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CAPÍTULO 20: “Nus e Descalços…Para Vergonha Do Egito”

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No capítulo 20 Isaías descreve como a Assíria invadirá e envergonhará o Egito. Isto se refere tanto ao Egito antigo quanto a seu homólogo moderno, os Estados Unidos da América.[1]

O versículo 1 estabelece o tempo em que esta profecia foi dada a Isaías: “No ano em que Tartã, enviado por Sargom, rei da Assíria, veio a Asdode, e guerreou contra ela, e a tomou”. Este evento aconteceu por volta de 711 a.C.[2] Asdode era uma cidade ao norte da Filístia, onde se fomentou um movimento de resistência contra a Assíria. “Tartã” significa “marechal de campo”,[3] cujo nome não foi revelado. O Grande Pergaminho de Isaías apresenta como “comandante supremo”.[4]

O versículo 2 continua: “Nesse mesmo tempo falou o Senhor por intermédio de Isaías, filho de Amós, dizendo: Vai, solta o cilício de teus lombos, e descalça os sapatos dos teus pés. E ele assim o fez, indo nu e descalço”. O Senhor aqui está mandando Isaías a viver uma parábola—para ser um “símbolo” para acontecimentos vindouros.

Hoje, andar nu e descalço está muito além dos limites que a sociedade permite, porém a nudez era vista diferente no mundo de Isaías. Numa ocasião o Rei Saul fez o mesmo:

“Então foi para Naiote, em Ramá; e o mesmo Espírito de Deus veio sobre ele, e ia profetizando, até chegar a Naiote, em Ramá.
“E ele também despiu as suas vestes, e profetizou diante de Samuel, e esteve nu por terra todo aquele dia e toda aquela noite; por isso se diz: Está também Saul entre os profetas?”[5]

A nudez era, aparentemente, uma prática comum entre os profetas daquele tempo. A Grécia antiga é conhecida por permitir a nudez pública; os participantes da Olimpíada antiga ficavam nus. A palavra “ginásio” vem do grego, que significa “lugar para treinar os nus”.[6] A nudez de Isaías era, aparentemente, não mais que um meio de iniciar a conversa, para lhe dar a oportunidade de falar sobre a vergonha predita para o Egito pelas mãos da Assíria.

O profeta do Velho Testamento, Miquéias, ao prever a destruição de Samaria e Jerusalém pelos babilônios, entristeceu-se grandemente. Ele disse: “Por isso lamentarei, e gemerei, andarei despojado e nu…”.[7]

Este acontecimento predito foi descrito nos versículos 3 e 4. O versículo 3 começa: “Então disse o Senhor: Assim como o meu servo Isaías andou três anos nu e descalço, por sinal e prodígio sobre o Egito e sobre a Etiópia”.

O versículo 4 continua: “Assim o rei da Assíria levará em cativeiro os presos do Egito, e os exilados da Etiópia, tanto moços como velhos, nus e descalços, e com as nádegas descobertas, para vergonha do Egito”. O cumprimento desta profecia ocorreu durante a vida de Isaías, quando os assírios derrotaram a rebelião que começou em Asdode. A mensagem de Isaías para Judá era para não participar com Asdobe e o Egito na rebelião contra a Assíria.[8] Em tempos modernos, os Estados Unidos da América serão derrotados militarmente pelas superpotências modernas, que foram representadas aqui pela Assíria. Acontecimentos, para os quais este antigo evento é um símbolo, podem marcar o fim da dominância militar americana, depois dos acontecimentos descritos por Isaías no capítulo 19.[9]

O versículo 5 continua: “E assombrar-se-ão, e envergonhar-se-ão, por causa dos etíopes, sua esperança, como também dos egípcios, sua glória”. A glória do Egito, como usada aqui, significa poder militar.[10] Em outras palavras, o povo de Judá ficaria assustado com o poder da Assíria, dissipando qualquer esperança de auxílio dos equivalentes modernos do Egito e Etiópia.[11]

Os versículos 4 e 5 contêm um quiasma:

A: (4) Assim o rei da Assíria levará em cativeiro os presos do Egito,
B: e os exilados da Etiópia,
C: tanto moços como velhos,
D: nus e descalços,
D: e com as nádegas descobertas, para vergonha do Egito.
C: (5) E assombrar-se-ão, e envergonhar-se-ão,
B: por causa dos etíopes, sua esperança,
A: como também dos egípcios, sua glória.

“Nus e descalços” correlaciona-se à frase “com as nádegas descobertas, para vergonha do Egito”. O quiasma não deixa dúvidas sobre o significado literal de “nus e descalços”.

O versículo 6 descreve o desânimo enfrentado por Judá: “Então os moradores desta ilha dirão naquele dia: Vede que tal é a nossa esperança, à qual fugimos por socorro, para nos livrarmos da face do rei da Assíria! Como pois escaparemos nós?” Com o Egito derrotado e humilhado, Judá não saberia onde buscar ajuda quando a Assíria fosse ameaçar-lhe.

A mensagem de Isaías é que somente com a ajuda do Senhor Judá poderia escapar da humilhação e do cativeiro. Semelhantemente, os Estados Unidos da América só podem escapar da humilhação e da derrota fazendo uma aliança com o Senhor.

NOTAS

[1]. Avraham Gileadi, The Book of Isaiah: A new translation with interpretive keys from The Book of Mórmon [O Livro de Isaías: Uma nova tradução com chaves interpretativas do Livro de Mórmon]: Deseret Book Co., Salt Lake City, Utah, 1988, p. 72-76.
[2]. Ver Isaías 20:1, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 1a.
[3]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 8661, p. 1077.
[4]. Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 94.
[5]. 1 Samuel 19:23-24.
[6]. Ernest Klein, A Comprehensive Etymological Dictionary of the English Language [Um Dicionário Etimológico Completo do Inglês]: Elsevier Publishing Company, New York, 1971, p. 327.
[7]. Miquéias 1:8.
[8]. Ludlow, p. 223-224.
[9]. Isaías 19; Ver também comentário pertinente.
[10]. Ver Isaías 8:7; 10:18; 16:14; 17:3-4; 21:16-17; 22:18; 66:12.
[11]. Ver Isaías 20:5, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 5a.