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CAPÍTULO 24: “Porquanto Têm Transgredido as Leis, Mudado os Estatutos, e Quebrado a Aliança Eterna”

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O capítulo 24 descreve a destruição dos iníquos nos últimos dias antes da Segunda Vinda do Senhor. Este capítulo serve como uma introdução para os quatro capítulos consecutivos—24 até 27—que falam sobre a destruição dos iníquos, a Segunda Vinda do Senhor, e o começo de Seu reinado glorioso. Primeiro, Isaías declara que os homens transgrediram as leis, mudaram as ordenanças e quebraram o convênio eterno; devido a iniquidade prevalente, a Terra seria profanada por seus habitantes. Os remanescentes justos, entretanto, regozijariam. Na Segunda Vinda os ímpios serão queimados, a Terra balancearia como um embriagado, e a lua e o sol não dariam suas luzes. Depois destes eventos, o Senhor reinará gloriosamente em Sião e Jerusalém.

O versículo 1 começa a descrever a devastação: “Eis que o SENHOR esvazia a terra, e a desola, e transtorna a sua superfície, e dispersa os seus moradores”. O significado desta passagem é que a Terra ficaria devastada e desolada,[1] e a face da Terra seria transformada. Esta descrição refere-se aos desastres naturais de extrema magnitude.

Outros julgamentos estão preditos em Doutrina e Convênios:

“E haverá homens nessa geração que não passarão até que vejam uma praga terrível; pois uma doença desoladora cobrirá a terra.
“Mas os meus discípulos permanecerão em lugares santos e não serão movidos; mas, entre os iníquos, homens levantarão a voz e amaldiçoarão a Deus e morrerão.”[2]

O Senhor provê um meio de escape para Seus seguidores fiéis—permanecerão em lugares santos.

Em outras partes de Doutrina e Convênios o Senhor descreve o flagelo:

“Porque haverá um flagelo assolador entre os habitantes da Terra e continuará a derramar-se de tempos em tempos, se eles não se arrependerem, até que a Terra fique vazia e seus habitantes sejam consumidos e totalmente destruídos pelo resplendor da minha vinda.”[3]

O Senhor indica que Ele usa símbolos em Suas advertências a Seu povo, concernente ao futuro, assim como fez ao revelar Suas palavras a Isaías: “Eis que te digo estas coisas, assim como também falei ao povo acerca da destruição de Jerusalém; e minha palavra será confirmada agora, como tem sido confirmada até aqui”.[4] As mesmas palavras são usadas pelo Senhor em épocas diferentes—uma vez referindo-se à destruição de Jerusalém e a outra vez referindo-se à destruição dos iníquos antes da Sua Segunda Vinda.

O versículo 2 descreve a extensão da destruição entre o povo: “E o que suceder ao povo, assim sucederá ao sacerdote; ao servo, como ao seu senhor; à serva, como à sua senhora; ao comprador, como ao vendedor; ao que empresta, como ao que toma emprestado; ao que dá usura, como ao que paga usura”. As posições sociais mencionadas são honoráveis; o propósito de Isaías é o de incluir nesta comparação todos os níveis sociais.

O versículo 3 explica mais: “De todo se esvaziará a terra, e de todo será saqueada, porque o Senhor pronunciou esta palavra”.[5] “Saqueada” significa “roubada” ou “pilhada”.[6]

O versículo 4 declara: “A terra pranteia e se murcha; o mundo enfraquece e se murcha; enfraquecem os mais altos do povo da terra”. A Terra, agindo como um ser vivo, lamenta quando a iniquidade prevalece.[7]  Os verbos “Se murcha” e “enfraquece” significam tornar-se “débil” ou “fraco”.[8] Isto pode ser equivalente à praga terrível ou doença desoladora, mencionadas acima.

O versículo 5 descreve a corrupção da Terra: “Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, e quebrado a aliança eterna”. Além da quebra dos convênios, este versículo descreve corrupção de leis religiosas e possivelmente civis. O Senhor reflete este versículo em Doutrina e Convênios: “Pois desviaram-se de minhas ordenanças e quebraram meu convênio eterno”.[9]

O Presidente Spencer W. Kimball declarou:

“Certamente, alguma culpa [de espalhar o pecado e a maldade] pode ser atribuída às vozes vinda das salas de aulas, departamentos editoriais, ou redes de transmissão, até mesmo do púlpito.
“Essas vozes terão que responder pela perpetuação de mentiras e por sua incapacidade de oferecer uma verdadeira liderança para combater o mal. [O] que suceder ao povo, sucederá ao sacerdote…”.[10] O termo sacerdote é usado aqui para denotar todos os líderes religiosos de qualquer religião. Isaías disse: “a terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, e quebrado a aliança eterna”. Dentre as vozes discordantes, ficamos chocados com os conselhos de muitos sacerdotes, ou líderes religiosos, que encorajam a profanação dos homens e aceitam as tendências corrosivas que negam a omnisciência de Deus. Certamente, esses homens deveriam ser inabaláveis, porém alguns estão cedendo aos clamores populares.”[11]

Os versículos 4 e 5 contêm um quiasma:

A: (4) A terra pranteia e se murcha;
B: o mundo
C: enfraquece e se murcha;
C: enfraquecem
B: os mais altos do povo da terra.
A: (5) Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores….

“O mundo” é complementado por “os mais altos do povo da terra”, provendo a definição para a palavra “mundo”. A Terra se comporta como um ser vivo, lamentando quando a maldade prevalece.

O versículo 6 descreve as consequências: “Por isso a maldição tem consumido a terra; e os que habitam nela são desolados; por isso são queimados os moradores da terra, e poucos homens restam”. Temos aqui duas frases paralelas, ou declarações sinônimas. As frases que vêm depois das duas ocorrências de “por isso” complementam-se: A maldição que tem consumido a terra se consistirá da queima dos moradores da terra;[12] e a desolação dos que restaram tem o mesmo significado de poucos homens restam depois da destruição.[13]

O Senhor, ao apresentar o livro de Doutrina e Convênios aos leitores dos últimos dias, disse: “Portanto eu, o Senhor, conhecendo as calamidades que adviriam aos habitantes da Terra…”.[14]

O versículo 7 declara: “Pranteia o mosto, enfraquece a vide; e suspiram todos os alegres de coração”. O significado desta passagem é que os novos vinhos—o produto da presente estação—resultariam em calamidades;[15] a videira ficaria “débil” ou “enfraquecida”, possivelmente até com doenças;[16] e a alegria cessaria sob o peso da maldição devoradora.

O versículo 8 elabora: “Cessa o folguedo dos tamboris, acaba o ruído dos que exultam, e cessa a alegria da harpa”.

O versículo 9 descreve uma significante mudança social: “Com canções não beberão vinho; a bebida forte será amarga para os que a beberem”. Os que beberem farão para esquecer—um temporário escape da angústia—ao invés de para celebrar.

O versículo 10 descreve a interrupção de atividades sociais normais: “Demolida está a cidade vazia, todas as casas fecharam, ninguém pode entrar”. “Demolida” significa que sua maldade e seu orgulho foram quebrados ou destruídos.[17] Terremotos, outros desastres naturais e guerra podem ter contribuído para esta destruição.

O versículo 11 sumariza os temas dos versículos 7, 8 e 9: “Há lastimoso clamor nas ruas por falta do vinho; toda a alegria se escureceu, desterrou-se o gozo da terra”.

Os versículos 8 até 11 contêm um quiasma:

A: (8) Cessa o folguedo dos tamboris,
B: acaba o ruído dos que exultam, e cessa a alegria da harpa.
C: (9) Com canções não beberão vinho; a bebida forte será amarga para os que a beberem.
D: (10) Demolida está a cidade vazia,
D: todas as casas fecharam, ninguém pode entrar.
C: (11) Há lastimoso clamor nas ruas por falta do vinho;
B: toda a alegria se escureceu,
A: desterrou-se o gozo da terra.

As frases “Com canções não beberão vinho; a bebida forte será amarga para os que a beberem” correspondem-se à frase “Há lastimoso clamor nas ruas por falta do vinho”. O uso do vinho para o consolo substitui seu uso para a celebração; as pessoas vagariam pelas ruas clamando por vinho para entorpecer seu sofrimento. As ruas das cidades, antes movimentadas, tornar-se-iam silenciosas; as manifestações de alegria cessariam, substituídas pelo lamento e choro.

O versículo 12 consiste de duas frases paralelas: “Na cidade só ficou a desolação, a porta ficou reduzida a ruínas”. Não somente a população reduziria, a infraestrutura seria destruída.

O versículo 13 compara os poucos sobreviventes às poucas azeitonas deixadas nas oliveiras depois da colheita, e logo às poucas uvas deixadas nas videiras: “Porque assim será no interior da terra, e no meio destes povos, como a sacudidura da oliveira, e como os rabiscos, quando está acabada a vindima”. Isaías usou esta alegoria antes, no capítulo 17, para descrever os que restariam depois da destruição das antigas cidades de Efraim e Damasco: “Porém ainda ficarão nele [nas videiras] alguns rabiscos, como no sacudir da oliveira: duas ou três azeitonas na mais alta ponta dos ramos, e quatro ou cinco nos seus ramos mais frutíferos…”.[18] Restariam poucos sobreviventes.

Nos versículos 14 até 16 Isaías começa a falar sobre os poucos sobreviventes dispersos. O versículo 14 declara: “Estes alçarão a sua voz, e cantarão com alegria; e por causa da glória do Senhor exultarão desde o mar”. “Desde o mar” significa que os sobreviventes seriam carregados para outras terras do outro lado do mar.

O versículo 15 continua: “Por isso glorificai ao Senhor no oriente, e nas ilhas do mar, ao nome do Senhor Deus de Israel.” “No Oriente” vem de uma palavra hebraica que significa “região de luz”,[19] ou um lugar onde habitam os justos. O termo “ilhas do mar” pode estar se referindo aos nefitas do continente americano, a quem Cristo visitou depois de Sua crucificação e ressurreição. Néfi cita seu irmão Jacó, falando que eles estavam “em uma ilha do mar”.[20]

O versículo 16 contrasta o canto dos sobreviventes com o profundo pesar de Isaías pelos iniquidades dos que foram destruídos: “Dos confins da terra ouvimos cantar: Glória ao justo. Mas eu disse: Emagreço, emagreço, ai de mim! Os pérfidos têm tratado perfidamente; sim, os pérfidos têm tratado perfidamente”. “Os pérfidos” significa “o que age de má fé” ou “enganosamente”[21] —cujas ações trariam a predita destruição.  “Emagreço” vem da palavra hebraica que significa “Eu definho!”[22] “Dos confins da terra” refere-se, novamente, aos ramos dispersos de Israel, que foram levados para partes remotas da Terra, onde a retidão prevaleceria, pelo menos por um tempo.

Os versículos 17 até 20 descrevem terremotos cataclísmicos e seus efeitos destrutivos. O versículo 17 descreve o terror dos injustos quando deparados com a morte: “O temor, e a cova, e o laço vêm sobre ti, ó morador da terra”. “Cova” significa “calamidade” ou “cilada”;[23] “laço” significa “armadilha” ou “engodo”,[24] ou tentação.

Os versículos 16 e 17 contêm um quiasma:

A: (16) Dos confins da terra ouvimos cantar: Glória ao Justo.
B: Mas eu digo: Emagreço, emagreço,
C: ai de mim!
D: Os pérfidos têm tratado perfidamente;
D: sim, os pérfidos têm tratado perfidamente.
C: (17) O temor,
B: e a cova, e o laço vêm sobre ti,
A: ó morador da terra.

O lamento de Isaías no lado ascendente do quiasma é complementado pelo terror dos habitantes da Terra no lado descendente. “Emagreço, emagreço” correlaciona-se com “a cova, e o laço vêm sobre ti”; a expressão “ai de mim!” corresponde-se com “o temor”.

O versículo 18 descreve a futilidade de tentar escapar: “E será que aquele que fugir da voz de temor cairá na cova, e o que subir da cova o laço o prenderá; porque as janelas do alto estão abertas, e os fundamentos da terra tremem”. A “voz do temor” possivelmente refere-se aos barulhos tumultuosos que acompanham os grandes terremotos.[25] “Janelas do alto estão abertas” pode significar condições climáticas extremas. Palavras semelhantes foram usadas para descrever a origem da inundação que resultou no dilúvio de Noé: Se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram…”[26] A frase “os fundamentos da terra tremem”, obviamente refere-se aos grandes terremotos que sacudiriam os fundamentos a Terra.

O versículo 19 resume a devastação: “De todo está quebrantada a terra, de todo está rompida a terra, e de todo é movida a terra”. A palavra “quebrantada” foi traduzida do hebraico que significa “desintegrada” ou “despedaçada”.[27] Isaías descreve a vasta destruição que resultou por causa do terremoto.

Lembremos da descrição da destruição causada pelo terremoto no Livro de Mórmon:

“Mas eis que houve uma destruição muito maior e mais terrível na terra do norte; pois eis que toda a face da terra foi mudada por causa da tempestade e dos furacões e dos trovões e relâmpagos e dos violentos tremores de toda a terra.
“E romperam-se os caminhos, desnivelaram-se as estradas e muitos lugares planos tornaram-se acidentados.
“E muitas cidades grandes e importantes foram tragadas e muitas se incendiaram e muitas foram sacudidas até que seus edifícios ruíram; e seus habitantes foram mortos e os lugares ficaram devastados.”[28]

A destruição apresentada no Livro de Mórmon é um exemplo da destruição que precederá à Segunda Vinda, a qual Isaías descreve aqui.

O versículo 20 descreve, com mais detalhes, os extremos terremotos: “De todo cambaleará a terra como o ébrio, e será movida e removida como a choça de noite; e a sua transgressão se agravará sobre ela, e cairá, e nunca mais se levantará”. “Cambaleará a terra como o ébrio” significa mover-se erraticamente de um lado para o outro, fora de seu movimento normal. O terremoto viria porque “a sua transgressão se agravará sobre ela [a Terra]”. As tamanhas maldades e iniquidades, juntamente com a necessidade de purificar a Terra, serão a causa do terremoto. A frase “e cairá, e nunca mais se levantará” refere-se à sociedade iníqua que domina a Terra. O livro de Doutrina e Convênios contém diversas passagens que incluem alguns ou todos os elementos deste versículo.[29]

Versículos 19 e 20 contêm um quiasma:

A: (19) De todo está quebrantada a terra,
B: de todo está rompida a terra,
C: e de todo é movida a terra.
D: (20) De todo cambaleará a terra como o ébrio,
D: e será movida e removida como a choça de noite;
C: e a sua transgressão se agravará sobre ela,
B: e cairá,
A: e nunca mais se levantará.

Elementos no lado descendente do quiasma completam a ideia apresentada nos elementos no lado ascendente. A sentença “De todo está quebrantada a terra” é complementada pela frase “e nunca mais se levantará”; depois dos devastadores terremotos, as iniquidades da sociedade jamais retornarão. A frase “De todo está rompida a terra” é complementada com “e cairá”; a sentença “e de todo é movida a terra” é complementada com a frase “a sua transgressão se agravará sobre ela”; e “de todo cambaleará a terra como o ébrio” é complementada por “e será movida e removida como a choça de noite”. O enfoque do quiasma aponta os grandes terremotos como a causa; as declarações auxiliares descrevem as consequências.

Os versículos 21 e 22 descrevem o castigo do Senhor, depois da destruição, aos arrogantes e aos orgulhosos, e para os reis e nobres da Terra. O versículo 21 começa: “E será que naquele dia o Senhor castigará os exércitos do alto nas alturas, e os reis da terra sobre a terra”. Isaías usou semelhantes palavras no capítulo 13: “…para pôr a terra em assolação, e dela destruir os pecadores”.[30]

O versículo 22 continua: “E serão ajuntados como presos numa masmorra, e serão encerrados num cárcere; e outra vez serão visitados depois de muitos dias”. A introdução “serão ajuntados” refere-se aos exércitos do alto nas alturas, mencionado no versículo 21. Os altivos, depois da morte, serão mandados à prisão espiritual.  A frase “serão visitados depois de muitos dias” refere-se aos missionários que pregarão o evangelho aos que estão na prisão espiritual.[31]

O versículo 23 descreve sinais e maravilhas dos céus que acompanharão a Segunda Vinda do Senhor: “E a lua se envergonhará, e o sol se confundirá quando o Senhor dos Exércitos reinar no monte Sião e em Jerusalém, e perante os seus anciãos gloriosamente”. “Monte Sião” é usado aqui com duplo sentido—um lugar de coligação espiritual nos últimos dias, bem como um sinônimo para Jerusalém e para o templo.[32]

Isaías também descreve estes eventos no capítulo 13: “Porque as estrelas dos céus e as suas constelações não darão a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer, e a lua não resplandecerá com a sua luz”.[33] Durante Seu ministério mortal o Senhor descreveu estes eventos numa linguagem semelhante a esta:

E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas.
Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.[34]

Esses sinais e maravilhas foram descritos em maiores detalhes em Doutrina e Convênios:

“E tão grandiosa será a glória de sua presença, que o sol esconderá a face de vergonha e a lua reterá sua luz e as estrelas serão arremessadas de seus lugares.
“E ouvir-se-á sua voz: Eu sozinho pisei no lagar e sobre todos os povos trouxe julgamento; e ninguém estava comigo;
“E esmaguei-os no meu furor e pisei-os em minha ira….”[35]

Não nos foi dito o que causaria estes sinais e maravilhas, a não ser a poderosa presença do Senhor. O testemunho de Néfi a respeito do cumprimento das profecias de Isaías aplica-se muito bem neste caso: “Não obstante, nos dias em que se cumprirem as profecias de Isaías, quando elas se realizarem, os homens certamente saberão”. O que é importante para nós sabermos agora é que o Senhor virá, bem como Ele disse e como os profetas testificaram.

NOTAS

[1]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 1238, p. 132.
[2]. Doutrina e Convênios 45:31-32.
[3]. D&C 5:19.
[4]. D&C 5:20.
[5]. Os versículos 1 até 3 contêm um quiasma: O Senhor esvazia a terra e a desola, transtorna a sua superfície/dispersa os seus moradores//o povo//sacerdote … servo … senhor … serva … senhora … comprador … vendedor … empresta … ao que toma emprestado … ao que dá usura … ao que paga usura/se esvaziará a terra … será saqueada/o Senhor.
[6]. Brown et al., 1996, Número de Strong 962, p. 102.
[7]. Ver Moisés 7:48-49; Jeremias 4:28.
[8]. Brown et al., 1996, Número de Strong 535, p. 51.
[9]. D&C 1:15.
[10]. Isaías 24:2.
[11]. Spencer W. Kimball, “Voices of the Past, of the Present, of the Future”, Ensign, June 1971, p. 16. [ “Vozes do Passado, do Presente e do Futuro”, Ensign, Junho 1971, p. 16]
[12]. Ver Isaías 1:7, 28; 30:27, 30, 33; 33:11-12 e comentário pertinente.
[13]. Os versículos 5 e 6 contêm um quiasma: A terra está contaminada por causa dos seus moradores/têm transgredido as leis//mudado os estatutos//quebrado a aliança eterna/a maldição tem consumido a terra; e os que habitam nela são desolados.
[14]. D&C 1:17.
[15].  Brown et al., 1996, Número de Strong 56, p. 5.
[16]. Brown et al., 1996, Número de Strong 535, p. 51.
[17]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7665, p. 990-991.
[18]. Isaías 17:6.
[19]. Brown et al., 1996, Número de Strong 217, p. 22.
[20]. Ver 2 Néfi 10:20; Ver também Isaías 42:4, 10; 49:1; 51:5; 60:6, 9 e comentário pertinente.
[21]. Brown et al., 1996, Número de Strong 898, p. 93.
[22]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7334, p. 931.
[23]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6354, p. 809.
[24]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6341, p. 809.
[25]. Ver 3 Néfi 10:9.
[26]. Ver Gênesis 7:11.
[27]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6565, p. 830.
[28]. 3 Néfi 8:12-14.
[29]. Ver D&C 49:23; 88:87; e 45:28.
[30]. Isaías 13:9.
[31]. Ver D&C 138:30-34.
[32]. Ver Isaías 3:16; 18:7; 28:16; 29:8; 30:19; 31:4, 9; 51:3.
[33]. Isaías 13:10.
[34]. Mateus 24:29-30.
[35]. D&C 133:49-51.

CAPÍTULO 13: “Alçai Uma Bandeira Sobre o Monte Elevado”

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O tema principal do capítulo 13 é a destruição da Babilônia. Típico do estilo de Isaías, envolvendo múltiplos níveis de significados, a destruição descrita é um símbolo da destruição dos iníquos que acontecerá na Segunda Vinda.  Por que nós, nos últimos dias, devemos estar preocupados com a destruição da Babilônia que ocorreu há milhares de anos atrás? –Porque Isaías previu e descreveu sobre as destruições precedentes ao retorno do Senhor Jesus Cristo, as quais se entrelaçam com as descrições da antiga destruição da Babilônia. Isaías dá muitas dicas neste capítulo que nos leva à interpretação dos níveis de significados—especificamente passagens que se relacionam somente com a destruição da Babilônia na Mesopotâmia e outras passagens que se referem só às destruições precedentes à Segunda Vinda.

Depois da destruição a antiga Babilônia nunca mais seria habitada; semelhantemente, na Segunda Vinda a maldade do mundo seria destruída para sempre. Isaías descreve a destruição na Segunda Vinda como um dia com furor e ira ardente.

Néfi cita este capítulo completamente, com pequenas mudanças; compare 2 Néfi 23.

Este capítulo pode ser dividido em três partes. A primeira parte, versículos 1 até 5, descreve a congregação dos exércitos antes das destruições preditas. Estes exércitos serviriam como instrumentos nas mãos do Senhor para levar a cabo seus propósitos. A segunda parte, versículos 6 até 18, descreve a destruição da Babilônia, e serve como um símbolo para o mundo na época da Segunda Vinda; e a terceira parte, versículos 19 até 22, descreve o destino da Babilônia decaída.

Nos versículos 1 até 5, o Senhor chama os exércitos para que se juntem, antes da destruição da Babilônia, para executarem seus propósitos. O versículo 1 declara: “Peso de Babilônia, que viu Isaías, filho de Amós”. Isaías foi um profeta e um vidente; ele “viu” esta revelação, que veio como uma visão. “Peso” significa “uma mensagem de destruição contra um povo”.[1]

Os versículos 2 e 3 descrevem a congregação dos exércitos. O versículo 2 começa: “Alçai uma bandeira sobre o monte elevado, levantai a voz para eles; acenai-lhes com a mão, para que entrem pelas portas dos nobres”. “Sobre o monte elevado” significa ao mesmo tempo “nação líder” e “templo”; portanto, o significado implícito é “nação líder que possui o templo”.[2] As “portas dos nobres” são locais reservados para os escolhidos e santificados do Senhor, e onde os iníquos e os imundos não podem entrar—o que significa os templos sagrados. “Acenai-lhes com a mão” representa os sinais cerimoniais pelos quais os santificados serão permitidos entrarem no templo. “Levantai a voz” significa elevar a voz ou gritar.

O versículo 3 continua: “Eu dei ordens aos meus santificados; sim, já chamei os meus poderosos para executarem a minha ira, os que exultam com a minha majestade”. O Livro de Mórmon apresenta “…pois minha ira não está sobre os que exultam com a minha majestade”.[3] Os “santificados” e “poderosos” são traduzidos no Velho Testamento como sinônimos de uma ou duas palavras hebraicas.[4] A palavra equivalente no Novo Testamento é “santos”. Aqueles que foram chamados e santificados formarão um exército poderoso nos últimos dias de indivíduos “santificados”, ou santos, cujo propósito será o de coligar o povo de Israel que foi espalhado—e se referem aos missionários atuais. Os “poderosos” do Senhor, em contraste, são exércitos assoladores que executarão os propósitos do Senhor de limpar tanto a Babilônia antiga quanto a moderna.

Os versículos 2 e 3 contêm um quiasma:

A: (2) Alçai uma bandeira sobre o monte elevado,
B: levantai a voz para eles;
C: acenai-lhes com a mão, para que entrem
C: pelas portas dos nobres.
B: (3) Eu dei ordens aos meus santificados; sim, já chamei os meus poderosos para executarem a minha ira,
A: pois minha ira não está sobre os que exultam com a minha majestade.

“Monte elevado” complementa “os que exultam com a minha majestade” ―o monte elevado será onde “os que exultam com a minha majestade” habitarão. “Levantai a voz” reflete-se em “eu dei ordens” e “já chamei os meus poderosos”. “Para eles” no lado ascendente é explicado no lado descendente: a voz do Senhor chamou aos “meus santificados” e “meus poderosos”. “Acenai-lhes com a mão” complementa a frase “portas dos nobres”; a frase “acenai-lhes com a mão” descreve cerimônias que permitem a entrada pelas “portas dos nobres”.

O versículo 4 declara: “Já se ouve a gritaria da multidão sobre os montes, como a de muito povo; o som do rebuliço de reinos e de nações congregados. O Senhor dos Exércitos passa em revista o exército de guerra”. Por serem frases paralelas, “montes” é equivalente a “reinos” ou “nações”. Esta conexão retórica pode ser aplicada no livro inteiro de Isaías.[5]

A conexão retórica de “montes”ou “montanhas” e “nações” também é evidente em Doutrina e Convênios. Ao chamar Sidney Rigdon ao arrependimento, o Senhor disse:

“E se me oferecer uma oferta aceitável e reconhecimentos e permanecer com meu povo, eis que eu, o Senhor vosso Deus, o curarei para que fique são; e ele tornará a erguer a voz nas montanhas e será um porta-voz diante de minha face” (ênfases adicionadas).[6]

O versículo 5 declara: “Já vem de uma terra remota, desde a extremidade do céu, o Senhor, e os instrumentos da sua indignação, para destruir toda aquela terra”. O bem destruirá o mal pelo mundo inteiro. “Já vem de uma terra remota” são palavras semelhantes às do rei Ezequias a Isaías quando ele perguntou de onde vieram certos emissários, para quem Ezequias havia mostrado todas suas riquezas e tesouros—  “de Babilônia”.[7] Os exércitos agregados da Terra, como foi descrito nos versículos 2, 3 e 4, juntar-se-ão às hostes enviadas dos céus—que novamente significa, pelo menos em parte, os valentes exércitos de missionários descritos no versículo 3, cuja vinda à Terra foi reservada para este tempo de maior necessidade—para servirem como instrumentos ou como emissários nas mãos do Senhor.

O exército dos justos mencionado em Doutrina e Convênios, que fala sobre os “espíritos preciosos que foram reservados para nascer na plenitude dos tempos” para realizarem o trabalho de  “construção de templos e a realização, neles, de ordenanças para a redenção dos mortos”, e para trabalharem na “vinha [do Senhor] para a salvação da alma dos homens”. E ainda esclarece que estes espíritos “estavam entre os grandes e nobres que foram escolhidos no princípio para serem governantes na Igreja de Deus”.[8]

Os versículos 6 até 18 descrevem a destruição Babilônia antiga, e como símbolo, aquela destruição que precederia a Segunda Vinda. O versículo 6 proclama: “Clamai, pois, o dia do Senhor está perto; vem do Todo-Poderoso como assolação”, certificando que a destruição da Babilônia e a do mundo são obras de Deus. “O dia do Senhor” significa o dia do julgamento; ou, neste caso, um dia de destruição. Somos garantidos que, na vista de Deus, essas destruições são justas—a fim de limpar o mundo iníquo para que os justos prevaleçam.

O versículo 7 declara: “Portanto, todas as mãos se debilitarão, e o coração de todos os homens se desanimará”. “Debilitar” e “desanimar” são sinônimos, ambos traduzidos da mesma palavra hebraica que significa “ficar temerosos”.[9]

O versículo 8 declara: “E assombrar-se-ão, e apoderar-se-ão deles dores e ais, e se angustiarão, como a mulher com dores de parto; cada um se espantará do seu próximo; os seus rostos serão rostos flamejantes”. Esta descrição de “rostos flamejantes” sugere a destruição pelo fogo precedendo a Segunda Vinda, ao invés da destruição da Babilônia antiga.[10] A frase “se angustiarão, como a mulher com dores de parto” não está incluída no Livro de Mórmon, nem faz nenhuma diferença no quiasma que abrange os versículos 7 e 8.[11] “Assombrar-se-ão” é traduzido de uma palavra hebraica que significa “medo” ou “pavor”.[12]

Os versículos 7 e 8 contêm um quiasma:

A: (7) Portanto, todas as mãos se debilitarão,
B: e o coração de todos os homens se desanimará.
C: (8) E assombrar-se-ão,
C: e apoderar-se-ão deles dores e ais, (e se angustiarão, como a mulher com dores de parto;)
B: cada um se espantará do seu próximo;
A: os seus rostos serão rostos flamejantes.

“Portanto, todas as mãos se debilitarão” complementa “os seus rostos serão rostos flamejantes”, descrevendo o assombro dos iníquos quando eles virem que sua destruição é iminente. “O coração de todos os homens se desanimará” complementa “cada um se espantará do seu próximo”; e “assombrar-se-ão” compara-se com “dores e ais”. Medo e lamentação caracterizam àqueles enredados no pecado.

No versículo 9 Isaías descreve o propósito das duas destruições: “Eis que vem o dia do Senhor, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra em assolação, e dela destruir os pecadores”. A antiga destruição da cidade e a destruição moderna das maldades mundanas serão executadas com o mesmo propósito.

O versículo 10 descreve manifestações nos céus que são referentes à destruição nos últimos dias, ao invés da destruição da Babilônia antiga: “Porque as estrelas dos céus e as suas constelações não darão a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer, e a lua não resplandecerá com a sua luz”.[13]  Para a Babilônia antiga, estes acontecimentos predizem a degradação dos orgulhosos e nobres quando a destruição vier.

Durante Seu ministério mortal, o Senhor parafraseou o versículo 10 ao descrever aos Seus discípulos as destruições que precederiam a Sua Segunda Vinda: “E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas”.[14]

O versículo 11 declara: “E visitarei sobre o mundo a maldade, e sobre os ímpios a sua iniquidade; e farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos tiranos” A destruição castigará, com equidade e justiça, a maldade do mundo e abaterá os atrevidos e os tiranos.[15] O Livro de Mórmon apresenta “E castigarei o mundo por causa do mal”.

No versículo 12, devido as destruições, haverá poucos homens: “Farei que o homem seja mais precioso do que o ouro puro, e mais raro do que o ouro fino de Ofir”. “O ouro fino” significa o ouro que foi refinado no fogo, para queimar todas as impurezas.

Outros profetas do Velho Testamento usaram a mesma metáfora para descreverem a destruição dos últimos dias e a purificação dos justos. Malaquias predisse: “Mas quem suportará o dia da sua vinda? E quem subsistirá, quando ele aparecer? Porque ele será como o fogo do ourives e como o sabão dos lavandeiros”.[16] Zacarias declarou: “E farei passar esta terceira parte [aqueles que não estão mortos nas destruições dos últimos dias] pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo; e ela dirá: O Senhor é o meu Deus”.[17]

Estas declarações refletem as provações e tribulações que terão que ser sobrepujadas pelos sobreviventes das destruições. Ofir era um lugar, cujo local preciso é desconhecido hoje em dia, que era conhecido por seu ouro de alta qualidade.[18] Salomão obteve 3,000 talentos de ouro neste lugar para revestir as paredes interiores do templo.[19] Ofir provavelmente ficava no sul da Arábia, acessível por navio através do Golfo de Aqaba do porto de Ezion-Geber.[20]

O versículo 13 continua a descrição dos distúrbios dos cósmicos com efeitos extremos, tanto na terra quanto nos céus, os quais são resultados da destruição na Segunda Vinda: “Por isso farei estremecer os céus; e a terra se moverá do seu lugar, por causa do furor do Senhor dos Exércitos, e por causa do dia da sua ardente ira”. Estes acontecimentos são também descritos no Novo Testamento e Doutrina e Convênios.[21]

Versículos 9 até 13 contêm um quiasma:

A: (9) Eis que vem o dia
B: do Senhor, horrendo, com furor e ira ardente,
C: para pôr a terra em assolação, e dela destruir os pecadores.
D: (10) Porque as estrelas dos céus e as suas constelações não darão a sua luz;
E: o sol se escurecerá ao nascer,
F: e a lua não resplandecerá com a sua luz.
G: (11) E visitarei sobre o mundo a maldade,
G: e sobre os ímpios a sua iniquidade;
F: e farei cessar a arrogância dos atrevidos,
E: e abaterei a soberba dos tiranos. (12) Farei que o homem seja mais precioso do que o ouro puro, e mais raro do que o ouro fino de Ofir.
D: (13) Por isso farei estremecer os céus;
C: e a terra se moverá do seu lugar,
B: por causa do furor do Senhor dos Exércitos,
A: e por causa do dia da sua ardente ira.

“Vem o dia” é igual ao “dia da sua ardente ira”, e “do Senhor” complementa “do furor do Senhor dos Exércitos”, descrevendo o significado do dia do Senhor. “Para pôr a terra em assolação” é complementário à “terra se moverá do seu lugar”, mencionando o propósito dos preditos terremotos cataclísmico. A frase “Porque as estrelas dos céus e as suas constelações” corresponde à “farei estremecer os céus”. “O sol se escurecerá ao nascer” é comparado com “abaterei a soberba dos tiranos”, e “a lua não fará resplandecer com a sua luz” é comparado com “a arrogância dos atrevidos”, indicando que esses assombros que acontecerão nos céus simbolizam a degradação dos orgulhosos e arrogante. A frase “O mundo a sua maldade” corresponde com a frase “os ímpios a sua iniquidade”, que descrevem o estado iníquo em que se encontraria o mundo antes da Segunda Vinda, fazendo-o merecedor da ira destrutiva do Senhor.

O versículo 14 afirma: “E cada um será como a corça que foge, e como a ovelha que ninguém recolhe; cada um voltará para o seu povo, e cada um fugirá para a sua terra”. “Ninguém recolhe” foi traduzido de uma palavra hebraica que significa “ninguém reúne”.[22] Os ímpios, durante o tempo predito de julgamento, são comparados aos cervos e ovelhas: Os veados estão em perigo quando os caçadores estão presentes, enquanto que as ovelhas estão em perigo quando o pastor está ausente.[23] Os injustos rejeitaram a Cristo, o bom Pastor, como seu guia e protetor. Quando confrontados com os desastres naturais e exércitos invasores, as pessoas fogem para não serem vítimas deles. A frase usada na tradução de João Ferreira de Almeida “como a corça que foge” não se refere à Terra —descrita no versículo anterior como “a terra se moverá do seu lugar” —mas sim às condições humanas prevalentes nesta época.

O versículo 14 contém um quiasma:

A: (14) E cada um será como a corça que foge,
B: e como a ovelha que ninguém recolhe;
B: cada um voltará para o seu povo,
A: e cada um fugirá para a sua terra.

“A corça que foge” corresponde-se à “cada um fugirá para a sua terra”, mostrando que “a corça que foge” está descrevendo as condições humanas, ao invés do comportamento da própria Terra. “Como a ovelha que ninguém recolhe” complementa “cada um voltará para o seu povo”, verificando novamente que este versículo está descrevendo as condições humanas.  Estas condições referem-se principalmente às destruições nos últimos dias, não somente à destruição da Babilônia antiga.

O versículo 15 declara: “Todo o que for achado será transpassado; e todo o que se unir a ele cairá à espada”. O Livro de Mórmon apresenta: “Todo o que for orgulhoso será traspassado; sim, e todo o que se juntar aos iníquos cairá pela espada”.[24] Os exércitos invasores não tomarão prisioneiros dentre os orgulhosos—isto é, dentre os iníquos—que fugirem.

O versículo 16 descreve atrocidades cruéis que serão cometidas pelos invasores: “E suas crianças serão despedaçadas perante os seus olhos; as suas casas serão saqueadas, e as suas mulheres violadas”.[25] Estes eventos ocorreram quando a Babilônia foi destruída e ocorrerá novamente antes da Segunda Vinda.

Os versículos 17 e 18 descrevem atrocidades cometidas pelos invasores Medos. O versículo 17 declara: “Eis que eu despertarei contra eles os Medos, que não farão caso da prata, nem tampouco desejarão ouro”. O Livro de Mórmon apresenta “…que não farão caso de prata e ouro nem se deleitarão neles”.[26] O significado aqui é que os Medos seriam motivados em matar como forma de esporte ou por causa da ira cega, não para obter os despojos da batalha. Condições semelhantes foram previstas para os últimos dias.

O versículo 18 continua: “E os seus arcos despedaçarão os jovens, e não se compadecerão do fruto do ventre; os seus olhos não pouparão aos filhos”. O Livro de Mórmon apresenta “Seus arcos também despedaçarão os mancebos”.[27] O que significa que “os seus arcos”, ou armas, “despedaçarão as crianças”.

Os versículos 16 até 18 contêm um quiasma:

A: (16) E suas crianças serão despedaçadas
B: perante os seus olhos; as suas casas serão saqueadas,
C: e as suas mulheres violadas.
D: (17) Eis que eu despertarei contra eles os Medos,
E: que não farão caso da prata e ouro
E: nem tampouco se deleitarão neles.
D: (18) E os seus arcos despedaçarão os jovens,
C: e não se compadecerão do fruto do ventre;
B: os seus olhos não pouparão
A: aos filhos.

“E suas crianças serão despedaçadas” corresponde-se “aos filhos”. “Perante os seus olhos” é o mesmo que “os seus olhos não pouparão”. A frase “As suas mulheres” complementa “fruto do ventre”; “os Medos” é comparado com “os seus arcos”, indicando de quem eram as armas; e “não farão caso da prata e ouro” corresponde-se com “nem tampouco se deleitarão neles”. Note que a redação do Livro de Mórmon,[28] apresentada em itálico, fornece uma chave importante para compreender que os invasores matariam e destruiriam por esporte e ira cega, não para obter os despojos da batalha.

Os versículos 19 e 20 descrevem o destino da decaída Babilônia. O versículo 19 começa: “E Babilônia, o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou”. A comparação com Sodoma e Gomorra, destruídas por perversão e iniquidades, indica que pecados semelhantes eram cometidos desenfreadamente na Babilônia antiga e seriam também predominantes em nossa sociedade. Perversão e maldades, tal quais as manifestadas em Sodoma e Gomorra, são a razão para as destruições preditas.

Versículo 20 continua: “Nunca mais será habitada, nem nela morará alguém de geração em geração; nem o árabe armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores ali farão deitar os seus rebanhos”. Esta profecia certamente foi cumprida com respeito à Babilônia. O lugar onde ficava a Babilônia é uma vasta ruína hoje em dia. Referindo-se a destruição dos injustos no tempo da Segunda Vinda, significa que a maldade nunca mais dominará o mundo como está acontecendo em nossos dias.

Os animais descritos nos versículos 21 e 22 que ocupariam as ruínas da Babilônia servem para ilustrar a desolação. O versículo 21 declara: “Mas as feras do deserto repousarão ali, e as suas casas se encherão de horríveis animais; e ali habitarão os avestruzes, e os sátiros pularão ali”.[29]

Sátiros são “semideuses mitológicos dos antigos gregos pagãos, com pés de bode, que tinham por hábito escarnecer de toda a gente” [30]. Sátiros eram conhecidos por sua lascívia. O significado em hebraico é “bodes”, “demônios” ou “cabras endemoninhadas”.[31]

O versículo 22 conclui: “E os animais selvagens das ilhas uivarão em suas casas vazias, como também os chacais nos seus palácios de prazer; pois bem perto já vem chegando o seu tempo, e os seus dias não se prolongarão”. O Livro de Mórmon adiciona três frases no versículo 22, referindo-se especialmente à destruição nos últimos dias: “Pois destrui-la-ei rapidamente; sim, pois serei misericordioso com meu povo, mas os iníquos perecerão”.[32]

NOTAS

[1]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 4853, p. 672.
[2]. Ver Isaías 2:2, 14 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:4; 30:25 e comentário pertinente.
[3]. 2 Néfi 23:3.
[4]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6942, p. 872.
[5]. Avraham Gileadi, The Book of Isaiah: A new translation with interpretive keys from The Book of Mormon [O Livro de Isaías: Uma nova tradução com chaves interpretativas do Livro de Mórmon]: Deseret Book Co., Salt Lake City, Utah, 1988, 250 p.; Ver p. 43. Ver Isaías 2:2, 14 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:4; 30:25 e comentário pertinente.
[6]. Doutrina e Convênios 124:104.
[7]. Ver 2 Reis 20:14.
[8]. Ver D&C 138:53-56.
[9]. Brown et al., 1996, Número de Strong 4549, p. 587.
[10]. Ver Isaías 1:7, 28; 5:24; 9:5, 18-19 e comentário pertinente.
[11]. 2 Néfi 23:8.
[12]. Brown et al., 1996, Número de Strong 926, p. 96.
[13]. O versículo 10 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Se escurecerá/o sol//a lua/não resplandecerá com a sua luz. Em Parry, Harmonizing Isaiah [A Harmonização de Isaías], 2001, p. 259.
[14]. Mateus 24:29; Ver também Marcos 13:24-25 e Joseph Smith—Mateus 1:33.
[15]. Ver também Isaías 2:9, 11.
[16]. Malaquias 3:2.
[17]. Zacarias 13:9.
[18]. Dicionário Bíblico—Ofir.
[19]. Ver 1 Crônicas 29:4.
[20]. Ver 1 Reis 22:48.
[21]. Ver Mateus 24:7; D&C 49:23; 88:87; 133:49.
[22]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6908, p. 867.
[23]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 136-137.
[24]. 2 Néfi 23:15.
[25]. O versículo 16 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Saqueadas/casas//mulheres/violadas. Em Parry, Harmonizing Isaiah [A Harmonização de Isaías], 2001, p. 259.
[26]. 2 Néfi 23:17.
[27]. 2 Néfi 23:18.
[28]. 2 Néfi 23:17.
[29]. Versículo 21 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Ali habitarão/avestruzes//sátiros/pularão ali. Em Parry, Harmonizing Isaiah [A Harmonização de Isaías], 2001, p. 259.
[30]. “Sátiro”, Em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. Disponível na http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/s%C3%A1sátiro.
[31]. Brown et al., 1996, Número de Strong 8163, p. 972.
[32]. 2 Néfi 23:22.