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CAPÍTULO 13: “Alçai Uma Bandeira Sobre o Monte Elevado”

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O tema principal do capítulo 13 é a destruição da Babilônia. Típico do estilo de Isaías, envolvendo múltiplos níveis de significados, a destruição descrita é um símbolo da destruição dos iníquos que acontecerá na Segunda Vinda.  Por que nós, nos últimos dias, devemos estar preocupados com a destruição da Babilônia que ocorreu há milhares de anos atrás? –Porque Isaías previu e descreveu sobre as destruições precedentes ao retorno do Senhor Jesus Cristo, as quais se entrelaçam com as descrições da antiga destruição da Babilônia. Isaías dá muitas dicas neste capítulo que nos leva à interpretação dos níveis de significados—especificamente passagens que se relacionam somente com a destruição da Babilônia na Mesopotâmia e outras passagens que se referem só às destruições precedentes à Segunda Vinda.

Depois da destruição a antiga Babilônia nunca mais seria habitada; semelhantemente, na Segunda Vinda a maldade do mundo seria destruída para sempre. Isaías descreve a destruição na Segunda Vinda como um dia com furor e ira ardente.

Néfi cita este capítulo completamente, com pequenas mudanças; compare 2 Néfi 23.

Este capítulo pode ser dividido em três partes. A primeira parte, versículos 1 até 5, descreve a congregação dos exércitos antes das destruições preditas. Estes exércitos serviriam como instrumentos nas mãos do Senhor para levar a cabo seus propósitos. A segunda parte, versículos 6 até 18, descreve a destruição da Babilônia, e serve como um símbolo para o mundo na época da Segunda Vinda; e a terceira parte, versículos 19 até 22, descreve o destino da Babilônia decaída.

Nos versículos 1 até 5, o Senhor chama os exércitos para que se juntem, antes da destruição da Babilônia, para executarem seus propósitos. O versículo 1 declara: “Peso de Babilônia, que viu Isaías, filho de Amós”. Isaías foi um profeta e um vidente; ele “viu” esta revelação, que veio como uma visão. “Peso” significa “uma mensagem de destruição contra um povo”.[1]

Os versículos 2 e 3 descrevem a congregação dos exércitos. O versículo 2 começa: “Alçai uma bandeira sobre o monte elevado, levantai a voz para eles; acenai-lhes com a mão, para que entrem pelas portas dos nobres”. “Sobre o monte elevado” significa ao mesmo tempo “nação líder” e “templo”; portanto, o significado implícito é “nação líder que possui o templo”.[2] As “portas dos nobres” são locais reservados para os escolhidos e santificados do Senhor, e onde os iníquos e os imundos não podem entrar—o que significa os templos sagrados. “Acenai-lhes com a mão” representa os sinais cerimoniais pelos quais os santificados serão permitidos entrarem no templo. “Levantai a voz” significa elevar a voz ou gritar.

O versículo 3 continua: “Eu dei ordens aos meus santificados; sim, já chamei os meus poderosos para executarem a minha ira, os que exultam com a minha majestade”. O Livro de Mórmon apresenta “…pois minha ira não está sobre os que exultam com a minha majestade”.[3] Os “santificados” e “poderosos” são traduzidos no Velho Testamento como sinônimos de uma ou duas palavras hebraicas.[4] A palavra equivalente no Novo Testamento é “santos”. Aqueles que foram chamados e santificados formarão um exército poderoso nos últimos dias de indivíduos “santificados”, ou santos, cujo propósito será o de coligar o povo de Israel que foi espalhado—e se referem aos missionários atuais. Os “poderosos” do Senhor, em contraste, são exércitos assoladores que executarão os propósitos do Senhor de limpar tanto a Babilônia antiga quanto a moderna.

Os versículos 2 e 3 contêm um quiasma:

A: (2) Alçai uma bandeira sobre o monte elevado,
B: levantai a voz para eles;
C: acenai-lhes com a mão, para que entrem
C: pelas portas dos nobres.
B: (3) Eu dei ordens aos meus santificados; sim, já chamei os meus poderosos para executarem a minha ira,
A: pois minha ira não está sobre os que exultam com a minha majestade.

“Monte elevado” complementa “os que exultam com a minha majestade” ―o monte elevado será onde “os que exultam com a minha majestade” habitarão. “Levantai a voz” reflete-se em “eu dei ordens” e “já chamei os meus poderosos”. “Para eles” no lado ascendente é explicado no lado descendente: a voz do Senhor chamou aos “meus santificados” e “meus poderosos”. “Acenai-lhes com a mão” complementa a frase “portas dos nobres”; a frase “acenai-lhes com a mão” descreve cerimônias que permitem a entrada pelas “portas dos nobres”.

O versículo 4 declara: “Já se ouve a gritaria da multidão sobre os montes, como a de muito povo; o som do rebuliço de reinos e de nações congregados. O Senhor dos Exércitos passa em revista o exército de guerra”. Por serem frases paralelas, “montes” é equivalente a “reinos” ou “nações”. Esta conexão retórica pode ser aplicada no livro inteiro de Isaías.[5]

A conexão retórica de “montes”ou “montanhas” e “nações” também é evidente em Doutrina e Convênios. Ao chamar Sidney Rigdon ao arrependimento, o Senhor disse:

“E se me oferecer uma oferta aceitável e reconhecimentos e permanecer com meu povo, eis que eu, o Senhor vosso Deus, o curarei para que fique são; e ele tornará a erguer a voz nas montanhas e será um porta-voz diante de minha face” (ênfases adicionadas).[6]

O versículo 5 declara: “Já vem de uma terra remota, desde a extremidade do céu, o Senhor, e os instrumentos da sua indignação, para destruir toda aquela terra”. O bem destruirá o mal pelo mundo inteiro. “Já vem de uma terra remota” são palavras semelhantes às do rei Ezequias a Isaías quando ele perguntou de onde vieram certos emissários, para quem Ezequias havia mostrado todas suas riquezas e tesouros—  “de Babilônia”.[7] Os exércitos agregados da Terra, como foi descrito nos versículos 2, 3 e 4, juntar-se-ão às hostes enviadas dos céus—que novamente significa, pelo menos em parte, os valentes exércitos de missionários descritos no versículo 3, cuja vinda à Terra foi reservada para este tempo de maior necessidade—para servirem como instrumentos ou como emissários nas mãos do Senhor.

O exército dos justos mencionado em Doutrina e Convênios, que fala sobre os “espíritos preciosos que foram reservados para nascer na plenitude dos tempos” para realizarem o trabalho de  “construção de templos e a realização, neles, de ordenanças para a redenção dos mortos”, e para trabalharem na “vinha [do Senhor] para a salvação da alma dos homens”. E ainda esclarece que estes espíritos “estavam entre os grandes e nobres que foram escolhidos no princípio para serem governantes na Igreja de Deus”.[8]

Os versículos 6 até 18 descrevem a destruição Babilônia antiga, e como símbolo, aquela destruição que precederia a Segunda Vinda. O versículo 6 proclama: “Clamai, pois, o dia do Senhor está perto; vem do Todo-Poderoso como assolação”, certificando que a destruição da Babilônia e a do mundo são obras de Deus. “O dia do Senhor” significa o dia do julgamento; ou, neste caso, um dia de destruição. Somos garantidos que, na vista de Deus, essas destruições são justas—a fim de limpar o mundo iníquo para que os justos prevaleçam.

O versículo 7 declara: “Portanto, todas as mãos se debilitarão, e o coração de todos os homens se desanimará”. “Debilitar” e “desanimar” são sinônimos, ambos traduzidos da mesma palavra hebraica que significa “ficar temerosos”.[9]

O versículo 8 declara: “E assombrar-se-ão, e apoderar-se-ão deles dores e ais, e se angustiarão, como a mulher com dores de parto; cada um se espantará do seu próximo; os seus rostos serão rostos flamejantes”. Esta descrição de “rostos flamejantes” sugere a destruição pelo fogo precedendo a Segunda Vinda, ao invés da destruição da Babilônia antiga.[10] A frase “se angustiarão, como a mulher com dores de parto” não está incluída no Livro de Mórmon, nem faz nenhuma diferença no quiasma que abrange os versículos 7 e 8.[11] “Assombrar-se-ão” é traduzido de uma palavra hebraica que significa “medo” ou “pavor”.[12]

Os versículos 7 e 8 contêm um quiasma:

A: (7) Portanto, todas as mãos se debilitarão,
B: e o coração de todos os homens se desanimará.
C: (8) E assombrar-se-ão,
C: e apoderar-se-ão deles dores e ais, (e se angustiarão, como a mulher com dores de parto;)
B: cada um se espantará do seu próximo;
A: os seus rostos serão rostos flamejantes.

“Portanto, todas as mãos se debilitarão” complementa “os seus rostos serão rostos flamejantes”, descrevendo o assombro dos iníquos quando eles virem que sua destruição é iminente. “O coração de todos os homens se desanimará” complementa “cada um se espantará do seu próximo”; e “assombrar-se-ão” compara-se com “dores e ais”. Medo e lamentação caracterizam àqueles enredados no pecado.

No versículo 9 Isaías descreve o propósito das duas destruições: “Eis que vem o dia do Senhor, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra em assolação, e dela destruir os pecadores”. A antiga destruição da cidade e a destruição moderna das maldades mundanas serão executadas com o mesmo propósito.

O versículo 10 descreve manifestações nos céus que são referentes à destruição nos últimos dias, ao invés da destruição da Babilônia antiga: “Porque as estrelas dos céus e as suas constelações não darão a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer, e a lua não resplandecerá com a sua luz”.[13]  Para a Babilônia antiga, estes acontecimentos predizem a degradação dos orgulhosos e nobres quando a destruição vier.

Durante Seu ministério mortal, o Senhor parafraseou o versículo 10 ao descrever aos Seus discípulos as destruições que precederiam a Sua Segunda Vinda: “E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas”.[14]

O versículo 11 declara: “E visitarei sobre o mundo a maldade, e sobre os ímpios a sua iniquidade; e farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos tiranos” A destruição castigará, com equidade e justiça, a maldade do mundo e abaterá os atrevidos e os tiranos.[15] O Livro de Mórmon apresenta “E castigarei o mundo por causa do mal”.

No versículo 12, devido as destruições, haverá poucos homens: “Farei que o homem seja mais precioso do que o ouro puro, e mais raro do que o ouro fino de Ofir”. “O ouro fino” significa o ouro que foi refinado no fogo, para queimar todas as impurezas.

Outros profetas do Velho Testamento usaram a mesma metáfora para descreverem a destruição dos últimos dias e a purificação dos justos. Malaquias predisse: “Mas quem suportará o dia da sua vinda? E quem subsistirá, quando ele aparecer? Porque ele será como o fogo do ourives e como o sabão dos lavandeiros”.[16] Zacarias declarou: “E farei passar esta terceira parte [aqueles que não estão mortos nas destruições dos últimos dias] pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo; e ela dirá: O Senhor é o meu Deus”.[17]

Estas declarações refletem as provações e tribulações que terão que ser sobrepujadas pelos sobreviventes das destruições. Ofir era um lugar, cujo local preciso é desconhecido hoje em dia, que era conhecido por seu ouro de alta qualidade.[18] Salomão obteve 3,000 talentos de ouro neste lugar para revestir as paredes interiores do templo.[19] Ofir provavelmente ficava no sul da Arábia, acessível por navio através do Golfo de Aqaba do porto de Ezion-Geber.[20]

O versículo 13 continua a descrição dos distúrbios dos cósmicos com efeitos extremos, tanto na terra quanto nos céus, os quais são resultados da destruição na Segunda Vinda: “Por isso farei estremecer os céus; e a terra se moverá do seu lugar, por causa do furor do Senhor dos Exércitos, e por causa do dia da sua ardente ira”. Estes acontecimentos são também descritos no Novo Testamento e Doutrina e Convênios.[21]

Versículos 9 até 13 contêm um quiasma:

A: (9) Eis que vem o dia
B: do Senhor, horrendo, com furor e ira ardente,
C: para pôr a terra em assolação, e dela destruir os pecadores.
D: (10) Porque as estrelas dos céus e as suas constelações não darão a sua luz;
E: o sol se escurecerá ao nascer,
F: e a lua não resplandecerá com a sua luz.
G: (11) E visitarei sobre o mundo a maldade,
G: e sobre os ímpios a sua iniquidade;
F: e farei cessar a arrogância dos atrevidos,
E: e abaterei a soberba dos tiranos. (12) Farei que o homem seja mais precioso do que o ouro puro, e mais raro do que o ouro fino de Ofir.
D: (13) Por isso farei estremecer os céus;
C: e a terra se moverá do seu lugar,
B: por causa do furor do Senhor dos Exércitos,
A: e por causa do dia da sua ardente ira.

“Vem o dia” é igual ao “dia da sua ardente ira”, e “do Senhor” complementa “do furor do Senhor dos Exércitos”, descrevendo o significado do dia do Senhor. “Para pôr a terra em assolação” é complementário à “terra se moverá do seu lugar”, mencionando o propósito dos preditos terremotos cataclísmico. A frase “Porque as estrelas dos céus e as suas constelações” corresponde à “farei estremecer os céus”. “O sol se escurecerá ao nascer” é comparado com “abaterei a soberba dos tiranos”, e “a lua não fará resplandecer com a sua luz” é comparado com “a arrogância dos atrevidos”, indicando que esses assombros que acontecerão nos céus simbolizam a degradação dos orgulhosos e arrogante. A frase “O mundo a sua maldade” corresponde com a frase “os ímpios a sua iniquidade”, que descrevem o estado iníquo em que se encontraria o mundo antes da Segunda Vinda, fazendo-o merecedor da ira destrutiva do Senhor.

O versículo 14 afirma: “E cada um será como a corça que foge, e como a ovelha que ninguém recolhe; cada um voltará para o seu povo, e cada um fugirá para a sua terra”. “Ninguém recolhe” foi traduzido de uma palavra hebraica que significa “ninguém reúne”.[22] Os ímpios, durante o tempo predito de julgamento, são comparados aos cervos e ovelhas: Os veados estão em perigo quando os caçadores estão presentes, enquanto que as ovelhas estão em perigo quando o pastor está ausente.[23] Os injustos rejeitaram a Cristo, o bom Pastor, como seu guia e protetor. Quando confrontados com os desastres naturais e exércitos invasores, as pessoas fogem para não serem vítimas deles. A frase usada na tradução de João Ferreira de Almeida “como a corça que foge” não se refere à Terra —descrita no versículo anterior como “a terra se moverá do seu lugar” —mas sim às condições humanas prevalentes nesta época.

O versículo 14 contém um quiasma:

A: (14) E cada um será como a corça que foge,
B: e como a ovelha que ninguém recolhe;
B: cada um voltará para o seu povo,
A: e cada um fugirá para a sua terra.

“A corça que foge” corresponde-se à “cada um fugirá para a sua terra”, mostrando que “a corça que foge” está descrevendo as condições humanas, ao invés do comportamento da própria Terra. “Como a ovelha que ninguém recolhe” complementa “cada um voltará para o seu povo”, verificando novamente que este versículo está descrevendo as condições humanas.  Estas condições referem-se principalmente às destruições nos últimos dias, não somente à destruição da Babilônia antiga.

O versículo 15 declara: “Todo o que for achado será transpassado; e todo o que se unir a ele cairá à espada”. O Livro de Mórmon apresenta: “Todo o que for orgulhoso será traspassado; sim, e todo o que se juntar aos iníquos cairá pela espada”.[24] Os exércitos invasores não tomarão prisioneiros dentre os orgulhosos—isto é, dentre os iníquos—que fugirem.

O versículo 16 descreve atrocidades cruéis que serão cometidas pelos invasores: “E suas crianças serão despedaçadas perante os seus olhos; as suas casas serão saqueadas, e as suas mulheres violadas”.[25] Estes eventos ocorreram quando a Babilônia foi destruída e ocorrerá novamente antes da Segunda Vinda.

Os versículos 17 e 18 descrevem atrocidades cometidas pelos invasores Medos. O versículo 17 declara: “Eis que eu despertarei contra eles os Medos, que não farão caso da prata, nem tampouco desejarão ouro”. O Livro de Mórmon apresenta “…que não farão caso de prata e ouro nem se deleitarão neles”.[26] O significado aqui é que os Medos seriam motivados em matar como forma de esporte ou por causa da ira cega, não para obter os despojos da batalha. Condições semelhantes foram previstas para os últimos dias.

O versículo 18 continua: “E os seus arcos despedaçarão os jovens, e não se compadecerão do fruto do ventre; os seus olhos não pouparão aos filhos”. O Livro de Mórmon apresenta “Seus arcos também despedaçarão os mancebos”.[27] O que significa que “os seus arcos”, ou armas, “despedaçarão as crianças”.

Os versículos 16 até 18 contêm um quiasma:

A: (16) E suas crianças serão despedaçadas
B: perante os seus olhos; as suas casas serão saqueadas,
C: e as suas mulheres violadas.
D: (17) Eis que eu despertarei contra eles os Medos,
E: que não farão caso da prata e ouro
E: nem tampouco se deleitarão neles.
D: (18) E os seus arcos despedaçarão os jovens,
C: e não se compadecerão do fruto do ventre;
B: os seus olhos não pouparão
A: aos filhos.

“E suas crianças serão despedaçadas” corresponde-se “aos filhos”. “Perante os seus olhos” é o mesmo que “os seus olhos não pouparão”. A frase “As suas mulheres” complementa “fruto do ventre”; “os Medos” é comparado com “os seus arcos”, indicando de quem eram as armas; e “não farão caso da prata e ouro” corresponde-se com “nem tampouco se deleitarão neles”. Note que a redação do Livro de Mórmon,[28] apresentada em itálico, fornece uma chave importante para compreender que os invasores matariam e destruiriam por esporte e ira cega, não para obter os despojos da batalha.

Os versículos 19 e 20 descrevem o destino da decaída Babilônia. O versículo 19 começa: “E Babilônia, o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou”. A comparação com Sodoma e Gomorra, destruídas por perversão e iniquidades, indica que pecados semelhantes eram cometidos desenfreadamente na Babilônia antiga e seriam também predominantes em nossa sociedade. Perversão e maldades, tal quais as manifestadas em Sodoma e Gomorra, são a razão para as destruições preditas.

Versículo 20 continua: “Nunca mais será habitada, nem nela morará alguém de geração em geração; nem o árabe armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores ali farão deitar os seus rebanhos”. Esta profecia certamente foi cumprida com respeito à Babilônia. O lugar onde ficava a Babilônia é uma vasta ruína hoje em dia. Referindo-se a destruição dos injustos no tempo da Segunda Vinda, significa que a maldade nunca mais dominará o mundo como está acontecendo em nossos dias.

Os animais descritos nos versículos 21 e 22 que ocupariam as ruínas da Babilônia servem para ilustrar a desolação. O versículo 21 declara: “Mas as feras do deserto repousarão ali, e as suas casas se encherão de horríveis animais; e ali habitarão os avestruzes, e os sátiros pularão ali”.[29]

Sátiros são “semideuses mitológicos dos antigos gregos pagãos, com pés de bode, que tinham por hábito escarnecer de toda a gente” [30]. Sátiros eram conhecidos por sua lascívia. O significado em hebraico é “bodes”, “demônios” ou “cabras endemoninhadas”.[31]

O versículo 22 conclui: “E os animais selvagens das ilhas uivarão em suas casas vazias, como também os chacais nos seus palácios de prazer; pois bem perto já vem chegando o seu tempo, e os seus dias não se prolongarão”. O Livro de Mórmon adiciona três frases no versículo 22, referindo-se especialmente à destruição nos últimos dias: “Pois destrui-la-ei rapidamente; sim, pois serei misericordioso com meu povo, mas os iníquos perecerão”.[32]

NOTAS

[1]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 4853, p. 672.
[2]. Ver Isaías 2:2, 14 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:4; 30:25 e comentário pertinente.
[3]. 2 Néfi 23:3.
[4]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6942, p. 872.
[5]. Avraham Gileadi, The Book of Isaiah: A new translation with interpretive keys from The Book of Mormon [O Livro de Isaías: Uma nova tradução com chaves interpretativas do Livro de Mórmon]: Deseret Book Co., Salt Lake City, Utah, 1988, 250 p.; Ver p. 43. Ver Isaías 2:2, 14 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:4; 30:25 e comentário pertinente.
[6]. Doutrina e Convênios 124:104.
[7]. Ver 2 Reis 20:14.
[8]. Ver D&C 138:53-56.
[9]. Brown et al., 1996, Número de Strong 4549, p. 587.
[10]. Ver Isaías 1:7, 28; 5:24; 9:5, 18-19 e comentário pertinente.
[11]. 2 Néfi 23:8.
[12]. Brown et al., 1996, Número de Strong 926, p. 96.
[13]. O versículo 10 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Se escurecerá/o sol//a lua/não resplandecerá com a sua luz. Em Parry, Harmonizing Isaiah [A Harmonização de Isaías], 2001, p. 259.
[14]. Mateus 24:29; Ver também Marcos 13:24-25 e Joseph Smith—Mateus 1:33.
[15]. Ver também Isaías 2:9, 11.
[16]. Malaquias 3:2.
[17]. Zacarias 13:9.
[18]. Dicionário Bíblico—Ofir.
[19]. Ver 1 Crônicas 29:4.
[20]. Ver 1 Reis 22:48.
[21]. Ver Mateus 24:7; D&C 49:23; 88:87; 133:49.
[22]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6908, p. 867.
[23]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 136-137.
[24]. 2 Néfi 23:15.
[25]. O versículo 16 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Saqueadas/casas//mulheres/violadas. Em Parry, Harmonizing Isaiah [A Harmonização de Isaías], 2001, p. 259.
[26]. 2 Néfi 23:17.
[27]. 2 Néfi 23:18.
[28]. 2 Néfi 23:17.
[29]. Versículo 21 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Ali habitarão/avestruzes//sátiros/pularão ali. Em Parry, Harmonizing Isaiah [A Harmonização de Isaías], 2001, p. 259.
[30]. “Sátiro”, Em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. Disponível na http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/s%C3%A1sátiro.
[31]. Brown et al., 1996, Número de Strong 8163, p. 972.
[32]. 2 Néfi 23:22.