CAPÍTULO 33: “Cujas Estacas [de Sião] Nunca Serão Arrancadas”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

__________________________________________________________________________________________

Este capítulo fala sobre a apostasia, violência e traição que precederão a Segunda Vinda. Os justos em Sião orarão pela proteção do Senhor durante esta época. Quando o Senhor vier em Sua glória, os ímpios serão destruídos com fogo consumidor. Apesar das tribulações, Sião e suas estacas nunca serão removidas e o Senhor reinará como Legislador, Juiz, e Rei.

Para entender este capítulo é fundamental que se observe cuidadosamente quem está falando e de quem Isaías está falando, pois muda muitas vezes, o que pode deixar o leitor confuso. O uso de diversos sujeitos e formas verbais fornece uma dica para notarmos estas mudanças.

O versículo 1 consiste de um oráculo de pesar contra aqueles que despojam, ou roubam através de violência e traição: “Ai de ti, despojador, que não foste despojado, e que procedes perfidamente contra os que não procederam perfidamente contra ti! Acabando tu de despojar, serás despojado; e, acabando tu de tratar perfidamente, perfidamente te tratarão”.[1] O oráculo de pesar descreve predadores que roubam os inocentes e os indefesos. Muitos estudiosos acreditam que este predador é Senaqueribe, rei da Assíria, que invadiria e saquearia Jerusalém em 701 a.C.[2] Para os últimos dias, este versículo descreve um estado de anarquia violenta e terror, onde saqueadores vagueiam por todo lado, buscando vítimas para poderem ferir, saquear e roubar. Doutrina e Convênios descreve as mesmas ou semelhantes condições: “E acontecerá entre os iníquos que todo homem que não tomar sua espada contra seu próximo terá que fugir para Sião, por segurança”.[3]

No versículo 2, os justos oram fervorosamente pedindo proteção: “Senhor, tem misericórdia de nós, por ti temos esperado; sê tu o nosso braço cada manhã, como também a nossa salvação no tempo da tribulação”. A Tradução de Joseph Smith apresenta “sua salvação no tempo da tribulação”.[4] “Sê tu o nosso braço” é o apelo de Isaías ao Senhor, que quer dizer “defenda-nos dos que nos querem ferir”.

Os versículos 3 e 4 descrevem a vinda do Senhor. O versículo 3 começa: “Ao ruído do tumulto fugirão os povos; à tua exaltação as nações serão dispersas”. “À tua exaltação” significa “em Teu raiar ou ascensão”, como o raiar do sol—para ser visto pelo mundo inteiro, pronto para a batalha. Observe o uso da segunda pessoa do singular “tua”; aqui Isaías está dirigindo-se ao Senhor.

No versículo 4 a narração de Isaías muda, dirigindo-se às nações que serão dispersas na vinda do Senhor: “Então ajuntar-se-á o vosso despojo como se ajunta a lagarta; como os gafanhotos saltam, assim ele saltará sobre eles”. Estes símiles usados por Isaías, de insetos devorando seus alimentos, ajudam aos leitores a imaginarem os saqueadores destruindo as nações.

O versículo 5 descreve o estado bendito dos habitantes de Sião durante este tempo de grande destruição. A declaração de Isaías aqui é dirigida ao leitor: “O Senhor está exaltado, pois habita nas alturas; encheu a Sião de juízo e justiça”.[5] “Justiça” significa “equidade”.[6] A palavra hebraica traduzida como “retidão” significa “eticamente correto”.[7]

“Sião” neste versículo significa tanto um lugar de coligação espiritual nos últimos dias quanto Jerusalém, especialmente a Jerusalém dos últimos dias sob circunstâncias justas.[8] “Sião” é usado em outros dois lugares neste capítulo com os mesmos significados. A definição de “Sião” dada em Doutrina e Convênios é o puro de coração, que significa que Sião é onde os justos habitam—não necessariamente um lugar específico.[9]

Em Doutrina e Convênios, a frase que segue a definição de Sião talvez refira-se a acontecimentos descritos por Isaías no capítulo 33: “Portanto, que Sião se regozije enquanto se lamentam todos os iníquos”.[10]

O Senhor revela os Seus desígnios ao nomear os lugares de coligação:

“E eis que não há outro lugar designado além daquele que designei; nem haverá outro lugar designado além daquele que designei para a reunião de meus santos
“Até chegar o dia em que não haja mais lugar para eles; e então lhes designarei outros lugares que tenho e serão chamados estacas, para as cortinas ou a força de Sião” (ênfases adicionadas).[11]

No versículo 6, Isaías muda para a segunda pessoa do singular para falar com Sião: “E haverá estabilidade nos teus tempos, abundância de salvação, sabedoria e conhecimento; e o temor do Senhor será o seu tesouro”. O maior tesouro do Senhor é a retidão de Seu povo. Os justos de Israel nos últimos dias serão poupados das tribulações, invasões e pilhagem por causa de sua sabedoria, conhecimento e temor ao Senhor.

No versículo 7 Isaías continua falando à Sião, descrevendo agora a angústia daqueles que não foram permitidos entrar: “Eis que os seus embaixadores estão clamando de fora; e os mensageiros de paz estão chorando amargamente”. Um significado alternativo no hebraico original, traduzido na versão de João Ferreira de Almeida como “os seus embaixadores”, é Ariel, que significa “a lareira de Deus” ou “o leão de Deus”,[12] usado anteriormente no capítulo 29.[13] Ariel refere-se ao povo do convênio—especialmente ao povo dos últimos dias, que teria os convênios e as bênçãos do templo. Ariel não sendo permitida a desfrutar da proteção temporal de Sião quer dizer um grupo—à parte de Sião e suas Estacas—que não está vivendo os convênios que lhe traria proteção e bênçãos de Sião. Este grupo representa a Israel apóstata; mas pode ser que se refira a outros grupos.

No versículo 8 Isaías continua dirigindo seus comentários à Sião. Ele descreve a destruição que precederá a Segunda Vinda, em seguida dá a razão pela qual Ariel foi excluída da proteção de Sião: “As estradas estão desoladas, cessou o que passava pela vereda”. Violência, anarquia e possivelmente desastres naturais destruiriam as estradas a tal ponto que nenhum viajante podería prosseguir. “Ele rompeu a aliança, desprezou as cidades, e já não faz caso dos homens”.

Os versículos 7 e 8 contêm um quiasma:

A: (7) Eis que os seus embaixadores estão clamando de fora;
B: e os mensageiros de paz estão chorando amargamente.
C: (8) As estradas estão desoladas, cessou o que passava pela vereda,
C: ele rompeu a aliança,
B: desprezou as cidades,
A: enão se faz caso dos homens.

O lado ascendente do quiasma descreve o remorso e desapontamento de Ariel, o povo do convênio da antiguidade, ao encontrar-se indigno da proteção do Senhor nos últimos dias. No lado descendente, descreve o porquê a proteção foi negada. Não foi permitido a Ariel entrar na cidade de Sião, portanto não terá sua proteção.

O versículo 9 descreve o efeito de haver quebrado os convênios: “A terra geme e pranteia, o Líbano se envergonha e se murcha; Sarom se tornou como um deserto; e Basã e Carmelo foram sacudidos”. O sacudir de Basã e Carmelo pode ser resultado de terremotos; ou que esses lugares tenham sido despojados. Também pode representar frutos caindo da vinha antes de estarem maduros.[14] “Líbano” refere-se aos “orgulhosos líderes e nobres”, como foi descrito anteriormente por Isaías no capítulo 2.[15]

Os versículos 10 até 12 descrevem a vinda do Senhor. O versículo 10 começa: “Agora, pois, me levantarei, diz o Senhor; agora me erguerei. Agora serei exaltado”. Ser “exaltado” ou ser “levantado” significa que o Senhor Jeová seria reconhecido pelo mundo.

No versículo 11, o Senhor fala aos injustos: “Concebestes palha, dareis à luz restolho; e o vosso espírito vos devorará como o fogo”. “Palha” e “restolho” enfatizam que os frutos temporais das obras diárias dos iníquos não seriam duradouras e seriam queimadas como um campo de grão depois da colheita. Os esforços mais importantes de suas vidas serão de pouca importância; os assuntos espirituais importantes foram deixados de lado, quando deveriam ter prestado mais atenção neles.

O versículo 12 descreve a queima: “E os povos serão como as queimas de cal; como espinhos cortados arderão no fogo”.[16] “As queimas de cal” trazem em mente cenas horríveis de corpos sendo consumidos pelo fogo, deixando as cinzas dos ossos como um acúmulo de cal.[17] Quiasmaticamente, a causa para serem queimados no fogo é porque o povo concebeu palha.

Tal como indicado no versículo 13, a grandeza, o poder e a majestade do Senhor serão reconhecidos no mundo todo: “Ouvi, vós os que estais longe, o que tenho feito; e vós que estais vizinhos, conhecei o meu poder”. O Senhor falará com os povos que estão perto e com os que estão distantes.

O versículo 14 fala dos indignos que estão entre o povo do convênio em Sião: “Os pecadores de Sião se assombraram, o tremor surpreendeu os hipócritas. Quem dentre nós habitará com o fogo consumidor? Quem dentre nós habitará com as labaredas eternas?” Apesar de terem tido muitas oportunidades, eles não se prepararam para o dia quando o Senhor viria. Por estarem vivendo com pecados escondidos, eles perguntam temerosamente: “Quem dentre nós habitará com o fogo consumidor? Quem dentre nós habitará com as labaredas eternas?”[18]

Dois tipos de fogo foram descritos aqui: “Fogo consumidor” é aquele que destruirá os iníquos, enquanto que “labaredas eternas” significa a glória eterna característica da presença de Deus. O Profeta Joseph Smith descreveu esta glória:

“Vi a incomparável beleza da porta por onde entrarão os herdeiros desse reino, que se assemelhava a chamas de fogo circulantes;
“Também o refulgente trono de Deus, no qual estavam sentados o Pai e o Filho”.[19]

A retidão pessoal é um requerimento para sobreviver a queimação destruidora na vinda do Senhor e é essencial para suportar a glória de Sua presença.[20] Quando não existir a retidão pessoal entre eles, os injustos e hipócritas olharão com grande temor para a glória resplandecente do Senhor. “Sião”, como foi usada aqui, significa tanto um lugar de coligação espiritual nos últimos dias quanto a Jerusalém justa dos últimos dias. Outros significados também podem ser aplicados.[21]

Bruce R. McConkie explicou:

“… Quem na Igreja alcançará uma herança no reino celestial? Quem irá habitar onde Deus e Cristo e os seres santos estão? —Aqueles que sobrepujarem o mundo, fizerem obras justas, e perseverarem em fé e devoção até o fim, ouvirão a prometida bênção: ‘Vinde, e possuí por herança o reino de meu Pai’”.[22]

No versículo 15, o profeta responde às perguntas retóricas feitas pelos indignos hipócritas do versículo 14: “O que anda em justiça, e o que fala com retidão; o que rejeita o ganho da opressão, o que sacode das suas mãos todo o presente; o que tapa os seus ouvidos para não ouvir falar de derramamento de sangue e fecha os seus olhos para não ver o mal”.[23] “Ouvir falar do derramamento de sangue” significa “não ouvir falar de violências”.[24] Estas qualidades dos justos lhes permitirão aguardar a vinda do Senhor e a herdar a vida eterna no reino celestial.

Que pecados os hipócritas do versículo 14 cometeram? A resposta está no versículo 15: Eles andam injustamente; e falam enganosamente—o que quer dizer que eles mentem, não são honestos; eles se aproveitam com a opressão de outros—isto é, cometeram extorsão; aceitaram subornos; eles “ouviram”, ou aprovaram a violência ou o derramamento de sangue; e aprovaram coisas perversas. Em nossos dias, fechar os olhos para as coisas más incluem evitar mídia cujos propósitos são de promulgar o mal, como a pornografia ou programas ofensivos na televisão ou nos filmes.

O salmista falou sobre este princípio: “Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente”.[25]

No versículo 16 fala sobre as bênçãos a serem obtidas por aquele “que anda em justiça”, evitando as armadilhas descritas no versículo 15: “Este habitará nas alturas; as fortalezas das rochas serão o seu alto refúgio, o seu pão lhe será dado, as suas águas serão certas”. As “Fortalezas das rochas” proporcionarão uma segurança temporal maior. O Senhor defenderá Seus seguidores justos; Ele proverá para eles o pão e água—sustento temporal como também espiritual[26]—durante este tempo de destruição e tumulto.

Maiores bênçãos para os justos são mencionadas por Isaías na segunda pessoa do singular, e são descritas nos versículos 17 até 20. O versículo 17 declara: “Os teus olhos verão o rei na sua formosura, e verão a terra que está longe”. A primeira frase reflete o significado da frase bem conhecida das Bem-aventuranças: “Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus”.[27] “Formosura” significa a glória resplendente do Senhor mencionada no versículo 14. Na segunda frase deste versículo, Isaías descreve o que mais os olhos dos justos verão: “Verão a terra que está longe”, que significa o reino celestial de Deus.

O versículo 17 contém um quiasma reconhecido no hebraico original, reconstruído aqui para corresponder com a construção hebraica:[28]

A: (17) O rei na sua formosura,
B: Os teus olhos
B: verão
A: e verão a terra que está longe.

“O rei na sua formosura” é complementado por “e verão a terra que está longe”, indicando que a terra mencionada é a morada do rei, ou do Messias. O enfoque do quiasma é “Os teus olhos verão” e “verão”.

Os versículos 18 e 19 descrevem a proteção contra os invasores a ser desfrutada pelos justos. O versículo 18 declara: “O teu coração considerará o assombro dizendo: Onde está o escrivão? Onde está o que pesou o tributo? Onde está o que conta as torres?” O escrivão, o que pesou o tributo e o que conta as torres são os que gerenciam os despojos das guerras; os justos não precisam se preocupar com eles ou com suas delegações.

O Apóstolo Paulo parafraseou o versículo 18 no Novo Testamento: “Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?”[29]

O versículo 19 continua: “Não verás mais aquele povo atrevido, povo de fala obscura, que não se pode compreender e de língua tão estranha que não se pode entender”. Os justos não verão os temerosos exércitos invasores que falam uma língua incompreensível. “Fala obscura” refere-se aos efeitos no ouvido de uma língua incompreensível falada rapidamente. Este versículo ajuda a esclarecer o significado de uma passagem anterior no capítulo 28: “Assim por lábios gaguejantes, e por outra língua, falará [o Senhor] a este povo”.[30] Neste outro versículo Isaías descreve missionários ou mensageiros, enviados pelo Senhor, tentando aprender outra língua; porém neste versículo que estamos analisando agora, o povo de fala obscura são os exércitos invasores—enviados para destruirem aqueles que não derem ouvidos à mensagem dos primeiros que falaram com lábios gaguejantes.

No versículo 20 Isaías continua seu discurso aos justos, admoestando-os: “Olha para Sião, a cidade das nossas solenidades; os teus olhos verão a Jerusalém, habitação quieta, tenda que não será removida, cujas estacas nunca serão arrancadas e das suas cordas nenhuma se quebrará”.[31] “Sião” e “Jerusalém”, aqui, são sinônimos, referindo-se ao povo justo do Senhor.[32] A analogia da Sião dos últimos dias e suas estacas com a tenda da Israel antiga, suportadas por cordas e estacas, é melhor explicada no capítulo 54 por Isaías:

“Amplia o lugar da tua tenda, e estendam-se as cortinas das tuas habitações; não o impeças; alonga as tuas cordas, e fixa bem as tuas estacas.
“Porque transbordarás para a direita e para a esquerda; e a tua descendência possuirá os gentios e fará que sejam habitadas as cidades assoladas”.[33]

A declaração de Isaías no versículo 20 é citada pelo Senhor ressuscitado aos nefitas[34] e mencionada em vários lugares em Doutrina e Convênios.[35] A promessa do Senhor que as “estacas nunca serão arrancadas, e das suas cordas nenhuma se quebrará” é um grande conforto e consolo para os Santos dos Últimos Dias. A profecia de Isaías descrevendo a destruição dos iníquos—deixando as cidades gentias desabitadas—serve como advertência para todos os que derem ouvidos.

Uma estaca é uma organização eclesiástica constituída de várias alas, ou congregações, e é presidida por um presidente de estaca, o qual dirige as obras da Igreja nas alas e fornece orientação, direção e liderança aos bispos que presidem nas alas. O presidente da estaca, por sua vez, recebe direção das autoridades gerais e de área que reportam ao presidente da Igreja. Inerente à organização da estaca é a disponibilidade dos programas da Igreja, incluindo as ordenanças do sacerdócio, necessárias para os membros da estaca obterem a exaltação eterna. “Solenidades”, usada na primeira linha do versículo 20, vem do Latim sollemnis que significa “aquilo que acontece a cada ano”,[36] isto é, celebrações e cerimônias religiosas.

Os versículos 17 até 20 contêm um quiasma:

A: (17) Os teus olhos verão o rei na sua formosura, e verão a terra que está longe.
B: (18) O teu coração considerará o assombro dizendo:
C: Onde está o escrivão?
D: onde está o que pesou o tributo?
E: onde está o que conta as torres?
E: (19) Não verás mais
D: aquele povo atrevido,
C: povo de fala obscura, que não se pode compreender
B: e de língua tão estranha que não se pode entender.
A: (20) Olha para Sião, a cidade das nossas solenidades; os teus olhos verão a Jerusalém, habitação quieta ….

“Os teus olhos verão o rei na sua formosura” corresponde “Olha para Sião, a cidade das nossas solenidades”, mostrando que Sião deverá ser o lugar onde o Senhor habitará e quem reinará sobre a Terra. O lado ascendente deste quiasma apresenta perguntas retóricas que preveem a proteção contra os invasores proporcionada aos justos de Sião e Jerusalém; as declarações no lado descendente descrevem os invasores que assolariam os ímpios durante as destruições precedentes a Segunda Vinda, mas das quais Sião e Jerusalém seriam poupadas. Os justos em Sião e Jerusalém não serão invadidos pelos exércitos que falam em língua estranha.

O versículo 21 continua a descrição de Isaías da Sião dos últimos dias, que virá a ser o lugar onde o Senhor habitará durante Seu glorioso reinado sobre a Terra: “Mas ali o glorioso Senhor será para nós um lugar de rios e correntes largas; barco nenhum de remo passará por ele, nem navio grande navegará por ele”. Sião será um lugar de refúgio, protegida pelo Senhor contra os invasores. Esta descrição de Sião como um lugar de “rios e correntes largas” caracteriza o local designado pelo Senhor, através do Profeta Joseph Smith, como a Nova Jerusalém nos Estados Unidos da América—no condado de Jackson, Missouri.[37]

O versículo 22 descreve a razão para a grande paz e proteção desfrutada por Sião: “Porque o Senhor é o nosso Juiz; o Senhor é o nosso legislador; o Senhor é o nosso rei, ele nos salvará”. A salvação, neste caso, significa proteção temporal contra inimigos terrenos, bem como exaltação eterna na presença de Deus. A Expiação, que fornece o caminho para sermos purificados de nossos pecados e abre o caminho para obtermos exaltação eterna, é provida pelo Senhor Jesus Cristo.

Os versículos 21 e 22 contêm um quiasma:

A: (21) Mas ali o glorioso Senhor será para nós
B: um lugar de rios
C: e correntes largas;
C: barco nenhum de remo passará por ele,
B: nem navio grande navegará por ele.
A: (22) Porque o Senhor é o nosso juiz; o Senhor é nosso legislador; o Senhor é o nosso rei; ele nos salvará.

“Um lugar de rios” compara-se com “navio grande”; o termo “correntes largas” compara-se com “barco … de remo”. Note que os objetos maiores, “rios” e “navio grande”, e os elementos menores, “correntes” e “barco de remo”, são quiasmaticamente paralelos.

O versículo 23 volta ao tema apresentado no versículo 21, no qual nenhum navio chegaria perto de Sião. Primeiro Isaías refere-se ao navio na segunda pessoa do singular, descrevendo sua inabilidade de navegar: “As tuas cordas se afrouxaram”; depois, Isaías muda sua atenção para os homens conduzindo o navio: “não puderam ter firme o seu mastro, e nem desfraldar a vela”. Devido a inabilidade de navegar, o navio está vulnerável aos ataques, mesmo pelos fracos: “então a presa de abundantes despojos se repartirá; e até os coxos dividirão a presa”. Os despojos serão divididos entre os conquistadores, que incluem, até mesmo, os deficientes físicos. Este navio é um símbolo para qualquer pessoa que procura invadir ou conquistar Sião. No capítulo 54 o Senhor promete a Seus seguidores justos: “Toda a ferramenta preparada contra ti não prosperará, e toda a língua que se levantar contra ti em juízo tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor, e a sua justiça que de mim procede, diz o Senhor”.[38]

O versículo 24 descreve a força espiritual dos habitantes de Sião: “E morador nenhum dirá: Enfermo estou; porque o povo que habitar nela será absolvido da iniquidade”. O Senhor, através da Expiação, proveu o caminho para cada pessoa ser purificada de seus pecados, ou enfermidades espirituais; a fim de qualificar para esta bênção de habitar em Sião, cada pessoa deve se arrepender de seus pecados e ser perdoada, de acordo com as leis do Senhor.

NOTAS

[1]. O versículo 1 contém um quiasma: Ai de ti, despojador, que não foste despojado/procedes perfidamente/os que não procederam perfidamente contra ti!//acabando tu de tratar perfidamente/perfidamente te tratarão.
[2]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 294.
[3]. Doutrina e Convênios 45:68.
[4]. Joseph Smith’s “New Translation” of the Bible [“Nova Tradução” da Bíbliapor Joseph Smith]: Herald Publishing House, Independence, Missouri, 1970, p. 205.
[5]. Versículos 2 até 5 contêm um quiasma: Tem misericórdia de nós/fugirão os povos; à tua exaltação/O Senhor//pois habita nas alturas/encheu a Sião de juízo/justiça.
[6]. Ver Isaías 1:21; 30:18; 32:1; 41:1; 49:4; 53:8.
[7]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996; Número de Strong 6666, p. 842.
[8]. Ver Isaías 3:16; 33:14, 20; 34:8; 37:32; 40:9; 41:27; 51:3.
[9]. D&C 97:21.
[10]. D&C 97:21.
[11]. D&C 101:20-21.
[12]. Brown et al., 1996, Número de Strong 691, p. 72.
[13]. Ver Isaías 29:1-2, 7 e comentário pertinente.
[14]. Ver Malaquias 3:11.
[15]. Ver Isaías 2:13 e comentário pertinente; Ver também Isaías 10:34 e 14:8.
[16]. Versículos 11 e 12 contêm um quiasma: Palha/restolho/vosso espírito//fogo/queimas/arderão no fogo.
[17]. Ver Isaías 1:7, 28; 30:27, 30, 33; 33:11-12 e comentário pertinente.
[18]. O versículo 14 contém um quiasma: Pecadores de Sião/se assombraram//tremor/hipócritas.
[19]. D&C 137:2-3.
[20]. D&C 130:7.
[21]. Ver Isaías 3:16; 33:5, 20; 34:8; 37:32; 40:9; 41:27; 51:3.
[22]. Bruce R. McConkie, “Think on These Things” [Pensem Sobre Estas Coisas], Ensign, Jan. 1974, p. 45.
[23]. O versículo 15 contém um quiasma: Anda em justiça/fala com retidão/rejeita o ganho da opressão//sacode das suas mãos todo o presente/tapa os seus ouvidos para não ouvir/fecha os seus olhos para não ver o mal.
[24]. Brown et al., 1996, Número de Strong 1818, p. 196.
[25]. Salmo 24:3-4.
[26]. Ver Isaías 12:3; 35:6-7; 55:11; 58:11 e comentário pertinente.
[27]. Mateus 5:8.
[28]. Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 261.
[29]. 1 Coríntios 1:20.
[30]. Isaías 28:11.
[31]. O versículo 20 contém um quiasma: Não será removida/estacas//cordas/nenhuma se quebrará.
[32]. Ver Isaías 3:16; 33:5, 14; 34:8; 37:32; 40:9; 41:27; 51:3.
[33]. Isaías 54:2-3.
[34]. 3 Néfi 22:2-3.
[35]. D&C 68:25-26; 82:14; 101:21; 107:36-37; 115:6, 18; 133:9.
[36]. Ernest Klein, A Comprehensive Etymological Dictionary of the English Language [Um Dicionário Etimológico Completo do Inglês]: Elsevier Publishing Company, New York, 1971, p. 696.
[37]. D&C 57:1-2.
[38]. Isaías 54:17.

Deixe um comentário