Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>
__________________________________________________________________________________________
O capítulo 21 descreve a queda da Babilônia, significando tanto o antigo império quanto o mundo pecador atual. Os efeitos desta catástrofe, sobre outras nações também foram descritos aqui. A destruição da Babilônia atual seguirá à destruição da superpotência moderna equivalente ao Egito, pelas mãos do equivalente moderno da Assíria. A destruição e humilhação do Egito foram descritas nos capítulos anteriores.[1]
O versículo 1 começa: “Peso do deserto do mar. Como os tufões de vento do sul, que tudo assolam, ele virá do deserto, de uma terra horrível”. “Peso do deserto do mar” significa “uma profecia sobre o deserto adjacente ao mar”. Esta declaração feita por Isaías designa o ponto de entrada de um exército invasor vindo de “uma terra horrível” —passando pelo deserto como um grande redemoinho de vento, sem dúvidas levantando enormes nuvens de poeira.
O versículo 2 começa: “Dura visão me foi anunciada: o pérfido trata perfidamente, e o destruidor anda destruindo. Sobe, ó Elão, sitia, ó Média, que já fiz cessar todo o seu gemido”. “O pérfido” significa “aquele que age de má fé” ou “enganosamente”.[2] A frase final do versículo 2 revela os nomes dos invasores antigos— Elão (Pérsia) e Média.[3] Esta frase também refere-se aos seus homólogos modernos simbolicamente. Os efeitos pessoais que esta dolorosa visão causou a Isaías são descritas mais tarde nos versículos 3 e 4.
O versículo 2 contém um quiasma:
A: (2) Dura visão me foi anunciada:
B: o pérfido trata perfidamente,
C: e o destruidor anda destruindo.
C: Sobe, ó Elão,
B: sitia, ó Média;
A: já fiz cessar todo o seu gemido.
“O pérfido trata perfidamente” corresponde com “sitia, ó Média”, identificando o pérfido; e “o destruidor anda destruindo” corresponde à “sobe, ó Elão”, identificando o destruidor.
Os versículos 3 e 4 descrevem a angústia de Isaías ao receber esta visão. O versículo 3 declara: “Por isso os meus lombos estão cheios de angústia; dores se apoderam de mim como as dores daquela que dá à luz; fiquei abatido quando ouvi, e desanimado vendo isso”. Estes símiles descrevem as dores que Isaías sentiu quando recebeu esta visão. Suas declarações atestam que ele viu e ouviu vividamente, indicando seu papel como vidente e profeta.
O versículo 4 continua: “O meu coração se agita, o horror apavora-me; a noite que desejava, se me tornou em temor”. Isaías ficou admirado com as cenas catastróficas que viu nesta visão, apesar do fato de que a nação destruída foi a nação inimiga.[4] “O meu coração se agita” provavelmente significa “o meu coração batia”; “a noite que desejava” significa que a sua noite de sono agradável foi perturbada.[5]
Os versículos 3 e 4 contêm um quiasma:
A: (3) Por isso os meus lombos estão cheios de angústia;
B: dores apoderaram-se de mim
C: como as dores daquela que dá à luz;
D: fiquei abatido quando ouvi,
D: e desanimado vendo isso.
C: (4) O meu coração se agita,
B: o horror apavora-me;
A: a noite que desejava, se me tornou em temor.
Este quiasma descreve vividamente a angústia de Isaías ao receber esta revelação.
O versículo 5 descreve as preparações para batalha, primeiramente cuidando da nutrição e vigilância adequadas: “Põem-se a mesa, estão de atalaia, comem, bebem; levantai-vos, príncipes, e untai o escudo”.[6] A frase “untai o escudo” refere-se à aplicação de graxa ou óleo no escudo para melhorar a capacidade em desviar os golpes das armas de um inimigo.
No versículo 6, Isaías revela a fonte desta admoestação para se preparar para a guerra: “Porque assim me disse o Senhor:” Isaías então proclama: “Vai, põe uma sentinela; e ela que diga o que vir”. Uma sentinela ou vigia na torre é um símbolo de profetas dos últimos dias declarando os sinais dos tempos, inclusive a grande destruição da Babilônia atual. Isaías também usa o simbolismo de uma sentinela nos capítulos 52, 56 e 62.[7]
No versículo 7, a sentinela vê grupos de carros de guerra, cada um puxado por diferentes animais: “E quando vir um carro com um par de cavaleiros, um carro com jumentos, e um carro com camelos, ela que observe atentamente com grande cuidado”. Estas tropas de diferentes animais simbolizam os medos e os persas, assim como os seus homólogos modernos. A sentinela dos últimos dias será diligente e prestará muita atenção.
O versículo 8 começa: “E clamou: Um leão, meu Senhor!” O Grande Pergaminho de Isaías apresenta “e o vidente exclamou, meu Senhor!”,[8] sem nenhuma referência a um leão. O significado da passagem é provavelmente “E clamou como um leão”, ou gritar com alta voz. As palavras gritadas em alta voz foram: “Meu Senhor! Sobre a torre de vigia estou em pé continuamente de dia, e de guarda me ponho noites inteiras”. A sentinela oferece testemunho pessoal de sua diligência inabalável, vigiando dia e noite.
Os versículos 6 até 8 contêm um quiasma:
A: (6) Porque assim me disse o Senhor:
B: Vai, põe uma sentinela,
C: e ela que diga o que vir.
D: (7) E quando vir um carro com um par de cavaleiros,
D: um carro com jumentos, e um carro com camelos,
C: ela que observe atentamente com grande cuidado.
B: (8) E clamou como um leão:
A: Meu Senhor! Sobre a torre de vigia estou em pé continuamente de dia, e de guarda me ponho noites inteiras.
“Vai, põe uma sentinela” corresponde com “E clamou como um leão”, identificando quem clamou (uma sentinela). “Ela que diga o que vir” compare-se com “ela que observe atentamente com grande cuidado” mostrando que a sentinela é extraordinariamente fiel em seu trabalho e relata o que vê. O relato da sentinela apresenta acontecimentos previstos em forma simbólica; os carros conduzidos por diferentes animais de tração representam os vários exércitos invasores vistos pela diligente sentinela.
O discurso da sentinela continua no versículo 9: “E eis agora vem um carro com homens, e um par de cavaleiros”. Continua a sentinela: “Então respondeu e disse: Caída é Babilônia, caída é! E todas as imagens de escultura dos seus deuses quebraram-se no chão”. O carro com homens simboliza a queda da Babilônia, como foi explicado na sentença final. As imagens de escultura dos deuses da Babilônia caíram e quebraram-se no chão; os ídolos da Babilônia não foram capazes de salvá-la. Para a Babilônia moderna, nem suas riquezas nem o materialismo poderão salvá-la.[9] A diligente sentinela na torre testemunhou tudo, até mesmo a grande destruição.
Em revelações modernas, o Senhor explica melhor:
“Não buscam o Senhor para estabelecer sua justiça, mas todo homem anda em seu próprio caminho e segundo a imagem de seu próprio deus, cuja imagem é à semelhança do mundo e cuja substância é a de um ídolo que envelhece e perecerá em Babilônia, sim, Babilônia, a grande, que cairá.”[10]
Os versículos 6 até 9 ajuda-nos a compreender melhor as funções de um profeta dos últimos dias, em contraste com um profeta da antiguidade. Ao invés de declarar sobre acontecimentos que ocorrerão num future distante, o profeta moderno interpreta o que ele vê na sociedade atual e acontecimentos descritos em antigas profecias, bem como os princípios do evangelho. O que é para acontecer na nossa época já foi profetizado; agora é o tempo do cumprimento das profecias antigas. A tarefa de um profeta moderno é o de advertir e preparar o povo; e a nossa tarefa é a de ouvir e obedecer as palavras dos nossos profetas vivos.
O versículo 9 contém um quiasma:
A: (9) E eis agora vem um carro com homens, e um par de cavaleiros. Então respondeu e disse:
B: Caída é
C: Babilônia,
C: caída é!
B: E todas as imagens de escultura dos seus deuses
A: quebraram-se no chão.
Um exército, simbolizado pelo carro com homens e um par de cavaleiros, derrota a Babilônia e destrói seus ídolos. O Senhor usaria este exército como um instrumento para cumprir Seus propósitos. “Caída” compara-se com “todas as imagens de escultura dos seus deuses”, indicando que “Babilônia” conota idolatria. “Babilônia” corresponde com “caída é!”, enfatizando sua queda estupenda. A palavra “Caída” é repetida duas vezes para dar ênfase.
O versículo 10 começa: “Ah, malhada minha, e trigo da minha eira! O que ouvi do Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, isso vos anunciei”. A frase introdutória provavelmente refere-se a uma praga comum que dava no trigo, desvalorizando a safra inteira. Isaías falou aos sobreviventes israelitas sobre a queda da Babilônia;[11] ele testificou que o que ele anunciou foi exatamente o que ele ouviu do Senhor.
O versículo 11 declara: “Peso de Dumá. Gritam-me de Seir: Guarda, que houve de noite? Guarda, que houve de noite?” A voz clama, pedindo ao fiel sentinela que lhe diga quanto tempo mais, a escuridão e a opressão, durariam. Dumá fica no centro da Arábia, ao leste de Midiã;[12]foi nomeada em memória ao sexto filho de Ismael.[13] Seir é um cume montanhoso ao sul do Mar Morto.[14]
O Elder Vaughn J. Featherstone citou este versículo: “Em Isaías, pergunta o profeta: ‘Guarda, que houve de noite?’ Esta geração de jovens serão os futuros archoteiros (carregadores das tochas), possivelmente no período mais escuro do mundo”.[15] O significado intencionado por Isaías, da escuridão e opressão espirituais, está bem claro.
A resposta da sentinela aparece no versículo 12: “E disse o guarda: Vem a manhã, e também a noite; se quereis perguntar, perguntai; voltai, vinde”.[16] O fim da opressão—na antiguidade, o cativeiro da Babilônia—viria logo, mas depois disto haveria outra noite de escuridão espiritual, ou apostasia, e outro opressor. Sua resposta quer dizer: Pergunte novamente, mais tarde.[17]
O versículo 13 muda o enfoque, mas não o assunto: “Peso contra Arábia. Nos bosques da Arábia passareis a noite, ó viandantes de Dedanim”. Dedã—possivelmente o mesmo nome—fica localizada na Arábia.[18]
No versículo 14, descreve-se a situação difícil dos que estavam fugindo da devastação da Babilônia: “Saí com água ao encontro dos sedentos; moradores da terra de Tema, saí com pão ao encontro dos fugitivos”. O povo misericordioso de Tema proporcionaria água e pão para os que estavam fugindo dos estragos da guerra; Tema fica localizada na Arábia ao nordeste de Dedã.[19]
Como foi descrito no versículo 15, muitos fugiriam dos horrores da guerra: “Porque fogem de diante das espadas, de diante da espada desembainhada, e de diante do arco armado, e de diante do peso da guerra”.[20]
Os versículos 16 e 17 descrevem a queda iminente de uma tribo no norte da Arábia.[21] O versículo 16 declara: “Porque assim me disse o Senhor: Dentro de um ano, como os anos de jornaleiro, desaparecerá toda a glória de Quedar”. “A glória de Quedar”, como foi usado aqui, significa força militar.[22] Quedar era um dos filhos de Ismael e um ancestral de Muhammad, segundo alguns genealogistas árabes.[23] Um jornaleiro é um mercenário, ou um soldado que trabalha por um salário, tipicamente contratado para trabalhar por um período de tempo, que neste caso era um ano.
O versículo 17 conclui: “E os restantes do número dos flecheiros, os poderosos dos filhos de Quedar, serão diminuídos, porque assim disse o Senhor Deus de Israel”.[24]
NOTAS
[1]. Ver Isaías capítulos 19 e 20.
[2]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 898, p. 93.
[3]. Ver Mapa 2, da edição da Bíblia SUD em inglês para localizer estas nações antigas.
[4]. Ver Isaías 21:3, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 3a.
[5]. Brown et al., 1996, Número de Strong 2837, p. 366.
[6]. O versículo 5 contém um quiasma: Põem-se a mesa/estão de atalaia /comem//bebem/levantai-vos/untai o escudo.
[7]. Ver Isaías 52:8; 56:10; 62:6 e comentário pertinente.
[8]. Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 96.
[9]. Ver Isaías 2:7-9 e comentário pertinente.
[10]. Doutrina e Convênios 1:16.
[11]. Isaías 21:10, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 10a.
[12]. Ver Mapa Bíblico (na versão SUD da Bíblia em inglês) número 9.
[13]. Ver Gênesis 25:13-14.
[14]. Dicionário Bíblico—Seir.
[15]. Vaughn J. Featherstone, “Chamado Como Por Uma Voz do Céu”, A Liahona, Janeiro de 1984, p. 68.
[16]. O versículo 12 contém um quiasma: Vem a manhã, e também a noite/perguntar//perguntai/voltai, vinde.
[17]. Isaías 21:12, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 12a.
[18]. Ver Mapa Bíblico (na versão SUD da Bíblia em inglês) número 9.
[19]. Ver Mapa Bíblico (na versão SUD da Bíblia em inglês) número 9.
[20]. Os versículos 14 e 15 contêm um quiasma: Fugitivos/fogem/espadas//espada desembainhada/arco armado/peso da guerra.
[21]. Ver Mapa Bíblico (na versão SUD da Bíblia em inglês) número 9.
[22]. Ver Isaías 8:7; 10:18; 16:14; 17:3-4; 20:5; 22:18; 66:12.
[23]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 230.
[24]. Os versículos 16 e 17 contêm um quiasma: Porque assim me disse o Senhor/glória de Quedar/flecheiros//poderosos/ filhos de Quedar/assim o disse o Senhor, Deus de Israel.