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CAPÍTULO 57: “Perece O Justo … É Levado Antes Do Mal”

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O capítulo 57 começa com uma descrição do estado abençoado dos justos que perecem. Eles são levados para longe do mal que está para vir, entrando em um estado de paz; os justos que permanecem são consolados, entendendo a condição espiritual dos que partiram. Logo, passa a descrever o estado dos iníquos. Aqueles que estão envolvidos em iniquidade esperam pela repreensão do Senhor. Os iníquos estão em um estado contínuo de perturbações e inquietudes, sem a influência e paz do Espírito.

Os versículos 1 e 2 descrevem o estado dos justos que perecem. O versículo 1 começa: “Perece o justo, e não há quem considere isso em seu coração, e os homens compassivos são recolhidos, sem que alguém considere que o justo é levado antes do mal”. “Considere isso em seu coração” significa um luto ou sofrimento longo. O período de luto para os justos que morrem é curto, porque aqueles que sobrevivem sabem que os justos partiram deste estado onde a injustiça é prevalecente; eles entraram em um estado de paz e descanso. Outro significado para este versículo é que Isaías prevê uma geração justa, merecedora das bênçãos do Senhor, desaparecendo da face da Terra. Os julgamentos de Deus viriam, então, sobre a nova geração iníqua porque os justos teriam perecido.[1]

O versículo 2 continua: “Entrará em paz; descansarão nas suas camas, os que houverem andado na sua retidão”.[2] A palavra hebraica traduzida como “camas” neste versículo é “féretros”, [3] ou lugares de sepultamento.[4] Após a morte, os justos receberão paz e descansarão em seus túmulos, pois viverão em retidão.

Em Doutrina e Convênios o Senhor promete aos justos: “Porque os que viverem herdarão a Terra e os que morrerem descansarão de todos os seus labores e suas obras segui-los-ão; e nas mansões de meu Pai, que lhes preparei, receberão uma coroa”.[5] João registrou, semelhantemente, no Novo Testamento: “E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os seguem”.[6] Baseando-se nestas comparações, é claro o que Isaías quis dizer.

Começando no versículo 3, o assunto muda para descrever as condições contrastantes dos iníquos. Isaías apresenta evidências, como em um litígio: “Mas chegai-vos aqui, vós os filhos da agoureira, descendência adulterina, e de prostituição”. Isaías usa estas designações para repreender àqueles que estão envolvidos com más tradições; ele não acusa os filhos pelos pecados de seus pais iníquos. O sentido intencionado é que esta grande iniquidade já existe por muitas gerações. Não só o profeta descreve a iniquidade da antiga Israel; mas também usa esta iniquidade como um exemplo de corrupção pessoal e coletiva de nações dos últimos dias, que antes eram justas e abençoadas pelo Senhor.

No versículo 4, Isaías repreende os iníquos por sua insolência: “De quem fazeis o vosso passatempo? Contra quem escancarais a boca, e deitais para fora a língua? Porventura não sois filhos da transgressão, descendência da falsidade[?]” O termo “descendência da falsidade” significa “filhos mentirosos”. O comportamento de zombaria e insolência dos ímpios é evidência de seus pecados.

Os versículos 3 e 4 contêm um quiasma:

A: (3) Mas chegai-vos aqui, vós os filhos da agoureira,
B: descendência adulterina, e de prostituição.
C: (4) De quem fazeis o vosso passatempo?
C: Contra quem escancarais a boca, e deitais para fora a língua?
B: Porventura não sois filhos da transgressão,
A: descendência da falsidade[?]—

Este quiasma afirma que a mensagem do profeta foi dirigida aos iníquos insolentes que zombam do Senhor e fazem pouco dos que creem Nele. Suas iniquidades têm existido por gerações. “Chegai-vos aqui, vós os filhos da agoureira” é equivalente à “descendência da falsidade”; os que estiverem envolvidos em tradições malignas serão desafiados a ouvirem a repreensão do profeta.

O versículo 5 continua a acusação de Isaías: “Que vos inflamais com os deuses debaixo de toda a árvore verde, e sacrificais os filhos nos ribeiros, nas fendas dos penhascos?” A versão da Bíblia de King James, em inglês, apresenta: “… sacrificais os filhos nos vales sob as fendas dos penhascos?”

Esta descrição corresponde com os pecados de Acaz e Manassés, reis injustos de Judá, usando palavras semelhantes ao relato histórico em 2 Crônicas.[7] “Debaixo de toda a árvore verde” refere-se à prática cerimonial idólatra de sexo ilícito,[8] mas o significado intencionado por Isaías para nós nos últimos dias é todo tipo de pecado sexual. “Vos inflamais” significa ficar excitado. “Nos vales” refere-se a um local—o vale de Hinom—onde crianças eram sacrificadas como ofertas. Antigamente, o sacrifício de crianças era muito comum nas práticas idólatras.[9] O equivalente moderno disto é o aborto, abuso e negligência infantil por parte dos pais devido ao egoísmo.

O versículo 6 apresenta uma breve menção dos castigos para esta iniquidade brutal: “Nas pedras lisas dos ribeiros está a tua parte; estas, estas são a tua sorte; sobre elas também derramaste a tua libação, e lhes ofereceste ofertas; contentar-me-ia eu com estas coisas?” O significado da última frase é “não deveria estar irado com estas coisas?” As ofertas de carne e bebidas eram designadas para a adoração apropriada ao Senhor nos templos sagrados,[10] mas não eram aceitas pelo Senhor quando oferecidas em iniquidade ou a ídolos. O iníquo sofrerá as mesmas consequências que Golias sofreu nas mãos de Davi, que matou o gigante com pedras lisas escolhidas do ribeiro.[11] Suas práticas idólatras deixar-lhes-ão vulneráveis à destruição. Apesar de serem poderosos militarmente, sem a orientação e proteção do Senhor, os iníquos serão derrotados com mínimo esforço.

O versículo 7 continua o litígio, com Isaías apresentando mais evidências: “Sobre o monte alto e levantado pões a tua cama; e lá subiste para oferecer sacrifícios”.[12] A frase “sobre o monte alto e levantado pões a tua cama” refere-se novamente à prática idólatra de sexo ilícito, praticado em bosques de árvores e em lugares altos.[13] O significado de “cama” neste versículo é “lugar de copulação”,[14] ao contrário do significado de “cama” apresentado anteriormente no versículo 2. As práticas idólatras condenadas pelo Senhor incluem o adultério e fornicação, assassinato, adoração de falsos deuses e sacrifício infantil.

O versículo 8 continua o discurso comprovatório de Isaías: “E detrás das portas, e dos umbrais puseste o teu memorial; pois te descobriste a outros que não a mim, e subiste, alargaste a tua cama, e fizeste aliança com alguns deles; amaste a sua cama, onde quer que a viste”. Isaías usa o adultério como uma metáfora para a adoração de ídolos. As coisas de maior valor para os iníquos são ações secretas cometidas a portas fechadas—inclusive adultério, tráficos e combinações secretas de assassinatos—com propósitos malignos. Suas iniquidades secretas, eventualmente, serão anunciadas em cima dos telhados.[15] A referência de Isaías aos umbrais formam um grande contraste entre os iníquos e a ordem do Senhor dada a Moisés de escrever os mandamentos “nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas”.[16]

Morôni, o último profeta do Livro de Mórmon, transmite uma severa advertência aos leitores dos últimos dias:

“Portanto, ó gentios, é sabedoria de Deus que estas coisas vos sejam mostradas, a fim de que, por meio delas, vos arrependais de vossos pecados e não permitais que vos dominem essas combinações assassinas, instituídas para a obtenção de apoder e lucro—e a obra, sim, a obra de destruição vos sobrevenha; sim, a espada da justiça do Deus Eterno cairá sobre vós para vossa ruína e destruição, se permitirdes que estas coisas aconteçam.
“Portanto o Senhor vos ordena que quando virdes essas coisas surgirem entre vós, estejais conscientes de vossa terrível situação por causa desta combinação secreta que existirá entre vós; ou ai dela, em virtude do sangue daqueles que foram mortos; porque eles clamam desde o pó por vingança contra ela e contra os que a instituíram.
“Pois acontece que quem a institui visa destruir a aliberdade de todas as terras, nações e países; e causa a destruição de todos os povos, pois é instituída pelo diabo, que é o pai de todas as mentiras; o mesmo mentiroso que benganou nossos primeiros pais, sim, o mesmo mentiroso que fez com que o homem cometesse assassinatos desde o princípio; que endureceu o coração dos homens a tal ponto que mataram os profetas e apedrejaram-nos e expulsaram-nos desde o princípio”.[17]

O versículo 9 continua a metáfora do adultério: “E foste ao rei com óleo, e multiplicaste os teus perfumes e enviaste os teus embaixadores para longe, e te abateste até ao inferno”.[18] A antiga Israel apóstata—bem como o seu homólogo moderno—tem buscado pela glória e gratificações mundanas na idolatria e com os reis do mundo. “O rei” foi traduzido do nome “Moloque” no original hebraico[19]—um ídolo horrível, referido como as abominações dos filhos de Amon—cujos filhos tinham que passar pelo fogo, ou seja, serem sacrificados como ofertas.[20] Israel buscou intensamente pelos deuses pagãos a fim de adorá-los, aprofundando-se em seus pecados.

O versículo 10 descreve o resultado de Israel—juntamente com seu análogo moderno—exceder-se em iniquidades: “Na tua comprida viagem te cansaste; porém não disseste: Não há esperança; achaste novo vigor na tua mão; por isso não adoeceste”. “Na tua comprida viagem” significa o fardo das tarefas, tanto boas quanto más, da Israel antiga e moderna Israel;[21] o fardo seria aliviado somente se os atos justos fossem contínuos. Além disso, para evitar se cansar de fazer o que é justo, devemos manter nossa força e resolução, não correndo mais depressa do que nos permitam as nossas forças.[22]

Paulo advertiu: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido”.[23] O Senhor deu uma advertência semelhante aos Seus discípulos dos últimos dias: “Portanto não vos canseis de fazer o bem, porque estais lançando o alicerce de uma grande obra. E de pequenas coisas provém aquilo que é grande”.[24]

No versículo 11, o Senhor desafiou a antiga Israel e seu homólogo moderno: “Mas de quem tiveste receio, ou temor, para que mentisses, e não te lembrasses de mim, nem no teu coração me pusesses? Não é porventura porque eu me calei, e isso há muito tempo, e não me temes?” Malfeitores antigos e modernos temem ídolos mudos ou adversários do mundo mais que a Deus, de quem eles nunca se lembram. Entretanto, Deus tem se refreado para não enviar destruição sobre eles. Temer aos homens mais que a Deus é um sério afronto ao nosso Criador e Protetor.

Como foi registrado no Novo Testamento, os governantes dos judeus—alguns dos quais acreditavam, secretamente, nos ensinamentos de Jesus Cristo—temeram mais aos homens do que a Deus:

“Apesar de tudo, até muitos dos principais creram nele; mas não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos da sinagoga.
“Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus”.[25]

No versículo 12, o Senhor proclama: “Eu publicarei a tua justiça, e as tuas obras, que não te aproveitarão”. Mesmo as coisas boas feitas pelos malfeitores antigos e modernos—apesar de serem reconhecidas por Deus como boas—não lhes trarão proveito. Boas ações feitas com intenções errôneas não servirão de nada.

Os versículos 10 até 12 contêm um quiasma:

A: (10) Na tua comprida viagem te cansaste; porém não disseste: Não há esperança; achaste novo vigor na tua mão; por isso não adoeceste.
B: (11) Mas de quem tiveste receio, ou temor, para que mentisses,
C: e não te lembrasses de mim,
C: nem no teu coração me pusesses?
B: Não é porventura porque eu me calei, e isso há muito tempo, e não me temes?
A: (12) Eu publicarei a tua justiça, e as tuas obras, que não te aproveitarão.

“Na tua comprida viagem te cansaste; porém não disseste: Não há esperança …” compara-se com “eu publicarei a tua justiça, e as tuas obras, que não te aproveitarão”. Esta comparação mostra que sua “comprida viagem” incluía obras justas e injustas; então, nem mesmo seus atos justos serão reconhecidos pelo Senhor.

No versículo 13, a antiga Israel e seu homólogo moderno confiam em vão nos ídolos para proteção: “Quando clamares, livrem-te os ídolos que ajuntaste; mas o vento a todos levará, e um sopro os arrebatará; mas o que confia em mim possuirá a terra, e herdará o meu santo monte”— “Monte” significa “nação”; ou, neste caso, “minha santa nação”.[26] Somente aqueles que confiam no Senhor possuirão a Terra e receberão uma herança do Senhor; os que O rejeitarem serão levados, como pelo vento.

O versículo 14 descreve o começo do arrependimento: “E dir-se-á: Aplanai, aplanai a estrada, preparai o caminho; tirai os tropeços do caminho do meu povo”.[27] A frase “preparai o caminho” significa preparar o caminho estreito e apertado através da restauração do conhecimento do Plano de Salvação.[28] “Os tropeços” referem-se ao sistema de crenças corrompido do povo, que o impedem de reconhecer ou aceitar a verdade.

No versículo 15 Isaías apresenta o Senhor e o que Ele proferiu: “Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos”. Os contritos e abatidos de espírito habitarão com Deus nos céus; Ele os receberá e os confortará.

Ezra Taft Benson advertiu: “Orgulho é o pecado universal, o grande vicio…. O antídoto para o orgulho é humildade―mansidão, submissão…. Deus terá um povo humilde. Podemos escolher ser humildes ou podemos ser compelidos à humildade” (ênfases adicionadas).[29] Alma disse, “Benditos são os que se humilham sem serem compelidos a ser humildes”.[30]

No versículo 16, o Senhor declara: “Porque não contenderei para sempre, nem continuamente me indignarei; porque o espírito perante a minha face se desfaleceria, e as almas que eu fiz”. Deus declara que Ele não contenderia para sempre, nem continuamente se indignaria. Caso contrário, os propósitos do Senhor em criar o homem não seriam cumpridos.

Bem como o Senhor declarou ao irmão de Jared:

“Perdoarei a ti e a teus irmãos vossos pecados; mas não pecareis mais, porque vos lembrareis de que meu Espírito não lutará para sempre com o homem; portanto, se pecardes até estardes plenamente amadurecidos, sereis afastados da presença do Senhor” (ênfases adicionadas).[31]

Em Seu prefácio das revelações dos últimos dias compreendendo Doutrina e Convênios, o Senhor declarou: “… aquele que se arrepender e cumprir os mandamentos do Senhor será perdoado;
“E aquele que não se arrepender, dele será tirada até a luz que recebeu, pois meu Espírito não contenderá sempre com o homem, diz o Senhor dos Exércitos” (ênfases adicionadas).[32] O Senhor confirma o sentido intencionado por Isaías.

Os versículos 15 e 16 contêm um quiasma:

A: (15) Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito;
B: como também com o contrito
C: e abatido
D: de espírito, para vivificar
D: o espírito
C: dos abatidos,
B: e para vivificar o coração dos contritos.
A: (16) Porque não contenderei para sempre, nem continuamente me indignarei; porque o espírito perante a minha face se desfaleceria, e as almas que eu fiz.

O Senhor declara que Ele não se indignará quando os homens tornarem-se abatidos de espírito e contritos perante Ele. “Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade” correlaciona-se com “Porque não contenderei para sempre, nem continuamente me indignarei”.

No versículo 17, o Senhor explica sua indignação: “Pela iniqüidade da sua avareza me indignei, e o feri; escondi-me, e indignei-me; contudo, rebelde, seguiu o caminho do seu coração”.[33] “O caminho do seu coração” contrasta-se com o caminho do Senhor, ou o Plano de Salvação.[34] O Senhor se indignou por causa da iniquidade e avareza da antiga Israel, juntamente com seu homólogo moderno. “Rebelde” significa apóstata, ou que voluntariamente se afastou da verdade.[35]

Em Doutrina e Convênios o Senhor declara: “Eu, o Senhor, estou irado com os iníquos; estou negando meu Espírito aos habitantes da Terra. Em minha ira jurei e decretei guerras sobre a face da Terra …”.[36]

No versículo 18, o Senhor declara: “Eu vejo os seus caminhos, e o sararei, e o guiarei, e lhe tornarei a dar consolação, a saber, aos seus pranteadores”. Os caminhos da antiga Israel e seu homólogo moderno, apesar de iníquos, são conhecidos pelo Senhor. Ele sem dúvidas também vê sua bondade intrínseca. “Os seus pranteadores” significa os justos que viram a iniquidade de Israel e lamentaram seu estado; o Senhor os consolará.

O versículo 19 descreve o arrependimento e perdão: “Eu crio os frutos dos lábios: paz, paz, para o que está longe; e para o que está perto, diz o Senhor, e eu o sararei”. “Os frutos dos lábios” significa palavras de oração, louvor ou agradecimento; ou pedidos de graça ou perdão ao pecador.[37] O arrependimento traz a paz e sara (perdoa) os que estão perto ou longe.

O versículo 19 foi parafraseado pelo apóstolo Paulo no Novo Testamento: “E, vindo, ele [Jesus] evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto”.[38] O Senhor Jesus Cristo pregou Seu evangelho aos que estavam perto—os que moravam em Jerusalém—e também aos que moravam em outras partes do mundo, ou seja, aos nefitas no Continente Americano, e outros da casa de Israel dispersos para lugares longínquos.[39]

Nos versículos 20 e 21, o Senhor descreve o contínuo estado perturbado dos iníquos. O versículo 20 começa: “Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar, e as suas águas lançam de si lama e lodo”. Como as águas revoltas do mar, os corações e mentes dos ímpios estão continuamente perturbados. O uso perito de um símile por parte de Isaías fornece uma imagem clara da situação dos iníquos.

Paulo, ao escrever aos Efésios, usou este símile de Isaías para descrever o estado do iníquo: “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente” (ênfases adicionadas).[40] Aqueles que não são guiados pelo Espírito, devido suas iniquidades, são levados de lá para cá por todas novas ideias que aparecem. Seus corações estão constantemente inquietos e perturbados.

Tiago, ao instruir àqueles que buscam conhecimento de Deus, ofereceu uma advertência semelhante baseada nesta símile usada por Isaías: “Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para outra parte”.[41]

O versículo 21 resume: “Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus”.[42] Em contraste com as bênçãos descritas para os penitentes nos versículos 18 e 19, o Senhor não permitirá a influência de paz do Espírito de confortar àqueles que não merecem.

Os versículos 20 e 21 contêm um quiasma:[43]

A: (20) Mas os ímpios
B: são como o mar bravo,
C: porque não se pode aquietar,
C: e as suas águas lançam de si lama e lodo.
B: (21) Não há paz
A: para os ímpios, diz o meu Deus.

O mar não se pode aquietar, lançando de si lama e lodo; este é um símile que mostra os corações dos que estão perturbados e agitados, por falta da influência de paz do Espírito. “Como o mar bravo” complementa “não há paz”. Os iníquos estão sempre inquietos, nunca estão em paz.

NOTAS

[1]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 501.
[2]. Os versículos 1 e 2 contêm um quiasma: Perece o justo/os homens compassivos/o justo//entrará em paz/ descansarão/os que houverem andado na sua retidão.
[3]. Féretro, significado de: Caixão; caixa mortuária na qual é colocado o cadáver a ser enterrado; caixa de madeira utilizada para enterrar os mortos. História. Entre os antigos romanos, tipo de maca através da qual os restos mortais dos inimigos eram transportados. (Etm. do latim: feretrum.i): Dicionário online de Português, www.dicio.com.br/ feretro/
[4]
. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 4904, p. 1012.
[5]. Doutrina e Convênios 59:2.
[6]. Apocalipse 14:13.
[7]. Ver 2 Crônicas28:3-4; 33:6.
[8]. Ver 1 Reis 14:23; 2 Reis 16:4; 17:10; 2 Crônicas 28:4; Jeremias 2:20; 3:6, 13; Ezequiel 6:13; também Isaías 1:29; 17:8; 27:9 e comentário pertinente.
[9]. Ver Levítico 18:21; 2 Reis 23:10; Jeremias 32:35; Abraão 1:8; Mórmon 4:14.
[10]. Ver Levítico 23:13; 6:14-18.
[11]. Ver 1 Samuel 17:40.
[12]. Os versículos 5 até 7 contêm um quiasma: Que vos inflamais … e sacrificais os filhos/nas pedras lisas/estas são a tua sorte/derramaste a tua libação//lhes ofereceste ofertas/contentar-me-ia eu com estas coisas/sobre o monte alto e levantado/lá subiste.
[13]. Ver 1 Reis 14:15, 23; 2 Reis 17:10-11; 18:4; 23:14; 2 Crônicas 14:3; 17:6; 31:1; 33:3; Jeremias 17:2; Miquéias 5:14.
[14]. Brown et al., 1996, Número de Strong 4904, p. 1012.
[15]. Ver Lucas 8:17; 12:3; 2 Néfi 27:11; Mórmon 5:8; D&C 88:108-110.
[16]. Deuteronômio 11:20.
[17]. Éter 8:23-25; ver versículos 18-25. Ver também Helamã 2:8; 3 Néfi 7:6, 9; Éter 11:15; Moisés 5:51.
[18]. Os versículos 8 e 9 contêm um quiasma: Detrás das portas, e dos umbrais puseste o teu memorial/te descobriste a outros/alargaste a tua cama/fizeste aliança//com alguns deles/amaste a sua cama/foste ao rei com óleo/te abateste até ao inferno.
[19]. Brown et al., 1996, Número de Strong 4432, p. 574.
[20]. Ver Dicionário Bíblico—Moleque; Ver também Levítico 20:2-5; 2 Reis 23:10; 2 Crônicas 28:3.
[21]. Ver Spencer W. Kimball, “Não Vos Canseis pelo Caminho”, A Liahona, Março de 1981, p. 108.
[22]. D&C 10:4.
[23]. Gálatas 6:9; Ver também 2 Tessalonicenses 3:13.
[24]. D&C 64:33.
[25]. João 12:42-43; Ver também Lucas 9:26; Atos 4:19; D&C 122:9.
[26]. Ver Isaías 2:2, 14 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:2, 4; 30:25 e comentário pertinente.
[27]. Os versículos 13 e 14 contêm um quiasma: Livrem-te os ídolos que ajuntaste/o vento a todos levará/possuirá a terra//herdará o meu santo monte/preparai o caminho/tirai os tropeços do caminho do meu povo.
[28]. Ver Isaías 3:12; 8:11; 26:7-8; 28:7; 40:3 e comentário pertinente.
[29]. Ezra Taft Benson, “Acautelei-vos do Orgulho,” A Liahona, Julho de 1989, p. 5.
[30]. Alma 32:16.
[31]. Éter 2:15.
[32]. D&C 1:32-33.
[33]. O versículo 17 contém um quiasma: Iniqüidade/me indignei/o feri//escondi-me/indignei-me/rebelde.
[34]. Ver Isaías 3:12; 8:11; 26:7-8; 28:7; 40:3 e comentário pertinente.
[35].Brown et al., 1996, Número de Strong 7726, p. 1000.
[36]. D&C 63:32-33.
[37]. Parry et al., 1998, p. 509.
[38]. Efésios 2:17.
[39]. Ver 3 Néfi 16:1-4. Ver também João 10:16; 3 Néfi 15:17-24; D&C 10:59.
[40]. Efésios 4:14.
[41]. Tiago 1:6.
[42]. Os versículos 18 até 21 contêm um quiasma: Eu vejo os seus caminhos/o sararei/o guiarei/lhe tornarei a dar consolação/paz//paz/o que está longe/e para o que está perto/o sararei/o mar bravo … não há paz.