anteriormente por Isaías.[22] Estas declarações paralelas, “o deserto se tornará em campo fértil” e “o campo fértil será reputado por um bosque” , indicam que a restauração espiritual seria universal—como precursor do reinado justo do Senhor. “Bosque” refere-se ao povo, e “campo fértil” significa seus sistemas econômicos.[23] Estas frases têm quase as mesmas palavras usadas por Isaías no capítulo 29 para descrever a restauração, exceto que aqui “deserto” foi substituído por “Líbano:” “Porventura não se converterá o Líbano, num breve momento, em campo fértil? E o campo fértil não se reputará por um bosque?”[24]

Os versículos 16 até 20 retornam quiasmaticamente ao reinado justo do Senhor, descrito nos versículos 1 até 4. O versículo 16 começa: “E o juízo habitará no deserto, e a justiça morará no campo fértil”. O Senhor reinará em retidão durante Seu reinado milenar. “Juízo” significa “equidade” ou “justiça”.[25] Outros significados de “juízo” que se aplicam ao reinado do Senhor são: justiça social,[26] raciocínio são ou sensato,[27] e um sistema equitativo de leis.[28]

Os versículos 17 e 18 descrevem a paz que estará presente no reinado justo do Senhor. O versículo 17 começa: “E o efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e segurança para sempre”. Aqui Isaías descreve a segurança de saber que estamos vivendo de acordo com a votade de Deus.[29]

O versículo 18 continua: “E o meu povo habitará em morada de paz, e em moradas bem seguras, e em lugares quietos de descanso”. Não só estas condições prevalecerão durante o reinado do Senhor, é possível—pelo menos até um certo ponto, em épocas de iniquidade e tumultos mundiais—sentirmos paz em nossas próprias vidas e em nossos lares ao obedecermos com exatidão os mandamentos do Senhor.

O versículo 19 descreve a destruição que precederia o reinado justo do Senhor: “Mas, descendo ao bosque, cairá saraiva e a cidade será inteiramente abatida”. Aqui a destruição dos iníquos é caracterizada por uma tempestade de granizo, um dos elementos desta destruição predita. “Bosque” representa a nobreza, já “a cidade” neste caso, representa a humanidade em geral.

Está bem claro nas escrituras que a saraiva será um elemento de destruiçãos que ocorrerá antes da Segunda Vinda do Senhor. Anteriormente, no capítulo 28, Isaías declarou: “Eis que o Senhor tem um forte e poderoso; como tempestade de saraiva, tormenta destruidora, e como tempestade de impetuosas águas que transbordam, ele, com a mão, derrubará por terra” (ênfases adicionadas).[30] Da mesma forma: “E regrarei o juízo pela linha, e a justiça pelo prumo, e a saraiva varrerá o refúgio da mentira, e as águas cobrirão o esconderijo” (ênfases adicionadas).[31]

“A linha” e “o prumo” são metáforas representando a retidão pessoal, e “a saraiva” e “as águas” representam o imponente exército assírio que devastaria Israel. “A saraiva” e “as águas” são também símbolos de incidentes literais de granizo (saraiva) e enchentes nos últimos dias. João, o Revelador, predisse uma chuva de granizo com efeitos cataclísmicos: “E sobre os homens caiu do céu uma grande saraiva, pedras do peso de um talento; e os homens blasfemaram de Deus por causa da praga da saraiva; porque a sua praga era mui grande” (ênfases adicionadas).[32]

O versículo 20 descreve o estado abençoado dos sobreviventes justos no equivalente do Egito moderno: “Bem-aventurados vós os que semeais junto a todas as águas; e deixais livres os pés do boi e do jumento”. A queda econômica do Estados Unidos da América foi predita anteriormente por Isaías em termos das indústrias do Egito antigo, cuja agricultura era baseada em plantações ao longo do Rio Nilo.[33] Portanto, “vós os que semeais junto a todas as águas” refere-se diretamente aos Estados Unidos da América usando o Egito antigo como símbolo. Não haverá somente plantações e colheitas, mas também existirá a pecuária durante o reinado do Senhor sobre a Terra.

NOTAS

[1]. Ver Isaías 53:5; 60:2; 63:7 e comentário pertinente.
[2]. O versículo 1 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Reinará/um rei//príncipes/dominarão. Em Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 260.
[3]. Ver Isaías 1:21; 30:18; 33:5; 41:1; 49:4; 53:8.
[4]. Ver Isaías 12:3; 27:3; 35:6-7; 55:11; 58:11.
[5]. O versículo 3 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Não olharão para trás/os olhos dos que veem//os ouvidos dos que ouvem/estarão atentos. Em Parry, 2001, p. 260.
[6]. Isaías 29:18.
[7]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 4116, p. 554-555.
[8]. Brown et al., 1996, Número de Strong 5926, p. 748.
[9]. Ver Isaías 28:11.
[10]. Vil Em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. Disponível na http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/vil.
[11]. Isaías 5:20.
[12]. Os versículos 4 até 6 contêm um quiasma: O coração dos imprudentes/falar distintamente/ao vil nunca mais se chamará liberal//do avarento nunca mais se dirá que é generoso/fala obscenidade/seu coração.
[13]. O versículo 6 contém três quiasmas reconhecidso no hebraico original: Fala obscenidade/pratica a iniquidade/ para usar hipocrisia/proferir mentiras. Fala/obscenidade//iniquidade/seu coração pratica. Deixar/faminto/o sedento/venha a ter falta de bebida. Parry, 2001, p. 261.
[14]. Brown et al., 1996, Número de Strong 5039, p. 615.
[15]. Os versículos 6 e 7 contêm um quiasma: Faminto/o sedento venha a ter falta de bebida/maquina invenções//malignas/destruir os mansos com palavras falsas/pobre.
[16]. Mateus 7:16.
[17]. Os versículos 7 e 8 contêm um quiasma: Maquina invenções malignas/palavras falsas//falar retamente/liberal projeta coisas liberais.
[18]. Brown et al., 1996, Número de Strong 982, p. 105.
[19]. Os versículos 9 até 11 contêm um quiasma: Mulheres, que estais sossegadas/filhas, que estais tão seguras/num ano//dias/mulheres que estais tão seguras/mulheres que estais sossegadas.
[20]. Compare Alma 5:28-29.
[21]. Ver Isaías 55:13; 5:6; 9:18; 10:17; 27:4 e comentário pertinente.
[22]. Isaías 2:2-4; 18:1-7; 29:11-14.
[23]. Ver Isaías 2:13; 9:18; 10:18-19, 33-34; 14:8; 29:17; 37:24; 55:12.
[24]. Isaías 29:17.
[25]. Ver Isaías 1:21; 30:18; 32:1; 33:5; 41:1; 49:4; 53:8.
[26]. Ver Isaías 1:17; 5:7; 9:7; 42:1; 59:8, 14.
[27]. Ver Isaías 1:17; 28:7; 40:14, 27; 42:3; 59:8.
[28]. Ver Isaías 5:7; 51:4; 54:17.
[29]. Eldred G. Smith, “Peace” [Paz], Ensign, July 1972, p. 117.
[30]. Isaías 28:2.
[31]. Isaías 28:17.
[32]. Apocalipse 16:21; Ver também Apocalipse 8:7; 11:19; D&C 109:30.
[33]. Ver Isaías 19:5-10.

CAPÍTULO 22: “Comamos E Bebamos, Porque Amanhã Morreremos”

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No capítulo 22 Isaías profetiza acerca dos últimos dias precedendo a época em que Jerusalém seria destruída. Seu povo seria atacado, açoitado e levado em cativeiro pela Babilônia. No capítulo 22 também se encontra as profecias concernentes ao Messias, que possuiria as chaves da casa de Davi, herdaria glória e seria pregado bem como os cravos no lugar seguro. Neste capítulo Isaías refere-se à Jerusalém alternadamente como “o vale da visão”, a “filha do meu povo”, e a “cidade de Davi”.

O versículo 1 começa: “Peso do vale da visão. Que tens agora, pois que com todos os teus subiste aos telhados?” “Peso do vale da visão” significa “uma mensagem de condenação para Jerusalém”. A expressão “vale da visão” refere-se à Jerusalém como sendo a cidade dos profetas. Os telhados permitiam uma boa vista para se observar o que estava acontecendo, e oferecia uma medida de segurança contra os exércitos invasores. Os telhados eram também um lugar tradicional para os que estavam de luto.[1]

No versículo 2, o profeta continua: “Tu, cheia de clamores, cidade turbulenta, cidade alegre, os teus mortos não foram mortos à espada, nem morreram na guerra”.[2]  A frase “Cheia de clamores” significa cheia de barulho. Os mortos da cidade estão mortos para as coisas espirituais e justas, ao invés de terem sidos feridos pela espada. “Cidade alegre”, juntamente com “cidade turbulenta”, conotam cenas de folia e festas.

No versículo 3, Isaías prevê: “Todos os teus governadores juntamente fugiram, foram atados pelos arqueiros; todos os que em ti se acharam, foram amarrados juntamente, e fugiram para longe”. Os governantes e outros com habilidades que podiam ser usadas pelos conquistadores invasores babilônicos seriam preservados, porém seriam amarrados e levados cativos. A menção aos “arqueiros” refere-se ao exército invasor, ou aos seus componentes.

No versículo 4 Isaías chora ao ver nesta visão a invasão e assolação da cidade de Jerusalém: “Portanto digo: Desviai de mim a vista, e chorarei amargamente; não vos canseis mais em consolar-me pela destruição da filha do meu povo”. Ele lamenta, apesar de repudiar as iniquidades do povo. A menção que Isaías fez acerca de Jerusalém como a “filha do meu povo”, refere-se à beleza da amada cidade.

O versículo 5 começa: “Porque dia de alvoroço, e de atropelamento, e de confusão é este da parte do Senhor DEUS dos Exércitos, no vale da visão; dia de derrubar o muro e de clamar até aos montes”. Isaías reconhece que, apesar de seu sofrimento expressado no versículo 4, a destruição de Jerusalém é da vontade do Senhor DEUS dos exércitos. “Dia de derrubar o muro e de clamar até aos montes” são maiores detalhes sobre a destruição e a angústia.

O versículo 6 descreve a aliança dos antigos adversários de Jerusalém com a Babilônia para destruí-la: “Porque Elão tomou a aljava, juntamente com carros de homens e cavaleiros; e Quir descobriu os escudos”. Elão é a Pérsia, e Quir é a capital de Moabe.

No versículo 7, Isaías descreve a invasão assustadora e o cerco da hoste destruidora: “E os teus mais formosos vales se encherão de carros, e os cavaleiros se colocarão em ordem às portas”.[3] Os cavaleiros, ou guerreiros montados, colocar-se-iam nos portões de Jerusalém a fim de controlarem a entrada e a saída.

O versículo 8 descreve a total humilhação de Judá: “E ele tirou a coberta de Judá” tem um significado semelhante à frase “descobrir suas partes secretas”,[4] um significado no idioma hebraico é “envergonhá-los”. Isaías continua: “E naquele dia olhaste para as armas da casa do bosque”. Isto significa que Zedequias confiaria em forças militares, ao invés de no Senhor.

A casa do bosque era um segundo palácio edificado por Salomão no monte do templo, usado para o armazenamento de armaduras e armas.[5] Era chamado de casa do bosque porque foi construído com materiais importados dos bosques do Líbano.

O versículo 9 refere-se à “derrubar o muro” da cidade, mencionada no versículo 5: “E vistes as brechas da cidade de Davi, porquanto já eram muitas, e ajuntastes as águas do tanque de baixo”. Os defensores tentariam preservar um abastecimento de água para a cidade; parar o fornecimento de água aos habitantes da cidade é uma estratégia efetiva durante o período de cerco. O tanque de baixo foi construído durante o reinado de Ezequias.[6]

O versículo 10 descreve medidas adicionais adotadas pelos defensores da cidade: “Também contastes as casas de Jerusalém, e derrubastes as casas, para fortalecer os muros”. A fim de combater os esforços dos invasores de quebrar os muros do lado de fora, os defensores, em desespero, derrubaram casas em Jerusalém para prover materiais para fortalecer os muros da cidade do lado de dentro.

No versículo 11, Isaías prediz outros esforços para preservar os reservatórios de água durante o cerco: “Fizestes também um reservatório entre os dois muros para as águas do tanque velho, porém não olhastes acima, para aquele que isto tinha feito, nem considerastes o que o formou desde a antiguidade”.[7] Os defensores de Jerusalém não se voltaram ao Senhor para que os socorresse.

Os versículos 12 e 13 falam sobre o chamado do Senhor ao arrependimento e a subsequente rejeição de Jerusalém a este chamado; continuando com suas celebrações, como de costume. O versículo 12 começa: “E o Senhor DEUS dos Exércitos, chamou naquele dia para chorar e para prantear, e para raspar a cabeça, e cingir com o cilício”. Cingir com cilício, prantear e raspar a cabeça são sinais exteriores de arrependimento.

O versículo 13 descreve as constantes folias e festas de Jerusalém: “Porém eis aqui gozo e alegria, matam-se bois e degolam-se ovelhas, come-se carne, e bebe-se vinho, e diz-se: Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos”. Suas festividades eram para desafiar o chamado do Senhor ao arrependimento, que foi transmitido pelo profeta.

A última frase do versículo 13 foi citada pelo apóstolo Paulo no Novo Testamento: “Se, como homem, combati em Éfeso contra as bestas, que me aproveita isso, se os mortos não ressuscitam? Comamos e bebamos, que amanhã morreremos”.[8]

Néfi, no Livro de Mórmon, parafraseou e expandiu esta frase, descrevendo a forma de pensar dos iníquos:

“Sim, e haverá muitos que dirão: Comei, bebei e alegrai-vos, porque amanhã morreremos; e tudo nos irá bem.
“E muitos também dirão: Comei, bebei e diverti-vos; não obstante, temei a Deus—ele justificará a prática de pequenos pecados; sim, menti um pouco, aproveitai-vos de alguém por causa de suas palavras, abri uma cova para o vosso vizinho; não há mal nisso. E fazei todas estas coisas, porque amanhã morreremos; e se acontecer de sermos culpados, Deus nos castigará com uns poucos açoites e, ao fim, seremos salvos no reino de Deus.”[9]

Os ímpios criam desculpas para não se arrependerem.

No versículo 14, Isaías testifica contra os habitantes impenitentes de Jerusalém: “Mas o SENHOR dos Exércitos revelou-se aos meus ouvidos, dizendo: Certamente esta maldade não vos será expiada até que morrais, diz o Senhor DEUS dos Exércitos”.[10]

Nos versículos 15 até 19 o Senhor envia uma advertência pessoal a Sebna, através de Isaías. Sebna era um escriba e tesoureiro da casa do rei Ezequias, o qual testemunhou o discurso blasfemo de Rabsaqué, servo do rei assírio Senaqueribe, bem como os acontecimentos que culminaram quando o Senhor feriu os 185.000 das hostes assírias.[11] O versículo 15 inicia: “Assim diz o Senhor DEUS dos Exércitos: Anda e vai ter com este tesoureiro, com Sebna, o mordomo, e dize-lhe” — Sebna era responsável pelo palácio do rei e por seus negócios.

No versículo 16, continuando a sentença do versículo anterior, começa a exortação do Senhor para Sebna: “Que é que tens aqui, ou a quem tens tu aqui, para que cavasses aqui uma sepultura? Cavando em lugar alto a sua sepultura, e cinzelando na rocha uma morada para ti mesmo?”[12] O Senhor diz que sua posição na casa do rei resultaria em sua morte—que seus esforços em estabelecer sua posição como o cabeça na casa do rei, era como cavar sua própria sepultura.

Os versículos 17 até 19 continua a admoestação do Senhor para Sebna. O versículo 17 afirma: “Eis que o Senhor te arrojará violentamente como um homem forte, e de todo te envolverá”. Era de costume transportar os prisioneiros com os olhos vendados. Ezequiel profetizou: “…cobrirás o teu rosto, para que não vejas a terra…”. Muitos dos que foram carregados cativos estavam com seus olhos vendados, para não poderem ver como regressar.[13]

O versículo 18 continua: “Certamente com violência te fará rolar, como se faz rolar uma bola num país espaçoso; ali morrerás, e ali acabarão os carros da tua glória, ó opróbrio da casa do teu senhor”. Sebna seria carregado para Assíria, onde passaria o resto de sua vida.

O versículo 19 conclui: “E demitir-te-ei do teu posto, e te arrancarei do teu assento”.[14] Sebna seria removido pelo Senhor de sua posição elevada na casa do rei.

Os versículos 20 e 21 descrevem a época em que Eliaquim, um servo de Ezequias, que também testemunhou o discurso blasfemo de Rabsaqué (o servo do rei assírio Senaqueribe), seria colocado na posição de Sebna. O versículo 20 começa: “E será naquele dia que chamarei a meu servo Eliaquim, filho de Hilquias”.

O versículo 21 afirma: “E vesti-lo-ei da tua túnica, e cingi-lo-ei com o teu cinto”, que representa a transferência da honra, que antes pertencia a Sebna. “E entregarei nas suas mãos o teu domínio, e será como pai para os moradores de Jerusalém, e para a casa de Judá”.[15] A posição de Sebna na casa do rei seria dada a Eliaquim.

Nos versículos 22 até 25, o ponto principal de repente muda, adiantando-se mais de 100 anos, falando agora de uma outra pessoa com o mesmo—Eliaquim, o filho de Josias, que tornar-se-ia rei. O significado hebraico deste nome, Eliaquim, é “Deus levanta” ou “Deus estabelece”.[16]  Nos versículos 22 até 25, este nome simbólico vem a ser um símbolo para o Salvador.

O versículo 22 declara: “E porei a chave da casa de Davi sobre o seu ombro”, que significa que tanto Eliaquim, o filho de Josias, quanto Jesus Cristo, o Messias, “abrirá, e ninguém fechará; e fechará, e ninguém abrirá”. Estas duas frases referem-se ao poder de selamento do Sacerdócio de Melquisedeque, que o rei Eliaquim não possuía, mas que Jesus Cristo possui.[17] Para Eliaquim, estas frases descrevem autoridade real absoluta.

João, o revelador, no Novo Testamento, citou o versículo 22: “E ao anjo da igreja que está em Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre”.[18] Aqui João refere-se ao direito da herança davídica e ao santo sacerdócio que o Senhor Jesus Cristo possui.

O versículo 23 declara, referindo-se a Eliaquim e ao Senhor Jesus Cristo: “E fixá-lo-ei como a um prego num lugar firme, e será como um trono de honra para a casa de seu pai”. Quando está falando de Cristo, está se referindo à crucificação; mas quando se trata do rei Eliaquim—um predecessor de Cristo como herdeiro do trono de Davi—refere-se ao fato que ele seria estabelecido firmemente no poder. Para os discípulos do Senhor, no tempo da Sua Segunda Vinda, quando Ele assumir a liderança como um herdeiro do trono de Davi, este conhecimento do significado desta frase servirá como um teste de suas crenças.[19]

Os versículos 22 e 23 contêm um quiasma:

A: (22) E porei a chave da casa de Davi
B: sobre o seu ombro;
C: e abrirá,
D: e ninguém fechará;
D: fechará,
C: e ninguém abrirá.
B: (23) E fixá-lo-ei como a um prego num lugar firme,
A: e será como um trono de honra para a casa de seu pai.

Tanto Eliaquim como Cristo seriam herdeiros do trono de Davi; ambos seriam poderosos.

O versículo 24 refere-se novamente ao rei Eliaquim e ao prometido Messias: “E nele pendurarão toda a honra da casa de seu pai, a prole e os descendentes, como também todos os vasos menores, desde as taças até os frascos”, ou seja, tudo o que pertence ao trono de Davi, até mesmo os vasos menores da casa. “Nele pendurarão” é uma frase meio estranha para descrever os atributos reais a serem dados a ambos; mas em referência ao Senhor Jesus Cristo está falando sobre quando Ele foi pregado e pendurado na cruz.

O versículo 24 contém um quiasma:

A: (24) E nele pendurarão
B: toda a honra da casa de seu pai,
C: a prole
C: e os descendentes,
B: como também todos os vasos menores,
A: desde as taças até os frascos.

Os vasos da casa do rei servem como símbolos da glória, ou autoridade, tanto do rei quanto do prometido Messias.

O versículo 25 conclui: “Naquele dia, diz o Senhor dos Exércitos, o prego fincado em lugar firme será tirado; e será cortado, e cairá, e a carga que nele estava se desprenderá, porque o Senhor o disse”. Esta passagem refere-se a Cristo, quando foi retirado da cruz depois de sua morte, mas também refere-se a Eliaquim, quando foi removido de sua posição como rei de Judá, colocado em grilhões e carregado cativo para a Babilônia.[20] Quando se refere a Cristo, “a carga que nele estava” refere-se à inestimável carga do pecado que Ele tomou sobre si no Jardim do Getsêmani, a qual seria retirada de todos os que se arrependerem. Isaías, ao referir-se à expiação de Cristo, falou no capítulo 53: “Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”.[21]

O versículo 25 contém um quiasma:

A: (25) Naquele dia, diz o Senhor dos exércitos,
B: o prego fincado em lugar firme será tirado;
C: e será cortado,
C: e cairá;
B: e a carga que nele estava se desprenderá,
A: porque o Senhor o disse.

“Diz o Senhor dos exércitos” corresponde-se à frase “porque o Senhor o disse”. Isaías presta um grande testemunho de que suas palavras vieram de Deus e não de um homem.

NOTAS

[1]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 196.
[2]. Os versículos 1 e 2 contêm um quiasma: Que tens agora/cidade turbulenta//cidade alegre/os teus mortos não são mortos à espada/nem morreram na guerra.
[3]. O versículo 7 contém um quiasma: Vales/se encherão de carros/cavaleiros/se colocarão em ordem /às portas.
[4]. Isaías 3:17.
[5]. 1 Reis 7:2.
[6]. 2 Reis 20:20.
[7]. Ver Isaías 7:3.
[8]. 1 Coríntios 15:32.
[9]. 2 Néfi 28:7-8.
[10]. Os versículos 1 até 14 contêm um quiasma de grande escala: Que tens agora/cidade alegre/chorarei amargamente/porque dia de alvoroço…é/no vale da visão/Elão tomou a aljava//Quir descobriu os escudos/teus mais formosos vales/ele tirou a coberta de Judá/chamou naquele dia para chorar/gozo e alegria/esta maldade não vos será expiada até que morrais.
[11]. Ver 2 Reis 18:18-37 e 2 Reis 19.
[12]. O versículo 16 contém um quiasma: Que é que tens aqui/a quem tens tu aqui//para que cavasses aqui uma sepultura?/cavando em lugar alto a tua sepultura/cinzelando na rocha uma morada para ti mesmo?
[13]. Ver Ezequiel  12:3-6, 11-13.
[14]. Os versículos 18 e 19 contêm um quiasma: Te fará rolar, como se faz rolar uma bola num país espaçoso/ali morrerás/carros da tua glória//ó opróbrio da casa do teu senhor/demitir-te-ei do teu posto/te arrancarei do teu assento.
[15]. Os versículos 20 e 21 contêm um quiasma: Naquele dia/chamarei a meu servo Eliaquim/vesti-lo-ei//cingi-lo-ei/entregarei nas suas mãos o teu domínio/será como pai para os moradores de Jerusalém.
[16]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 471, p. 45.
[17]. Ver 1 Reis 17:1; Malaquias 4:5; Helamã 10:7; D&C 1:8; D&C 132:46 .
[18]. Apocalipse 3:7.
[19]. Ver Isaías 49:16 e comentário pertinente. Ver também Russell M. Nelson, “Preparação Pessoal Para as Bênçãos do Templo”, A Liahona, Julho de 2001, p. 38.
[20]. Ver 2 Crônicas 36:4-9.
[21]. Isaías 53:5.

CAPÍTULO 16: “Portanto Moabe clamará por Moabe”

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No capítulo 16 Isaías continua sua profecia concernente a Moabe, que começou no capítulo 15. Devido à iniquidade Moabe está condenada e seu povo sofrerá. Apesar de estarem envolvidos em grandes iniquidades Moabe reconhece que o Messias sentar-se-á no trono de Davi, buscando julgamento e acelerando a retidão.

No versículos 1 até 5 Isaías prediz o apelo de Moabe à Jerusalém para refugiar-se dos saqueadores assírios. Os versículos 6 até 8 Isaías prediz a rejeição do apelo por parte de Jerusalém; nos versículos 9 até 11 Isaías lamenta a situação de Moabe. Nos versículos 12 até 14 Isaías explica que apesar das orações fervorosas de Moabe, o Senhor não os ouvirá, por causa de suas maldades; dentro de três anos Moabe seria derrotada e seu numeroso povo destruído, deixando somente um pequeno e débil número de remanescentes.

Nos primeiros cinco versículos, Isaías prediz que Moabe apelaria à Jerusalém para refugiar-se dos exércitos invasores assírios. No versículo 1, Moabe mandaria um cordeiro sacrificial de presente para Jerusalém: “Enviai o cordeiro ao governador da terra, desde Sela, no deserto, até ao monte da filha de Sião”. Sela era a cidade mais meridional de Moabe,[1] e “o monte da filha de Sião” refere-se à capital de Judá, Jerusalém.[2]

O versículo 2 refere-se à angustia sofrida por Moabe, resultando no apelo à Judá: “De outro modo sucederá que serão as filhas de Moabe junto aos vaus de Arnom como o pássaro vagueante, lançado fora do ninho”. As filhas de Moabe buscariam refúgio além dos vaus de Arnom, como um pássaro assustado fugindo de seu ninho. Arnom é um riacho em Moabe que drena para o Mar Morto das montanhas no leste, o que denota a fronteira norte da parte habitada de Moabe.[3] Aqueles que se encontravam no riacho de Arnom fugiriam dos invasores avançando do sul.

Os versículos 3 e 4 predizem as palavras do apelo moabita diante do rei de Judá. O versículo 3 começa: “Toma conselho, executa juízo, põe a tua sombra no pino do meio-dia como a noite; esconde os desterrados, e não descubras os fugitivos”, que significa esconde-nos na sua sombra ampla; “esconde os refugiados, e não traias aquele que vagueia”. “Executa juízo” significa “julgue-nos com equidade”.[4]

O versículo 4 continua: “Habitem contigo os meus desterrados, [implora] ó Moabe; serve-lhes [Judá] de refúgio perante a face do destruidor; porque o homem violento terá fim; a destruição é desfeita, e os opressores são consumidos sobre a terra”. [5] Os emissários de Moabe reconhecem que os invasores ficariam por um curto período de tempo, já que suas intenções eram só de roubar e matar.

No versículo 5 os emissários moabitas reconhecem que o Messias sentar-se-á no trono de Davi: “Porque o trono se firmará em benignidade, e sobre ele no tabernáculo de Davi se assentará em verdade um que julgue, e busque o juízo, e se apresse a fazer justiça”. “Fazer justiça”, neste caso, significa “equidade”.[6] Apesar dos Moabitas não serem da religião hebraica, eles reconheciam suas crenças fundamentais. Em sua forma de pensar, já que o Messias reinaria em Jerusalém um dia, Jerusalém seria um lugar seguro para o futuro previsível e poderia prover proteção.

Nos versículos 6 até 8, Isaías prediz a rejeição de Jerusalém do apelo moabita. A resposta começa no versículo 6: “Ouvimos da soberba de Moabe, que é soberbíssimo; da sua altivez, da sua soberba, e do seu furor; porém, as suas mentiras não serão firmes”. “Soberba” significa “conceito elevado” ou “vaidade”.[7] Os judeus veem a vaidade e soberba de Moabe como causa de sua queda.  Em nossos dias a vaidade, soberba e mentiras têm um papel importante na corrupção e queda das nações.[8]

O versículo 7 pronuncia a rejeição pungente de Judá: “Portanto Moabe clamará por Moabe; todos clamarão; gemereis pelos fundamentos de Quir-Haresete, pois certamente já estão abatidos”. Eles serão abandonados e ficarão sem consolo em seu sofrimento. Quir-Haresete era a capital de Moabe.[9]

No versículo 8, Isaías continua a profecia: “Porque os campos de Hesbom enfraqueceram, e a vinha de Sibma; os senhores dos gentios quebraram as suas melhores plantas que haviam chegado a Jazer e vagueiam no deserto; os seus rebentos se estenderam e passaram além do mar” Nomes de lugares que eram familiares para Isaías reforçam o tom pessoal da profecia. “Enfraqueceram” significa que os invasores pisariam nas vinhas, destruindo a safra principal de Moabe. “Os seus rebentos se estenderam e passaram além do mar” refere-se à conhecida indústria de vinho da antiga Moabe e a extensão de sua exportação.[10]

Nos versículos 9 até 11 Isaías lamenta a situação de Moabe; apesar de sua ominosa profecia ele só sente tristeza. O versículo 9 começa: “Por isso prantearei, com o pranto de Jazer, a vinha de Sibma; regar-te-ei com as minhas lágrimas, ó Hesbom e Eleale; porque o júbilo dos teus frutos de verão e da tua sega desapareceu”.[11] A agricultura produtiva cessaria depois dos ataques devastadores. A indústria de vinho da antiga Moabe seria devastada pelos saqueadores assírios.

O versículo 10 continua: “E fugiu a alegria e o regozijo do campo fértil, e nas vinhas não se canta, nem há júbilo algum; já não se pisarão as uvas nos lagares. Eu fiz cessar o júbilo”.[12] A tristeza reinará; não se ouvirá sobre a alegria da colheita. Só alguns restarão para fazer a colheita das uvas e fazer o vinho.

No versículo 11, Isaías descreve sua angústia: “Por isso o meu íntimo vibra por Moabe como harpa, e o meu interior por Quir-Heres”.

No versículos 12 e 13 Isaías explica que apesar das orações sinceras de Moabe, o Senhor não os ouvirá, devido as iniquidades do povo. O versículo 12 declara: “E será que, quando virem Moabe cansado nos altos, então entrará no seu santuário a orar, porém não prevalecerá”.[13] Os “altos” significa um lugar de adoração idólatra; o Senhor não responderá, quando Moabe se voltar a Ele.

O versículo 13 continua: “Esta é a palavra que o Senhor falou contra Moabe desde aquele tempo”. Isaías sumariza, atestando que a informação veio do Senhor a ele.

No versículo 14 as palavras do Senhor são dadas: “Porém agora falou o Senhor, dizendo: Dentro de três anos (tais como os anos de jornaleiros), será envilecida a glória de Moabe, com toda a sua grande multidão; e o restante será pouco, pequeno e impotente”. A nação de Moabe seria destruída, juntamente com um grande número de seu povo, deixando somente um pequeno e débil número de remanescentes. “A glória de Moabe”, como foi usado aqui, significa forças militares.[14] Um jornaleiro é um soldado contratado, ou mercenário. Tipicamente, mercenários eram contratados por um certo período de tempo.

NOTAS

[1]. Ver Mapa Bíblico ( na versão SUD da Bíblia em inglês) número 1.
[2]. Ver 2 Reis 19:21, 31; Salmos 9:14; 51:18; Isaías 10:32; 37:22; 52:2; 62:11.
[3]. Ver Mapa Bíblico ( na versão SUD da Bíblia em inglês) número 10.
[4]. Ver Isaías 1:17; 5:7; 42:4; 59:15.
[5]. O versículo 4 contém um quiasma: Habitem contigo os meus desterrados/a face do destruidor/ o homem violento terá fim/ a destruição é desfeita / opressores/ consumidos sobre a terra.
[6]. Para referências de outros significados de “justiça”, Ver versículo 3.
[7]. Jactâncias Em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. Disponível na http://www.infopedia.pt/pesquisa.
[8]. Ver Isaías 9:15; 28:15, 17; 59:3-4 e comentário pertinente.
[9]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 192-194.
[10]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 164.
[11]. Os versículos 8 e 9 contêm um quiasma: Campos de Hesbom enfraqueceram/vinha de Sibma/Jazer/seus rebentos se estenderam//passaram além do mar/Jazer/vinha de Sibma/frutos de verão e da tua sega desapareceu.
[12]. O versículo 10 contém um quiasma: Fugiu a alegria e o regozijo do campo fértil/vinhas não se canta/nem há júbilo algum//já não se pisarão/uvas nos lagares/Eu fiz cessar o júbilo.
[13]. Os versículos 7 até 12 contêm um quiasma: Moabe/Quir-Haresete/Hesbom/Sibma/Jazer//Jazer/Sibma/Hesbom/ Eleale/Moabe. Em Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 259.
[14]. Ver Isaías 8:7; 10:18; 17:3-4; 20:5; 21:16-17; 22:18; 66:12.

CAPÍTULO 10: “Porque Daqui A Bem Pouco Se Cumprirá A Minha Indignação”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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O capítulo 10 prediz a destruição de Israel pelas mãos da Assíria. A Assíria serviria como instrumento nas mãos de Deus para trazer a punição e destruição à Israel impenitente, mas a Assíria também seria destruída. A destruição da Assíria é um símbolo para—ou, é típico da—destruição dos iníquos na Segunda Vinda. Por causa da maldade desenfreada que precedeu a destruição naquela época, poucos restariam depois da destruição dos ímpios. O Senhor conforta aqueles em Sião, assegurando-os que a indignação duraria por apenas um curto período de tempo; então o Senhor derrotaria os invasores.

Uma chave importante para compreender este capítulo é notar cuidadosamente quem está falando e quando muda de orador. Na primeira parte—um oráculo de pesar (versículos 1 até 4) —o Senhor está falando, declarando uma maldição sobre os líderes iníquos e especificando uma destruição que lhes sobreviria. O oráculo de pesar é seguido por uma frase explanatória expressada por Isaías— “Com tudo isto a sua ira não cessou, mas ainda está estendida a sua mão” na última parte do versículo 4. O Senhor, então, continua a falar, declarando destruição sobre “uma nação hipócrita”, referindo-se a antiga Israel e seu equivalente nos tempos atuais, pelas mãos dos assírios e seus paralelos nos últimos dias (versículos 5 até 7). O Senhor vocaliza os pensamentos orgulhosos do rei da Assíria (versículos 8 até 11) e decreta uma rápida destruição sobre ele, seu exército, e seu equivalente moderno (versículo 12). Depois disto segue-se mais sobre os pensamentos orgulhosos do rei da Assíria, vangloriando-se de suas conquistas (versículos 13 e 14). Isaías, então, exorta a Assíria por não haver reconhecido que a devastação que eles trouxeram sobre Israel foi obra do Senhor, que usou os assírios como um instrumento (versículo 15). Isaías, continuando a falar, declara uma rápida destruição sobre a Assíria (versículos 16 até 19). Esta declaração é seguida por uma profecia, expressada por Isaías, sobre o retorno dos remanescentes de Israel que seriam espalhados por todas as nações (versículos 20 até 23).

Nos últimos versículos deste capítulo (versículos 24 até 34) Isaías de repente muda o assunto, e começa a profetizar sobre uma invasão pela antiga Assíria contra Jerusalém, a qual é repelida pela milagrosa destruição do exército assírio pelas mãos do Senhor. Esta profecia foi cumprida durante o reinado de Ezequias,[1] mas serve como um símbolo para os nossos dias.

Néfi cita este capítulo por completo; compare 2 Néfi 20. Diferenças presentes no texto do Livro de Mórmon são mostradas em itálico onde forem citadas. Este capítulo tem vários quiasmas que adiciona muito à nossa compreensão dos significados intencionados por Isaías.

Os versículos 1 até 4 contêm um oráculo de pesar no qual o Senhor declara más consequências sobre os líderes injustos. O oráculo de pesar é o último de quatro que contêm uma mensagem profética importante, ou “sermão sacerdotal”, dirigido ao reino de Israel Setentrional e à Judá. O versículo 1 começa: “Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que prescrevem opressão”. A frase “prescrevem opressão” significa decretos ou leis injustas que impedem cidadãos de seus direitos, recursos ou propriedades.

O versículo 2, continuando a sentença do versículo 1, descreve a perseguição dos pobres por líderes iníquos: “Para desviarem os pobres do seu direito, e para arrebatarem o direito dos aflitos do meu povo; para despojarem as viúvas e roubarem os órfãos!” Os líderes iníquos ganhariam seu poder ao tirar vantagem dos pobres, viúvas e órfãos.

No versículo 3 o Senhor faz umas perguntas acusatórias: “Mas que fareis vós no dia da visitação, e na desolação, que há de vir de longe? A quem recorrereis para obter socorro, e onde deixareis a vossa glória”― “Visitação” é traduzido da palavra hebraica que significa “punição” ou “responsabilidade”.[2] O Senhor irá abandoná-los no dia da visitação por causa de suas iniquidades, deixando-os sem defesa contra “a desolação, que há de vir de longe”, que significa a invasão do exército assírio e seu equivalente moderno.

O versículo 4 conclui a maldição pronunciada pelo Senhor: “Sem que cada um se abata entre os presos, e caia entre mortos?” Os líderes iníquos seriam contados entre os prisioneiros e entre os mortos.

A frase final do versículo 4, pronunciada por Isaías, “com tudo isto a sua ira não cessou, mas ainda está estendida a sua mão” significa que a justiça da ira do Senhor continua e está estendida a sua mão contra eles para puni-los. O profeta explica o significado desta frase anteriormente, no capítulo 5, onde é precedido no mesmo versículo por uma frase com palavras um pouco diferentes, porém com o mesmo sentido: “Por isso se acendeu a ira do Senhor contra o seu povo, e estendeu a sua mão contra ele, e o feriu”.[3] A frase é repetida três vezes no capítulo 9, além da que aparece no versículo 4, todas com o mesmo significado.[4]

O Senhor declarou a Joseph Smith com referência aos governantes arrogantes dos últimos dias:

“E para que eu os visite no dia da visitação, quando eu tirar o véu que me cobre a face, para designar a porção do opressor entre os hipócritas, onde há ranger de dentes, caso rejeitem meus servos e meu testemunho que lhes revelei.”[5]

Os versículos 1 até 4 contêm um quiasma que começa com a frase final do último versículo do capítulo 9:

A: (9:21) …Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
B: (1) Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que prescrevem opressão.
C: (2) Para desviarem os pobres do seu direito, e para arrebatarem o direito dos aflitos do meu povo; para despojarem as viúvas e roubarem os órfãos!
D: (3) Mas que fareis vós no dia da visitação,
D: e na desolação, que há de vir de longe?
C: A quem recorrereis para obter socorro, e onde deixareis a vossa glória,
B: (4) Sem que cada um se abata entre os presos, e caia entre mortos?
A: Com tudo isto a sua ira não cessou, mas ainda está estendida a sua mão.

Este quiasma pronuncia uma maldição sobre os governantes injustos. A frase inicial, “com tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”, é refletida no final por uma repetição da mesma frase. A frase “Ai dos que decretam leis injustas” complementa a “sem que cada um se abata entre os presos, e caia entre mortos”, significando especialmente que os governantes injustos serão escolhidos para serem levados como prisioneiros ou assassinados. “Para desviarem os pobres do seu direito” complementa “a quem recorrereis para obter socorro[?]”, indicando que a ajuda que recusaram aos necessitados, ser-lhes-á recusada como retribuição; e a frase “que fareis vós no dia da visitação?” compara-se com “na desolação, que há de vir de longe?” declarando que quando a destruição vier, esses governantes injustos serão responsáveis por suas maldades contra aqueles que dependiam deles para ajudá-los.[6]

No versículo 5 o Senhor volta a falar, declarando que a Assíria é um instrumento em Suas mãos para trazer justiça aos iníquos de Israel: “Ai da Assíria, a vara da minha ira, porque a minha indignação é como bordão nas suas mãos”. O exército assírio é figurativamente a vara que o Senhor está usando para punir Israel e Judá por suas maldades. O Livro de Mórmon apresenta assim: “vara da minha ira, e a sua indignação”;[7] esta interpretação inclui a ira dos invasores. “Indignação” significa revolta ou sentimento de desprezo provocado por uma circunstância que demonstra indignidade, que neste caso é a corrupção.

No versículo 6 o Senhor, que ainda está falando, declara: “Enviá-la-ei contra uma nação hipócrita, e contra o povo do meu furor lhe darei ordem, para que lhe roube a presa, e lhe tome o despojo, e o ponha para ser pisado aos pés, como a lama das ruas”.[8] O Livro de Mórmon apresenta assim: “para que lhe tome os despojos e roube-lhe a presa”, que foi traduzido do hebraico Maer-Salal-Has-Baz, o nome do segundo filho de Isaías, indicando que a destruição predita seria para cumprir a profecia de Isaías dada na época da concepção de seu filho.[9]  “Uma nação hipócrita” significa Israel e Judá, e seus equivalentes modernos. Destruição virá pelas mãos dos assírios e suas superpotências modernas equivalentes.

No versículo 7 o Senhor explica que o rei da Assíria não compreende que ele é simplesmente um instrumento de destruição nas mãos do Senhor: “Ainda que ele não cuide assim, nem o seu coração assim o imagine; antes no seu coração intenta destruir e desarraigar não poucas nações”.

No versículos 8 até 11 o Senhor cita os pensamentos orgulhosos do rei da Assíria. O versículo 8 questiona: “Porque diz: Não são meus príncipes todos eles reis?” Ele argumenta que seus príncipes são tão nobres quanto os reis.

O versículo 9 continua: “Não é Calno como Carquemis? Não é Hamate como Arpade? E Samaria como Damasco?” Estes são países que ficaram desolados depois dos ataques assírios, os quais foram incapazes de resistirem. Síria nesta época pagava tribute aos governantes assírios.

No versículos 10 e 11 o rei da Assíria continua a se vangloriar. O versículo 10 declara: “Como a minha mão alcançou os reinos dos ídolos, cujas imagens esculpidas eram melhores do que as de Jerusalém e do que as de Samaria”. O Livro de Mórmon apresenta: “Assim como minha mão fundou os reinos dos ídolos…”.[10] “Fundou” significa “estabelecer” ou “edificar desde os alicerces”.[11]

O versículo 11 continua: “Porventura como fiz a Samaria e aos seus ídolos, não o faria igualmente a Jerusalém e aos seus ídolos?” Aqui o rei ridiculariza a idolatria de Jerusalém, dizendo que seus ídolos seriam tão incapazes em defender a nação contra os exércitos invasores, quanto os ídolos dos outros países, inclusive seu país vizinho, a Samaria. Era costume entre os antigos conquistadores destruírem ou levarem consigo os ídolos das nações derrotadas, para mostrarem que seus deuses eram superiores aos deles. No capítulo 46, Isaías prediz a derrota da Babilônia ao descrever seus ídolos sendo levados cativos.[12]

No versículo 12, o Senhor decreta uma destruição rápida sobre o rei da Assíria, seu exército, e seu equivalente moderno, uma vez que tenham cumprido os propósitos do Senhor: “Por isso acontecerá que, havendo o Senhor acabado toda a sua obra no monte Sião e em Jerusalém, então castigarei o fruto da arrogante grandeza do coração do rei da Assíria e a pompa da altivez dos seus olhos”. A palavra “Sião” é usada duas vezes no capítulo 10 da mesma forma, com duplo sentido—um lugar para a coligação espiritual nos últimos dias, como também como um sinônimo para Jerusalém, tanto a antiga quanto a moderna. A frase “toda a sua obra” inclui as destruições preditas neste capítulo, bem como a restauração nos últimos dias e a coligação de Israel sob condições dignas.[13]

No versículos 13 e 14 o rei da Assíria continua a se vangloriar: “Porquanto disse: Com a força da minha mão o fiz, e com a minha sabedoria, porque sou prudente; e removi os limites dos povos, e roubei os seus tesouros, e como valente abati aos habitantes. E achou a minha mão as riquezas dos povos como a um ninho, e como se ajuntam os ovos abandonados, assim eu ajuntei a toda a terra, e não houve quem movesse a asa, ou abrisse a boca, ou murmurasse”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “…com a minha sabedoria fiz essas coisas…”.[14] Isto é preocupante, porque o equivalente moderno da Israel antiga—uma “nação hipócrita” —de alguma maneira se encontraria tão indefesa que um exército invasor seria capaz de saquear a terra sem nenhuma oposição.

No versículo 15 Isaías continua a falar, repreendendo a Assíria por não haver reconhecido que a destruição que eles trariam sobre Israel seria obra do Senhor, com o Senhor usando-os como instrumento: “Porventura gloriar-se-á o machado contra o que corta com ele, ou presumirá a serra contra o que puxa por ela, como se o bordão movesse aos que o levantam, ou a vara levantasse como não sendo pau?” A palavra hebraica de onde “pau” foi traduzido significa “lenha”.[15] Todas as metáforas neste versículo, apresentadas como perguntas retóricas, fazem a mesma pergunta: Pode um homem—especificamente, o rei da Assíria—vencer a Deus?

No versículos 16 até 19 Isaías, continuando a falar, declara uma destruição rápida sobre a Assíria. O versículo 16 começa: “Por isso o Senhor, o Senhor dos Exércitos, fará definhar os que entre eles são gordos, e debaixo da sua glória ateará um incêndio, como incêndio de fogo”.[16] A frase “Por isso o Senhor…fará definhar os que entre eles são gordos” significa que o Senhor enviaria fraqueza entre os mais vigorosos guerreiros do rei da Assíria.

O versículo 17 revela a causa da conflagração: “Porque a Luz de Israel virá a ser como fogo e o seu Santo por labareda”―Estas frases equivalentes ensinam-nos que “a Luz de Israel” é o mesmo que “o seu Santo”, que significam o Messias ou Jesus Cristo.

Continuando no versículo 17, Isaías declara: “que abrase e consuma os seus espinheiros e as suas sarças num só dia”. “Seus” como foi usado aqui refere-se ao equivalente moderno do rei da Assíria, e “espinheiros” e “sarças” significam as mentiras e doutrinas falsas que ele plantou nos corações das pessoas.[17] Previamente, no capítulo 9, Isaías descreve a destruição na Segunda Vinda do Senhor. Ao invés de cenas comuns de batalhas com “tumulto da batalha, e todo o manto revolvido em sangue”, nesta destruição todos “serão queimados, servindo de combustível ao fogo”.[18]

O versículo 18 continua a descrição do rei da Assíria e suas hostes, tanto antigos quanto modernos: “Também consumirá a glória da sua floresta, e do seu campo fértil, desde a alma até à carne, e será como quando desmaia o porta-bandeira”.[19] “Sua floresta” significa os nobres ou líderes da Assíria, e “seu campo fértil” significa seus aparatos econômicos.[20] “Glória” como foi usado aqui significa força militar.[21] “Desde a alma até à carne” significa que a Assíria desapareceria completamente, tanto política quanto culturalmente. O porta-bandeira, em guerras do passado, fazia o papel vital de comunicação entre o comandante e seu exército. Com o porta-bandeira incapaz de prover esta comunicação, aconteceria um caos total.

Versículos 16 até 18 contêm um quiasma:

A: (16) Por isso o Senhor, o Senhor dos Exércitos, fará definhar os que entre eles são gordos,
B: e debaixo da sua glória
C: ateará um incêndio, como incêndio de fogo.
D: (17) Porque a Luz de Israel virá a ser como fogo
D: e o seu Santo por labareda,
C: que abrase e consuma os seus espinheiros e as suas sarças num só dia.
B: (18) Também consumirá a glória da sua floresta, e do seu campo fértil, desde a alma até à carne,
A: e será como quando desmaia o porta-bandeira.

“Fará definhar os que entre eles são gordos”, refere-se a debilidade física, que seria enviada ao exército assírio e a seu equivalente moderno, e compara-se com “quando desmaia o porta-bandeira”, o que resultaria numa confusão militar total. “Sua glória”, que significa a glória do Senhor na Sua vinda, é contrastada com “a glória da sua floresta”, que significa glória do mundo e força militar dos orgulhosos líderes da antiga Assíria e seu equivalente moderno. A frase “Ateará um incêndio, como incêndio de fogo” reflete-se na frase “que abrase e consuma os seus espinheiros e as suas sarças num só dia”. “A Luz de Israel virá a ser como fogo” é equivalente ao “seu Santo por labareda”, que contém o enfoque central deste quiasma.

Será que este incêndio refere-se a um holocausto nuclear, ou, está se referindo aos injustos sendo consumido pela glória da presença do Senhor? A combinação de elementos deste quiasma indica que a glória do Senhor será o fogo consumidor—os que não forem dignos da Sua presença e não puderem suportá-la serão consumidos. Note que além das destruições físicas, as verdades que serão manifestadas na Segunda Vinda do Senhor destruirão todas as mentiras e falsas doutrinas do equivalente moderno do rei da Assíria, e seus exércitos, num dia só.

No versículo 19, as “árvores” e a “floresta” referem-se aos líderes ou nobres da Assíria: “E o resto das árvores da sua floresta será tão pouco em número, que um menino poderá contá-las”. Quase todos seriam assassinados, dizimando suas fileiras.

No versículos 20 até 23, Isaías profetiza do retorno dos remanescentes de Israel, que estavam espalhados por todas as nações, nos últimos dias. O versículo 20 declara: “E acontecerá naquele dia que os restantes de Israel, e os que tiverem escapado da casa de Jacó, nunca mais se estribarão sobre aquele que os feriu; antes estribar-se-ão verdadeiramente sobre o Senhor, o Santo de Israel”. A palavra hebraica de onde o termo “se estribarão” foi traduzido, significa “confiar” ou “apoiar”.[22] Ao invés de colocarem sua confiança em déspotas malignos, os remanescentes colocariam sua confiança no Senhor.

O versículo 21 declara: “Os restantes se converterão ao Deus forte, sim, os restantes de Jacó”.[23] O Livro de Mórmon apresenta: “Os remanescentes retornarão, sim, os remanescentes de Jacó…”.[24]  A frase “os remanescentes retornarão” é a tradução em português para o nome do filho mais velho de Isaías, Sear-Jasube, indicando que este acontecimento profetizado para os últimos dias seria em cumprimento da profecia dada na época do nascimento do filho de Isaías.[25]

O versículo 22 continua: “Porque ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, só um remanescente dele se converterá; uma destruição está determinada, transbordando em justiça”. Israel como “a areia do mar” significa numerosos, mas espalhados. “Destruição” vem da palavra hebraica que significa “completa aniquilação”;[26] e “trasbordando em justiça” significa que a destruição cumpriria os desígnios justos do Senhor.

O versículo 23 declara: “Porque determinada já a destruição, o Senhor DEUS dos Exércitos a executará no meio de toda esta terra”. O significado é que os injustos seriam completamente destruídos da face da Terra.

No versículos 24 até 34, os últimos versículos deste capítulo, Isaías muda de assunto de repente, profetizando de uma invasão pela Assíria contra Jerusalém, onde encontram uma resistência milagrosa com a destruição do exército assírio pelo anjo do Senhor. Esta profecia foi cumprida durante o reinado de Ezequias.[27] Não somente a profecia prediz a derrota da antiga Assíria; isto é um símbolo da destruição do equivalente moderno da Assíria.

No versículo 24 Isaías declara autoritariamente: “Por isso assim diz o Senhor DEUS dos Exércitos”, seguido pelas palavras do Senhor nos versículos 24 e 25: “Povo meu, que habitas em Sião, não temas à Assíria, quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão à maneira dos egípcios”. “À maneira dos egípcios” significa a crueldade dos Egípcios em outras épocas.[28] “Sião” é usada aqui com duplo sentido—um lugar para a coligação espiritual nos últimos dias, bem como um sinônimo para a antiga Jerusalém, particularmente sob seu rei justo. Estes significados refletem as diferentes épocas que esta profecia deveria se cumprir.[29]

O versículo 25 continua a sentença do versículo 24: “Porque daqui a bem pouco se cumprirá a minha indignação e a minha ira, para a consumir”. O ataque devastador da Assíria—tanto nos dias de Ezequias e no confronto equivalente nos últimos dias—duraria por um curto período de tempo. Esta declaração seria um grande conforto para aqueles que compreenderem a significância dos acontecimentos nos últimos dias.[30]

No versículos 26 e 27, Isaías descreve o que acontecerá naquela época. O versículo 26 declara: “Porque o Senhor dos Exércitos suscitará contra ela um flagelo, como na matança de Midiã junto à rocha de Orebe; e a sua vara estará sobre o mar, e ele a levantará como sucedeu aos egípcios”. A frase “matança de Midiã junto à rocha de Orebe” refere-se à quando Gideão liderou um exército de 300 Israelitas, identificados por sua maneira de beber água de um riacho—lambendo “as águas com a sua língua”, “levando a mão à boca”. Este pequeno exército assustou os Midianitas com trombetas e luzes; os resultados foram lutas, abate e derrota entre os Midianitas.[31] “Como sucedeu aos egípcios” neste caso refere-se à época quando os exércitos Egípcios foram destruídos pelas águas que retornaram quando tentaram perseguir Israel através das águas divididas do Mar Vermelho.[32]

No versículo 27, Isaías afirma que a opressão assíria seria desfeita: “E acontecerá, naquele dia, que a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu jugo do teu pescoço; e o jugo será despedaçado por causa da unção”. A “unção” refere-se ao convênio do Senhor com Abraão[33] e também a promessa a Davi que seus descendentes justos sobre o trono de Judá seriam sustentados pelo Senhor.[34]

Apesar desta passagem predizer um acontecimento milagroso específico, que ocorreu durante o reinado de Ezequias, isto é um exemplo que prediz a intervenção do Senhor a favor de Seu povo nos últimos dias. Com certeza, isto também seria um grande milagre.

Os versículos 24 até 27 contêm um quiasma:

(24) Por isso assim diz o Senhor DEUS dos Exércitos:
A: Povo meu, que habitas em Sião,
B: não temas à Assíria, quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão
C: à maneira dos egípcios.
D: (25) Porque daqui a bem pouco se cumprirá a minha indignação e a minha ira, para a consumir.
D: (26) Porque o Senhor dos Exércitos suscitará contra ela um flagelo, como na matança de Midiã junto à rocha de Orebe;
C: e a sua vara estará sobre o mar, e ele a levantará como sucedeu aos egípcios.
B: (27) E acontecerá, naquele dia, que a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu jugo do teu pescoço;
A: e o jugo será despedaçado por causa da unção.

“Povo meu, que habitas em Sião” compara-se com “unção”, indicando que seria a retidão de Seu povo do convênio—apesar de provavelmente excedido em número pelos iníquos entre o povo—que levaria a intervenção miraculosa do Senhor contra o exército assírio. Também refere-se à unção de um rei davídico—neste caso Ezequias, que se humilharia diante do Senhor. “Quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão” contrasta-se com “que a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu jugo do teu pescoço”, indicando que apesar dos açoites do rei da Assíria, sua opressão seria miraculosamente removida. “À maneira dos egípcios” no versículo 24 significa a opressão suportada pelos Israelitas escravizados no Egito, enquanto que “como sucedeu aos egípcios” no versículo 26 refere-se à destruição do exército egípcio no Mar Vermelho quando eles perseguiram os Israelitas guiados por Moisés. “A minha indignação” compara-se com “o Senhor dos Exércitos”, indicando quem está falando e de quem é a indignação que causaria a destruição.

Nos versículos 28 até 32, o avanço aterrorizante do rei da Assíria e seu exército é descrito por Isaías, mencionando vários bairros e vilas, finalmente chegando na base do outeiro onde Jerusalém está localizada:

“Já vem chegando a Aiate, já vai passando por Migrom, e em Micmás deixa a sua bagagem.
“Já passaram o desfiladeiro, já se alojam em Geba; já Ramá treme, e Gibeá de Saul vai fugindo.
“Clama alto com a tua voz, ó filha de Galim! Ouve, ó Laís! Ó tu pobre Anatote!
“Madmena já se foi; os moradores de Gebim vão fugindo em bandos.
“Ainda um dia parará em Nobe; acenará com a sua mão contra o monte da filha de Sião, o outeiro de Jerusalém.”

Alguns dos locais citados podem ser encontrados nos mapas bíblicos; veja especialmente o Mapa 4, “O Império de Davi e Salomão” na bíblia SUD em inglês.[35] A sucessão de nomes de lugares indica que o rei da Assíria avançaria do norte em direção a Jerusalém.

Isaías usa “o monte da filha de Sião” com duplo significado no versículo 32. O sentido principal aqui é como sinônimo para Jerusalém, mas quando esses acontecimentos são considerados como símbolos para acontecimentos nos últimos dias, outros significados podem ser observados. Em particular, refere-se ao lugar de coligação espiritual nos últimos dias, o qual estará sob ataque e será defendido miraculosamente pelo Senhor.[36] O Grande Pergaminho de Isaías mostra “…o monte da casa de Sião” no versículo 32.[37]

Os versículos 33 e 34 descrevem a derrota do exército assírio naquela época:

“Mas eis que o Senhor, o Senhor dos Exércitos, cortará os ramos com violência, e os de alta estatura serão cortados, e os altivos serão abatidos.
“E cortará com ferro a espessura da floresta, e o Líbano cairá à mão de um poderoso.”

“Ramos”, “os de alta estatura” e a “floresta” referem-se aos líderes ou nobres assírios, que seriam cortados pelo poderoso machado de ferro do Senhor. Os elementos da metáfora nos são bem familiares.[38]

Esta profecia foi cumprida quando 185,000 soldados do exército assírio foram mortos durante a noite por um anjo do Senhor:

“Sucedeu, pois, que naquela mesma noite saiu o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil deles; e, levantando-se pela manhã cedo, eis que todos eram cadáveres.
“Então Senaqueribe, rei da Assíria, partiu, e se foi, e voltou e ficou em Nínive.
“E sucedeu que, estando ele prostrado na casa de Nisroque, seu deus, Adrameleque e Sarezer, seus filhos, o feriram à espada; porém eles escaparam para a terra de Ararate; e Esar-Hadom, seu filho, reinou em seu lugar.”[39]

NOTAS

[1]. Ver 2 Reis 18 e 19; também Isaías 36 e 37.
[2]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 6486, p. 824.
[3]. Isaías 5:25.
[4]. Isaías 9:12, 17, e 21.
[5]. Doutrina e Convênios 124:8.
[6]. Versículo 4 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: E abata/entre os presos//entre mortos/caia. Em Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 258.
[7]. 2 Néfi 20:5.
[8]. Versículos 4 até 6 contêm um quiasma: Se abata/a sua ira/Assíria//a vara/da minha ira/para ser pisado aos pés.
[9].  Ver 2 Néfi 10:6; também ver Isaías 8:3 e debate de Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 105.
[10]. 2 Néfi 20:10.
[11]. Fundou Em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
Disponível na http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/Fundou.
[12]. Ver Isaías 46:1.
[13]. Ver Isaías 1:27; 3:16; 4:3-4; 8:18; 10:24; 12:6; 51:3.
[14]. 2 Néfi 20:13.
[15]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6086, p. 781.
[16]. Ver Isaías 1:7, 28; 5:24; 9:5, 18-19 e comentário pertinente.
[17]. Ver Isaías 55:13; 5:6; 9:18; 27:4; 32:13 e comentário pertinente.
[18]. Ver Isaías 9:5.
[19]. Versículos 17 e 18 contêm um quiasma: Os seus espinheiros e as suas sarças/glória da sua floresta//do seu campo fértil/desde a alma até à carne.
[20]. Ver Isaías 2:13; 9:18; 10:33-34; 14:8; 29:17; 32:15; 37:24; 55:12.
[21]. Ver Isaías 8:7; 16:14; 17:3-4; 20:5; 21:16-17; 22:18; 66:12 e comentário pertinente.
[22]. Brown et al., 1996, Número de Strong 8172, p. 1043.
[23]. Versículos 20 e 21 contêm um quiasma: Os restantes de Israel/se estribarão sobre aquele que os feriu//estribar-se-ão verdadeiramente sobre o Senhor/os restantes se converterão.
[24]. 2 Néfi 20:21.
[25]. Ver Isaías 7:3; também, Ver debate de Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 109.
[26]. Brown et al., 1996, Número de Strong 3617, p. 478.
[27]. Ver 2 Reis 18 e 19; também Isaías 36 e 37.
[28]. Ver Isaías 10:24, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 24b.
[29]. Ver Isaías 1:27; 3:16; 4:3-4; 8:18; 10:12; 12:6; 51:3.
[30]. Ver Isaías 26:20; 30:29 e comentário pertinente.
[31]. Ver Juízes 7.
[32]. Êxodo 14:24-28.
[33]. Ver Gênesis 22:9-12, 15-18.
[34]. Ver Gênesis 49:10; 1 Reis 2:33; 1 Samuel 15:27-28.
[35]. Ver Mapa Bíblico 4.
[36]. Ver 2 Reis 19:21, 31; Salmos 9:14; 51:18; Isaías 16:1; 37:22; 52:2; 62:11. Também ver Isaías 1:27; 3:16; 4:3-4; 8:18; 10:12, 24; 12:6; 51:3.
[37]. Parry,  Harmonizing Isaiah [Harmonizando Isaías], 2001, p. 71.
[38]. Ver Isaías 2:13; 9:18; 10:18-19; 14:8; 29:17; 32:15; 37:24; 55:12.
[39]. 2 Reis 19:35-37.

CAPÍTULO 9: “O Povo Que Andava Em Trevas, Viu Uma Grande Luz”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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A primeira parte deste capítulo é uma profecia predizendo a vinda do Messias, referindo-se tanto ao ministério mortal do Senhor, quanto à Sua Segunda Vinda.  Ao seguir vemos uma advertência dirigida especialmente a Efraim, porém aplicável a Judá e aos descendentes de ambas tribos nos últimos dias, para que evitassem o orgulho e a corrupção governamental, ou seriam destruídos. Este capítulo é citado completamente por Néfi, com pequenas variações, mostradas em itálico quando forem citadas. Compare 2 Néfi 19.

Versículo 1 declara: “Mas a terra, que foi angustiada, não será entenebrecida; envileceu nos primeiros tempos, a terra de Zebulom, e a terra de Naftali; mas nos últimos tempos a enobreceu junto ao caminho do mar, além do Jordão, na Galileia das nações”.[1] O Livro de Mórmon apresenta “…e depois afligiu mais severamente, pelo caminho do Mar Vermelho…”.[2] As terras de Zebulom e Naftali se encontravam na direção oeste e noroeste, respectivamente, do Mar da Galileia.[3] A  palavra entenebrecida que se encontra na primeira parte do versículo 1 refere-se ao último versículo do capítulo 8; a conjunção “mas”, estabelece esta conexão e indica que as trevas (entenebrecer significa cobrir de trevas) mencionadas aqui é a escuridão espiritual, trazida pelas iniquidades mencionadas nos últimos versículos do capítulo 8. Escuridão, ou temor e desencorajamento descrevem os sentimentos do povo quando os invasores assírios vieram atacar pela primeira vez as terras de Zebulom e de Naftali.

Comentadores rabínicos “relacionam isto aos ataques assírios sob o comando de Tiglate-Pileser e Sargão II”.[4] Entretanto, devido Isaías usar acontecimentos desta época como exemplos de acontecimentos que viriam a acontecer no futuro, não se deve depender somente nos registros históricos como chave principal para entender as palavras de Isaías.

Os versículos 2 até 5 descrevem a glória a ser contemplada na vinda do Senhor. O versículo 2 declara: “O povo que andava em trevas, viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz”. Esta passagem descreve uma grande luz que influenciaria todos “os que habitavam na região da sombra da morte”, o que significa todos os habitantes da Terra em seu estágio mortal probatório na época da vinda do Senhor. Durante Seu ministério mortal essa luz era espiritual, compreendida somente por aqueles que acreditavam e entendiam Sua missão divina. Todavia, Ele rompeu as ligaduras da morte e proporcionou a salvação para todos; esta luz de esperança e felicidade brilham em cada um de nós que somos os beneficiários de Sua Expiação. Na Sua Segunda Vinda, esta luz será um fenômeno físico também.

Os versículos 1 e 2 foram citados por Mateus; esta profecia de Isaías é uma das diversas profecias citadas por escritores do Novo Testamento que foram cumpridas com acontecimentos na vida de Jesus Cristo:[5]

“E, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zebulom e Naftali;
“Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías, que diz:
“A terra de Zebulom, e a terra de Naftali, junto ao caminho do mar, além do Jordão, A Galileia das nações;
“O povo, que estava assentado em trevas, viu uma grande luz; aos que estavam assentados na região e sombra da morte, A luz raiou.”[6]

Esta passagem ilustra o uso extenso de símbolos e duplo significados usados por Isaías, e a compreensão profunda que Mateus tinha deles.

O versículo 2 é a base textual para a obra “O Messias” de Handel, Parte 1, número 11—Ária para Baixo, “O povo que andava em trevas viu uma grande luz”.

O versículo 3 declara: “Tu multiplicaste a nação, a alegria lhe aumentaste; todos se alegrarão perante ti, como se alegram na ceifa, e como exultam quando se repartem os despojos”. A tradução de Joseph Smith afirma “…e todos se alegrarão perante ti…”.[7] Haverá uma grande alegria na vinda do Senhor—alegria semelhante à quando há uma boa ceifa, ou quando os soldados conquistadores repartem os despojos. “Multiplicaste a nação” refere-se ao Convênio Abraâmico, no qual foi prometido a Abraão uma posteridade inumerável.[8] O número dos congregados e dos que retornarem por meio da Restauração e pregação do evangelho será grande, culminando na época da Segunda Vinda do Senhor.

Ao contrastar o temor e apreensão provocada pelas ameaças de invasão dos assírios, que tanto Israel quanto Judá enfrentaram, com a luz, alegria e gratidão trazida pela vinda do Messias prometido, Isaías confirma que as condições impostas pelos invasores seriam somente temporárias. Num tempo no futuro, o Messias viria aos descendentes de Abraão, um povo que ainda existiria.

Os versículos 1 até 3 formam um quiasma:

(1) Mas a terra, que foi angustiada, não será entenebrecida; envileceu nos primeiros tempos, a terra de Zebulom, e a terra de Naftali;
A: mas nos últimos tempos afligiu mais severamente junto ao caminho do Mar Vermelho,
B: além do Jordão, a Galileia das nações.
C: (2) O povo que andava em trevas viu uma grande luz;
C: e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz.
B: (3) Tu multiplicaste a nação,
A: a alegria lhe aumentaste; todos se alegrarão perante ti, como se alegram na ceifa, e como exultam quando se repartem os despojos.

Isaías usa um contraste literário neste quiasma para comparar as trevas e o temor infligido pelos invasores assírios, descrito no lado ascendente do quiasma; com a alegria que o povo sentiria quando o Senhor vier em Sua glória, descrito do lado descendente. Num contraste literário, os opostos são comparados a fim de ressaltarem as diferenças. A alegria que sentirá o “povo que andava em trevas” e os “que habitavam na região da sombra da morte”, seria porque o povo “viu uma grande luz”, e porque “resplandeceu a luz” sobre eles.

Os versículos 4 e 5 descrevem a destruição que aconteceria entre os opressores do povo do Convênio do Senhor na Sua Segunda Vinda. O versículo 4 inicia dizendo: “Porque tu quebraste o jugo da sua carga, e o bordão do seu ombro, e a vara do seu opressor, como no dia dos midianitas”. O Livro de Mórmon omite “como no dia dos midianitas”.[9]  Na Segunda Vinda do Senhor Seu povo será livrado da opressão.

O versículo 5 continua: “Porque todo calçado que levava o guerreiro no tumulto da batalha, e todo o manto revolvido em sangue, serão queimados, servindo de combustível ao fogo”.[10] Ao invés das típicas cenas de batalha caracterizadas pelo “tumulto” e mortes provocadas por armas convencionais, resultando em “todo o manto revolvido em sangue”, nesta destruição “serão queimados, servindo de combustível ao fogo”. Será que isto significa um holocausto nuclear, ou se refere aos iníquos sendo consumido pela glória da presença Senhor? No capítulo 10 Isaías declara: “Por isso o Senhor, o Senhor dos Exércitos, fará definhar os que entre eles são gordos, e debaixo da sua glória ateará um incêndio, como incêndio de fogo. Porque a Luz de Israel virá a ser como fogo e o seu Santo por labareda, que abrase e consuma os seus espinheiros e as suas sarças num só dia”.[11] Isto parece indicar que a glória do Senhor será o fogo consumidor—aqueles que forem indignos de Sua presença, e que não forem capazes de suportá-la, serão consumidos. “Seus espinheiros e as suas sarças” também referem-se às falsas doutrinas, que serão exterminadas na Sua vinda.[12]

Outras passagens que parecem indicar que a glória do Senhor será o fogo consumidor são: “Está queimada pelo fogo, está cortada; pereceu pela repreensão da tua face”, em Salmos;[13] “Os montes tremem perante ele, e os outeiros se derretem; e a terra se levanta na sua presença; e o mundo, e todos os que nele habitam”, em Naum;[14] e “Porque eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo”, em Malaquias.[15] Esta passagem em Malaquias foi citada pelo Anjo Moroni ao jovem profeta Joseph Smith com algumas variações: “Porque eis que vem o dia que arderá como fornalha e todos os soberbos, sim, e todos os que cometem impiedade, queimarão como a palha; e aqueles que hão de vir os abrasarão, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que lhes não deixarão nem raiz nem ramo” (ênfases adicionadas).[16] A glória do Senhor e a das hostes de anjos que Lhe acompanham, aparentemente, queimará os ímpios.

Talvez uma conflagração nuclear ocorrerá nesta época, também. Uma guerra nuclear é possivelmente a “abominação desoladora” profetizada por Daniel.[17]

Revelações modernas nos esclarecem este assunto:

“Eis que o tempo presente se chama hoje até a vinda do Filho do Homem e, em verdade, é um dia de sacrifício e um dia para o dízimo de meu povo; pois aquele que paga o dízimo não será queimado na sua vinda.
“Porque depois de hoje vem a queima—falando à maneira do Senhor—pois em verdade eu digo que amanhã todos os soberbos e os que praticam iniquidade serão como o restolho; e queimá-los-ei, pois sou o Senhor dos Exércitos, e não pouparei quem permanecer em Babilônia.”[18]

O versículo 6 apresenta a profecia sobre Cristo: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. Estas palavras ficaram imortalizadas em “O Messias” de Handel, Parte 1, número 12—Refrão, “Porque um Menino Nos Nasceu”. Quem não se emociona com uma apresentação de um coral destas palavras tão comoventes?

A palavra hebraica traduzida como “Maravilhoso” é um substantivo masculino,[19] que indica que deveria haver um título distinto de o Senhor, ao invés de um adjetivo ou uma palavra subsequente, “Conselheiro”. No Livro de Mórmon,[20] bem como em traduções bíblicas, incluindo a versão de João Ferreira de Almeida em português, a versão em inglês de King James e a versão em espanhol de Valera, uma vírgula foi colocada corretamente pelos tradutores depois do título “Maravilhoso”, preservando o significado original intencionado.

Parte da profecia anunciada no versículo 6 foi cumprida com o nascimento de Jesus, mais o restante está para ser cumprida na Sua Segunda Vinda. Durante Seu ministério mortal Ele não presidiu sobre nenhum governo político, e Ele foi aclamado “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” somente por seus seguidores mais fiéis. Os escritores no Novo Testamento proclamaram que esta profecia de Isaías relaciona-se ao ministério mortal e imortal de Jesus Cristo.[21]

Como podemos dizer que Jesus Cristo é o Pai da Eternidade? Abinádi, um profeta do Livro de Mórmon, explicou:

“Eis que vos digo que quem tenha ouvido as palavras dos profetas, sim, de todos os santos profetas que profetizaram sobre a vinda do Senhor, digo-vos que todos aqueles que tenham escutado suas palavras e acreditado que o Senhor redimiria seu povo e hajam esperado ansiosamente pelo dia da remissão de seus pecados, eu vos digo que estes são a sua semente, ou seja, os herdeiros do reino de Deus.
“Porque estes são aqueles cujos pecados ele tomou sobre si; estes são aqueles por quem ele morreu, para redimi-los de suas transgressões. E agora, não são eles sua semente?[22]

O Senhor Jesus Cristo torna-se o Pai, espiritualmente falando, de todos os que se beneficiarem de Seu sacrifício redentor e de todos aqueles que tomam Seu nome sobre eles—o Pai de sua salvação.

Os versículos 4 até 6 contêm um quiasma:

A: (4) Porque tu quebraste o jugo da sua carga, e o bordão do seu ombro,
B: e a vara
C: do seu opressor, como no dia dos midianitas.
D: (5) Porque todo calçado que levava o guerreiro no tumulto da batalha, e todo o manto revolvido em sangue,
D: serão queimados, servindo de combustível ao fogo.
C: (6) Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu,
B: e o principado
A: está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.

Isaías usa novamente um contraste literário para enfatizar a grande diferença entre o governo do Senhor e a opressão da Assíria, ou a destruição pelo fogo que precederá a Segunda Vinda do Senhor. O “ombro” do povo suportando “a vara” da opressão contrasta-se com os amplos ombros do Redentor que suportaria a responsabilidade de um governo justo. “A vara” da opressão contrasta-se com o governo benevolente do Senhor; “opressor” é o oposto de “porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu”. Ao invés de vir como um conquistador opressivo, o Redentor nasceria como uma criança inocente. A frase “No tumulto da batalha, e todo o manto revolvido em sangue” contrasta-se com “serão queimados, servindo de combustível ao fogo” para indicar que a destruição antes da Segunda Vinda do Redentor seria pelo fogo ao invés de métodos prevalentes de guerra.

A profecia de Isaías continua no versículo 7, declarando o acesso do Senhor ao trono de Davi:[23] “Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto”. Cristo é o herdeiro literal do trono de Davi.

Versículos 6 até 7 contêm um quiasma:

(6) Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro,
A: Deus Forte,
B: Pai da Eternidade,
C: Príncipe
D: da Paz. (7) Do aumento deste principado
D: e da paz não haverá fim,
C: sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça,
B: desde agora e para sempre;
A: o zelo do Senhor dos exércitos fará isto.

Neste quiasma “Deus Forte” é equivalente ao “Senhor dos exércitos”, estabelecendo a equivalência destes dois títulos para o Senhor Jeová. “Pai da Eternidade” compara-se com “desde agora e para sempre”. “Príncipe” equivale ao “trono de Davi e no seu reino”, provando que “Príncipe da Paz” refere-se especificamente a herança de Cristo ao trono de Davi. “Paz”, o enfoque central deste quiasma, caracterizaria o reino do Senhor na Terra.

Os versículos 8 até 21 contêm uma mensagem profética, ou sermão sacerdotal, a Efraim, ou ao reino setentrional de Israel.[24] Este sermão sacerdotal consiste-se em três oráculos de pesar que descrevem as iniquidades, inclusive o orgulho e a corrupção governamental, pelas quais Efraim está sendo destruído. O quarto oráculo de pesar, dirigido contra Efraim e Judá, abrange a primeira parte do capítulo 10. Entretanto, a mensagem completa também aplica-se a nós nos últimos dias. Estes acontecimentos, que iriam se passar com as antigas Efraim e Judá, são exemplos de semelhantes ocorrências em nossos dias.

Os quiasmas nesta mensagem profética fornecem uma ponte entre os quatro oráculos de pesares, unificando-os como uma advertência coerente. A frase final de cada oráculo de pesar— “nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão” —forma a declaração central no primeiro quiasma, uma declaração auxiliar no segundo, a reflexão da declaração introdutória no terceiro, e a declaração introdutória e sua reflexão no quarto quiasma. As frases que são quiasmaticamente equivalentes fornecem um método para discernir o significado intencionado por Isaías.

O versículo 8 significa que o Senhor enviou uma mensagem profética a Israel: “O Senhor enviou uma palavra a Jacó, e ela caiu em Israel”. No Livro de Mórmon diz: “O Senhor enviou sua palavra a Jacó…”.[25] A mensagem segue nos próximos versículos.

O versículo 9 declara: “E todo este povo o saberá, Efraim e os moradores de Samaria, que em soberba e altivez de coração, dizem” — A frase “todo este povo o saberá” indica que o reino de Israel todo saberá sobre esta mensagem profética e deverá aprender com esta mensagem. E também, é um exemplo da Segunda Vinda quando “a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente a verá…”.[26] Todo o povo de “Efraim e os moradores de Samaria” saberão, apesar do orgulho—soberba e altivez de coração—que tomou conta de seus corações.

No versículo 10, o orgulho do povo de Efraim e Samaria é manifestado em sua declaração que apesar da destruição que lhes sobreviria, eles por si mesmos reconstruiriam melhor que antes: “Os tijolos caíram, mas com cantaria tornaremos a edificar; cortaram-se os sicômoros, mas em cedros as mudaremos”.

No versículo 11, “Portanto o Senhor suscitará, contra ele, os adversários de Rezim, e juntará os seus inimigos” indica que os inimigos do rei da Síria juntar-se-iam para guerrear contra ele.

O versículo 12 continua: “Pela frente virão os sírios, e por detrás os filisteus, e devorarão a Israel à boca escancarada; e nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”. Esta frase descreve uma longa história de guerras contra o reino setentrional de Israel, que finalmente resultaria em sua destruição. Israel e Síria, aliados contra o reino meridional de Judá, seriam destruídos pelos seus adversários.

A frase final do versículo 12, “nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão” significa que a justiça da ira do Senhor continua e sua mão está estendida contra eles para puni-los. Aparentemente, o tempo para o arrependimento terá passado quando estas condições surgirem. Esta frase aparece pela primeira vez no capítulo 5, onde é precedida por uma frase paralela com algumas diferenças na redação, porém com o mesmo significado: “Por isso se acendeu a ira do Senhor contra o seu povo, e estendeu a sua mão contra ele”.[27] A frase repete-se três vezes no capítulo 9,[28] e aparece uma vez mais no capítulo 10,[29] todas com o mesmo significado. Uma segunda interpretação é que “com tudo isto, o Senhor ainda está disponível para ajudá-los, se eles se voltarem para Ele”.[30] A primeira interpretação é absolutamente verdadeira, já a segunda continua sendo uma possibilidade, dado o caráter misericordioso do Senhor.

Este Segundo significado é explicado por Néfi:

“Ai dos gentios, diz o Senhor Deus dos Exércitos! Pois apesar de eu estender o braço sobre eles, dia após dia, eles me negarão; não obstante, serei misericordioso para com eles, diz o Senhor Deus, caso se arrependam e venham a mim; pois o meu braço está estendido o dia todo, diz o Senhor Deus dos Exércitos (ênfases adicionadas).”[31]

A frase final do versículo 12, “nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão” é equivalente quiasmaticamente à frase “este povo não se voltou para quem o feria, nem buscou ao Senhor dos Exércitos” no versículo 13. Aqui fica claro que o Senhor estenderia Sua mão para ferir os iníquos de Israel.

Em Doutrina e Convênios, o Senhor explica que Seu braço estende-se para salvar o Seu povo contra os iníquos nos últimos dias: “Eu sou aquele que tirou os filhos de Israel da terra do Egito; e meu braço estende-se nos últimos dias, para salvar meu povo Israel”.[32]

A mensagem do versículo 13 é que tribulações e punições pela mão do Senhor raramente levam ao arrependimento: “Todavia este povo não se voltou para quem o feria, nem buscou ao Senhor dos Exércitos”.

Os versículos 14 e 15 descrevem a destruição que sobreviria a Israel; isto também é um exemplo da destruição dos ímpios nos últimos dias. O versículo 14 declara: “Assim o Senhor cortará de Israel a cabeça e a cauda, o ramo e o junco, num mesmo dia”. “A cabeça e a cauda, o ramo e o junco” significam as diferentes camadas sociais.[33] “Junco” é um nome dado às plantas herbáceas aquáticas, alongadas e flexíveis, comumente usadas para tecelagem de cestas e tapetes.[34] A destruição seria dirigida primeiramente aos líderes e clero corruptos de Israel, porém se estenderia à camada mais baixa do reino—todos os que estiverem envolvidos em mentiras[35] e outras corrupções. A destruição aconteceria rapidamente, em um dia.

Os versículos 12 até 14 contêm um quiasma:

A: (12) Pela frente virão os sírios, e por detrás os filisteus,
B: e devorarão a Israel à boca escancarada;
C: e nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
C: (13) Todavia este povo não se voltou para quem o feria, nem buscou ao Senhor dos Exércitos.
B: (14) Assim o Senhor cortará de Israel
A: a cabeça e a cauda, o ramo e o junco, num mesmo dia

A frase “pela frente virão os sírios, e por detrás os filisteus” complementa “a cabeça e a cauda, o ramo e o junco”. Os exércitos invasores—ou sua analogia nos últimos dias—traria a destruição descrita. “Israel” no versículo 12 é o mesmo que “Israel” no versículo 14, identificando o reino de Israel e seu equivalente nos últimos dias como alvo da destruição. “Nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão” é equivalente à “todavia este povo não se voltou para quem o feria, nem buscou ao Senhor dos Exércitos”. Aqui fica claro que o propósito do Senhor ao estender a Sua mão é para feri-los, mas isto não faz com que o povo busque ao Senhor.

No versículo 15 o profeta explica parcialmente o simbolismo, inserido em parêntesis: “15 (O ancião e o homem de respeito é a cabeça; e o profeta que ensina a falsidade é a cauda)”. O Livro de Mórmon omite “e o homem de respeito”,[36] revelando que não haveria ninguém que seria considerado respeitável aos olhos do Senhor entre os que seriam destruídos naquela época.

No versículo 16 Isaías continua a explicação: “Porque os guias deste povo são enganadores, e os que por eles são guiados são destruídos”. “Os guias deste povo” ―a cabeça―significa líderes políticos e a cauda significa líderes espirituais. “Os que por eles são guiados” são o ramo e o junco.

O versículo 17 continua: “Por isso o Senhor não se regozija nos seus jovens, e não se compadecerá dos seus órfãos e das suas viúvas, porque todos eles são hipócritas e malfazejos, e toda a boca profere doidices; e nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”. A nação inteira—dos seus jovens até os seus órfãos e as suas viúvas—são hipócritas, malfeitores e mentirosos.

No versículo 18, os iníquos são apresentados como combustível para o fogo: “Porque a impiedade lavra como um fogo, ela devora as sarças e os espinheiros; e ela se ateará no emaranhado da floresta; e subirão em espessas nuvens de fumaça”. As sarças e os espinheiros para serem devorados são as falsas doutrinas que surgiriam no lugar da verdade,[37] resultando num longo período de apostasia. “Se ateará no emaranhado da floresta” significa que as sociedades dos nobres e poderosos seriam destruídas.[38] Tudo desapareceria como nuvens de fumaça.[39]

O versículo 19 continua a metáfora e provê uma explicação: “Por causa da ira do Senhor dos Exércitos a terra se escurecerá, e será o povo como combustível para o fogo; ninguém poupará ao seu irmão”.[40] Os ímpios serão queimados pelo fogo da destruição, com as pessoas servindo como combustível para o fogo. A palavra hebraica traduzida como “poupar” significa “ter piedade ou compaixão”.[41]

O versículo 20 declara: “Se colher à direita, ainda terá fome, e se comer à esquerda, ainda não se fartará; cada um comerá a carne de seu braço”. Ganancia e corrupção lastrar-se-iam desenfreadamente sobre a terra. Todos enganariam ou roubariam seu vizinho à direita, porém ainda quereriam mais, e cada um roubaria de seu vizinho à esquerda e ainda não ficariam satisfeitos. Essas terríveis condições resultariam em um colapso total da sociedade; as ações corruptas do povo seriam tão destrutivas para a sociedade quanto a ação de comer a carne do seu próprio braço seria para o corpo.

O versículo 21 continua: “Manassés a Efraim, e Efraim a Manassés, e ambos serão contra Judá. Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”. Este versículo e os versículos precedentes descrevem os terrores da guerra infligidos sobre Efraim, Manassés e Judá. A frase final, “Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”, significa que a justiça da ira do Senhor continua e está estendida a sua mão contra eles para puni-los.[42]

Os versículos 19 até 21 formam um quiasma:

A: (19) Por causa da ira do Senhor dos Exércitos a terra se escurecerá, e será o povo como combustível para o fogo;
B: ninguém poupará ao seu irmão.
C: (20) Se colher à direita, ainda terá fome,
C: e se comer à esquerda, ainda não se fartará;
B: cada um comerá a carne de seu braço. (21) Manassés a Efraim, e Efraim a Manassés, e ambos serão contra Judá.
A: Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.

A frase “Por causa da ira do Senhor dos Exércitos a terra se escurecerá” complementa “Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”, e “ninguém poupará ao seu irmão” complementa “cada um comerá a carne de seu braço”, provendo uma interpretação para o simbolismo. “Se colher à direita, ainda terá fome” complementa “e se comer à esquerda, ainda não se fartará”, formando o enfoque central do quiasma.

A frase final, “Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”, é também a frase introdutória do quiasma formada pelo quarto oráculo de pesar, que se consiste dos primeiros quatro versículos do capítulo 10.[43]

NOTAS

[1]. Versículo 1 contém um quiasma: Entenebrecida/nos primeiros tempos/Zebulom//Naftali/nos últimos tempos/ enobreceu.
[2]. 2 Néfi 19:1.
[3]. Ver Mapa Bíblico 3.
[4]. Ver Isaías 9:1, nota de rodapé da versão da Bíblia de King James em inglês 1b.
[5]. Ver Isaías 6:10, comentário pertinente e endnote.
[6]. Mateus 4:13-16.
[7]. Joseph Smith’s “New Translation” of the Bible [“Nova Tradução” da Bíblia por Joseph Smith]: Herald Publishing House, Independence, Missouri, 1970, p. 197.
[8]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah: [Compreendendo Isaías] Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 94.
[9]. 2 Néfi 19:4.
[10]. Ver Isaías 1:7, 28; 5:24; 9:18-19 e comentário pertinente.
[11]. Isaías 10:16-17.
[12]. Ver Isaías 5:6 e comentário pertinente.
[13]. Salmos 80:16.
[14]. Naum 1:5.
[15]. Malaquias 4:1.
[16]. Joseph Smith—História 1:37.
[17]. Ver Daniel 9:27, 11:31, e 12:11; Ver também Mateus 24:15.
[18]. Doutrina e Convênios 64:23-24.
[19]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 6382, p. 810.
[20]. Ver 2 Néfi 19:6.
[21]. Ver também Isaías 7:14; 11:1; 25:9; 53:5.
[22]. Mosias 15:11-12.
[23]. Ver Gênesis 49: 9-10.
[24]. Ver Avraham Gileadi, The Book of Isaiah: A New Translation With Interpretive Keys From The Book of Mórmon [O Livro de Isaías: Uma nova tradução com chaves interpretativas do Livro de Mórmon]: Deseret Book Company, P.O. Box 30178, Salt Lake City, Utah 84130, 1988, p. 19.
[25]. 2 Néfi 19:8.
[26]. Isaías 40:5.
[27]. Isaías 5:25.
[28]. Isaías 9:12, 17, e 21.
[29]. Isaías 10:4.
[30]. Isaías 9:12, nota de rodapé na Bíblia SUD em inglês 12d.
[31]. 2 Néfi 28:32.
[32]. D&C136:22.
[33]. Ver Isaías 19:15, nota de rodapé da versão da Bíblia de King James em inglês 15a.
[34]. Junco em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. Disponível na www: http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/junco.
[35]. Ver Isaías 16:6; 28:15, 17; 59:3-4 e comentário pertinente.
[36]. 2 Néfi 19:15.
[37]. Ver Isaías 55:13; 5:6; 10:17; 27:4; 32:13 e comentário pertinente.
[38]. Ver Isaías 2:13; 10:18-19, 33-34; 14:8; 29:17; 32:15; 37:24; 55:12.
[39]. Ver Isaías 1:7, 28; 5:24; 9:5 e comentário pertinente.
[40]. Os versículos 17 até 19 formam um quiasma: Todos eles…toda a boca/a sua ira/lavra como um fogo/sarças//espinheiros/se ateará/ira do Senhor dos exércitos/ninguém.
[41].  Brown et al., 1996, Número de Strong 2550, p. 328.
[42]. Ver comentários para o versículo 12, onde esta frase também aparece.
[43]. Um outro quiasma também se encontra nos versículos 19 até 21: Ira do Senhor dos exércitos/ninguém poupará ao seu irmão/Manassés/Efraim//Efraim/Manassés/ambos serão contra Judá/não cessou a sua ira.

CAPÍTULO 8: “Porquanto Este Povo Desprezou As Águas De Siloé”

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O capítulo 8 começa com uma profecia da destruição que logo viria pelas mãos dos assírios, abrangendo os versículos 1 até 10. Esta profecia continua a mensagem de Isaías para Acaz, que começou no capítulo 7. A profecia é seguida por um sermão sacerdotal, abrangendo os versículos 11 até 18, onde Isaías declara que Cristo servirá de pedra de tropeço, e de rocha de escândalo, às duas casas de Israel, devido suas iniquidades. A parte final, que abrange os versículos 19 até 22, é uma condenação das iniquidades de Israel, por confiarem em médios e adivinhos para orientação espiritual, e as consequências por haverem feito isto.

Néfi citou este capítulo por completo com algumas modificações; diferenças na redação são mostradas em itálicos onde for citado. Compare 2 Néfi 18.

Isaías e seus filhos foram dados a Israel por sinais e por maravilhas do Senhor, como foi declarado no versículo 18.[1] Um exemplo foi dado no versículo 1, no qual o Senhor instrui Isaías: “Disse-me também o SENHOR: Toma um grande rolo, e escreve nele com caneta de homem: Apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa”. A frase “Apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa” é a tradução do nome hebraico do filho de Isaías, Maer-Salal-Has-Baz.

No versículo 2, Isaías declara: “Então tomei comigo fiéis testemunhas, a Urias sacerdote, e a Zacarias, filho de Jeberequias”. Na Lei de Moisés era requerido duas ou três testemunhas para se estabelecer qualquer assunto.[2]

O versículo 3 declara: “E fui ter com a profetisa, e ela concebeu, e deu à luz um filho; e o Senhor me disse: Põe-lhe o nome de Maer-Salal-Has-Baz”. O termo “a profetisa”, como foi usado neste versículo por Isaías refere-se à sua esposa, provavelmente refletindo sua sensibilidade espiritual.  O longo nome dado a seu filho, que em hebraico significa “apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa”,[3] como foi apresentado no versículo 1, é uma predição da destruição e cativeiro de Judá.[4]

As circunstancias da concepção e nascimento do filho mais velho de Isaías foram designadas pelo Senhor e realizadas expressamente por Isaías; o nome deste filho seria um sinal de um acontecimento futuro.

No versículo 4 encontramos o significado de “sinais e maravilhas”[5]: “Porque antes que o menino saiba dizer meu pai, ou minha mãe, se levarão as riquezas de Damasco, e os despojos de Samaria, diante do rei da Assíria”. O Livro de Mórmon apresenta esta passagem com pequenas mudanças: “Pois eis que antes que o menino saiba dizer meu pai e minha mãe, serão levadas as riquezas de Damasco e os despojos de Samaria ao rei da Assíria”.[6] Isto testifica do pouco tempo antes destes acontecimentos começarem, Síria e Israel seriam derrotados e suas riquezas levadas para o rei da Assíria.[7], [8]

No versículos 5 e 6, Isaías declara: “E continuou o Senhor a falar ainda comigo, dizendo:
Porquanto este povo desprezou as águas de Siloé que correm brandamente, e alegrou-se com Rezim e com o filho de Remalias” ― Aqui o Senhor menciona as razões da destruição prestes a acontecer.

“Siloé”, traduzido da palavra hebraica Shiloach, significa “o Enviado”.[9] Como apresentado por algumas traduções Bíblicas, este é o nome dado a um manancial ao sudoeste de Jerusalém, que provia água potável para esta cidade antiga.[10], [11]  O termo “As águas de Siloé” metaforicamente, significa o evangelho de Jesus Cristo; porém antes de Seu ministério mortal, significava a Lei de Moisés. Nesta metáfora a fonte de água potável para a cidade de Jerusalém é comparada à fonte divina da água viva—o Salvador, que provê a salvação eterna.[12]

“Siloé” no versículo 6 é equivalente, quiasmaticamente, ao “Senhor” no versículo 7, revelando o significado intencionado por Isaías. A frase “As águas de Siloé que correm brandamente” significa que o evangelho é mais fácil de ser praticado do que suportar a opção oposta—caos, iniquidades, dissensão e destruição pelas mãos do exército Assírio. Compare as palavras do Redentor: “Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.[13] Em contraste, “Rezim e…o filho de Remalias” representam os líderes iníquos da Síria e do Reino Setentrional de Israel, junto com suas típicas características mundanas.

“Siló”, traduzido da palavra hebraica Shiyloh em alguns casos[14], significa “aquele a quem pertence”[15], e é pronunciado semelhante a palavra hebraica Shiloach. Assim, a palavra “Siloé”, usada no versículo 6, descreve o papel do Senhor como o Criador e dono supremo da Terra e seus recursos, para quem prestamos conta de nossa mordomia. No fim da longa vida do patriarca Jacó, ele abençoou a cada um de seus doze filhos; sobre os descendentes de Judá ele conferiu o direito a realeza: “O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló (significando “aquele a quem pertence”) e a ele se congregarão os povos”.[16] Davi e seus descendentes, inclusive Jesus Cristo, eram descendentes de Judá e tinham parte nesta bênção.

“Siló” é usado pelo profeta Joseph Smith em sua tradução inspirada de uma parte de Gênesis:

“E disse José a seus irmãos: Eu morro e vou para meus pais; e desço à sepultura com alegria. O Deus de meu pai Jacó esteja convosco, para livrar-vos da aflição nos dias de vosso cativeiro; pois o Senhor visitou-me e obtive do Senhor uma promessa de que, do fruto dos meus lombos, o Senhor suscitará um ramo justo de meus lombos; e a ti, a quem meu pai Jacó chamou Israel, um profeta; (não o Messias que é chamado Siló;) e esse profeta libertará meu povo do Egito nos dias da tua escravidão.”[17]

Obviamente, “Siloé” ou “Siló” significa Jesus Cristo, o Messias que viria—o Criador, e portanto o Dono, da Terra e seus recursos. Como foi usado aqui por Isaías, também refere-se ao que deu a lei: Aquele cujo dedo escreveu sobre as placas de pedra no Monte Sinai. Esta verdade essencial deve ser evidente a todos os leitores das escrituras. Jeová—apresentado como “o Senhor” na verão da Bíblia de João Ferreira de Almeida, no Velho Testamento—e Jesus Cristo são o mesmo.

O nome Siló, pronunciado semelhante a “Siloé”, foi dado a um local da herança dos descendentes de Efraim, um dos filhos de José.[18] Quando as Doze Tribos, liderada por Josué, entraram na terra de Canaã, o Tabernáculo—incluindo a arca do Convênio—foi primeiramente colocado em Siló.[19] Quando Israel, consistindo das dez tribos do norte ou setentrional, separaram-se de Judá, que se consistia das duas tribos do sul ou meridional, Siló tornou-se um centro religioso equivalente a Jerusalém, incluindo a edificação e estabelecimento de um templo. A Arca do Convênio ficou lá por muitos anos.[20] Depois da conquista e cativeiro das dez tribos, Siló tornou-se parte de Samaria.

Nos versículos 7 e 8 Isaías descreve os exércitos invasores Assírios metaforicamente, como se fossem uma enchente inundando a terra. O versículo 7 começa: “Portanto eis que o Senhor fará subir sobre eles as águas do rio, fortes e impetuosas, isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória; e subirá sobre todos os seus leitos, e transbordará por todas as suas ribanceiras”.  A palavra “glória”, como foi usada neste caso, significa forças armadas.[21] Nesta declaração Isaías dá a interpretação da metáfora, que foi aplicada em vários outros lugares em sua obra. A frase “as águas do Rio” significa o rio Eufrates, o que é um símbolo para rei da Assíria.[22] O uso de “o Senhor” neste caso, enfatiza Seu papel como comandante militar, usando o rei da Assíria como representante. O Grande Pergaminho de Isaías usa neste caso “Jeová e “o Senhor”.[23]

Os versículos 4 até 7 contêm um quiasma:

A: (4) Porque antes que o menino saiba dizer meu pai, ou minha mãe, se levarão as riquezas de Damasco, e os despojos de Samaria, diante do rei da Assíria.
B: (5) E continuou o Senhor a falar ainda comigo, dizendo: (6) Porquanto este povo desprezou as águas
C: de Siloé que correm brandamente,
D: e alegrou-se com Rezim
D: e com o filho de Remalias,
C: (7) Portanto eis que Jeová o Senhor fará subir sobre eles
B: as águas do Rio, fortes e impetuosas,
A: isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória; e subirá sobre todos os seus leitos, e transbordará por todas as suas ribanceiras.

“Rei da Assíria” no versículos 4 e 7 engloba o elemento introdutório e suas reflexões. “Águas [de Siloé]” é o oposto de “as águas do Rio”, contrastando a paz e segurança da obediência ao evangelho com a destruição pelo exército invasor da Assíria—caracterizado metaforicamente como uma enchente furiosa. “Siloé” é equivalente ao “Senhor”, identificando claramente o comandante militar. Alegrar-se com Rezim e com o filho de Remalias, ao invés de com o Senhor, é a razão desta destruição predita.

Versículo 8 continua: “E passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele e chegará até ao pescoço; e a extensão de suas asas encherá a largura da tua terra, ó Emanuel”. “Tua terra, ó Emanuel” refere-se à terra prometida pelo Senhor—o Salvador que viria—ao Seu povo.

Versículos 7 e 8 contêm um quiasma:

A: (7) Portanto eis que Jeová o Senhor fará subir sobre eles
B: as águas do Rio, fortes e impetuosas,
C: isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória;
D: e subirá sobre todos os seus leitos,
D: e transbordará por todas as suas ribanceiras.
C: (8) E passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele e chegará até o pescoço;
B: e a extensão de suas asas encherá a largura da tua terra,
A: ó Emanuel.

Jeová o Senhor” é quiasmaticamente equivalente a “Emanuel”, que significa “Deus conosco”, novamente identificando Jeová como o Senhor—o comandante militar representado aqui pela Assíria—como o Messias que viria. As duas metáforas “as águas do Rio” e “asas” descrevem o avanço dos exércitos da Assíria e como se espalhariam sobre a terra. “Assíria” contrasta-se com “Judá”, denotando sua relação conflituosa. “Subirá sobre todos os seus leitos” é equivalente a “transbordará por todas as suas ribanceiras”, que, como ponto central do quiasma, descreve metaforicamente as invasões do exército Assírio.

Os versículos 9 e 10 contêm ameaças e advertências, que foram profeticamente preditas por Isaías, que seriam feitas pelo rei da Assíria. O versículo 9 começa: “Ajuntai-vos, ó povos, e sereis quebrantados; dai ouvidos, todos os que sois de terras longínquas; cingi-vos e sereis feitos em pedaços, cingi-vos e sereis feitos em pedaços”. O significado desta passagem é que não seria de nenhum proveito para Jerusalém ser coligada, nem para os seus defensores serem cingidos com armaduras e armas, pois seriam todos feitos em pedaços. A repetição dupla destas frases finais enfatiza a seriedade da ameaça.

O rei da Assíria continua no versículo 10: “Tomai juntamente conselho, e ele será frustrado; dizei uma palavra, e ela não subsistirá, porque Deus é conosco”. Por causa da iniquidade dos Israelitas, Deus traria seu grande exército sobre eles para destruí-los e levá-los cativos. Não daria em nada o fato de juntarem-se em conselho. A frase pronunciada pelo rei da Assíria, “Deus é conosco”, se tornou realidade; o rei da Assíria agiria como instrumento na mão de Deus.

Versículos 8 até 10 contêm um quiasma:

A: (8) …ó Emanuel.
B: (9) Ajuntai-vos, ó povos, e sereis quebrantados; dai ouvidos, todos os que sois de terras longínquas;
C: cingi-vos e sereis feitos em pedaços,
C: cingi-vos e sereis feitos em pedaços.
B: (10) Tomai juntamente conselho, e ele será frustrado; dizei uma palavra, e ela não subsistirá,
A: porque Deus é conosco.

“Emanuel” é equivalente quiasmaticamente a “Deus é conosco”, mostrando a definição hebraica deste nome.[24] “Ajuntai-vos, ó povos” é equivalente a “tomai juntamente conselho”, provendo o sentido intencionado. Duas repetições da frase “cingi-vos e sereis feitos em pedaços” enfatizam a seriedade das ameaças do rei da Assíria.

Note que o quiasma dos versículos 7 e 8 se transpassa com quiasma dos versículos 8 até 10, com as declarações introdutórias de ambos quiasmas sendo equivalentes. “Jeová, o Senhor”, “Emanuel” e “Deus é conosco” são todos equivalentes, denotando que o Deus do Velho Testamento é o mesmo que nasceu de uma virgem.[25] Ele é um ser diferente e distinto de Deus, o Pai, que se chama Eloím em hebraico, cujas palavras foram registradas por Isaías mais tarde, na primeira parte do capítulo 42.[26]

Os versículos 11 até 18 contêm um sermão sacerdotal. O versículo 11 começa: “Porque assim o Senhor me disse com mão forte, e me ensinou que não andasse pelo caminho deste povo, dizendo” — “Com mão forte” significa Seu forte aperto de mão, ou com poder.[27] Esta declaração descreve um relacionamento pessoal entre o Senhor e Seu profeta. O “caminho deste povo” geralmente significa o conhecimento do Plano de Salvação, porém entre o povo que Isaías pregava, este termo foi grandemente corrompido.[28]

O versículo 12 continua a sentença do versículo 11: “Não chameis conjuração, a tudo quanto este povo chama conjuração; e não temais o que ele teme, nem tampouco vos assombreis”. O sentido intencionado por Isaías é “não concorde com aqueles que querem formar uma aliança para a defesa, e livra-se de seus medos sem fé”.

No versículo 13, Isaías declara que o povo deve mudar seus caminhos: “Ao Senhor dos Exércitos, a ele santificai; e seja ele o vosso temor e seja ele o vosso assombro”, o profeta admoestou.

Os versículos 12 e 13 foram parafraseados pelo apóstolo Pedro:

Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis;
Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós (ênfases adicionadas).[29]

O povo de Judá, entretanto, não ouviu os conselhos de Isaías. Somos informados em 2 Reis que Acaz, rei de Judá:

“…enviou mensageiros a Tiglate-Pileser, rei da Assíria, dizendo: Eu sou teu servo e teu filho; sobe, e livra-me das mãos do rei da Síria, e das mãos do rei de Israel, que se levantam contra mim.
“E tomou Acaz a prata e o ouro que se achou na casa do Senhor, e nos tesouros da casa do rei, e mandou um presente ao rei da Assíria.
“E o rei da Assíria lhe deu ouvidos; pois o rei da Assíria subiu contra Damasco, e tomou-a e levou cativo o povo para Quir, e matou a Rezim.”[30]

No versículo 14 o sermão de Isaías continua: “Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo, às duas casas de Israel; por armadilha e laço aos moradores de Jerusalém”. Para os justos os mandamentos do Senhor servem como um santuário dos problemas da vida. Os ensinamentos do Senhor abrem o caminho para recebermos orientação espiritual, conforto e segurança nesta vida e na vida eterna no mundo vindeiro.[31] Para os que recusam os Seus mandamentos, Ele servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo.

O versículo 14 foi citado por Pedro e Paulo no Novo Testamento. Paulo diz: “Como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo; E todo aquele que crer nela não será confundido”.[32]

O versículo 15 descreve o resultado da obstinação dos iníquos: “E muitos entre eles tropeçarão, e cairão, e serão quebrantados, e enlaçados, e presos”. Tropeçando e caindo são consequências espirituais por não dar atenção à verdade, ou por dar ouvidos às falsas doutrinas, enquanto sendo quebrantados, enlaçados, e levados em cativeiro são consequências temporais, preditas aqui por Isaías.

No versículo 16 diz: “Liga o testemunho, sela a lei entre os meus discípulos”. Apesar da interpretação desta passagem apresentar alguns desafios, é apresentada da mesma forma no Livro de Mórmon[33] e no Grande Pergaminho de Isaías,[34] indicando que este é o significado do original em hebraico. A palavra hebraica traduzida como “lei” significa “ensinamentos” ou “doutrina”.[35]

O versículo 16 contém duas frases paralelas, “liga o testemunho” e “sela a lei”. Devido serem frases paralelas, “liga” e “sela” são sinônimos, e “testemunho” e “lei” são sinônimos também. Note que estas palavras são combinadas em ordem inversa no versículo 20, no lado descendente do quiasma.

A sinonímia apresenta-se em duas passagens de Doutrina e Convênios onde são intercambiadas. Numa passagem aparece como “ligar a lei e selar o testemunho”,[36] enquanto na outra como “que selem a lei e liguem o testemunho”.[37] O sentido permanece o mesmo em ambas passagens.

A “lei”, refere-se a lei de Moisés, ou a lei do evangelho, depois do ministério de Cristo, com referências especiais às escrituras. No Novo Testamento, a frase “a lei e os profetas” é usada para designar o cânon judaico de escrituras.[38] Então a lei ou o evangelho, como foi registrado nas escrituras, é o que será selado nas mentes e corações dos discípulos.

“Ligar o testemunho” e “selar a lei entre os meus discípulos” tem sido a tarefa principal dos profetas e líderes eclesiásticos durante todas as eras, ordenada pelo Senhor; e pais devem aceitar semelhante responsabilidade concernente a criação de seus filhos. No versículo 16 esta tarefa é dada pelo Senhor a Isaías.

O significado da passagem é aparente na suplicação de Joseph Smith na oração dedicatória do Templo de Kirtland: “Portanto, ó Senhor, livra teu povo da calamidade dos iníquos; permite a teus servos que selem a lei e liguem o testemunho, a fim de que estejam preparados para o dia da queima” (ênfases adicionadas).[39]

O mesmo sentido foi apresentado pelo Apóstolo Paulo: “Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei as minhas leis no seu entendimento, E em seu coração as escreverei; E eu lhes serei por Deus, E eles me serão por povo”.[40]

Um significado literal para o versículo 16 pode ser que Isaías levou o pergaminho onde escreveu estas profecias, enrolou-o e amarrou-o com uma corda de couro, e depois selou-o com um selo de argila, como símbolo de que as profecias estavam cumpridas. Isaías, então, deu as profecias para seus discípulos para futuras referências. Quando suas profecias viessem a se cumprir no futuro, isto seria um testemunho de que ele era um verdadeiro profeta.[41]

No versículo 17 Isaías testifica que ele aceitou a incumbência dada pelo Senhor no versículo 16: “E esperarei ao Senhor, que esconde o seu rosto da casa de Jacó, e a ele aguardarei”. O Senhor esconde seu rosto da casa de Jacó por causa das iniquidades.

Além disso, no versículo 18, o profeta oferece a si mesmo e seus filhos como instrumentos ao Senhor: “Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor, por sinais e por maravilhas em Israel, da parte do Senhor dos Exércitos, que habita no monte de Sião”. Um exemplo disto são os nomes que Isaías deu a seus filhos: Maer-Salal-Has-Baz, que significa “apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa”[42] e Sear-Jasube, que significa “um resto voltará”.[43] O nome Isaías significa “Jeová salva”.[44] O “Senhor dos Exércitos, que habita no monte de Sião” denota que seria Jeová quem viria habitar na Terra nos últimos dias. “Monte de Sião” é usado aqui com duplo sentido—um lugar de coligação espiritual nos últimos dias, bem como um sinônimo para Jerusalém, especialmente o templo em Jerusalém.[45]

Nos versículos 19 e 20 o Senhor adverte contra a feitiçaria. O versículo 19 declara: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?” O Livro de Mórmon apresenta: “para que os vivos ouçam os mortos?”[46] Esta pergunta retórica revela a tolice que é confiar em adivinhos. “Chilreiam” significa fazer sons repetidos sem sentido.

O versículo 20 afirma: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles”. Aqui, “a lei e ao testemunho” referem-se às escrituras escritas e aos convênios contidos nelas, para onde o povo deve retornar.

Nos versículos 21 e 22 Isaías descreve o que sobrecairia aos que não tivessem nenhuma luz dentro de si. O versículo 21 começa: “E passarão pela terra duramente oprimidos e famintos; e será que, tendo fome, e enfurecendo-se, então amaldiçoarão ao seu rei e ao seu Deus, olhando para cima”. A palavra “oprimido” significa “que sofre opressão” ou “reprimido”.[47] “Oprimido” implica ser desabrigado.

Os versículos 14 até 21 contêm um quiasma:

A: (14) Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo, às duas casas de Israel; por armadilha e laço aos moradores de Jerusalém. (15) E muitos entre eles tropeçarão, e cairão, e serão quebrantados, e enlaçados, e presos.
B: (16) Liga o testemunho,
C: sela a lei entre os meus discípulos.
D: (17) E esperarei ao Senhor, que esconde o seu rosto da casa de Jacó, e a ele aguardarei.
E: (18) Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor, por sinais e por maravilhas em Israel, da parte do Senhor dos Exércitos, que habita no monte de Sião.
E: (19) Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram:
D: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?
C: (20) À lei
B: e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles.
A: (21) E passarão pela terra duramente oprimidos e famintos; e será que, tendo fome, e enfurecendo-se, então amaldiçoarão ao seu rei e ao seu Deus, olhando para cima.

“Pedra de tropeço e de rocha de escândalo” é igual a “amaldiçoarão ao seu rei e ao seu Deus”, descrevendo como os ímpios tropeçarão. “Testemunho” e “lei” refletem-se em “lei” e “testemunho” em ordem inversa; e “esperarei ao Senhor” contrasta-se com “não consultará um povo a seu Deus?” “Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor, por sinais e por maravilhas” é o oposto de “Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram”. A tolice de procurar adivinhos que chilreiam é contrastado com o ato de receber orientação e inspiração do Senhor.

O versículo 22 conclui: “E, olhando para a terra, eis que haverá angústia e escuridão, e sombras de ansiedade, e serão empurrados para as trevas”. Esta descrição do estado dos iníquos é semelhante às descrições usadas em outros lugares por Isaías para descrever as terras onde os eleitos deverão juntar-se nos últimos dias: “E bramarão contra eles naquele dia, como o bramido do mar; então olharão para a terra, e eis que só verão trevas e ânsia, e a luz se escurecerá nos céus”.[48]  Trevas e ânsia, e escuridão espiritual—condições predominantes dos iníquos—caracterizam as terras onde Israel será coligada nos últimos dias.

NOTAS

[1]. Ver Isaías 8:18.
[2]. Deuteronômio 19:15.
[3]. Brown et al., 1996, Número de Strong 4122, p. 555; ver Isaías 10:6.
[4]. Versículos 1 até 3 contêm um quiasma: Disse-me/o SENHOR/toma/Urias//Zacarias/E fui/o Senhor/me disse.
[5]. Ver Isaías 8:18.
[6]. 2 Néfi 18:4.
[7]. Ver 2 Reis 17:6-8; Isaías 7:8; 17:2; 42:24; 43:6; 49:12; 54:7.
[8]. Versículos 3 e 4 contêm um quiasma: E fui ter com a profetisa/filho/nome//Maer-Salal-Has-Baz/menino/ pai…mãe.
[9]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7975, p. 1019.
[10]. Neemías 3:15; ver a tradução da Biblia Reina-Valera (SUD, 2009) em espanhol, a tradução King James (SUD, 1979) em Inglês, e outras. Na versão de João Ferreira de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, o nome do manancial foi traduzido como Hasselá.
11]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet: [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta] Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 148.
[12]. Compare João 4:10-14.
[13]. Mateus 11:30.
[14]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7886, p. 1010.
[15]. Gênesis 49:10; Ver Dicionário Bíblico—Shiloh.
[16]. Gênesis 49:10.
[17]. Seleções da Tradução de Joseph Smith da Bíblia (em Inglês), TJS, Gênesis 50:24; Ver também Joseph Smith’s “New Translation” of the Bible [“Nova Tradução” da Bíblia por Joseph Smith]: Herald Publishing House, Independence, Missouri, 1970, p.114-116.
[18]. Ver Josué 18:1; 1 Samuel 3:21.
[19]. Ver Josué 18:1.
[20]. Ver 1 Samuel 4:4.
[21]. Ver Isaías 10:18; 16:14; 17:3-4; 20:5; 21:16-17; 22:18; 66:12.
[22]. Isaías 17:12-13; 28:2, 17; 43:2.
[23]. Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University, [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young]:  Provo, Utah, 2001, pages 60 e 270.
[24]. Ver Mateus 1:23.
[25]. Ver Isaías 7:14.
[26]. Ver Isaías 42:1-7 e comentário pertinente.
[27]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías] Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 86.
[28]. Ver Isaías 3:12; 26:7-8; 28:7; 40:3 e comentário pertinente.
[29]. 1 Pedro 3:14-15.
[30]. 2 Reis 16:7-9.
[31]. Ver D&C 59:23.
[32]. Romanos 9:33; Ver também 1 Pedro 2:8.
[33]. 2 Néfi 18:16.
[34]. Parry,  Harmonizing Isaiah [Harmonizando Isaías]: 2001, p. 62.
[35]. Brown et al., 1996, Número de Strong 8451, p. 435.
[36]. Doutrina e Convênios 88:84.
[37]. D&C 109:46.
[38]. Ver Mateus 7:12; 22:40; Lucas 16:16; 24:44; João 1:45; Atos 13:15; 24:14; 28:23; Romanos 3:21.
[39]. D&C 109:46.
[40]. Hebreus 8:10. Ver também Isaías 51:7, Jeremias 31:33, e Provérbios 3:3.
[41]. David Rolph Seely, “Isaiah Chapter Review [Revisão do Cap]: 2 Néfi 18/Isaías 8”, Book of Mormon Reference Companion [Companheiro Referencial para o Livro de Mórmon]: Dennis L. Largey, ed., Deseret Book Company, Salt Lake City, UT, 2003, p. 373.
[42]. Brown et al., 1996, Número de Strong 4122, p. 555.
[43]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7610, p. 984.
[44]. Brown et al., 1996, Número de Strong 3470, p. 447.
[45]. Ver Isaías 1:27; 3:16; 4:3-4; 10:12, 24; 12:6; 51:3.
[46]. 2 Néfi 18:19.
[47]. Oprimido em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
Disponível na www: http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/oprimido.
[48]. Isaías 5:30.