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CAPÍTULO 7: “Eis Que a Virgem Conceberá, E Dará À Luz Um Filho”

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A primeira parte do capítulo 7 é um discurso por um mensageiro onde o profeta é um emissário do Senhor ao rei Acaz e fala sobre uma guerra que Efraim e Síria faria contra Judá, predizendo o resultado desta guerra. Isaías apresenta a profecia de Emanuel sobre o nascimento virginal de Cristo a Acaz como sinal da veracidade de suas palavras. Uma profecia predizendo a destruição de Efraim e Síria pelas mãos dos Assírios compreende a última parte da mensagem de Isaías a Acaz. Os versículos finais deste capítulo descrevem a condição desolada de Efraim e Síria—e mais tarde, da maior parte de Judá—depois do despovoamento pelas mãos do rei assírio. Néfi citou este capítulo por completo com poucas modificações. Compare 2 Néfi 17; as poucas diferenças na versão do Livro de Mórmon aparecem em itálico.

Esta guerra, feita pela Síria e pelo reino de Israel Setentrional (ao norte) contra Judá, aconteceu porque Acaz recusou-se em formar uma aliança com estas nações para a defesa mútua contra Assíria. Eles planejaram conquistar Acaz e colocar um rei sobre Judá que cooperaria com eles em unificar defesas contra Assíria. Devido Acaz ter recusado as instruções do Senhor, que lhe foram enviadas através do profeta Isaías, os exércitos de Rezim e Peca invadiram Judá, matando ou levando cativo milhões dos súditos do rei Acaz.  Aqueles que foram levados cativos voltaram mais tarde.[1] Acaz então formou uma aliança com Tiglate-Pileser, rei da Assíria, contra Síria e o reino de Israel Setentrional para defender-se de seus dois vizinhos conspiradores. Por conseguinte, Tiglate-Pileser invadiu e conquistou Síria e o reino de Israel Setentrional, matando Rezim.[2]

O versículo 1 declara que uma guerra começou entre Judá e seus adversários: “Sucedeu, pois, nos dias de Acaz, filho de Jotão, filho de Uzias, rei de Judá, que Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de Remalias, rei de Israel, subiram a Jerusalém, para pelejarem contra ela, mas nada puderam contra ela”. Esta guerra começou durante o reinado de Acaz, que era rei de Judá, desde 742 a.C. A genealogia de Acaz também foi relatada: Acaz era filho de Jotão, que era rei de Judá desde o ano 758 a.C.; e Jotão era o filho de Uzias, que foi rei de Judá desde o ano de 811 a.C.[3] A guerra aconteceu durante o começo do ministério de Isaías, de 740 até 726 a.C.[4] Mas os adversários de Judá “nada puderam contra ela”.

No versículo 2, “E deram aviso à casa de Davi” refere-se ao rei Acaz e sua aristocracia, visto que os reis de Judá eram descendentes de Davi. A mensagem que “a Síria fez aliança com Efraim” causou uma grande atribulação, não só para o rei mas também para seu povo: “Então se moveu o seu coração, e o coração do seu povo, como se movem as árvores do bosque com o vento”.

Os versículos 3 até 9 contêm o discurso de Isaías no qual o profeta envia a mensagem ao rei Acaz. O versículo 3 começa: “Então disse o Senhor a Isaías”, mas não está claro no texto quando que Isaías começa a falar com Acaz. Primeiramente, o Senhor comanda a Isaías: “Agora, tu e teu filho Sear-Jasube, saí ao encontro de Acaz”― O Senhor informa-lhe onde será esta reunião: “ao fim do canal do tanque superior, no caminho do campo do lavandeiro”. O significado em hebraico do nome do filho de Isaías, Sear-Jasube, é “um resto voltará”.[5] Naquela época, Sear-Jasube deveria ser um bebê ou uma criancinha; ele viria a servir como um exemplo para a lição que Isaías daria para Acaz.

Nos versículos 4, 5, e 6 o Senhor dá a Isaías palavras proféticas para serem transmitidas ao rei. O versículo 4 começa: “E dize-lhe: Acautela-te, e aquieta-te; não temas, nem se desanime o teu coração por causa destes dois pedaços de tições fumegantes; por causa do ardor da ira de Rezim, e da Síria, e do filho de Remalias”. O Senhor exorta Acaz para não temer, apesar da seriedade das ameaças.

O versículo 5 continua: “Porquanto a Síria teve contra ti maligno conselho, com Efraim, e com o filho de Remalias, dizendo” ― os governantes destas duas nações vizinhas formaram uma aliança entre eles contra Judá.

O versículo 6 continua a sentença do versículo anterior: “Vamos subir contra Judá, e molestemo-lo e repartamo-lo entre nós, e façamos reinar no meio dele o filho de Tabeal”.  O Livro de Mórmon apresenta assim: “Subamos contra Judá e atormentemo-la; repartamo-la entre nós…”.  “Molestemo-lo” é traduzido de uma palavra hebraica que significa “fender” ou “abrir forçosamente”.[6] Rezim e Peca queriam conquistar Judá, nomear seu próprio rei para reinar sobre Judá, e dividir a terra e suas riquezas entre eles.

No versículo 7, Isaías proclama: “Assim diz o Senhor DEUS: Isto não subsistirá, nem tampouco acontecerá”. As palavras de conforto foi que este plano maligno não teria sucesso.

No versículo 8, Isaías profetiza ainda mais: “Porém a cabeça da Síria será Damasco, e a cabeça de Damasco Rezim; e dentro de sessenta e cinco anos Efraim será destruído, e deixará de ser povo”. O final da Israel Setentrional, ou o reino do norte—também conhecida como Efraim—ocorreu em 721 a.C., quando o reino foi destruído e seus habitantes, as dez tribos de Israel, foram assassinados ou levados cativos pela Assíria. A destruição de Efraim, na realidade, aconteceu dentro de um terço do tempo designado por Isaías nesta profecia.[7]

O versículo 9 proclama: “Entretanto a cabeça de Efraim será Samaria, e a cabeça de Samaria o filho de Remalias [Peca]; se não o crerdes, certamente não haveis de permanecer”. O que Isaías quis dizer foi que tão certo como a cabeça de Efraim é Samaria, e tão certo como o filho de Remalias, Peca, é o rei de Samaria, o iníquo rei Acaz não acreditaria nas palavras da profecia.

Depois que Isaías transmitiu esta mensagem, encontramos nos versículos 10 e 11: “E continuou o Senhor a falar com Acaz, dizendo: Pede para ti ao Senhor teu Deus um sinal; pede-o, ou em baixo nas profundezas, ou em cima nas alturas”. O Senhor oferece a Acaz um sinal através de Isaías, a fim de ajudá-lo a crer na mensagem.

Versículos 7 até 10 contêm um quiasma:

A: (7) Assim diz o Senhor DEUS:
B: Isto não subsistirá, nem tampouco acontecerá.
C: (8) Porém a cabeça da Síria será Damasco, e a cabeça de Damasco Rezim;
D: e dentro de sessenta e cinco anos Efraim será destruído,
D: e deixará de ser povo.
C: (9) Entretanto a cabeça de Efraim será Samaria, e a cabeça de Samaria o filho de Remalias;
B: se não o crerdes, certamente não haveis de permanecer.
A: (10) E continuou o Senhor a falar com Acaz, dizendo—

Neste quiasma “a cabeça da Síria será Damasco” compara-se com “a cabeça de Efraim será Samaria”, nomeando os dois conspiradores. “Isto não subsistirá” combina com “não haveis de permanecer”. Devido a incredulidade de Acaz, seu próprio reinado não seria estabelecido—com o mesmo resultado do plano traiçoeiro feito contra ele. A declaração central do quiasma prova que “Efraim será quebrantado, e deixará de ser povo”. Para que o reino de Acaz ou o plano contra ele tivesse êxito, a intervenção do Senhor seria necessária.

O versículo 12 informa: “Acaz, porém, disse: Não pedirei, nem tentarei ao Senhor”. Esta resposta não é um sinal de humildade, mas de um desinteresse irreverente de um rei iníquo. Isaías enfureceu-se.

O versículo 13 continua: “Então ele disse: Ouvi agora, ó casa de Davi: Pouco vos é afadigardes os homens, senão que também afadigareis ao meu Deus?” A incredulidade de Acaz é ofensivo para o Senhor e Isaías.

Então, Isaías transmite uma profecia assombrosa a respeito do nascimento virginal do Senhor Jesus Cristo, começando no versículo 14: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel”. O Grande Pergaminho de Isaías, apresenta “Jeová” ao invés de “o mesmo Senhor.”[8] O significado em hebraico de Emanuel é “Deus conosco”[9], que descreve a herança divina do Senhor e Seu papel como Jeová no mundo pré-mortal. Apesar da profecia que o reinado de Acaz não permaneceria estabelecido por causa de sua incredulidade, o Messias nasceria entre o povo de Acaz num tempo futuro. Em cumprimento da profecia que sem dúvidas o rei Acaz conhecia, o Messias nasceria como um descendente e herdeiro dos reis davídicos.[10]

Por que será que o Senhor deu estas informações concernente ao Messias como sinal para um rei iníquo? O reinado de Acaz não iria durar muito, devido sua iniquidade, mas sua nação sobre a qual governava continuaria a existir, pelo menos até o tempo predito quando o ministério terreno do Messias acontecesse. Este conhecimento foi dado como uma garantia divina, que apesar da ameaça de guerra que ele estava encarando, o povo de Acaz e sua linhagem real continuariam a existir por centenas de anos. Além disso, o nascimento do Salvador é uma das mais ponderosas manifestações do amor de Deus pela humanidade, e até mesmo por este rei iníquo.

O versículo 14 é citado no Novo Testamento por Mateus, descrevendo o nascimento de Jesus em Belém como o cumprimento da profecia de Isaías.[11] Mateus inclui a interpretação de “Emanuel” como “Deus conosco.” De todas as profecias de Isaías citadas no Novo Testamento, referentes ao ministério terreno de Jesus Cristo, esta passagem é uma das mais importante.[12]

As palavras do versículo 14 foram imortalizadas em “O Messias” de Handel, parte 1 número 8, Recitativo para contralto: “Eis que uma virgem conceberá”.

Concernente a esta passagem, Gordon B. Hinckley exortou:

“Crede nele que é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, que foi a fonte de inspiração de todos os antigos profetas – que falaram, movidos pelo Espírito Santo. Esses profetas falaram por Ele, ao depreenderem reis, ao admoestarem nações, e quando, como videntes, anunciaram a vinda de um prometido Messias, declarando pelo poder de revelação: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel.”[13]

Néfi, que conhecia muito bem as palavras de Isaías, viu os acontecimentos previsto neste versículo, como resposta a seu pedido para saber o significado da árvore da vida, isto foi feito através de uma visão que ele e seu pai, Leí, tiveram:

“E aconteceu que olhei e vi a grande cidade de Jerusalém e também outras cidades. E vi a cidade de Nazaré; e na cidade de Nazaré vi uma virgem que era extremamente formosa e branca.
“E aconteceu que vi os céus se abrirem; e um anjo desceu e, pondo-se na minha frente, disse: Néfi, que vês tu?
“E eu respondi: Uma virgem mais bela e formosa que todas as outras virgens…”E disse-me ele: Eis que a virgem que vês é a mãe do Filho de Deus, segundo a carne.
“E aconteceu que eu a vi ser arrebatada no Espírito. E depois de haver sido ela arrebatada no Espírito por um certo espaço de tempo, o anjo falou-me, dizendo: Olha!
“E eu olhei e tornei a ver a virgem carregando uma criança nos braços.
“E disse-me o anjo: Eis o Cordeiro de Deus, sim, o Filho do Pai Eterno! Sabes tu o significado da árvore que teu pai viu?
“E respondi-lhe, dizendo: Sim, é o amor de Deus….”[14]

Néfi, sentindo a ponderosa influência do Espirito Santo quando viu o maravilhoso acontecimento que se passaria em Nazaré e Belém no meridiano dos tempos, concluiu corretamente que a árvore da vida representava o amor de Deus para Seus filhos—tantos os iníquos quanto os justos. Aprendemos no Livro de Mórmon que o nascimento mortal do Messias é uma manifestação superlativa do amor de Deus.

O versículo 15 continua a profecia de Isaías: “Manteiga e mel comerá, quando ele souber rejeitar o mal e escolher o bem”. O fato de comer manteiga e mel—ou, coalhada e mel, as únicas comidas disponíveis aos pobres em certas épocas[15]—fez com que Salvador soubesse como “rejeitar o mal e escolher o bem”, é evidente que isto se refere ao alimento espiritual, ao invés de simplesmente a nutrição física. Ele nasceria e cresceria num tempo de grande privação entre o povo que não buscaria iluminação espiritual.

O Senhor, através de revelações modernas, citou uma parte dos registros de João Batista concernente a nutrição do Messias mortal no começo de sua vida: “E eu, João, vi que no princípio ele não recebeu da plenitude, mas recebeu graça por graça…mas continuou de graça em graça, até receber a plenitude; E assim foi chamado de Filho de Deus, porque não recebeu da plenitude no princípio.”[16]

O filho do Deus recebeu nutrição espiritual pouco a pouco até receber a plenitude. De onde veio tal nutrição? João Batista testificou sobre a realidade do desenvolvimento natural e progresso no crescimento de Jesus, da infância até a maturidade. Sua fonte de nutrição espiritual certamente não foi limitada a pais terrenos ou mestres; Ele recebeu sua iluminação dos céus. Considere a cena quando, na idade de doze anos, Jesus foi encontrado no templo:

“E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os.
“E todos os que o ouviam admiravam a sua inteligência e respostas.
“E quando o viram, maravilharam-se, e disse-lhe sua mãe: Filho, por que fizeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurávamos.
“E ele lhes disse: Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?
“E eles não compreenderam as palavras que lhes dizia.”[17]

A reprimenda gentil de Jesus afirma que Deus era literalmente Seu pai, não José. Obviamente, Ele não recebeu esta marcante compreensão de seus pais terrenos, que “não compreenderam as palavras que lhes dizia”.[18] Sua compreensão veio através de revelação de Seu Pai Celestial, bem como profetizou Isaías.

No versículo 16 Isaías continua sua profecia a Acaz, testificando que os acontecimentos militares preditos aconteceriam num futuro imediato: “Na verdade, antes que este menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, a terra, de que te enfadas, será desamparada dos seus dois reis”. Aqui, a criança se refere ao filho de Isaías, Sear-Jasube,[19] não Emanuel, mencionado e predito nos versículos 14 e 15. Isaías provavelmente mudou o assunto de Emanuel, a criança sagrada que nasceria de uma virgem, para seu próprio filho, a fim de evitar que o rei Acaz, em sua maldade, compreendesse completamente a natureza dos sinais que seriam dados.[20] Isaías foi instruído pelo Senhor para levar seu filho pequeno com ele, quando fosse transmitir esta mensagem profética;[21] A bondade e inocência de Sear-Jasube compara-se com o estado sem pecado do Salvador, Emanuel. As terras abomináveis mencionadas por Isaías eram a Síria e o reino de Israel Setentrional (ao norte), cujos reis, Rezim e Peca, conspiraram contra Acaz.[22]

Nos versículos 17 até 20 Isaías profetiza a respeito da destruição que logo resultaria na queda de Israel e Síria, e que isto seria um exemplo da destruição nos últimos dias. No versículo 17 ele descreve o horror trazido pelo rei da Assíria: “Porém o Senhor fará vir sobre ti, e sobre o teu povo, e sobre a casa de teu pai, pelo rei da Assíria, dias tais, quais nunca vieram, desde o dia em que Efraim se separou de Judá”. Efraim partiu de Judá sob o servo de Salomão, Jeroboão, em 975 a.C.[23]

Os versículos 14 até 17 contêm um quiasma:

A: (14) Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho,
B: e chamará o seu nome Emanuel.
C: (15) Manteiga e mel comerá, quando ele souber rejeitar o mal e escolher o bem.
C: (16) Na verdade, antes que este menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem,
B: a terra, de que te enfadas, será desamparada dos seus dois reis.
A: (17) Porém o Senhor fará vir sobre ti, e sobre o teu povo, e sobre a casa de teu pai, pelo rei da Assíria, dias tais, quais nunca vieram, desde o dia em que Efraim se separou de Judá.

O lado ascendente do quiasma descreve o nascimento e os primeiros anos de vida do Messias, já o lado descendente reflete a inocência do filho de Isaías, Sear-Jasube, a derrota da aliança Efraim-Síria e sua destruição pelas mãos do rei da Assíria no tempo de Acaz e Isaías. A frase “o mesmo Senhor vos dará um sinal” é refletida pela frase “o Senhor fará vir sobre ti…”. Estas declarações, também relacionadas, demonstram mais uma parte do sinal dado a Acaz, a presciência da destruição de Efraim e Síria, e a grande tribulação que sobreveio à Judá pelas mãos dos assírios. “Emanuel” compara-se com “será desamparada dos seus dois reis”, denotando que o Senhor Emanuel, o herdeiro legítimo do trono de Davi, traria a destruição de Israel e Síria. A primeira instância “rejeitar o mal e escolher o bem” refere-se a Emanuel, já a segunda instância da mesma frase refere-se ao filho de Isaías. Note que a frase “Manteiga e mel comerá” aplica-se somente a Emanuel.

Eruditos bíblicos têm tido dificuldades com alguns aspectos da profecia de Isaías sobre Emanuel. Eles argumentam que a profecia registrada nos versículos 14 e 15 refere-se a criança que nasceria da esposa de Isaías, possivelmente a segunda esposa, não a mãe de Sear-Jasube, que serviria como um símbolo para o nascimento do Messias. Esta criança, cujo crescimento e desenvolvimento seriam acompanhados por Isaías e Acaz, daria o sinal do cumprimento da segunda parte da profecia concernente à queda da Síria e o reino de Israel Setentrional.[24]

Várias dificuldades aparecem com esta explicação. Mais importante ainda, é que haveria somente um nascimento virginal—o do Messias, Jesus Cristo, o “unigênito do Pai.”[25] Ninguém além do Filho de Deus seria merecedor do nome descritivo, Emanuel, por causa de Sua concepção[26] e Sua posição elevada na vida pré-mortal.[27] Nenhum outro nascimento poderia adequadamente servir como exemplo.

O Senhor mandou Isaías trazer seu filho pequeno, Sear-Jasube, para a entrevista com Acaz, indicando que o tempo que levaria para o crescimento e desenvolvimento de Sear-Jasube seria o mesmo para a destruição da Síria e do reino de Israel Setentrional. É fácil imaginar Isaías apontando para seu filho quando ele falou: “Na verdade, antes que este menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, a terra, de que te enfadas, será desamparada dos seus dois reis”.[28]

A esposa de Isaías, a mãe de Maer-Salal-Has-Baz[29] e provavelmente a mãe de Sear-Jasube também, é a única esposa de Isaías que se conhece mediante os registros bíblicos. Se seu segundo filho, Maer-Salal-Has-Baz, tipifica o nascimento do Messias, como alguns argumentam, não se pode dizer que seria um nascimento virginal nem sequer o primeiro nascimento. Que se saiba não foi dado a nenhum dos filhos de Isaías o nome de Emanuel, nem mesmo como segundo nome.

A estrutura quiasmática dos versículos 14 até 17, provê uma explicação que não exige suposições inverificáveis. O Filho que nasceria de uma virgem e receberia o nome de Emanuel é descrito no lado ascendente do quiasma, já o outro menino, cujo crescimento e desenvolvimento serviriam como sinal da destruição de Israel e Síria, numa época muito diferente, é descrito no lado descendente. O desenvolvimento gradual da responsabilidade pessoal—o saber rejeitar o mal e escolher o bem—é o elemento comum que liga as duas diferentes descrições.

No versículo 18, o assunto muda para a Assíria e o Egito: “Porque há de acontecer que naquele dia assobiará o Senhor às moscas, que há no extremo dos rios do Egito, e às abelhas que estão na terra da Assíria”. “Naquele dia” indica que Isaías está predizendo os acontecimentos dos últimos dias. As moscas e as abelhas representam grupos de soldados de duas superpotências opostas representadas aqui pelo Egito e Assíria, as duas superpotências no tempo de Isaías. O fato desses soldados poderem voar, não deve ser ignorada, dadas as práticas modernas de guerra.

O Egito não estava diretamente envolvido na conquista da Síria e Israel em 721 a.C.  Esta referência ao Egito, portanto, indica ainda mais que esta profecia é um exemplo a ser cumprido nos últimos dias. O Egito representa uma superpotência moderna ocidental, enquanto que a Assíria representa uma superpotência moderna do oriente médio ou do oriente.[30]

No versículo 19, os grupos de invasores foram descritos com maiores detalhes: “E todas elas virão, e pousarão nos vales desertos e nas fendas das rochas, e em todos os espinheiros e em todos os arbustos”. As hostes invasoras apoderariam-se da terra.

O versículo 20 descreve a humilhação total que se sofreria pelas mãos do rei da Assíria: “Naquele mesmo dia rapará o Senhor com uma navalha alugada, que está além do rio, isto é, com o rei da Assíria, a cabeça e os cabelos dos pés; e até a barba totalmente tirará”. O Livro de Mórmon omite “isto é”. “Aqueles que estão “além do Rio” refere-se aos exércitos da Assíria do outro lado do rio Eufrates, mas também é um símbolo para um grande tirano dos últimos dias. Raspar a cabeça, os pés, e a barba são símbolos de completa derrota e humilhação—total destruição dos exércitos, com seus combatentes sendo assassinados ou levados como prisioneiros—que se sofreria pelas mãos do rei da Assíria. Note que na conquista predita os invasores cumpririam a vontade do Senhor, como se fossem, figurativamente, contratados pelo Senhor como mercenários—a “navalha alugada”.[31]

Os últimos versículos do capítulo 7 descreve a desolação da terra depois que os habitantes de Israel e Judá forem assassinados ou levados cativos. No versículos 21 e 22 a relativa abundância de alimento, devido a dizimação da população é descrita:

“E sucederá naquele dia que um homem criará uma novilha e duas ovelhas.
“E acontecerá que por causa da abundância do leite que elas hão de dar, comerá manteiga; e manteiga e mel comerá todo aquele que restar no meio da terra.”

Os restantes sobreviveriam devido a autossuficiência. Manteiga e mel—ou, coalhada e mel, às vezes seriam os únicos alimentos disponíveis aos pobres autossuficientes,[32]—indicam a situação difícil dos sobreviventes.

No versículo 15, note que manteiga e mel referem-se à nutrição espiritual que o jovem Jesus receberia. No versículo 22 esta mesma frase refere-se à nutrição temporal e à espiritual—temporal devido as dificuldades da população dizimada, e espiritual por cause da destruição dos líderes que desviavam o povo para o mau caminho, dando fim às suas artimanhas sacerdotais. Os remanescentes seriam livres para seguir a retidão.[33]

O cultivo da terra cessaria completamente, como foi descrito no versículos 23 até 25, devido à grande redução na população. O versículo 23 prediz: “Sucederá também naquele dia que todo o lugar, em que houver mil vides, do valor de mil siclos de prata, será para as sarças e para os espinheiros”. Ao invés de vinhas valiosas do valor de mil siclos de prata, somente sarças e espinheiros cresceriam.

O versículo 24 descreve a terra, porque seria revertia em deserto, adequada somente para a caça: “Com arco e flecha se entrará ali, porque toda a terra será sarças e espinheiros”, devido à falta de pessoas para cultivar a terra.

O versículo 25 descreve os campos que foram cultivados no passado: “E quanto a todos os montes, que costumavam cavar com enxadas, para ali não irás por causa do temor das sarças e dos espinheiros; porém servirão para se mandarem para lá os bois e para serem pisados pelas ovelhas”. Ou, esses campos que antes eram cultivados, serviriam somente como pastos para bois ou ovelhas.[34]

A terra ficaria desolada exceto por uns poucos zeladores sob comando Assírio. O Senhor não estaria espiritualmente com eles, apesar das referências à manteiga e mel (nutrição espiritual) no versículo 15; coisas sagradas seriam profanadas, como pelos “bois, e para serem pisados pelas ovelhas.” Falsas doutrinas surgiriam como as “sarças e espinheiros,” para sufocarem as doutrinas verdadeiras que foram dadas originalmente pelo Senhor.[35], [36]

NOTAS

[1]. Ver 2 Crônicas 28:5-15.
[2]. Ver 2 Reis 15:29; 16:7-9.
[3]. Ver Dicionário Bíblico—Cronologia.
[4]. Ver Dicionário Bíblico—Cronologia; também Dicionário Bíblico—Isaías.
[5]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 7610, p. 984.
[6]. Brown et al., 1996, Número de Strong 1234, p. 131-132.
[7]. Ver 2 Reis 17:6-8; Isaías 8:4; 17:2; 42:24; 43:6; 49:12; 54:7.
[8]. Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University, [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 58.
[9]. Brown et al., 1996, Número de Strong 410, p. 41.
[10]. Ver Gênesis 49:10; Mateus 1:1-16.
[11]. Mateus 1:22-23.
[12]. Ver Isaías 6:10, comentário pertinente e notas no final do texto.
[13]. Gordon B. Hinckley, “Não sejas incrédulo”, A Liahona, Outubro de 1978, p. 100.
[14]. 1 Néfi 11:13-15, 18-22.
[15]. Brown et al., 1996, Número de Strong 2529, p. 326, 328; Ver também Isaías 7:15, nota de rodapé 15a na Bíblia SUD em inglês.
[16]. Doutrina e Convênios 93:12-14.
[17]. Lucas 2:46-50.
[18]. Lucas 2:50.
[19]. Ver Isaías 7:3.
[20]. Ver Isaías 6:9-10 e comentário pertinente; Ver também D. e C. 82:3 e Lucas 12:48.
[21]. Ver Isaías 7:3.
[22]. Ver Isaías 7:1.
[23]. Dicionário Bíblico—Cronologia.
[24]. Ver comentário de Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, pp. 143-145.
[25]. Ver João 1:14; 3:16, 18; Alma 9:26; D. e C. 76:22-24.
[26]. Ver Lucas 1:31-35.
[27]. Ver Isaías 40:28; 41:20; 42:5-6; 44:24; 45:12; Moisés 1:33; 4:2.
[28]. Isaías 7:16.
[29]. Ver Isaías 8:1-4.
[30]. Ver Gileadi, p. 72-73.
[31]. Terry B. Ball, “Revisão do Capítulo de Isaías: 2 Néfi 17/Isaías 7”,  Companheiro Referencial do Livro do Mórmon: Dennis L. Largey, ed., Deseret Book Company, Salt Lake City, UT, 2003, p.371.
[32]. Brown et al., 1996, Número de Strong 2529, p. 326, 328.
[33]. Versículo 22 contém um quiasma: comer/manteiga/manteiga/comer. In Parry,  Harmonizing Isaiah, [Harmonizando Isaías] 2001, p. 258.
[34]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7716, p. 961.
[35]. Ver Isaías 55:13; 5:6; 9:18; 10:17; 27:4; 32:13 e comentário pertinente.
[36]. Versículos 21 até 25 contêm um quiasma: Uma novilha e duas ovelhas/ houver mil vides, do valor de mil siclos de prata/será para as sarças e para os espinheiros/arco//flecha/sarças e espinheiros/cavar com enxadas/bois…ovelhas.

CAPÍTULO 6: “Engorde O Coração Deste Povo”

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Na primeira parte do capítulo 6, Isaías reconta quando foi chamado pelo Senhor para ser um profeta. Ele vê o Senhor e sente um grande remorso por causa de seus pecados e os pecados de seu povo. Ele também vê serafins e descreve simbolicamente os poderes desses seres. Isaías é chamado a servir “até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, e as casas sem moradores, e a terra seja de todo assolada”, e “o Senhor afaste dela os homens”. Foi-lhe informado que os Judeus rejeitariam seus ensinamentos e os do Salvador, e foi-lhe dado instruções em como apresentar sua mensagem. Finalmente, o Senhor diz para Isaías que apesar de Israel ser dispersa, a décima parte de seus habitantes retornariam.

Néfi apresenta este capítulo por inteiro, com pequenas variações. Diferentes redações na versão do Livro de Mórmon aparecem em itálico onde forem citadas; a diferença mais notável é o tempo passado usado no versículo 9. Compare 2 Néfi 16.

No versículo 1, Isaías informa que recebeu seu chamado para profetizar “No ano em que morreu o rei Uzias”, em 740 a.C.[1] Isaías declarou numa visão, “eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e a cauda do seu manto enchia o templo”.

No versículo 2 Isaías declara: “Serafins estavam por cima dele”, significando o trono do Senhor, no versículo 1. No hebraico serafim significa “seres flamejantes.”[2] Isaías usou este termo em lugar de “anjos,” que significa “mensageiros”, por causa de sua função de adorar ao Senhor, não a de levar uma mensagem.[3] Tanto anjos como serafins são seres glorificados. Continuando, Isaías descreve esses seres: “cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam.” Em hebraico a palavra “véus” é o mesmo que “asas”, resultando neste sentido: “Cada um tinha seis véus; com dois escondiam sua presença, e com dois escondiam sua localização, e com dois voavam.” As asas ou véus, então, não tem sentido literal; são representações simbólicas de poderes possuídos pelos serafins.[4] Exceto por não terem a função de mensageiros, eles são como anjos, com a mesma aparência e poderes.[5] Joseph Smith respondeu perguntas sobre Apocalipse 4:6 e da descrição sobre as bestas, as quais foram vistas por João, o Revelador. Estas bestas também possuíam seis asas, como o serafim; Joseph testificou que as asas “representam poder para mover-se, para agir, etc.”[6]

No versículo 3 Isaías escreve as palavras proferidas ou cantadas por um dos serafins: “E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória”. A palavra hebraica de onde veio a palavra “cheia” é traduzida com o sentido de “todo o conteúdo.”[7] Assim o propósito do Senhor é o de encher toda a Terra com Sua glória—dando-nos uma compreensão maior concernente ao papel da Terra no plano eterno do Senhor. Compare as palavras do Senhor a Moisés: “Pois eis que esta é minha obra e minha glória: Levar a efeito a imortalidade e vida eterna do homem”.[8] Três repetições da palavra “santo” pelos serafins são para ênfase tripla—a língua hebraica usa repetições ao invés de superlativos.

Na dedicação do Templo de Kirtland, Joseph Smith fez referências ao cântico dos seres celestiais que rodeavam o trono de Deus: “E também esta igreja, para que se ponha sobre ela o teu nome. E ajuda-nos, pelo poder de teu Espírito, para que misturemos nossa voz aos brilhantes e resplandecentes serafins que cercam teu trono com aclamações de louvor, cantando: Hosana a Deus e ao Cordeiro!”[9]

O versículo 4 continua a narrativa: “E os umbrais das portas se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça”. O som da voz do Senhor fez com que tudo se estremecesse.

No versículo 5 Isaías sente um profundo remorso por estar na presença do Senhor, por causa de seus pecados e dos de seu povo. Ele exclama: “Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos”. Não só se sente indigno, mas também espiritualmente morto—precisando do arrependimento—para se sentir confiante na presença do Senhor.[10] Sendo “um homem de lábios impuros” que habitava “no meio dum povo de impuros lábios”, seu pecado de falar inapropriadamente teria que ser removido, para que ele pudesse levar a palavra do Senhor.[11]

Seu remorso foi notado pelo serafim. O versículo 6 começa: “Porém um dos serafins voou para mim, trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz”.

O versículo 7 continua: “E com a brasa tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniquidade foi tirada, e expiado o teu pecado”. Este ato do serafim proporcionou a Isaías um símbolo do poder purificador da Expiação.

No versículo 8, depois que a purificação pessoal foi resolvida, o Senhor está pronto para falar com Isaías. Isaías declara: “Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim”. Ao responder a este chamado do Senhor, Isaías usa as mesmas palavras que o Senhor usou num tempo anterior ao aceitar Seu chamado para ser o Salvador do mundo.[12] Em nossos dias, muitos de nós temos que ser mais envolvidos na obra do Senhor. Precisamos responder dizendo, “Eis-me aqui, envia-me a mim”.[13]

Nos versículos 9 e 10 o Senhor dá a Isaías um desafio especial: Para codificar as coisas que o Senhor lhe mostraria, de forma que seria simples para o leitor com o espirito de profecia—porém incompreensível para aqueles que não possuíssem este grande dom espiritual. O versículo 9 começa: “Então disse ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis”. Este versículo é apresentado no Livro de Mórmon no passado: “Ouvi bem, mas não entenderam; e vede bem, mas não perceberam”.[14] Da versão do Livro de Mórmon é fácil entender que o povo é que é o culpado—não as codificações de Isaías—por não entender e perceber.

O Senhor continua no versículo 10: “Engorda o coração deste povo, e faze-lhe pesados os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele não veja com os seus olhos, e não ouça com os seus ouvidos, nem entenda com o seu coração, nem se converta e seja sarado”.  A palavra “engorda” implica abundância material, o que torna as pessoas insensíveis espiritualmente. O Senhor não quer dar informações sagradas aos iníquos, porque seria para sua maior condenação.[15]

O Senhor Jesus Cristo parafraseou o versículo 10 durante Seu ministério terreno:

“E ele disse-lhes: A vós vos é dado saber os mistérios do reino de Deus, mas aos que estão de fora todas estas coisas se dizem por parábolas,
“Para que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados.[16]

Este e outros eventos na vida de Jesus Cristo são citados por escritores no Novo Testamento como cumprimentos de profecias de Isaías prevendo a vinda do Messias.[17] Ao citar esta passagem o Senhor verifica o significado intencionado por Isaías.

Não só as profecias de Isaías vieram por meio do espírito de profecia; sua interpretação, compreensão e aplicação nas vidas pessoais devem também vir pelo espírito de profecia, que é o Espírito Santo. Este conceito é explicado pelo apóstolo Pedro: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”.[18]

Versículo 10 contém um quiasma:[19]

A: (10) Engorda o coração deste povo,
B: e faze-lhe pesados os ouvidos,
C: e fecha-lhe os olhos;
C: para que ele não veja com os olhos,
B: e não ouça com os seus ouvidos,
A: nem entenda com o seu coração, nem se converta e seja sarado.

“Engorda o coração deste povo” contrasta-se com “nem entenda com o seu coração”; o povo não está receptivo ao espírito porque seus corações foram colocados na abundância terrena. A frase “faze-lhe pesados os ouvidos” compara-se com “e não ouça com os seus ouvidos”; e “fecha-lhe os olhos” é complementário à frase “para que ele não veja com os olhos”. Os olhos, ouvidos e corações do povo seriam fechados devido sua preocupação primordial com os assuntos terrenos.

No versículo 11 Isaías inquere sobre o tempo que levaria para que sua mensagem fosse compreendida:[20] “Então disse eu: Até quando Senhor? E respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, e as casas sem moradores, e a terra seja de todo assolada”. Uma nota de rodapé na Bíblia SUD em inglês fornece um significado alternativo para este versículo: “O profeta se pergunta quanto tempo os homens serão assim, e responde o Senhor: até que o homem mortal não exista mais.”[21]

Continuando no versículo 12, torna-se evidente que os dois versículos anteriores fazem referências à dispersão de Israel: “E o Senhor afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo.” O Livro de Mórmon apresenta da seguinte maneira: “…porque haverá grande desolação no meio da terra”.[22] A terra seria despovoada, com seus habitantes destruídos ou dispersos. A mensagem de Isaías não seria entendida até depois da destruição e dispersão de Israel.

O versículo 13 refere-se à coligação subsequente de Israel: “Porém ainda a décima parte ficará nela, e tornará a ser pastada; e como o carvalho, e como a azinheira, que depois de se desfolharem, ainda ficam firmes, assim a santa semente será a firmeza dela”. O Livro de Mórmon apresenta desta forma: “Mas haverá ainda uma décima parte e eles voltarão e serão devorados, como uma azinheira e como um carvalho que, depois de desfolharem, ainda conservam em si sua substância; assim, a santa semente será a substância deles”.[23]  A palavra hebraica traduzida como “desfolharem” ou “devorados” significa “queimar, consumir, acender, acender-se.”[24]

Bem como o tronco ou toco de uma árvore que foi cortado ou queimado brota novamente, uma nova ordem de retidão surgiria depois da dispersão e destruição. Isaías implica este mesmo sentido mais tarde, no capítulo 11: “Porque brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará”.[25] O tronco de Jessé refere-se especificamente a Cristo, que era um descendente de Jessé, pai do rei Davi, através da linhagem de José, o marido de Maria; e também através de Maria sua mãe, pois eram da mesma linhagem.[26]

Quando Judá foi levado cativo para a Babilônia aproximadamente 90 porcento dos habitantes foram assassinados, e a décima parte que restou foi levada cativa ou foi deixada lá para cuidar da terra sob regime Assírio.[27]

NOTAS

[1]. Dicionário Bíblico—Cronologia.
[2]. Dicionário Bíblico—Serafim; Ver também Brown et al., 1996, Número de Strong 8313, p. 976.
[3]. Avraham Gileadi, The Book of Isaiah: A new translation with interpretive keys from The Book of Mormon: [O Livro de Isaías: Uma nova tradução com chaves interpretativas do Livro de Mórmon] Deseret Book Company, P.O. Box 30178, Salt Lake City, Utah 84130, 1988, p. 35.
[4]. Ver Gileadi, p. 35.
[5]. Ver Gileadi, p. 35.
[6]. Doutrina e Convênios 77:4.
[7]. Brown et al., 1996, Número de Strong 4393, p. 571.
[8]. Moisés 1:39.
[9]. D. e C. 109:79.
[10]. Ver D. e C. 121:45.
[11]. Robert S. Wood, “Com Língua de Anjos,” Liahona, Janeiro 2000, p. 102.
[12]. Ver Abraão 3:27.
[13]. H. Bruce Stucki, “A Fé de um Pardal: Fé e Confiança no Senhor Jesus Cristo,” Liahona, Janeiro 2000, p. 54.
[14]. 2 Néfi 16:9.
[15]. Ver D. e C. 82:3 e Lucas 12:48.
[16]. Marcos 4:11-12. Ver também Mateus 13:14-15; Lucas 8:10; João 12:40; Atos 28:25-27; e Romanos 11:8.
[17]. Ver Mateus 1:22 (Isaías 7:14); Mateus 2:15 (Hosea 11:1); Mateus 2:17 (Jeremias 31:15); Mateus 2:23 (escritura perdida); Mateus 4:14 (Isaías 9:1-2); Mateus 8:17 (Isaías 1:5, 53:6); Mateus 12:17 (Isaías 42:1-3); Mateus 13:14 (Isaías 6:10); Mateus 13:35 (Salmos 78:2); Mateus 21:4 (Isaías 62:11, Zacarias 9:9-11); Mateus 26:56 (Isaías 2:3, 54:13); Mateus 27:9 ( Zacarias 11:12, “Jeremias”); Mateus 27:35 (Salmos 22:18); Marcos 4:11-12 (Isaías 6:10); Marcos 15:28 (Isaías 53:12); Lucas 4:21 (Isaías 61:1-2); João 12:38 (Isaías 53:1); João 12:40 (Isaías 6:10); João 13:18 (Salmos 41:9); João 15:25 ( Salmos 69:4); João 17:12, 18:9 (escritura perdida); João 19:24 (Salmos 22:18); João 19:28 (Salmos 69:21); João 19:36 (Êxodo 12:46); Atos 1:16 (Salmos 41:9); Atos 3:18.
[18]. 2 Pedro 1:20-21.
[19]. Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research and Mórmon Studies (FARMS) at Brigham Young University, [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young]Provo, Utah, 2001, p. 258.
[20]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 136.
[21]. Ver Isaías 6:11, nota de rodapé 11a na Bíblia SUD em inglês.
[22]. 2 Néfi 16:12.
[23]. 2 Néfi 16:13.
[24]. Brown et al., 1996, Número de Strong 1197, p. 129.
[25]. Isaías 11:1.
[26]. Ver Mateus 1:1-16.
[27]. Ver 2 Reis 15:29.

CAPÍTULO 5: “E Ele Arvorará o Estandarte Para As Nações de Longe”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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O capítulo 5 consiste de três partes principais. Na primeira, Isaías descreve a apostasia de Judá e Jerusalém num cântico alegórico. Na segunda parte, o Senhor, numa série de oráculos de lamentações, pronuncia maldições sobre o povo por quebrarem os convênios feitos com Ele. A terceira parte prediz a coligação e a restauração de Israel nos últimos dias. A estrutura de três partes deste capítulo reflete a mesma estrutura do capítulo 1, do Livro inteiro de Isaías, e da história predita da casa de Israel que se consiste de três partes.[1]

O cântico alegórico de Isaías compreende os primeiros sete versículos. Composto por Isaías e possivelmente cantados aos homens de Judá, descrevendo a apostasia da casa de Israel que aconteceu apesar de tudo o que o Senhor fez por eles, e também descreve sua dispersão e assolação. Começando no versículo 8 encontramos cinco oráculos de lamentações, cada um começando com a palavra “ai” e anunciando as maldições—incluindo a destruição e dispersão da nação—que foram pronunciadas sobre o povo pelo Senhor como consequências de suas iniquidades e apostasia. Na terceira parte o Senhor levanta um estandarte para chamar Seu povo disperso das partes mais distante da Terra; e o povo vem “apressurada e ligeiramente” à Sião.

Néfi cita o capítulo 5 por inteiro, com pequenas variações; compare 2 Néfi 15.

No versículo 1, Isaías começa a alegoria: “Agora cantarei ao meu amado o cântico do meu querido a respeito da sua vinha. O meu amado tem uma vinha num outeiro fértil”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “E então cantarei ao meu bem-amado….[2] O uso de “meu amado” por Isaías, significando o Senhor, indica que ele considera o Senhor como um amigo fiel e muito querido. A alegoria da vinha representa Judá e Jerusalém.

No versículo 2, Isaías continua: “E cercou-a, e limpando-a das pedras, plantou-a de excelentes vides; e edificou no meio dela uma torre, e também construiu nela um lagar; e esperava que desse uvas boas, porém deu uvas bravas”.

No versículo 3 o ponto de vista muda de Isaías para o do Senhor: “Agora, pois, ó moradores de Jerusalém, e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha”.

No versículo 4 o Senhor pergunta retoricamente: “Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? Por que, esperando eu que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas?” Este desafio e a pergunta retórica são recordações do profeta Natan desafiando o rei Davi com respeito a seu adultério e assassinato; Natan começa a acusação com uma parábola.[3] Os homens de Judá, desafiados aqui por Isaías, são tão culpados quanto o rei Davi.

Nos versículos 5 e 6 o Senhor continua a alegoria, descrevendo as consequências desta apostasia. O versículo 5 começa: “Agora, pois, vos farei saber o que eu hei de fazer à minha vinha: tirarei a sua sebe, para que sirva de pasto; derrubarei a sua parede, para que seja pisada”. As consequências alegóricas têm equivalentes espirituais—o Senhor cessaria de defender Seu povo. “Para que sirva de pasto” significa que as grandes bênçãos oferecidas à Judá e Jerusalém poderão ser obtidas e disfrutadas por outras pessoas; as frases “tirarei a sua sebe” e “para que seja pisada” referem-se novamente à proteção do Senhor sendo retirada de sobre a nação.

O versículo 6 continua: “E a tornarei em deserto; não será podada nem cavada; porém crescerão nela sarças e espinheiros; e às nuvens darei ordem que não derramem chuva sobre ela”. “Tornarei em deserto” refere-se às destruições que recairiam sobre a casa de Israel. “Não será podada nem cavada” significa que o Senhor não proveria constante orientação, cuidado ou revelação. “Crescerão nela sarças e espinheiros” prediz que invasores que não são do convênio ocupariam a terra, e que falsas doutrinas apareceriam para substituir as verdades dadas pelo Senhor;[4] e “às nuvens darei ordem que não derramem chuva sobre ela” refere-se à seca e fome espiritual e física.[5]

Os versículos 2 até 6 contêm um quiasma:

A: (2) E cercou-a, e limpando-a das pedras, plantou-a de excelentes vides; e edificou no meio dela uma torre, e também construiu nela um lagar;
B: e esperava que desse uvas boas, porém deu uvas bravas.
C: (3) Agora, pois, ó moradores de Jerusalém, e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha.
C: (4) Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito?
B: Por que, esperando eu que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas? (5) Agora, pois, vos farei saber o que eu hei de fazer à minha vinha:
A: tirarei a sua sebe, para que sirva de pasto; derrubarei a sua parede, para que seja pisada; (6) E a tornarei em deserto; não será podada nem cavada; porém crescerão nela sarças e espinheiros; e às nuvens darei ordem que não derramem chuva sobre ela.

A declaração introdutória contrasta-se com a sua reflexão. Primeiramente, o Senhor energeticamente prepara a vinha, cercando para proteção e plantando no solo excelentes vides. Apesar do diligente esforço do Senhor a vinha produz uvas bravas. Na reflexão antitética o Senhor tira a sua sebe (uma cerca feita de arbustos, o mesmo que cerca viva), derruba a sua parede, permitindo que a terra seja invadida e pisada, retém Seus cuidados e dá às nuvens ordem que não derramem sua chuva. Como resultado, a terra fica cheia de sarças e espinheiros.

No versículo 7 Isaías explica a alegoria do Senhor: “Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta das suas delícias” ―[6]  Isaías resume a acusação: “e esperou que exercesse juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis aqui clamor”. O Grande Pergaminho de Isaías, um dos Pergaminhos do Mar Morto, apresenta esta passagem assim: “…eis aqui clamor de angústia”.[7] “Juízo”, como usado aqui, significa “justiça social”[8] Outros significados para “juízo” que se encontram na obra de Isaías incluem justiça,[9] retribuição,[10] raciocínio lógico,[11] e um sistema equitativo de leis.[12]

Uma outra versão desta alegoria—que consiste de doze oliveiras ao invés de vinhas—foi apresentada pelo Senhor ao Profeta Joseph Smith. Neste caso, os servos discutiam entre eles sobre a necessidade de ter uma torre, “sendo que é tempo de paz”.[13] Mas o inimigo veio, derrubou a sebe, e destruiu a vinha. O Senhor exortou Seus servos:

Não devíeis ter feito o que vos mandei e—depois de haverdes plantado a vinha e construído a sebe ao redor e posto atalaias sobre seus muros—construído também a torre e posto uma atalaia na torre e vigiado minha vinha, sem adormecer, para que o inimigo não vos atacasse?[14]

Os versículos 8 até 24 apresentam cinco oráculos de lamentações, descrevendo maldições e consequências impostas pelo Senhor pelas transgressões da casa de Israel. O significado do versículo 8 é facilmente mal interpretado na versão de João Ferreira de Almeida: “Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e fiquem como únicos moradores no meio da terra!” O Livro de Mórmon omite “reúnem campo a campo” e mostra “até que não possa…”.[15] Miquéias esclarece o significado desta passagem: “Ai daqueles que nas suas camas intentam a iniquidade, e maquinam o mal; à luz da alva o praticam, porque está no poder da sua mão! E cobiçam campos, e roubam-nos, cobiçam casas, e arrebatam-nas; assim fazem violência a um homem e à sua casa, a uma pessoa e à sua herança”.[16] O Senhor está descontente com o egoísmo e com a cobiça de seu povo; latifundiários ricos, que estão tomando as terras dos pobres, estão cometendo uma grande iniquidade.[17]

O versículo 9 explica que a aquisição de propriedades seria fútil: “A meus ouvidos disse o Senhor dos Exércitos: Em verdade que muitas casas ficarão desertas, e até as grandes e excelentes sem moradores”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “muitas casas ficarão desertas; e grandes e belas cidades, sem moradores”.[18] Isto tipifica vários ciclos de destruição, começando com o cativeiro Babilônico e incluindo a destruição dos ímpios na Segunda Vinda do Senhor, como foi descrito por Isaías outro capítulo mais adiante: “Porque transbordarás para a direita e para a esquerda; e a tua descendência possuirá os gentios e fará que sejam habitadas as cidades assoladas” (ênfases adicionadas).[19]

Por causa das maldições do Senhor, como descritas por Isaías, possuir uma abundância de terras não será lucrativo, como foi mencionado no versículo 10: “E dez jeiras de vinha não darão mais do que um bato; e um ômer de semente não dará mais do que um efa”. O significado é bem claro aqui, mas as unidades de medidas não são bem conhecidas. Um bato é uma unidade de medida líquida, aproximadamente 31.3 litros; um ômer equivale à mais ou menos 230 litros usando a unidade de medida para coisas secas; e um efa é um-décimo de um ômer.[20] Por conseguinte a produção de vinho é muito menos do que a quantidade esperada, e a quantidade de grãos colhidos é a décima parte do que se semeou.

O próximo oráculo de lamentação, que compreende os versículos 11 e 12, se trata de embriaguez e festividade: Versículo 11 começa: “Ai dos que se levantam pela manhã, e seguem a bebedice; e continuam até à noite, até que o vinho os esquente!” O Livro de Mórmon apresenta assim: “…e o vinho os inflama!”[21], na Tradução de Joseph Smith diz assim: “e continuam até a noite, e o vinho os inflama!”[22]  A embriaguez e o estilo de vida desordeiro que segue são ofensivos ao Senhor.

O versículo 12 continua: “E harpas e alaúdes, tamboris e gaitas, e vinho há nos seus banquetes; e não olham para a obra do Senhor, nem consideram as obras das suas mãos”. Instrumentos musicais, uma vez usados para glorificarem ao Senhor, são usados agora principalmente para divertimento. Porque seus interesses e esforços são direcionados às atividades mundanas, o povo não reconhece a obra do Senhor.

Os versículos 13 e 14, relatam as consequências detalhadamente. No versículo 13 o Senhor declara: “Portanto o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento; e os seus nobres terão fome, e a sua multidão se secará de sede”. Esta declaração prefigure o cativeiro Babilônico, mas também é um exemplo de outras destruições. A falta de conhecimento espiritual das pessoas, resulta em serem levados em cativeiro. A fome e sede espirituais, bem como a privação física, estão implicadas aqui.[23]

Versículos 11 até 13 contêm um quiasma:[24]

(11) Ai dos que se levantam pela manhã,
A: e seguem a bebedice;
B: e continuam até à noite, até que o vinho os esquente!
C: (12) E harpas e alaúdes, tamboris e gaitas, e vinho há nos seus banquetes;
D: e não olham para a obra do Senhor,
D: nem consideram as obras das suas mãos.
C: (13) Portanto o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento; e os seus nobres terão fome,
B: e a sua multidão se secará
A: de sede.

Neste quiasma, a busca de prazeres pelos filhos de Judá é contrastada com seu sofrimento depois de sua derrota e de serem levados cativos. Antes, eles buscavam a bebedice; no cativeiro e na derrota serão amaldiçoados com sede. Antes de seu cativeiro, eles estavam quentes de vinho; depois a sua multidão se secará de sede. Estas maldições cairiam sobre eles por não terem nenhuma consideração pelo Senhor ou Sua obra.

O versículo 14 descreve as consequências físicas e espirituais: “Portanto o inferno grandemente se alargou, e se abriu a sua boca desmesuradamente; e para lá descerão o seu esplendor, e a sua multidão, e a sua pompa, e os que entre eles se alegram”. “Pompa” é traduzido do hebraico “barulho” ou “tumulto”.[25] “Inferno” vem da palavra hebraica sheol, que significa “mundo dos espíritos dos mortos”.[26] Muitos perecerão nas preditas destruições.

O versículo 15 declara: “Então o plebeu se abaterá, e o nobre se humilhará; e os olhos dos altivos se humilharão”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “Então o plebeu será abatido; e o poderoso será humilhado e os olhos dos altivos serão humilhados. Tanto o homem comum quanto o homem poderoso serão humilhados e os altivos abaixarão seus olhos em sinal de humildade.

Em contraste, no versículo 16 descreve-se a glória do Senhor: “Porém o Senhor dos Exércitos será exaltado em juízo; e Deus, o Santo, será santificado em justiça”. O homem comum, o homem poderoso, e até mesmo o altivo irão eventualmente reconhecer o poder e glória do Senhor, Seu direito de reinar e julgar, e Sua retidão. Como disse o Senhor: “Por mim mesmo tenho jurado, já saiu da minha boca a palavra de justiça, e não tornará atrás; que diante de mim se dobrará todo o joelho, e por mim jurará toda a língua”.[27], [28] “Justiça”, como foi usada aqui, significa “equidade”.[29]

O versículo 17 descreve as condições depois da destruição: “Então os cordeiros pastarão como de costume, e os estranhos comerão dos lugares devastados pelos gordos”. O Grande Pergaminho de Isaías menciona cabras e cevados pastando entre as ruínas.[30]  A terra—e as bênçãos do evangelho—serão possuídas pelos “estranhos” ou estrangeiros, significando aqueles que não faziam parte do convênio originalmente, mas que foram trazidos para o convênio através de conversão. Esta profecia foi cumprida depois da crucificação de Cristo, quando o apóstolo Pedro recebeu a revelação de que o evangelho deveria ser pregado aos Gentios.[31]

Quatro oráculos de lamentações, todos relacionados, podem ser encontrados nos versículos 18 até 23. As consequências, começando com a palavra “Por isso”, aparecem nos versículos 24 e 25.

Nos versículos 18 e 19, o Senhor amaldiçoa aqueles que estão carregados de pecados. O versículo 18 começa: “Ai dos que puxam a iniquidade com cordas de vaidade, e o pecado com tirantes de carro!” Isto descrevem as pessoas que estão tão cheias de pecados que, figurativamente, precisam de um carro para carregar seu fardo, apesar de terem uma aparência de retidão, devido evitarem a aparência exterior do pecado.

O versículo 19 continua: “E dizem: Avie-se, e acabe a sua obra, para que a vejamos; e aproxime-se e venha o conselho do Santo de Israel, para que o conheçamos”. Por causa de pecados, eles não acreditarão no Messias nem em Sua vinda, até que O vejam com seus próprios olhos.[32]

Versículos 12 até 19 contêm um quiasma:

A: (12) E harpas e alaúdes, tamboris e gaitas, e vinho há nos seus banquetes; e não olham para a obra do Senhor, nem consideram as obras das suas mãos.
B: (13) Portanto o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento;
C: e os seus nobres terão fome, e a sua multidão se secará de sede.
D: (14) Portanto o inferno grandemente se alargou, e se abriu a sua boca desmesuradamente; e para lá descerão o seu esplendor, e a sua multidão, e a sua pompa, e os que entre eles se alegram.
E: (15) Então o plebeu se abaterá,
F: o nobre se humilhará;
F: e os olhos dos altivos se humilharão.
E: (16) Porém o Senhor dos Exércitos será exaltado em juízo; e Deus, o Santo, será santificado em justiça.
D: (17) Então os cordeiros pastarão como de costume,
C: e os estranhos comerão dos lugares devastados pelos gordos.
B: (18) Ai dos que puxam a iniquidade com cordas de vaidade, e o pecado com tirantes de carro!
A: (19) E dizem: Avie-se, e acabe a sua obra, para que a vejamos; e aproxime-se e venha o conselho do Santo de Israel, para que o conheçamos.

“Não olham para a obra do Senhor” no versículo 12 é o oposto à “avie-se, e acabe a sua obra, para que a vejamos; e aproxime-se e venha o conselho do Santo de Israel, para que o conheçamos” no versículo 19, que revela a hipocrisia da última declaração. A parte central deste quiasma é que o poderoso e o altivo serão humilhados. A frase “o plebeu se abaterá” contrasta-se com “Porém o Senhor dos Exércitos será exaltado”. O inferno abrindo a sua boca para receber a multidão que foi abatida, contrasta-se grandemente com a cena de cordeiros pastoreando, o que acontecerá depois da matança. A frase “será levado cativo” no versículo 13 é comparado com “puxam a iniquidade com cordas de vaidade” no versículo 18, ilustrando as consequências e suas causas. Esta comparação ilustra que a iniquidade é uma forma de cativeiro.

O significado do versículo 20 é bem claro: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!”[33] Em nossa época, vemos inúmeros exemplos de situações onde chamam o mal de bem e o bem de mal. Não somente más práticas governamentais são chamadas de boas por políticos corruptos sem um bom senso de justiça, mas também vemos “mal” vir a significar “bem” no cotidiano. Retorcem a situação para que pareçam boa, não importa quão mal seja, para vantagens políticas, se tornou uma forma de arte cultivada. A diferença do que é popular e do que é correto está se alargando  cada vez mais.[34] Os que buscam fazer o que é certo, tem que se separar das normas sociais bem mais antes do que no passado.

O significado do versículo 21 também é bem claro: “Ai dos que são sábios a seus próprios olhos, e prudentes diante de si mesmos!” O Livro de Mórmon apresenta assim: “…prudentes a sua própria vista![35] Sem a orientação do Senhor e sem reconhecer Sua sabedoria e omnisciência, a sabedoria e conhecimento do mundo são de pouco valor.

O versículo 22 é facilmente compreendido com o conhecimento da Palavra de Sabedoria:[36] “Ai dos que são poderosos para beber vinho, e homens de poder para misturar bebida forte” ― A o consumo de vinho e de misturas de bebidas alcoólicas[37] é considerado, hoje em dia, um sinal de masculinidade e força.

O versículo 23, continuando a sentença do versículo anterior, descreve uma prática comum em todas as camadas da nossa sociedade: “Dos que justificam ao ímpio por suborno, e aos justos negam a justiça!” O Livro de Mórmon apresenta assim: “Que justificam o ímpio por recompensa e tiram ao justo a sua justiça!”[38] A palavra hebraica traduzida para “suborno” ou “recompensa” significa, geralmente, perverter a justiça.[39] A justificação dos iníquos por aceitarem ou darem subornos e de tirarem os direitos dos justos são práticas comuns em nossa sociedade.

Os versículos 24 e 25 explica as consequências associadas com as lamentações citadas, cada uma começando com as palavras “por isso”. Versículo 24 começa: “Por isso, como a língua de fogo consome a palha, e o restolho se desfaz pela chama, assim será a sua raiz como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó; porquanto rejeitaram a lei do Senhor dos Exércitos, e desprezaram a palavra do Santo de Israel”. A destruição dos iníquos—que foi caracterizada aqui por uma metáfora de uma planta seca e podre—será pelo fogo.[40]

O significado desta passagem é o mesmo que mencionou Malaquias: “Porque eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo”.[41] “Raiz” refere-se aos ancestrais e “ramo” ou “flor” refere-se aos descendentes. Ambas escrituras querem dizer que as consequências das iniquidades incluem ser queimado na Segunda Vinda do Senhor e ser deixado sem ancestrais ou descendentes por toda eternidade, por não haver feito as ordenanças do selamento.

O versículo 25 descreve uma destruição catastrófica: “Por isso se acendeu a ira do Senhor contra o seu povo, e estendeu a sua mão contra ele, e o feriu, de modo que as montanhas tremeram, e os seus cadáveres se fizeram como lixo no meio das ruas; com tudo isto não tornou atrás a sua ira, mas a sua mão ainda está estendida”. O Grande Pergaminho de Isaías menciona “mãos” na frase final.[42]

Por causa de suas iniquidades o Senhor está irado com Seu povo. Além da queimação descrita no versículo 24 haverá um terremoto que sacudirá as montanhas, os cadáveres serão despedaçados e espalhados no meio das ruas. A frase de encerramento do versículo 25, “com tudo isto não tornou atrás a sua ira, mas a sua mão ainda está estendida”, significa que a justiça da ira do Senhor ainda continua e Suas mãos estão estendidas contra eles para puni-los. Esta frase tem o mesmo sentido da frase precedente: “Por isso se acendeu a ira do Senhor contra o seu povo, e estendeu a sua mão contra ele, e o feriu”. Aparentemente, o tempo para o arrependimento já terá passado, quando chegarem nessas condições. A frase “com tudo isto não tornou atrás a sua ira, mas a sua mão ainda está estendida” repete-se quatro vezes em outras partes do livro de Isaías, todas as vezes com o mesmo significado.[43]

A terceira parte deste capítulo abrange os versículos 26 até 30, os quais descrevem a coligação de Israel nos últimos dias. Parte desta profecia já foi cumprida; sem dúvidas esta profecia continuará a ser cumprida no futuro. A razão que segue a profecia da destruição é para enfatizar que apesar da destruição o Senhor olhará favoravelmente para Israel e ela será coligada e coroada com glória.

No versículo 26 a palavra “estandarte” significa uma bandeira militar, como as usadas para denotarem condições de batalha e enviar mensagem para os combatentes. Neste caso a mensagem é para se juntarem: “E ele arvorará o estandarte para as nações de longe, e lhes assobiará para que venham desde a extremidade da terra; e eis que virão apressurada e ligeiramente”. O Livro de Mórmon insere a terceira frase do versículo 27 aqui: “Ninguém toscanejará nem dormirá”.[44] “Desde a extremidade da terra” significa de muito longe.[45] “Assobiar” é um sinal comum usado para chamar.[46]

Néfi parafraseia o versículo 26: “E também para que eu me lembre das promessas que fiz a ti, Néfi…de que me lembraria da tua semente…minhas palavras silvarão até os confins da Terra como um estandarte para o meu povo, que é da casa de Israel” (ênfases adicionadas).[47]

Em Doutrina e Convênios, o Senhor descreve Sião nos últimos dias como um estandarte para povo: “Pois eis que vos digo que Sião florescerá e a glória do Senhor estará sobre ela;
“E será um estandarte para o povo e a ela virão de todas as nações debaixo do céu”.[48]

Brigham Young teve uma visão do Vale do Lago Salgado para que o reconhecesse quando ele e seu povo exilado de Nauvoo chegassem lá. Principalmente, foi-lhe mostrado um monte proeminente, localizado agora ao norte da cidade, que ficou conhecido como Ensign Peak (Pico do Estandarte). Deste pico, o Presidente Young declarou que o evangelho seria pregado à todas as nações[49]. Um mastro foi colocado neste monte e uma bandeira ereta. Deste lugar o Senhor “…assobiará para que venham desde a extremidade da terra”.

O Senhor explicou a Néfi o significado desta passagem e como Suas palavras, que agora estão contidas no Livro de Mórmon, desempenhariam um papel importante:

“E também para que eu me lembre das promessas que fiz a ti, Néfi, e também a teu pai, de que me lembraria da tua semente; e de que as palavras da tua semente sairiam de minha boca para a tua semente; e minhas palavras silvarão até os confins da Terra como um estandarte para o meu povo, que é da casa de Israel;
“E porque minhas palavras hão de silvar—muitos dos gentios clamarão: Uma Bíblia, uma Bíblia! Temos uma Bíblia e não pode haver qualquer outra Bíblia….
“Não sabeis que há mais de uma nação? Não sabeis que eu, o Senhor vosso Deus, criei todos os homens e que me lembro dos que estão nas ilhas do mar? E que governo nas alturas dos céus e embaixo, na Terra; e revelo minha palavra aos filhos dos homens, sim, a todas as nações da Terra?
“Por que murmurais por receberdes mais palavras minhas? Não sabeis que o depoimento de duas nações é um testemunho a vós de que eu sou Deus, de que me recordo tanto de uma como de outra nação? Portanto digo as mesmas palavras, tanto a uma nação como a outra. E quando as duas nações caminharem juntas, os testemunhos das duas nações também caminharão juntos.”[50]

O evangelho, e principalmente O Livro de Mórmon, será este “assobio” para chamar o povo do Senhor de todos os cantos da Terra para se juntarem. Os missionários—carregando O Livro de Mórmon e tendo um testemunho de Jesus Cristo, saindo dos centro de treinamento missionário em Salt Lake City e outros CTMs para todo o canto da Terra —são cumprimentos desta profecia.

A frase de encerramento do versículo 26 diz “eis que virão apressurada e ligeiramente”, descrevendo como virão aqueles que ouvirem o chamado para se reunirem à Sião. Os versículos 27 até 30 descrevem os meios de transportes mais sofisticados que serão usados para viajar, Isaías os viu mas não possuía o vocabulário no hebraico antigo para descrevê-los. Várias Autoridades Gerais em nossa dispensação, incluindo LeGrande Richards,[51] disse que estes versículos descrevem transportes modernos como trem e avião.

No versículo 27 Isaías descreve as pessoas: “Não haverá entre eles cansado, nem quem tropece; ninguém tosquenejará nem dormirá; não se lhe desatará o cinto dos seus lombos, nem se lhe quebrará a correia dos seus sapatos”. O Livro de Mórmon insere a terceira frase do versículo 27 no final do versículo 26: “Ninguém toscanejará nem dormirá”.[52] Foi interessante para Isaías ver um número tão grande de pessoas sendo transportadas rapidamente de uma maneira que nem os cansavam—o cansaço era um resultado normal de viajar nos tempos antigos, como foi testificado em muitas passagens nas escrituras.[53]

O versículo 28, “As suas flechas serão agudas, e todos os seus arcos retesados; os cascos dos seus cavalos são reputados como pederneiras, e as rodas dos seus carros como redemoinho” descreve metaforicamente seu estado de preparação, como se eles fossem uma força militar bem preparada para o ataque. O Livro de Mórmon insere a primeira parte do versículo 29 aqui: “O seu rugido será como o do leão”.[54] “Redemoinho” descreve a grande velocidade—comparado com os padrões da época de Isaías—que dirigimos em nossos carros, mas também pode estar descrevendo a rotação das rodas dos trens. A frase “O seu rugido será como o do leão” descreve o intense baralho causados pelos meios de transportes modernos.

O versículo 29 continua: “O seu rugido será como o do leão; rugirão como filhos de leão; sim, rugirão e arrebatarão a presa, e a levarão, e não haverá quem a livre”. Isaías continua sua descrição dos meios de transportes modernos, observados nesta visão, e o intenso barulho.  Como foi mencionado acima, a primeira parte deste versículo, “O seu rugido será como o do leão”, é inserido no versículo anterior no Livro de Mórmon.[55]

O versículo 30 declara: “E bramarão contra eles naquele dia, como o bramido do mar; então olharão para a terra, e eis que só verão trevas e ânsia, e a luz se escurecerá nos céus”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “e se olharem para a terra”.[56]

Isaías ficou bem impressionado com o barulho produzido pelos aviões. No versículos 29 e 30 ele repete formas das palavras “rugir” ou “bramar” cinco vezes: “O seu rugido é como o do leão, rugirão como filhos de leão, sim, rugirão e arrebatarão a presa, e a levarão, e não haverá quem a livre. E bramarão contra eles naquele dia, como o bramido do mar” (ênfases adicionadas). Aqui Isaías está descrevendo os sons dos transportes modernos—principalmente, o ruído do avião a jato.

Concernente aos meios de transportes modernos vistos por Isaías, Elder LeGrande Richards falou:

“Já que não existiam trens nem aviões naquele tempo, Isaías não podia mencioná-los pelos nomes. Entretanto, parece que os descreveu com palavras inconfundíveis. Que melhor descrição para o trem moderno do que ‘os cascos dos seus cavalos são reputados como pederneiras, e as rodas dos seus carros como redemoinho’? Que melhor descrição para o ruído do avião do que ‘seu rugido’ seja ‘como o do leão’? Trens e aviões não param à noite; portanto, não estaria Isaías justificado em dizer: ‘Ninguém tosquenejará nem dormirá; não se lhe desatará o cinto dos seus lombos, nem se lhe quebrará a correia dos seus sapatos’? Com esses meios de transportes …virão apressurada e ligeiramente’.”[57]

A frase final do versículo 30, “então olharão para a terra, e eis que só verão trevas e ânsia, e a luz se escurecerá nos céus”, pode ser a descrição de Isaías da vista dramática olhando-se da janela do avião quando levanta voo a noite. Trevas e ânsia indicam profundos componentes espirituais: aos que se congregam em Sião abordam aviões partindo de terras de tribulações, tormento e escuridão espiritual. Este é um exemplo de duplo sentido típico de Isaías.

NOTAS

[1]. Capítulos 2 até 39 descrevem Israel em sua terra natal num estado de iniquidade; capítulos 40 até 54 descrevem Israel em exílio no mundo em geral, interagindo com pessoas e acontecimentos; e capítulos 55 até 66 descrevem o retorno glorioso de Israel à sua terra natal depois de seu arrependimento e purificação.
[2]. 2 Néfi 15:1.
[3]. Ver 2 Samuel 12:1-7.
[4]. Ver Isaías 55:13; 9:18; 10:17; 27:4; 32:13 e comentário pertinente.
[5]. Ver Isaías 3:2-3 e comentário pertinente.
[6]. A primeira parte do versículo 7 contém um quiasma: Vinha/casa de Israel//os homens de Judá/são a planta das suas delícias. Em Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University, [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 258.
[7]. Parry, Harmonizing Isaiah [A Harmonização de Isaías], 2001, p. 51.
[8]. Ver Isaías 28:6; 42:1; 59:8, 15.
[9]. Ver Isaías 1:21, 27; 5:16; 16:3, 5; 28:6, 17; 30:18.
[10]. Ver Isaías 1:17; 3:14; 4:4; 34:5.
[11]. Ver Isaías 1:17; 28:7; 40:14, 27; 42:3; 59:8.
[12]. Ver Isaías 51:4; 54:17.
[13].  Doutrina e Convênios 101:48.
[14]. Doutrina e Convênios 101:53; Ver versículos 44-62.
[15]. 2 Néfi 15:8.
[16]. Miquéias 2:1-2.
[17]. Ver Isaías 5:8, nota de rodapé 8c na Bíblia SUD em inglês.
[18]. 2 Néfi 15:9.
[19]. Isaías 54:3; Ver também 3 Néfi 22:3.
[20]. Dicionário Bíblico—Pesos e Medidas.
[21]. 2 Néfi 15:11.
[22].  Joseph Smith’s “New Translation” of the Bible: [“Nova Tradução” da Bíblia por Joseph Smith:] Herald Publishing House, Independence, Missouri, 1970, p. 195.
[23]. Ver referências para o versículo 6.
[24]. Parry, Harmonizing Isaiah [A Harmonização de Isaías], 2001, p. 258.
[25]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7588, p. 981.
[26]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7585, p. 982.
[27]. Isaías 45:23.
[28]. Ver também Romanos 14:11, Mosias 27:31; D. e C. 76:110; 88:104.
[29]. Ver Isaías 1:21, 27; 16:3, 5; 28:6, 17; 30:18.
[30]. Parry, Harmonizing Isaiah [A Harmonização de Isaías], 2001, p. 53.
[31]. Ver Atos 10:9-33; compare Isaías 65:1-7.
[32]. Isaías 5:18-19, notas de rodapés 18c e 19d na Bíblia SUD em inglês.
[33]. Versículo 20 contém 3 simples quiasmas:  Mal/bem//bem/mal; Trevas/luz//luz/trevas; Amargo/doce// doce/amargo. Em Parry, Harmonizing Isaiah, [A Harmonização de Isaías] 2001, p. 258.
[34]. James E. Faust, “Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade”, Liahona, Nov. 2003, p. 19.
[35]. 2 Néfi 15:21.
[36]. Ver D. e C. 89: 5-7.
[37]. Brown et al., 1996, Número de Strong 4537, p. 587.
[38]. 2 Néfi 15:23.
[39]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7810, p. 1005.
[40]. Ver Isaías 1:7, 28; 9:5, 18-19 e comentário pertinente.
[41]. Malaquias 4:1.
[42]. Parry, Harmonizing Isaiah, [A Harmonização de Isaías] 2001, p. 54.
[43]. Isaías 9:12, 17, 21; 10:4.
[44]. 2 Néfi 15:26.
[45]. Ver Isaías 26:15; 40:28; 41:5, 9.
[46]. Brown et al., 1996, Número de Strong 8319, páginas 1056 e 1117.
[47]. 2 Néfi 29:2.
[48]. D. e C. 64:41-42.
[49]. Ver Gordon B. Hinckley, Nossa Herança: Uma Breve História dA Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Salt Lake City, Utah, 1995, p. 81. Ver também Journal of Discourses [Diário de Discursos]: F.W. e S.W. Richards (26 Vols., Liverpool, Engle: 1854-1886), v. 13: pp. 85-86.
[50]. 2 Néfi 29:2-3, 7-8.
[51]. LeGrande Richards, Uma Obra Maravilhosa e um Assombro: Deseret Book Co., Salt Lake City, Utah, 1958, p. 236.
[52]. 2 Néfi 15:26-27.
[53]. Ver 1 Reis 19:7; João 4:6; 1 Néfi 16:35-36; 17:1-2; Mosias 7:16.
[54]. 2 Néfi 15:28-29.
[55]. 2 Néfi 15:29.
[56]. 2 Néfi 15:30.
[57]. LeGrande Richards, Uma Obra Maravilhosa e um Assombro: Deseret Book Co., Salt Lake City, Utah, 1958, p. 236.

CAPÍTULO 2: “Se Firmará O Monte da Casa Do Senhor No Cume Dos Montes”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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No capítulo 2, Isaías vê acontecimentos preparatórios para o reinado Milenar do Senhor. Ele vê templos dos últimos dias, a coligação de Israel, e o julgamento e paz milenar. O orgulhoso e o iníquo será rebaixado na Segunda Vinda. Uma grande destruição antes disto trará o fim ao penetrante materialismo idólatra, e causará medo nos corações dos perversos.

Este é o primeiro capítulo citado por Néfi completamente, em 2 Néfi 12.  Quando comparado com a tradução de João Ferreira de Almeida há diferenças em mais da metade dos 433 versículos de Isaías citados no Livro de Mórmon, enquanto que uns 200 versículos têm as mesmas palavras.[1] Neste livro as palavras e frases que vêm do Livro de Mórmon que são apresentadas diferentemente das da Bíblia serão mostradas em itálico. Em Joseph Smith—Tradução (JST), as palavras são bem parecidas às do Livro de Mórmon.[2]

Este capítulo marca o começo da maior divisão no Livro de Isaías, abrangendo os capítulos 2 até 39.  Nestes capítulos, a nação de Israel antiga é descrita como se estivera em sua terra natal num estado de iniquidade. Estas condições são típicas de semelhantes iniquidades nos últimos dias.[3]

As palavras dos quiasmas no Capítulo 2, como foram apresentadas no Livro de Mórmon, se diferenciam da versão de João Ferreira de Almeida, adicionando e esclarecendo seus significados. Em alguns casos os quiasmas intencionados pelo profeta são irreconhecíveis sem as palavras adicionadas. Isto indica que aqueles que alteraram o texto depois da época de Isaías[4] não tinham um bom conhecimento das sutis estruturas escritas originalmente pelo profeta. Isto também mostra que o texto de Isaías contidos nas placas de latão, levadas para o deserto por Leí e eventualmente ao continente Americano,[5] era uma versão mais autêntica do que o texto Massorético Hebraico de onde o Velho Testamento foi traduzido para as línguas modernas.

O versículo 1 declara: “Palavra que viu Isaías, filho de Amós, a respeito de Judá e de Jerusalém”. Este capítulo, contudo, lida extensivamente com os desenvolvimentos mundiais nos últimos dias, ao invés de somente em Judá e Jerusalém. O significado é, portanto, aqueles que vieram de Judá e Jerusalém e foram espalhados por toda a Terra.

No versículo 2, o profeta prevê a casa do Senhor (o templo nos últimos dias) estabelecida no cume dos montes: “E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor no cume dos montes, e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações”. O Livro de Mórmon diz “…quando o monte da casa do Senhor…”[6] “Concorrerão a ele todas as nações” significa que um grande número de pessoas de outras nações subiriam à casa do Senhor.[7] “O monte da casa do Senhor” significa o templo sagrado.[8]

Quando os pioneiros Mórmons chegaram no Vale do Lago Salgado[9], eles chamaram este vale e as regiões ao redor de “Deseret”, que vem do Livro de Mórmon, uma palavra Jaredita que significa “abelha de mel”.[10] O nome foi escolhido para simbolizar a laboriosidade do povo. Porém, quando os cidadãos de Deseret tentaram se incorporar aos Estados Unidos como território, o Congresso tentou impor seus próprios desejos negando a escolha do nome Deseret. O nome Utah—nome dado à região pelos indígenas Utes—foi ordenado como mudança, aplicando o costume de manter o nome original indígena, que muitos dos Estados nos Estados Unidos seguiam. Assim, Utah se tornou o nome deste território em 1869 e finalmente o nome do Estado em 1896. Na época ninguém sabia que “Utah” na língua indígena Ute significava “cume dos montes”.[11] Devido essas circunstâncias, não podemos dizer que a escolha do nome Utah para o Estado foi feita por homens desejosos em cumprir a profecia de Isaías.

De acordo com Gileadi,[12] a palavra “monte” é retoricamente conectada à “nação”, a qual pode ser substituída para se obter um significado mais profundo. Isto é ilustrado em vários lugares, tanto na tradução de Isaías de João Ferreira de Almeida, quanto no Livro de Mórmon. A transcrição de Néfi do versículo 14 no Capítulo 2 diz: “E a todos os montes altos e a todos os outeiros; e a todas as nações que se exaltam e a todos os povos”.[13] Itálicos mostram as palavras e frases que são diferentes no Livro de Mórmon, como já foi explicado anteriormente. Note nestas duas frases paralelas e sinônimas que uma chave interpretativa importante foi apresentada, aplicável em todo o livro de Isaías, “montes” significa “nações”. Semelhantemente, no Capítulo 13 na versão de João Ferreira de Almeida, Isaías diz: “Já se ouve a gritaria da multidão sobre os montes, como a de muito povo; o som do rebuliço de reinos e de nações congregados. O Senhor dos Exércitos passa em revista o exército de guerra”.[14] Nestas duas declarações paralelas, “montes” equivale à palavra “nações”.[15]

Com esta explicação, compreendemos que o versículo 2 significa: “E acontecerá nos últimos dias que a nação que possui o Templo do Senhor, será estabelecida como cabeça entre as outras nações, e se exalçará sobre todas as nações menores; e correrão a ela todas as nações”.

O Senhor usou a mesma conexão retórica ao instruir Sidney Rigdon: “…eis que eu, o Senhor vosso Deus, o curarei [Sidney Rigdon] para que fique são; e ele tornará a erguer a voz nas montanhas e será um porta-voz diante de minha face” (ênfases adicionadas).[16] Este companheiro do Profeta Joseph Smith seria chamado para erguer sua voz novamente entre as nações.

Nos últimos dias, então, a nação—América—teria um templo, ou uma casa do Senhor, no lugar chamado Utah— “nas montanhas, ou cume dos montes”, conforme o significado do idioma Ute; esta nação será preeminente sobre todas as outras nações, e gente de todas as nações correrão para ela.  Esta profecia já foi cumprida, pelo menos parcialmente; parte desta profecia, tal como as nações correndo para ela, já foi cumprida de uma cetra forma, mas deverá ser cumprida num grau ainda mais elevado.

No versículo 3, o propósito das nações correrem para o templo na América é revelado: “E irão muitos povos, e dirão: Vinde, subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor”. “Lei” vem da palavra hebraica que significa “ensinamento”, ou “doutrina”.[17] Cada ano, milhões de pessoas visitam a Praça do Templo em Salt Lake City (Cidade do Lago Salgado), onde elas têm a oportunidade de aprender sobre os caminhos do Senhor. “Sião”, como usada aqui, significa um lugar que seria estabelecido nos últimos dias para a coligação espiritual do povo do Senhor de muitos países.[18] “Para que nos ensine os seus caminhos” significa que o povo será ensinado por revelação de Deus, e “andemos nas suas veredas” significa que o povo seguirá o Plano de Salvação, fazendo convênios sagrados com Deus em Sua Casa.

As palavras dos versículos 2 e 3 foram citadas, com uma pequena variação, por Miquéias.[19]

Elder LeGrande Richards declarou:

“Este templo é a casa do Senhor Deus de Jacó, o qual nossos pioneiros começaram a edificar quando estavam a centenas de quilômetros de distância dos transportes, precisando de quarenta anos para construi-lo. Não é uma construção gloriosa, um dos mais belos edifícios do mundo? Aqueles que já fizeram missão sabem como os conversos de antigamente, assim que se filiavam à Igreja, estavam dispostos a vender tudo o que possuíam, economizando o pouco que tinham, como aconteceu na Holanda, de modo a conseguirem o suficiente para ir à terra desse templo, devido ao poder atrativo dele, a fim de que pudessem conhecer os seus caminhos e trilhar as suas veredas.”[20]

As duas últimas frases do versículo 3 formam um paralelismo:

A: porque de Sião
B: sairá a lei,
A: e de Jerusalém
B: a palavra do Senhor.

“Sião” equivale à “Jerusalém”, e “a lei” é equivalente em sentido à “a palavra do Senhor”. Aparentemente, não há um significado especial na combinação de “Sião” com “a lei”, tampouco de “Jerusalém” com “a palavra do Senhor”; o sentido não seria diferente se a combinação fosse revertida. Miquéias apresenta estas frases da mesma forma.[21]

O que a Sião dos últimos dias tem em comum com a Jerusalém antiga, no contexto estrutural desta frase? Várias interpretações vêm dos diversos significados das palavras chaves “Sião” e “Jerusalém”.[22] A Sião dos últimos dias, onde o templo serve como um estandarte, teria profetas vivos bem como a Jerusalém antiga. Estes profetas vivos receberiam a palavra do Senhor e a transmitiria para o mundo. Por outro lado, se “Jerusalém” for interpretada como o lugar de coligação nos últimos dias para os descendentes fiéis de Israel, o significado é de que haveria dois lugares de onde a palavra do Senhor partiria. Em Doutrina e Convênios, onde o versículo 3 foi parafraseado, o significado de dois lugares nos últimos dias de onde partiria a palavra Senhor é evidente: “E sua voz sairá de Sião e ele falará de Jerusalém; e ouvir-se-á sua voz entre todo o povo”.[23] É bem possível que Isaías intencionou expressar os dois significados.

Joel também parafraseou, e deu a entender o mesmo sentido: “E o Senhor bramará de Sião, e de Jerusalém fará ouvir a sua voz; e os céus e a terra tremerão, mas o Senhor será o refúgio do seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel”.[24]

Mais tarde, no Capítulo 56, Isaías profetiza sobre a disponibilidade universal das ordenanças do templo nos últimos dias:

“Também os levarei [povos de muitas nações que não eram do convênio] ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos.”[25]

O Senhor receberia todos os povos—até mesmo aqueles que não foram nascidos no convênio —no templo e aceitaria suas ordenanças e ofertas.

Mateus, no Novo Testamento, descreve o versículo 3 como cumprido durante a vida do Senhor Jesus Cristo. Durante a última semana de Sua vida ele ensinou diariamente no templo—ou, no monte da casa do Senhor.[26]

O Presidente Gordon B. Hinckley declarou na dedicação do Centro de Conferência no dia 8 de outubro de 2000, que aquele novo edifício fazia parte do “monte da casa do Senhor”, juntamente com o templo de Salt Lake e todos os outros edifícios da sede da Igreja, em cumprimento à profecia de Isaías. Ele falou: “Ao contemplar esta magnífica estrutura, adjacente ao templo, vem à minha mente a grande declaração profética de Isaías”. Depois de citar os versículos 2, 3, e 5, ele continuou:

“Creio que essa profecia se aplique ao histórico e maravilhoso Templo de Salt Lake. Mas acredito também que se relacione a este edifício magnífico. Pois é deste púlpito que a lei de Deus sairá, juntamente com a palavra e o testemunho do Senhor.[27]

Alguns judeus modernos acreditam que esta profecia de Isaías prediz a terceira edificação do templo em Jerusalém e, quando construído, o templo anunciaria a vinda do Messias.[28]

O Presidente Joseph Fielding Smith deu a seguinte explicação concernente a profecia no versículo 3:

“A antiga Jerusalém, depois que os judeus forem purificados e santificados de todos os seus pecados, se tornará uma cidade santa onde o Senhor habitará e de onde Ele enviará Sua palavra a todos os povos. Da mesma forma, neste continente, a cidade de Sião, a Nova Jerusalém, será construída e dali a lei de Deus será enviada. Não haverá conflito, porque cada cidade será uma sede para o Redentor do mundo, e de cada uma Ele enviará Suas proclamações tal como requere a ocasião. Jerusalém será o lugar de coligação de Judá e dos membros da casa de Israel, e Sião será o lugar de coligação de Efraim e seus membros, sobre cujas cabeças serão conferidas as ‘mais ricas bênçãos…’
“Estas duas cidades, uma na terra de Sião e a outra na Palestina, se tornarão as capitais para o reino de Deus durante o milênio.”[29]

O hino “No Monte a Bandeira” declara o cumprimento da profecia que se encontra nos versículos 2 e 3:

No monte a bandeira se alteia já,
Com júbilo proclama “O senhor virá” ….

Seu templo soerguido em Sião está
E sobre as montanhas se exalçará.
Queremos lá a Deus servir
Verdade eterna descobrir.[30]

O versículo 4 fala de grandes guerras com o propósito de julgar e repreender: “E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos”—Estas declarações paralelas indicam que “julgará” significa “repreenderá” e “nações” tem o mesmo significado que “muitos povos”. Depois destas guerras passarem, guerra será abolida: “e estes converterão as suas espadas em enxadões e as suas lanças em foices; uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerrear”. Tecnologias de armamentos serão usadas com fins pacíficos e a guerra será uma coisa do passado.[31] O versículo 4 também foi citado por Miquéias, com pouca variação.[32]

No versículo 5, o profeta implora: “Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor”. “Luz” neste versículo refere-se à luz da inspiração, ou a influência do Espírito Santo. Isto é um dom espiritual que só se pode ser obtido através de uma vida justa. Para o nosso tempo, Isaías apela conosco para que vivamos uma vida reta para que possamos escapar os julgamentos dos últimos dias e desfrutar das bênçãos espirituais prometidas. O Livro de Mórmon acrescenta mais ao versículo 5: [S]im, vinde, pois vós todos vos desviastes, cada um para seus caminhos iníquos”.[33]

O apelo de Isaías foi expressado no hino escrito para as crianças “Faz-me Andar Só na Luz”.[34]

Versículos 3 até 5 contêm um quiasma:[35]

(3) E irão muitos povos, e dirão: Vinde, subamos ao monte do Senhor,
A: à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor.
B: (4) E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos;
C: e estes converterão as suas espadas em enxadões
C: e as suas lanças em foices;
B: uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerrear.
A: (5) Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor.

A enfoque deste quiasma é que as nações da Terra, depois que aprenderem sobre o Senhor e Seus caminhos, e seguindo-o, abandonarão as guerras. Instrumentos de guerra se reverterão em instrumentos de paz; Isaías explica isto figurativamente dizendo: “estes converterão as suas espadas em enxadões e as suas lanças em foices”.

Versículo 6 declara: “Mas tu desamparaste o teu povo, a casa de Jacó, porque se encheram dos costumes do oriente e são agoureiros como os filisteus; e associam-se com os filhos dos estrangeiros”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “Portanto tu, ó Senhor…”[36] A frase “se encheram dos costumes do oriente” significa que eles estão cheios de práticas e costumes dos povos do oriente, especialmente da Babilônia.  Ao invés de praticarem as leis dadas a eles pelo Senhor, o povo adotou práticas e costumes iníquos. Eles contam com adivinhos, como os seus vizinhos Filisteus, e fazem acordos com os filhos dos estrangeiros, o que foi proibido pelo o Senhor.

Versículos 5 e 6 contêm um quiasma:

A: (5) Vinde, ó casa de Jacó,
B: e andemos na luz do Senhor.
C: [S]im, vinde, pois vós todos vos desviastes,
C: cada um para seus caminhos iníquos.
B: (6) Mas tu, ó Senhor, desamparaste o teu povo,
A: a casa de Jacó….

De acordo com O Livro de Mórmon “pois vós todos vos desviastes” e “cada um para seus caminhos iníquos” consiste de declarações centrais que se combinam. O profeta do Senhor, Isaías, apela ao povo para que voltem à retidão.

Palavras e frases do Livro de Mórmon ampliam e completam este quiasma. As alterações do texto Massorético, vistas na Versão de João Ferreira de Almeida, obscurecem e enfraquecem este quiasma, que foi originalmente escrito pelo profeta.

Os versículos 7 e 8 contêm um paralelismo triplo:

“E a sua terra está cheia de prata e ouro, e não têm fim os seus tesouros; também a sua terra está cheia de cavalos, e os seus carros não têm fim.
“Também a sua terra está cheia de ídolos; inclinam-se perante a obra das suas mãos, diante daquilo que fabricaram os seus dedos.”

Três diferentes declarações equivalentes seguem a frase principal, “A sua terra está cheia de…”. Este são: “prata e ouro, e não têm fim os seus tesouros”; “cavalos, e os seus carros não tem fim”; e “de ídolos; inclinam-se perante a obra das suas mãos, diante daquilo que fabricaram os seus dedos”. Quais são seus ídolos? –Prata e ouro, tesouros, cavalos e carros; a obra das suas mãos, aquilo que fabricaram os seus dedos.[37] Isaías viu nossa sociedade materialista e a ênfase colocada na posição social. “Os seus carros não têm fim” sugere que Isaías viu o tráfego contínuo nas estradas modernas. Cavalos e carros também implica o poder e equipamentos militares.[38]

Este materialismo seria deixado para trás pelas pessoas arrependidas na época da Segunda Vinda do Senhor. Isaías proclama mais tarde, no capítulo 17: “E não atentará [aqueles que sobreviveriam as grandes destruições dos últimos dias] para os altares, obra das suas mãos, nem olhará para o que fizeram seus dedos, nem para os bosques, nem para as imagens”.[39]

O versículo 9 implora: “E o povo se abate, e os nobres se humilham; portanto não lhes perdoarás”. O Livro de Mórmon apresenta: “E o malvado não se inclina e o grande não se humilha; portanto não o perdoes”.[40] Ao invés de dizer que tanto o povo, quanto os nobres se inclinariam perante ídolos de materialismo, aprendemos com O Livro de Mórmon que a decisão de não se humilharem perante o Senhor é a razão de Sua ira. A versão do Livro de Mórmon acrescenta palavras e frases que revelam um quiasma elaborado, incluso os versículos 9 até 11, isto é quase irreconhecível na versão de João Ferreira de Almeida. Ver discussões e análises do quiasma depois do comentário do versículo 11.

O restante do capítulo, os versículos 10 até 22, descreve as grandes destruições que acompanharão na Segunda Vinda do Senhor—depois que o templo for construído e nações correrem para lá. Grandes destruições trarão o fim ao materialismo idólatra e medo nos corações dos iníquos.

No versículo 10, o profeta admoesta o iníquo: “Entra nas rochas, e esconde-te no pó, do terror do Senhor e da glória da sua majestade”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “Ó iníquos, entrai na rocha e escondei-vos no pó, porque o temor do Senhor e a glória de sua majestade vos ferirão”.[41] Os iníquos temerão na Sua vinda e tentarão esconder-se; eles serão abatidos pela glória da majestade do Senhor.

Versículos 11 até 14 descrevem como a sociedade se humilhará. O versículo 11 declara: “Os olhos altivos dos homens serão abatidos, e a sua altivez será humilhada; e só o Senhor será exaltado naquele dia”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “E acontecerá que os olhares altivos dos homens…”[42] Durante e depois das grandes destruições, a humildade substituirá o orgulho.

Versículos 9 até 11 contêm um quiasma:

A: (9) E o povo
B: não se abate,
C: e os nobres não se humilham; portanto não lhes perdoarás.
A: (10) Ó iníquos,
D: Entra nas rochas,
D: e esconde-te no pó,
A:  porque o terror do Senhor e a glória da sua majestade vos ferirão.
C: (11) E acontecerá que os olhos altivos do homem serão abatidos,
B: e a sua altivez será humilhada;
A: e só o Senhor será exaltado naquele dia.

A declaração introdutória e sua reflexão antitética aparecem quatro vezes neste quiasma, também inseridas antes e depois da declaração central e sua reflexão. Elementos no lado descendente do quiasma tem significados opostos aos do lado ascendente. “E o povo” no versículo 9 e sua repetição “ó iníquos”, provido pelo Livro de Mórmon, são opostos à frase “o terror do Senhor e a glória da sua majestade vos ferirão” no versículo 10 e sua repetição “e só o Senhor será exaltado naquele dia” no versículo 11. Para que o segundo e terceiro elementos sejam opostos do lado descendente e ascendente, para seguir ao padrão antitético deste quiasma, as palavras do Livro de Mórmon são essenciais. A palavra “não” inserida em dois lugares e uma segunda repetição do primeiro elemento, “ó iníquos”, todos do lado ascendente, completam o quiasma. “Não se abate” e “não se humilham” no lado ascendente estão contrastados com humilhada” e “serão abatidos”, no lado descendente; e “entra nas rochas” e “esconde-te no pó” são declarações descrevendo o medo e evasão fútil dos iníquos na vinda do Senhor.  O fato deste quiasma fazer sentido somente com as palavras apresentadas no Livro de Mórmon é um testemunho da veracidade do Livro de Mórmon e do trabalho do Profeta Joseph Smith [43]

O tema do versículo precedente é repetido no versículo 12 para dar ênfase: “Porque o dia do Senhor dos Exércitos será contra todo o soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido”. O Livro de Mórmon apresenta esta escritura da seguinte maneira: “Pois o dia do Senhor dos Exércitos logo virá a todas as nações; sim, a todas; sim, ao soberbo e altivo…”.[44] Mais tarde, no capítulo 13, Isaías explica as razões do Senhor para a destruição: “E visitarei sobre o mundo a maldade, e sobre os ímpios a sua iniquidade; e farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos tiranos”.[45]

Versículos 11 e 12 contêm um quiasma:

A: (11) E acontecerá que Os olhos altivos dos homens serão abatidos, e a sua altivez será humilhada;
B: e só o Senhor será exaltado
C: naquele dia.
C: (12) Pois o dia
B: do Senhor dos exércitos logo virá a todas as nações; sim,
A: contra todo o soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido.

No quiasma a exaltação do Senhor na Sua gloriosa Segunda Vinda é contrastada com o orgulho egoísta dos ímpios. A altivez de todas as nações será abatida e só o Senhor será exaltado naquele dia.

No versículo 13, árvores referem-se aos líderes orgulhosos e aos homens nobres[46] nos países adjacentes: “E contra todos os cedros do Líbano, altos e sublimes; e contra todos os carvalhos de Basã”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “Sim, e o dia do Senhor contra todos os cedros do Líbano…”.[47] Basã é a área do nordeste dos Mar da Galileia, que agora faz parte da Síria. Ver Mapa Bíblico 1.[48] Basã é a área típica e o homônimo de basalto, uma rocha ígnea eruptiva (lava) comum, que se encontra com abundância nesta área.[49]

No versículo 14 “montes altos” e “outeiros” referem-se tanto às grandes como às pequenas nações da Terra, todas consumidas pelo orgulho: “E contra todos os montes altos, e contra todos os outeiros elevados”.  O Livro de Mórmon apresenta assim: “E a todos os montes altos e a todos os outeiros; e a todas as nações que se exaltam e a todos os povos”,[50] fornecendo a interpretação da metáfora numa série de declarações paralelas. Esta conexão retórica é usada em todo o livro de Isaías.[51]

No versículo 15, torre alta e um muro fortificado referem-se ás fortalezas militares: “E contra toda a torre alta, e contra todo o muro fortificado”.

O versículo 16 continua: “E [o dia do Senhor logo virá] contra todos os navios de Társis, e contra todas as pinturas desejáveis”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “E a todos os navios do mar e a todos os navios de Társis e a todos os cenários agradáveis”.[52] Este versículo dá informações sobre as placas de latão de onde Néfi copiou estes capítulos de Isaías. Uma nota de rodapé na edição SUD da Bíblia em inglês explica: “A Septuaginta Grega diz: ‘navios do mar.’ A Hebraica diz: ‘navios de Társis.’ O Livro de Mórmon apresenta ambos termos, mostrando que as placas de latão continham as duas frases”.[53] O Grande Pergaminho de Isaías, um dos Pergaminhos do Mar Morto, apresenta “navios luxuosos” para “pinturas desejáveis”.[54]

O versículo 17 repete o tema estabelecido nos versículos 10 até 16: “E a arrogância do homem será humilhada, e a sua altivez se abaterá, e só o Senhor será exaltado naquele dia”. Isaías contrasta a altivez do homem sendo abatida com o estado exaltado do Senhor, para enfatizar suas diferenças. O propósito deste grande contraste é para acentuar na mente dos leitores a vasta diferença entre o estado humilde dos homens depois das destruições com o estado exaltado do Senhor em Sua Segunda Vinda.

O versículo 18 declara: “E todos os ídolos desaparecerão totalmente”. A adoração verdadeira tomará o lugar do materialismo, imoderação e iniquidades características dos últimos dias.[55]

O versículo 19 continua a descrição do temor que sentirão os homens: “Então os homens entrarão nas cavernas das rochas, e nas covas da terra, do terror do Senhor, e da glória da sua majestade, quando ele se levantar para assombrar a terra”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “E meter-se-ão nos buracos das rochas e nas cavernas da terra, porque o temor do Senhor virá sobre eles; e a glória da sua majestade feri-los-á quando ele se levantar para sacudir terrivelmente a terra”.[56]

Ao aproximar-se o dia do Senhor, terremotos “sacudirão terrivelmente a terra”. No princípio do século doze, terremotos com magnitude 6 ou mais aconteciam uma vez por década. Depois desta época o índice de ocorrência de terremotos severos cresceram exponencialmente, agora terremotos com magnitude 6 ou maior ocorrem quase todos os dias em alguma parte do mundo.[57]

O versículo 20 declara que aqueles que praticam idolatria (materialismo) virá a conhecer o descontentamento do Senhor: “Naquele dia o homem lançará às toupeiras e aos morcegos os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro, que fizeram para diante deles se prostrarem”. Os homens tentarão esconder as evidências de suas idolatrias em cavernas e buracos nas rochas—os habitats típicos de toupeiras e morcegos.
Versículos 8 até 20 contêm um quiasma:

A: (8) Também a sua terra está cheia de ídolos; inclinam-se perante a obra das suas mãos, diante daquilo que fabricaram os seus dedos. (9) E o povo não se abate, e os nobres não se humilham; portanto não lhes perdoarás.
B: (10) Ó iníquos, Entra nas rochas, e esconde-te no pó, do terror do Senhor e da glória da sua majestade vos ferirão. (11) E acontecerá que Os olhos altivos dos homens serão abatidos, e a sua altivez será humilhada;
C: e só o Senhor será exaltado naquele dia.
D: (12) Porque o dia do Senhor dos Exércitos será contra todo soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido;
E: (13) E contra todos os cedros do Líbano, altos e sublimes; e contra todos os carvalhos de Basã;
F: (14) contra todos os montes altos e contra todos os outeiros elevados;
G: e a todas as nações
H: que se exaltam,
G: e a todos os povos;
F: (15) E contra toda torre alta, e contra todo o muro fortificado;
E: (16) E contra todos os navios do mar e contra todos os navios de Társis, e contra todas as pinturas desejáveis.
D: (17) E a arrogância do homem será humilhada, e a sua altivez se abaterá, e só o Senhor será exaltado naquele dia. (18) E todos os ídolos desaparecerão totalmente.
B: (19) Então os homens se meterão nas cavernas das rochas, e nas covas da terra, do terror do Senhor, e da glória da sua majestade feri-los-á, quando ele se levantar para sacudir terrivelmente a terra.
A: (20) Naquele dia o homem lançará às toupeiras e aos morcegos os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro, que fizeram para diante deles se prostrarem.

Os donos orgulhosos de ídolos tentarão escondê-los nas cavernas, de tanta vergonha e temor que sentirão quando o Senhor aparecer. Os ímpios, temerosos da majestade e glória do Senhor e conscientes de suas culpas, serão humilhados e feridos. As nações e seus líderes, representados metaforicamente como montes, outeiros elevados, cedros e carvalhos, serão abatidos e humilhados no dia do Senhor dos Exércitos.  Sem as palavras e frases fornecidas pelo Livro de Mórmon, este quiasma seria significantemente enfraquecido.

O versículo 21 é semelhante ao versículo 19, repetido para equilíbrio poético e ênfase: “E entrarão nas fendas das rochas, e nas cavernas das penhas, por causa do terror do Senhor, e da glória da sua majestade, quando ele se levantar para abalar terrivelmente a terra”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “Para entrar pelas fendas das rochas e pelos cumes dos penhascos, porque o temor do Senhor virá sobre eles; e a majestade de sua glória feri-los-á quando ele se levantar para sacudir terrivelmente a terra”.[58]

Versículos 19 até 21 contêm um quiasma:

A: (19) Então os homens entrarão nas cavernas das rochas, e nas covas da terra, do terror do Senhor virá sobre eles; e da glória da sua majestade feri-los-á, quando ele se levantar para sacudir terrivelmente a terra.
B: (20) Naquele dia o homem lançará às toupeiras e aos morcegos os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro,
C: que fizeram
C: para diante deles
B: se prostrarem.
A: (21) E entrarão nas fendas das rochas, e nas cavernas das penhas porque o terror do Senhor virá sobre eles; e da glória da sua majestade feri-los-á quando ele se levantar para abalar terrivelmente a terra.

A Terra estremecerá violentamente e o iníquo será ferido na vinda do Senhor. Por causa do temor que terão do Senhor—reconhecendo suas terríveis iniquidades—idólatras buscarão esconder as evidências de suas iniquidades.

No versículo 22 somos admoestados: “Deixai-vos do homem cujo fôlego está nas suas narinas; pois em que se deve ele estimar?” Devemos parar de colocar nossa confiança nos homens, porque o braço da carne é insignificante comparado com o poder do Senhor.[59]

Será que Joseph Smith tinha suficiente conhecimento das sutilezas e dos significados escondidos na obra de Isaías a fim de poder fabricar O Livro de Mórmon? Comparando os quiasmas deste capítulo às palavras usadas no Livro de Mórmon nos testifica que o Profeta Joseph Smith traduziu O Livro de Mórmon de registros antigos através de orientação divina, conforme ele testificou.[60] Como que Joseph poderia ter inventado as palavras precisas para completar estes quiasmas?  Leve em consideração que 1820s quase nada se sabia a respeito de quiasma—especialmente entre os fazendeiros sem muita escolaridade.[61]

NOTAS


[1]. 2 Néfi 12:2, nota de rodapé.
[2]. Joseph Smith’s “New Translation” of the Bible: [“Nova Tradução” da Bíblia por Joseph Smith] Herald Publishing House, Independence, Missouri, 1970, 523 p.
[3]. Capítulos 2 até 39  descrevem Israel em sua terra natal num estado de iniquidade; capítulos 40 até 54 descrevme Israel em exílio no mundo em geral, interagindo com pessoas e acontecimentos; e capítulos 55 até 66 descrevme o retorno glorioso de Israel à sua terra natal  depois do arrependimento e purificação.
[4]. Ver 1 Néfi 13:28.
[5]. 1 Néfi 3:3, 12, 24; 1 Néfi 4:16, 24, 38; 1 Néfi 5:10-22; 1 Néfi 13:23; 1 Néfi 19:21-24; 1 Néfi 22:1, 30; 2 Néfi 4:2, 15; 2 Néfi 5:12.
[6]. 2 Néfi 12:2.
[7]. Brown et al., 1996, Número de Strong 5102, p. 625.
[8]. Ver Isaías 30:29; 56:7; 65:11; 66:20 e comentário pertinente.
[9]. Ver Isaías 35:1 e comentário pertinente.
[10]. Éter 2:3.
[11]. Joseph Fielding McConkie, Gospel Symbolism: [Simbolismo do Evangelho] Bookcraft, Inc. Salt Lake City, UT, 1985, pp. 129-130. Ver também “The Mountain of The Lord” (“O monte do Senhor”) (Dvd), A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1993.
[12]. Avraham Gileadi, The Book of Isaiah: A new translation with interpretive keys from The Book of Mormon [O Livro de Isaías: Uma nova tradução com chaves interpretativas do Livro de Mórmon]:  Deseret Book Co., Salt Lake City, Utah, 1988, 250 pp. Ver p. 43. Ver Isaías 2:2 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:2, 4; 30:25 e comentário pertinente.
[13]. 2 Néfi 12:14.
[14]. Isaías 13:4.
[15]. Ver Isaías 2:14 e 2 Néfi 12:14; Isaías 11:9; 13:2, 4; 30:25 e comentário pertinente.
[16]. Doutrina e Convênios 124:104.
[17]. Brown et al., 1996, Número de Strong 8451, p. 435.
[18]. Ver Isaías 1:27 e comentário pertinente. Ver também Salmos 102:13, 16; 129:5; 132:13; Isaías 1:8; 4:5; 14:32; 24:23; 28:16; 31:9; 35:10; 46:13; 51:16; 52:7, 8; 59:20.
[19]. Miquéias 4:1-2.
[20]. LeGrande Richards, “Profetas e Profecia”, The Ensign, Nov. 1975, p. 50.
[21]. Miquéias 4:2.
[22]. Por exemplo, Ver diferentes significados para “Sião” no comentário para Isaías 3:16.
[23]. D. e C. 133:21.
[24]. Joel 3:16.
[25]. Isaías 56:7.
[26]. Ver Mateus 26:56; Ver também Isaías 6:10, comentário pertinente e endnote.
[27]. Gordon B. Hinckley, “Este grande ano milenar” , A Liahona, Janeiro de 2001, p. 82.
[28]. Ver http://www.templemountfaithful.org/vision.htm.
[29]. Joseph Fielding Smith, Doutrinas de Salvaçãon, Vol. 3, páginas. 69-71.
[30]. Hinos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1990, Hino número 4, “No Monte a Bandeira”, estrofes 1 e 3.
[31]. Ver Isaías 32:15.
[32]. Miquéias 4:3.
[33]. 2 Néfi 12:5.
[34]. Hinos, num. 199.
[35]. Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University, [A Harmonização de  Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade de Brigham Young] Provo, Utah, 2001, p. 257.
[36]. 2 Néfi 12:6.
[37]. Ver Gileadi, p. 22.
[38]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah: [Compreendendo Isaías] Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 30.
[39]. Isaías 17:8; Ver comentário pertinente.
[40]. 2 Néfi 12:9.
[41]. 2 Néfi 12:10.
[42]. 2 Néfi 12:11.
[43]. Ver John W. Welch, Chiasmus in the Book of Mormon [Quiasmas no Livro de Mórmon]: Estudos da BYU 10, número 1, 1969, p.6.
[44]. 2 Néfi 12:12.
[45]. Isaías 13:11.
[46]. Ver Isaías 9:18; 10:18-19, 33-34; 14:8; 29:17; 32:15; 37:24; 55:12.
[47]. 2 Néfi 12:13.
[48]. Ver Mapas Bíblicos 1.
[49]. Ernest Klein, A Comprehensive Etymological Dictionary of the English Language [Um Dicionário Etimológico Completo do Inglês]: Elsevier Publishing Company, New York, 1971, basalt, p. 72.
[50]. 2 Néfi 12:14.
[51]. Ver Isaías 2:2 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:2, 4; 30:25 e comentário pertinente.
[52]. 2 Néfi 12:16.
[53]. Isaías 2:16, nota de rodapé 16a na Bíblia SUD em inglês.
[54]. Parry, 2001, p. 45.
[55]. Ver Isaías 2:7-8 e comentário pertinente.
[56]. 2 Néfi 12:19.
[57]. Na Internet, Ver http://earthquake.usgs.gov/recenteqsww/Quakes/quakes_all.html para um relatório mudial de ocorrências de terremotos quase no momento exato.
[58]. 2 Néfi 12:21.
[59]. Ver 2 Néfi 4:34.
[60]. O Livro de Mórmon—Introdução (edição1981) diz: “Com respeito a este registro o Profeta Joseph Smith declarou: ‘Eu disse aos irmâos que O Livro de Mórmon era o mais correto de todos os livros da Terra e a pedra fundamental de nossa religião; e que seguindo seus preceitos o homem se aproximaria mais de Deus do que seguindo os de qualquer outro livro.’” Ver também Joseph Smith—História 1:59-68.
[61]. John W. Welch, Chiasmus in the Book of Mormon [Quiasmas no Livro de Mórmon]: Estudos da BYU 10, número 1, 1969, p. 6. Compare com A Pérola de Grande Valor, Joseph Smith—História 1:3, 22-23, 27, 48, 55.

Prefácio

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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Por que fazer este comentário sobre o livro de Isaías? No princípio a intenção deste projeto era de fazer um estudo pessoal, porém várias pessoas começaram a expressar interesse neste estudo. Parte da minha motivação vem do desejo de dar aos meus filhos o benefício dos interesses e estudos da minha vida, para que eles estejam melhores preparados para o futuro. A mensagem de Isaías para os últimos dias é de profecias que serão cumpridas na nossa dispensação.

Nenhum comentário deve tomar o lugar da leitura das escrituras. Nossa fonte principal para compreender escrituras inspiradas sempre foi e continuará sendo a influência do Espírito Santo. Portanto, o propósito deste comentário é de servir como um recurso secundário, simplesmente um curso de instruções, para auxiliar na compreensão da metodologia para estudar as escrituras. Uma vez que descobrirmos e aperfeiçoarmos esta metodologia, nossa capacidade de compreensão das escrituras, através de inspiração pessoal, aumentará.

O benefício principal de um projeto como este é puramente pessoal. Há sido o meu desejo de adquirir um conhecimento maior dos ensinamentos de Isaías. Além disso, ao passar pelo processo de orar, ler, ponderar, analisar, cruzar referências, compreender e escrever, minha espiritualidade aumentou e meu desejo de viver de acordo com os princípios do evangelho foi fortalecido. Acima de tudo, eu sei mais do que nunca que Jesus Cristo, o Messias profetizado por Isaías e muitos outros profetas, é verdadeiramente o Salvador de toda a humanidade. Através de Seu Sacrifício Expiatório poderemos retornar ao nosso lar celestial, através do arrependimento e obediência, para viver com Deus, nosso Pai Eterno.

Ao adquirir uma compreensão maior das palavras de Isaías, o leitor não deve sentir-se intimidado pela falta de conhecimento da língua hebraica ou do antigo judeu, ou da história do Oriente Médio. O ponto culminante de sua mensagem para nós ocorrerá em nosso tempo mortal. A mensagem de Isaías não é simplesmente um resumo de como Deus lidou com os homens em tempos passados; portanto, um conhecimento histórico extensivo daquele período, não é necessário.

Ao escrever este comentário, evitei comparações com outros comentários durante o processo inicial de pesquisa e redação. Consultei estes comentários somente depois de haver escrito a minha primeira redação para todos os 66 capítulos de Isaías; assim fui encorajado à “pagar o preço” para adquirir o conhecimento desejado das fontes primárias. Já que há diferentes interpretações nos outros comentários, eu simplesmente as cito no texto, usualmente sem análises ou comentários.

No começo deste projeto, se tornou aparente que os elementos estruturais—como o paralelismo e o quiasma—são excelentes recursos de interpretação. Estruturas Paralelas são quase universal no livro de Isaías; elas são identificadas e extensivamente esquematizada por Parry, et al.[1]   Portanto, elas não são mencionadas neste comentário, exceto o que forem úteis para interpretar informações. Já o quiasma é uma fonte de informação interpretativa menos utilizada. Muitas vezes um quiasma contém significados e conceitos colocados lá por Isaías. Parry, em seu livro, Harmonizing Isaiah (Harmonizando Isaías), identifica inúmeros quiasmas, incluindo alguns que são reconhecidos somente em hebraico.[2] Neste comentário os quiasmas que proveem informações doutrinais ou descrevem o cumprimento de uma profecia serão esquematizados e analisado para fins interpretativos. Outros quiasmas que foram identificados foram colocados como notas no final dos capítulos.

Este comentário segue um formato previsível e uniforme para cada capítulo, assim os comentários de uma passagem em particular podem ser encontrados facilmente. As inumeráveis referências de escrituras foram colocadas como notas no final do capítulo ao invés de aparecerem em parênteses no texto, ficando melhor para ler. Seguindo-se as notas no final do capítulo, os leitores mais letrados ficarão mais satisfeitos com a documentação extensiva que um trabalho como este requer. Para evitar obstáculos para os leitores, as palavras em hebraico aparecem somente algumas vezes.

Em geral, o formato seguido foi a de interpretação de versículo-por-versículo. O comentário de cada versículo começa com o texto completo de João Ferreira de Almeida, assim o leitor não necessitará se referir ao Velho Testamento a fim de compreender o comentário. Introduções dos tópicos apresentados por Isaías que ocupam vários versículos, foram colocadas no começo da sequência, e os comentários sobre quiasmas e outras estruturas, que geralmente envolvem mais de um versículo, foram colocados no final da sequência pertinentes aos mesmos.

Sou muito grato às muitas pessoas pela assistência e encorajamento que me deram. Minha mãe, Glenna C. Sanderson, quem leu e comentou cada palavra que escrevi. Meu filho, Doutor Alan B. Sanderson, quem foi o que me apresentou às estruturas quiasmáticas e seus valores interpretativos. Minha filha, Emily S. Olsen, quem se dedicou em aplicar seus talentos editoriais no meu livro.

Eu sou o único responsável pelo conteúdo deste livro. Sou um homem comum, que viveu uma vida comum, exceto que fui grandemente abençoado pelo Senhor. Não faço nenhuma pretensão de que esta interpretação é correta, é simplesmente minha interpretação, tampouco pretendo ter autoridade em ensinar doutrinas evangélicas. Somente espero que os leitores ganhem uma compreensão maior de como as profecias de Isaías estão se cumprindo em nosso tempo, e como estas profecias nos ajudam a nos preparar para o que está por vir. Que este livro possa inspirar o leitor a trabalhar e a buscar mais diligentemente, obtendo assim, um conhecimento e uma compreensão maior das bênçãos e oportunidades que nos foram proporcionadas.

—Ivan D. Sanderson, 6 de Maio de 2006

Sobre o Autor

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Ivan D. Sanderson é Doutorado em geologia pela Universidade de Colorado e Bacharelado e Mestrado em geologia pela Universidade de Brigham Young. Interrompeu seu Bacharelado para prestar serviço militar, servindo no Vietnam como mecânico do Exército. Depois da Faculdade, ele trabalhou como geólogo de exploração de petróleo para a Union Oil Co. de Califórnia, trabalhou como professor na Universidade de Geórgia, em Athens, Geórgia, como também na Universidade de Purdue em West Lafayette, Indiana. Trabalhou como geólogo consultor em Califórnia e Utah. Trabalhou para várias agências estaduais incluindo Departamento de Transporte de Utah, Departamento do Meio-Ambiente de Utah, Departamento de Agricultura e Alimentação de Utah. Atualmente trabalha como geólogo de produção nas Minas de Cobre em Utah (Mina de Bingham Canyon de Kennecott Utah Copper).

Nascido em Murray, Utah, filho de Ivan L. e Glenna Cottam Sanderson. Dr. Sanderson foi criado em Provo e Orem, Utah e é um descendente de pioneiros Mórmon. Um membro dA Igreja de Jesus Cristo dos Santos Dos Últimos Dias, serviu como missionário por dois anos em Peru e já serviu em vários chamados na Igreja. Incluindo Professor da Escola Dominical, Presidente da Escola Dominical, Líder da Obra Missionária da Ala, Secretário Executivo da Ala, Conselheiro do Bispo, Secretário da Ala, Presidente do Quórum de Élderes, Líder dos Sumo-Sacerdotes, e Sumo-conselheiro da Estaca. Acima de tudo ele tem sido um estudante das escrituras durante toda a sua vida.

Dr. Sanderson é casado com Venna Rowley Sanderson.  Eles são pais de cinco filhos: Scerinda Johnson (casada com Kenneth L.), Emily Olsen (casada com Paul T.), David I. Sanderson (casado com Tauna Bodell), Dr. Alan B. Sanderson (casado com Marisa Patch), e Mark J. Sanderson (casado com Emily Sará.) Eles têm 15 netos.

Sobre a Tradutora

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Eu, Cláudia Giron Johanson, nasci e fui criada no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Estudei Letras- Português e Espanhol na Universidade Federal Fluminense por dois anos; imigrei para os Estados Unidos, onde estudei o inglês e terminei o meu curso universitário na Universidade de Utah com um Bacharelado em Espanhol. No mesmo ano em que me formei comecei a trabalhar como tradutora para uma firma de traduções, Alpnet, fazendo traduções de manuais de computadores. Mais tarde comecei a trabalhar com traduções legais e médicas. Sou reconhecida como uma tradutora aprovada pelo Departamento de Transportes de Utah e pelo Departamento de Imigração, onde presto serviços de tradução. Fui ricamente abençoada com um marido maravilhoso e seis lindos e bons filhos. Considero uma grande honra esta oportunidade de traduzir o livro do Dr. Ivan Sanderson acerca das profecias de Isaías, tenho aprendido muito com este excelente livro.


Notas

[1]. Ver Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson,  Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, 659 p.
[2]. Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research and Mórmon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 257-265.