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CAPÍTULO 49: “Também Te Dei Para Luz Dos Gentios”

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No capítulo 49 Isaías proclama que ele foi chamado por Deus, trainado e preparado desde que nasceu para servir como um profeta. Apesar de Israel não se arrepender, foi prometido a Isaías a glória do Senhor; Deus será sua força. Foi dado a Isaías, também, a responsabilidade de servir como uma luz para os gentios; ele declararia a salvação até à extremidade da terra. Isaías também profetizou que o Messias seria uma luz para os gentios e libertaria os prisioneiros.[1] A última parte deste capítulo proclama que Israel seria coligada nos últimos dias—levada pelos gentios a conhecer o Senhor e Sua salvação.

O capítulo 49 foi citado por Néfi no Livro de Mórmon, em 1 Néfi capítulo 21. Os versículos 22 e 23 foram também citados e explicados por Jacó, o irmão de Néfi, em 2 Néfi capítulo 6, versículos 6, 7 e 13. As diferenças no uso de palavras são ressaltadas em itálico onde forem citadas. Os capítulos 48 até 54 são citados por completo ou em parte no Livro de Mórmon, cada citação acompanhada de uma explicação e interpretação.[2]

Os versículos 1 até 6 contêm um salmo de servo, o segundo de uma série de quatro salmos de servo encontrados na obra de Isaías.[3] Em um salmo de servo, as características de um servo do Senhor são apresentadas como um salmo ou cântico. Como foi determinado por Isaías nos quatro salmos de servo, Cristo é o melhor exemplo de um servo, fielmente servindo Seu Pai e obedecendo-O em todas as coisas.[4] Vários profetas, inclusive Isaías[5], também apresentaram os critérios de um servo do Senhor.[6] Outros que demonstraram qualidades como as de Cristo como servos incluem a casa de Israel quando estava sendo digna;[7] Joseph Smith, o profeta da restauração;[8] os Santos dos Últimos Dias;[9] e possivelmente outros. Nos versículos 1 até 6, o servo descrito é o próprio Isaías, com os outros representados como símbolos.

No versículo 1, Isaías proclama: “Ouvi-me, ilhas, e escutai vós, povos de longe: O SENHOR me chamou desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe fez menção do meu nome”. Isaías foi chamado desde que nasceu para ser um servo do Senhor; o Senhor reconheceu através da menção do seu nome que Isaías recebeu autoridade divina. “Ouvi-me, ilhas” pode, em parte, referir-se aos nefitas no continente Americano, que possuíam a obra de Isaías e a quem Cristo visitou depois de Sua crucificação e ressurreição. Jacó, o irmão de Néfi, testificou que estavam “em uma ilha do mar”.[10]

O Livro de Mórmon apresenta uma declaração introdutória, aparentemente parte do texto original de Isaías, que precede o versículo 1:

“E outra vez: Escutai, ó vós, casa de Israel, todos vós que fostes separados e expulsos por causa da iniquidade dos pastores de meu povo; sim, todos vós que estais separados, que estais dispersos no estrangeiro, que sois de meu povo, ó casa de Israel”.[11]

A frase “Todos vós que fostes separados” refere-se à alegoria das oliveiras boa e brava mencionada pelo profeta Zenos—registrada nas placas de latão e citada extensamente por Jacó, o irmão de Néfi[12]—e referida pelo Apóstolo Paulo no Novo Testamento.[13] A dispersão de Israel foi “por causa da iniquidade dos pastores de meu povo”.

O versículo 1 contém dois quiasmas, o primeiro da oração introdutória apresentada no Livro de Mórmon:

A: (1) E outra vez: Escutai, ó vós, casa de Israel,
B: todos vós que fostes separados e expulsos por causa da iniquidade dos pastores de meu povo;
C: sim, todos vós que estais separados,
C: que estais dispersos no estrangeiro,
B: que sois de meu povo,
A: ó casa de Israel.

As palavras de Isaías são dirigidas à Israel dispersa. “Escutai, ó vós, casa de Israel” corresponde –se com “ó casa de Israel”. “Todos vós que fostes separados e expulsos por causa da iniquidade dos pastores de meu povo” complementa “que sois de meu povo”; e “todos vós que estais separados” corresponde com “dispersos no estrangeiro”.

O segundo quiasma no versículo 1 é apresentado tanto na Bíblia quanto no Livro de Mórmon:

A: (1) Ouvi-me, ilhas, e escutai vós, povos de longe:
B: O SENHOR me chamou
C: desde o ventre,
C: desde as entranhas de minha mãe
B: fez menção
A: do meu nome.

Isaías, desde seu nascimento, foi chamado pelo Senhor. “Ouvi-me, ilhas …” complementa “[fez menção] do meu nome”. “O SENHOR me chamou” complementa “fez menção …”; e “desde o ventre” compara-se com “desde as entranhas de minha mãe”.

O versículo 2, simbolicamente, descreve a preparação de Isaías para servir como servo e profeta do Senhor: “E fez a minha boca como uma espada aguda, com a sombra da sua mão me cobriu; e me pôs como uma flecha limpa, e me escondeu na sua aljava”.

O Senhor concedeu a Isaías poderes linguísticos extraordinários—como se vê na qualidade de sua obra e, sem dúvidas, de sua oratória. Seu poder linguístico é descrito na símile “fez a minha boca como uma espada aguda”. Também, como o eixo de uma flecha o Senhor tem limpado (ou polido) e protegido Isaías ao escondê-lo na Sua aljava. Além disso, o Senhor tem protegido Seu servo Isaías “na sombra da sua mão”. Estas descrições metafóricas dos atributos de Isaías como armamentos (flecha, espada) significa que seu testemunho contra o impenitente penetraria e selaria seu destino quando os julgamentos do Senhor fossem derramados. A autoridade de Isaías como um servo do Senhor para fazer tal declaração é inquestionável. Algumas destas características descrevem outros servos do Senhor que são tipificados neste salmo de servo.

No versículo 3, o Senhor fala a Isaías como o representante de Israel: “E me disse: Tu és meu servo; és Israel, aquele por quem hei de ser glorificado”. O Senhor, eventualmente, seria glorificado pelo Seu servo Israel depois que os descendentes de Israel se arrependessem de seus pecados e fossem coligados. Isaías, chamado como o profeta de Israel, serve como o representante de Israel diante do Senhor—responsável pelos pecados do povo se ele falhar em cumprir seus deveres.[14]

O versículo 4 descreve o desencorajamento de Isaías diante do Senhor: “Porém eu disse: Debalde tenho trabalhado, inútil e vãmente gastei as minhas forças; todavia o meu direito está perante o Senhor, e o meu galardão perante o meu Deus”.[15] Apesar de seu desencorajamento, devido a rebeldia de Israel, ele sabe que o Senhor julgá-lo-á favoravelmente devido seus esforços, mesmo que ele não tenha tido sucesso em trazer Israel ao arrependimento. O desencorajamento de Isaías descrito neste versículo representa o desencorajamento dos outros servos que são tipificados neste salmo de servo.

No versículo 5 o Senhor reassegurou Isaías: “E agora diz o Senhor, que me formou desde o ventre para ser seu servo, para que torne a trazer Jacó; porém Israel não se deixará ajuntar; contudo aos olhos do Senhor serei glorificado, e o meu Deus será a minha força”.[16] Mesmo que Israel haja recusado a responder ao chamado ao arrependimento, Isaías é assegurado da aceitação dos seus esforços pelo Senhor.

No versículo 6, o Senhor dá a Isaías mais instruções: “Disse mais: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os preservados de Israel; também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra”. O significado de “até à extremidade da terra” é a parte mais distante da Terra.[17] O trabalho de Isaías de restaurar Israel é julgado pelo Senhor como fácil para ele; o Senhor dá-lhe um dever adicional de servir como luz dos gentios, que quer dizer as nações da Terra em general.[18] As palavras de Isaías testemunhariam poderosamente sobre Deus e Seu Plano de Salvação, tanto aos descendentes de Israel quanto a todos os outros povos.

Juntamente com o chamado de Isaías de ser um servo do Senhor, outros que se assemelham a parte desta descrição seriam também chamados. O Apóstolo Paulo, ao citar este versículo, aceita o mandato de ser uma luz para os gentios como um dever dos primeiros cristãos: “Porque o Senhor assim no-lo mandou: eu te pus para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até os confins da terra”.[19]

O Senhor, em Doutrina e Convênios, proclama que Seus discípulos dos últimos dias deveriam ser uma luz para os gentios: “Portanto bem-aventurados sois se continuais em minha bondade, uma luz para os gentios; e por meio deste sacerdócio, um salvador para meu povo, Israel. O Senhor disse-o”.[20] O mandamento aos servos do Senhor, de serem “uma luz para os gentios”, aplica-se ao próprio Senhor; aos profetas Israelitas antigos, através de suas palavras que foram escritas; aos primeiros discípulos cristãos; a Joseph Smith, o profeta da restauração; e aos Santos dos Últimos Dias.

Os versículos 1 até 6 contêm um quiasma:[21]

A: (1) Ouvi-me, ilhas,
B: e escutai vós, povos de longe:
C: O SENHOR me chamou desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe fez menção do meu nome.
D: (2) E fez a minha boca como uma espada aguda, com a sombra da sua mão me cobriu; e me pôs como uma flecha limpa, e me escondeu na sua aljava;
E: (3) E me disse: Tu és meu servo;
F: és Israel, aquele por quem hei de ser glorificado.
G: (4) Porém eu disse: Debalde tenho trabalhado,
G: inútil e vãmente gastei as minhas forças;
F: todavia o meu direito está perante o Senhor, e o meu galardão perante o meu Deus.
E: (5) E agora diz o Senhor,
D: que me formou
C: desde o ventre para ser seu servo, para que torne a trazer Jacó; porém Israel não se deixará ajuntar; contudo aos olhos do Senhor serei glorificado, e o meu Deus será a minha força. (6) Disse mais: Pouco é que sejas o meu servo,
B: para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os preservados de Israel; também te dei para luz dos gentios,
A: para seres a minha salvação até à extremidade da terra.

Este quiasma se centraliza no sentimento de desapontamento e desencorajamento de Isaías que seus esforços não resultaram em arrependimento entre os membros da casa de Israel. “Debalde tenho trabalhado” corresponde à frase “inútil e vãmente gastei as minhas forças”. Apesar de seu desencorajamento, ele se conforta em saber que seu trabalho foi inspirado e direcionado por Deus. O Senhor então, expande o chamado de Isaías à toda a Terra e seus habitantes: “Ouvi-me, ilhas” é complementado por “para seres a minha salvação até à extremidade da terra”. “Povos” é complementado por “as tribos de Jacó”, “os preservados de Israel” e “os gentios”, fornecendo um significado maior. A mensagem do Senhor a Isaías, de que seus esforços diligentes glorificariam-Lhe, está sutilmente escondida neste quiasma: “todavia o meu direito está perante o Senhor, e o meu galardão perante o meu Deus” é complementada por “és Israel, aquele por quem hei [o Senhor] de ser glorificado”. O arrependimento e retidão de Israel nos últimos dias traria honra e glória tanto a Isaías quanto ao Senhor.

No versículo 7 o Senhor declara que mesmo que Isaías seja desprezado pelos homens, o Senhor o escolheu: “Assim diz o Senhor, o Redentor de Israel, o seu Santo, à alma desprezada, ao que a nação abomina, ao servo dos que dominam: Os reis o verão, e se levantarão, como também os príncipes, e eles diante de ti se inclinarão, por amor do Senhor, que é fiel, e do Santo de Israel, que te escolheu”.[22] O Livro de Mórmon apresenta: “… a quem as nações abominam …”.[23] O Senhor refere-se a posição de Isaías como conselheiro na corte do rei Ezequias, onde lhe foi conferido uma grande honra; sendo isto um exemplo da honra que Isaías receberia nos últimos dias através de sua obra. “O seu Santo” significa aquele a quem Isaías estima como sagrado—o Senhor, que se dirige a Isaías, nesta passagem, na terceira pessoa.

Os versículos 6 e 7 contêm um quiasma:

A: (6) Disse mais:
B: Pouco é que sejas o meu servo,
C: para restaurares as tribos de Jacó,
C: e tornares a trazer os preservados de Israel;
B: também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra.
A: (7) Assim diz o Senhor, o Redentor de Israel ….

O Senhor deu a Isaías um dever a mais, o de ser uma luz aos gentios, pelo qual Israel seria restaurada. “Disse mais” complementa “Assim diz o Senhor, o Redentor de Israel”. “Pouco é que sejas o meu servo” correlaciona-se com “também te dei para luz dos gentios”. Devido os quiasmas se sobreporem “assim diz o Senhor” e “por amor do Senhor, que é fiel” no versículo 7 são equivalentes à frase “Disse mais” no versículo 6, estabelecendo a referência para o verbo na terceira pessoa.

O versículo 8 declara: “Assim diz o Senhor: No tempo aceitável te ouvi e no dia da salvação te ajudei, e te guardarei, e te darei por aliança do povo, para restaurares a terra, e dar-lhes em herança as herdades assoladas”. O Livro de Mórmon apresenta: “… Na ocasião propícia vos ouvi, ó ilhas do mar, e no dia da salvação vos ajudei; e eu vos preservarei e dar-vos-ei meu servo por convênio do povo …”.[24] As palavras de Isaías serviriam como um convênio para o povo, isto é, elas restaurariam os dispersos de Israel ao conhecimento do Convênio Abraâmico. O uso do termo “meu servo” na redação do Livro de Mórmon se refere a Isaías, ao Senhor, ao profeta da restauração, e a outros descritos no salmo de servo dos versículos 1 até 6. “Para restaurares a terra” significa que os dispersos de Israel seriam restaurados às sua terras prometidas—às suas herdades assoladas.[25]

O Livro de Mórmon deixa claro que o Senhor está falando aos dispersos de Israel—representados, aqui, pela posteridade de Leí, que afirmaram que estavam vivendo em uma ilha do mar.[26] Néfi indica que havia mais grupos dispersos do que os nefitas e seus irmãos, os lamanitas: “Mas grandes são as promessas o Senhor aos que estão nas ilhas do mar; portanto, como é dito ilhas, deve haver outras além desta e elas são também habitadas por nossos irmãos”.[27]

Depois da coligação nos últimos dias, os habitantes das ilhas do mar seriam apontados “para herdarem as herdades assoladas”. Esta declaração compara-se com a declaração de Isaías em outra parte, no capítulo 54: “Porque transbordarás para a direita e para a esquerda; e a tua descendência possuirá os gentios e fará que sejam habitadas as cidades assoladas”.[28]

Paulo parafraseou parte do versículo 8: “Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável e socorri-te no dia da salvação; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação”.[29] Agora é o dia da salvação para qualquer pessoa que está sendo ensinada o evangelho, ouvindo as boas novas pela primeira vez. “Socorri-te” através da influência do Espírito Santo, respostas às orações e outras bênçãos espirituais e temporais.

No versículo 9, o Senhor fala para Isaías que seu testemunho escrito seria instrumental na coligação de Israel: “Para dizeres aos presos: Saí; e aos que estão em trevas: Aparecei. Eles pastarão nos caminhos, e em todos os lugares altos haverá o seu pasto”. A metáfora dos fiéis como um rebanho é usada aqui; as necessidades espirituais do penitente virão dos céus. A natureza da coligação é mencionada aqui: a libertação da escuridão e escravidão espirituais resultam devido ao conhecimento do verdadeiro evangelho. “Lugares altos” significa os templos, onde as bênçãos da exaltação são dadas. “Eles pastarão nos caminhos” significa que aqueles sendo coligados serão nutridos espiritualmente ao apegarem-se ao evangelho, ou trilharem o caminho estreito e apertado.

As tribos estão perdidas de duas maneiras: Primeiramente, o mundo em geral não conhece sua verdadeira identidade; e segundo, eles mesmos desconhecem sua identidade e herança. Eles serão coligados quando estes dois obstáculos forem sobrepujados, e isto acontecerá quando eles receberem a mensagem do evangelho restaurado. Eles aprenderão sobre sua linhagem através do estudo das escrituras e através de revelação—ao receberem suas bênçãos patriarcais.

Os versículos 8 e 9 contêm um quiasma:

A: (8) Assim diz o Senhor:
B: No tempo aceitável te ouvi ó ilhas do mar,
C: e no dia da salvação te ajudei,
D: e te guardarei,
D: e te darei meu servo
C: por aliança do povo,
B: para restaurares a terra, e dar-lhes em herança as herdades assoladas;
A: (9) Para dizeres aos presos: Saí; e aos que estão em trevas: Aparecei ….

Este quiasma—com o significado adicional do Livro de Mórmon—indica que os descendentes de Leí são os que herdariam as herdades assoladas mencionadas. “No tempo aceitável te ouvi ó ilhas do mar” corresponde com “para restaurares a terra, e dar-lhes em herança as herdades assoladas”. A frase “no dia da salvação te ajudei” compara-se com “por aliança do povo”; e “te guardarei” correlaciona com “te darei meu servo”.

Há registros que mostram que Brigham Young falou frequentemente que quando os Santos retornarem ao condado de Jackson, Missouri, que não haveria ali sequer um “cão amarelo balançando o rabinho”.[30] Talvez esta desolação seja o que Isaías estava se referindo no versículo 8, quando ele profetizou “… dar-lhes em herança as herdades assoladas”.

O versículo 10 descreve as grandes bênçãos e conforto espirituais a serem concedidos à Israel coligada, novamente usando a metáfora dos fiéis como um rebanho: “Nunca terão fome, nem sede, nem o calor, nem o sol os afligirá; porque o que se compadece deles os guiará e os levará mansamente aos mananciais das águas”. “Mananciais das águas” significa revelação e inspiração dos céus.[31] O Senhor cuidará dos justos como o pastor cuida de suas ovelhas.

João, o Revelador, parafraseia o versículo 10, aplicando o significado espiritual àqueles que alcançarem o mais alto grau de glória no reino celestial: “Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles”.[32]

No versículo 11 o Senhor declara: “E farei de todos os meus montes um caminho; e as minhas estradas serão levantadas”. “Montes” é uma metáfora que significa “nações”;[33] “caminho” e “estradas” significam “caminho da retidão” ou o Plano de Salvação.[34] O Senhor preparará os caminhos, ou meios para a coligação e retorno da Israel dispersa.[35]

No versículo 12, o Senhor continua: “Eis que estes virão de longe, e eis que aqueles do norte, e do ocidente, e aqueles outros da terra de Sinim”. O Livro de Mórmon apresenta: “E então, ó casa de Israel, eis que estes virão de longe …”.[36] “Sinim” vem do hebraico Ciyniym, que quer dizer “China”.[37] Este significado vem originalmente do chinês ch’in, que quer dizer “homem”. A primeira dinastia chinesa foi a Dinastia Chin (ou Qin), que governou de 221 a.C. até 207 a.C.[38] Não se sabe se Isaías quis dizer literalmente que parte dos coligados de Israel viria da China, ou se ele quis dizer figurativamente “um lugar muito distante”. Entretanto, o período da Dinastia Chin (ou Quin) favorece a possibilidade que havia Israelitas na China. Os pontos cardinais do compasso, juntamente com Sinim, representam terras para onde as tribos de Israel foram levadas cativas.[39]

Os versículos 9 até 12 contêm um quiasma:

A: (9) Para dizeres aos presos: Saí;
B: e aos que estão em trevas: Aparecei.
C: Eles pastarão nos caminhos,
D: e em todos os lugares altos haverá o seu pasto.
E: (10) Nunca terão fome, nem sede, nem o calor, nem o sol os afligirá;
F: porque o que se compadece deles os guiará
F: e os levará mansamente aos mananciais das águas.
E: (11) E farei de todos os meus montes um caminho;
D: e as minhas estradas serão levantadas.
C: (12) E então, ó casa de Israel, eis que estes virão de longe,
B: e eis que aqueles do norte, e do ocidente,
A: e aqueles outros da terra de Sinim.

Os coligados de Israel viriam de diversos lugares distantes, guiados e liderados pelo Senhor. “Para dizeres aos presos: Saí” corresponde com “aqueles outros da terra de Sinim”; os presos que iriam adiante incluem alguns da terra de Sinim. “Aos que estão em trevas: Aparecei” é equivalente à frase “aqueles do norte, e do ocidente”, descrevendo o estado espiritual daqueles a serem coligados.

O versículo 13 descreve a grande alegria, tanto dos céus quanto de toda a Terra, pela coligação de Israel: “Exultai, ó céus, e alegra-te, ó terra, e vós, montes, estalai com júbilo, porque o Senhor consolou o seu povo, e dos seus aflitos se compadecerá”. [40] O Livro de Mórmon apresenta: “Cantai, ó céus; e alegra-te, ó Terra, pois estabelecer-se-ão os pés dos que estão no oriente; cantai, ó montanhas, pois eles não mais serão feridos …”.[41] “Montes” ou “montanhas”, como foi usado aqui e por todo o Livro de Isaías, significa “nações”.[42] “Estabelecer-se-ão os pés dos que estão no oriente” significa que o caminho que seus pés trilhariam—que quer dizer o caminho estreito e apertado—seria novamente estabelecido em suas vidas.

Em Doutrina e Convênios, Joseph Smith usa semelhantes palavras para descrever a grande alegria pela restauração das ordenanças de salvação para os mortos:

“Irmãos, não prosseguiremos em tão grande causa? Ide avante e não para trás. Coragem, irmãos; e avante, avante para a vitória! Regozije-se vosso coração e muito se alegre. Prorrompa a terra em canto. Entoem os mortos hinos de eterno louvor ao Rei Emanuel, que estabeleceu, antes da fundação do mundo, aquilo que nos permitiria redimi-los de sua prisão; pois os prisioneiros serão libertados” (ênfases adicionadas).[43]

Uma razão para a alegria expressada pela Israel coligada seria porque as ordenanças de salvação estariam disponíveis a eles e aos seus ancestrais.

O versículo 13 contém um quiasma:

A: (13) Exultai, ó céus, e alegra-te, ó terra,
B: pois estabelecer-se-ão os pés dos que estão no oriente;
C: e vós, montes,
C: estalai com júbilo,
B: pois eles não mais serão feridos;
A: porque o Senhor consolou o seu povo, e dos seus aflitos se compadecerá.

Isaías explicou neste quiasma o porquê os céus e a Terra regozijaram-se e cantariam. “Exultai, ó céus, e alegra-te, ó terra” corresponde com “o Senhor consolou o seu povo, e dos seus aflitos se compadecerá”. “Pois estabelecer-se-ão os pés dos que estão no oriente” correlaciona com “pois eles não mais serão feridos”; e “vós, montes” é complementado por “estalai com júbilo”.

O versículo 14 descreve o desencorajamento dos justos ao enfrentarem adversidades: “Porém Sião diz: Já me desamparou o Senhor, e o meu Senhor se esqueceu de mim”. O primeiro “o Senhor” neste versículo é traduzido do hebraico Yahovah,[44] enquanto que o segundo, “meu Senhor”, significa um líder político. Neste caso, os dois são equivalentes quiasmaticamente. O Livro de Mórmon apresenta: “Mas eis que Sião disse: O Senhor abandonou-me e meu Senhor esqueceu-se de mim—ele, porém, mostrará que não é assim”.[45], [46] A rejeição do Senhor das reclamações injustificadas de Sião foi explicada no Livro de Mórmon. “Sião” foi usada aqui com duplo sentido—um lugar de coligação espiritual nos últimos dias, bem como um sinônimo para a Jerusalém justa dos últimos dias.[47]

O versículo 15 fornece a resposta confortadora do Senhor: “Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti”. O Livro de Mórmon apresenta: “Pois pode uma mulher esquecer o filho que está amamentando e deixar de sentir compaixão do filho de suas entranhas? Sim, pode esquecer; eu, porém, não te esquecerei, ó casa de Israel.[48] O Senhor ama e lembra dos justos de Israel mais ainda do que a mulher cuida e ama seu filho.

No versículo 16, o Senhor continua Sua explicação: “Eis que te tenho gravada nas palmas de minhas mãos; teus muros estão continuamente diante de mim”. Aqui, o Senhor prenuncia Seu sacrifício expiatório—mencionando que Ele seria crucificado, dando Sua vida pelos penitentes. Como feridas nas palmas de Suas mãos—que ficaram mesmo depois de Sua ressurreição servindo de testemunha de que Ele foi crucificado[49]—são sinais de Seu imensurável amor à toda a humanidade.

João, no Novo Testamento, registrou este evento do Senhor ressuscitado aparecendo aos apóstolos:

“Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.
“Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei.
“E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco.
“Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente.
“E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!” (Ênfases adicionadas).[50]

O Livro de Mórmon fornece o seguinte relato sobre o Senhor ressuscitado aparecendo aos nefitas:

“E aconteceu que a multidão se adiantou e meteu as mãos no seu lado e apalpou as marcas dos cravos em suas mãos e seus pés; e isto fizeram, adiantando-se um por um, até que todos viram com os próprios olhos, apalparam com as mãos e souberam com toda a certeza, testemunhando que ele era aquele sobre quem os profetas escreveram que haveria de vir” (ênfases adicionadas).[51]

Os sinais pelos quais o povo reconheceu o Senhor foram-lhes dados pelos profetas nas escrituras—aqui no versículo 16 e em outras passagens.[52] Seus registros ou testemunhos que eles prestaram é, portanto, legalmente vinculativo, já que satisfaz os requerimentos estipulados pela antiga profecia. Dando mérito a Tomé, o incrédulo, ele parece haver reconhecido este requerimento de ver as feridas nas palmas de suas mãos.

O versículo 17 descreve a conquista de Israel de seus inimigos e a reconstrução de Jerusalém: “Os teus filhos pressurosamente virão, mas os teus destruidores e os teus assoladores sairão do meio de ti”. O Livro de Mórmon apresenta: “Teus filhos precipitar-se-ão contra os teus destruidores …”.[53] O Livro de Mórmon esclarece que “teus filhos” são aqueles que “pressurosamente virão” contra os destruidores, expulsando-os rapidamente do meio deles.[54] Para Jerusalém, esta profecia seria cumprida várias vezes.

Os versículos 14 até 17 contêm um quiasma:

A: (14) Porém eis que Sião diz: Já me desamparou o Senhor, e o meu Senhor se esqueceu de mim.
B: ele, porém, mostrará que não é assim.
C: (15) Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre?
D: Mas ainda que esta se esquecesse dele,
D: contudo eu não me esquecerei de ti, ó casa de Israel.
C: (16) Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei;
B: os teus muros estão continuamente diante de mim.
A: (17) Os teus filhos pressurosamente virão contra os teus destruidores, e os teus assoladores sairão do meio de ti.

Neste quiasma, o sacrifício expiatório do Senhor serve como o maior ato de compaixão e amor altruísta. “Porém eis que Sião diz: Já me desamparou o Senhor” contrasta-se com “Os teus filhos pressurosamente virão contra os teus destruidores”. “Ele, porém, mostrará que não é assim [esquecido-se de Israel]” compara-se com “os teus muros estão continuamente diante de mim”; as frases adicionais do Livro de Mórmon fazem com que este quiasma funcione. “Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre?” corresponde com “Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei”; e “mas ainda que esta se esquecesse dele” contrasta-se com “contudo eu não me esquecerei de ti, ó casa de Israel”.

Os versículos 18 até 23 descrevem a coligação de Israel nos últimos dias. No versículo 18, o Senhor fala à Sião e a Jerusalém: “Levanta os teus olhos ao redor, e olha; todos estes que se ajuntam vêm a ti; vivo eu, diz o Senhor, que de todos estes te vestirás, como de um ornamento, e te cingirás deles como noiva”. [55] O Livro de Mórmon apresenta: “… E como vivo, diz o Senhor, de todos eles te vestirás …”.[56] Bem como uma noiva coloca joias e ornamentos caros, Sião e Jerusalém receberiam aqueles coligados. A declaração “Como vivo, diz o Senhor” é o mais solene dos juramentos possível sob quaisquer circunstâncias.[57]

Os versículos 19 até 21 descrevem o grande número de pessoas que seriam coligadas. O versículo 19 começa: “Porque nos teus desertos, e nos teus lugares solitários, e na tua terra destruída, agora te verás apertada de moradores, e os que te devoravam se afastarão para longe de ti”. A terra outrora devastada e desolada ficaria cheia com os coligados de Israel.

O versículo 20 continua: “E até mesmo os filhos da tua orfandade dirão aos teus ouvidos: Muito estreito é para mim este lugar; aparta-te de mim, para que possa habitar nele”. O Livro de Mórmon apresenta: “Os filhos que tiveres, depois de haveres perdido o primeiro, dirão novamente em teus ouvidos …”.[58] Sião e Jerusalém se esforçarão em abrigar os desterrados de Israel que já foram coligados.

O versículo 21 resume: “E dirás no teu coração: Quem me gerou estes? Pois eu estava desfilhada e solitária; entrara em cativeiro, e me retirara; quem, pois, me criou estes? Eis que eu fui deixada sozinha; e estes onde estavam?” Sião e Jerusalém se maravilhariam com a coligação dos filhos do Convênio Abraâmico.

Os versículos 18 até 21 contêm um quiasma:

A: (18) Levanta os teus olhos ao redor, e olha;
B: todos estes que se ajuntam vêm a ti; e como vivo, diz o Senhor,
C: que de todos estes te vestirás, como de um ornamento, e te cingirás deles como noiva.
D: (19) Porque nos teus desertos, e nos teus lugares solitários,
E: e na tua terra destruída, agora te verás apertada de moradores, e os que te devoravam se afastarão para longe de ti.
F: (20) E até mesmo os filhos
F: da tua orfandade dirão aos teus ouvidos:
E: Muito estreito é para mim este lugar;
D: aparta-te de mim, para que possa habitar nele.
C: (21) E dirás no teu coração: Quem me gerou estes?
B: Pois eu estava desfilhada e solitária; entrara em cativeiro, e me retirara;
A: quem, pois, me criou estes? Eis que eu fui deixada sozinha; e estes onde estavam?

Este quiasma explica que os coligados de Israel seriam tão numerosos que encheriam a terra de sua herança e precisariam de outras terras para habitarem. “Levanta os teus olhos ao redor, e olha” corresponde à “quem, pois, me criou estes? Eis que eu fui deixada sozinha; e estes onde estavam?”. “Todos estes que se ajuntam vêm a ti” correlaciona com “pois eu estava desfilhada e solitária; entrara em cativeiro, e me retirara”; e “porque nos teus desertos, e nos teus lugares solitários” complementa “aparta-te de mim, para que possa habitar nele”.

Os versículos 22 e 23 descrevem o papel das nações dos gentios na restauração de Israel. O versículo 22 começa: “Assim diz o Senhor DEUS: Eis que levantarei a minha mão para os gentios, e ante os povos arvorarei a minha bandeira; então trarão os teus filhos nos braços, e as tuas filhas serão levadas sobre os ombros”. [59] O Senhor estabeleceria, primeiramente, Seu reino nos últimos dias entre os gentios, que também receberiam as bênçãos do Senhor, e se tornariam Seus servos, e serviriam como Seu porta-estandarte. O evangelho restaurado seria pregado por eles aos dispersos de Israel por todo o mundo, de onde forem recolhidos.

O versículo 23 continua a descrição: “E os reis serão os teus aios, e as suas rainhas as tuas amas; diante de ti se inclinarão com o rosto em terra, e lamberão o pó dos teus pés; e saberás que eu sou o Senhor, que os que confiam em mim não serão confundidos”. Aqueles que confiam no Senhor durante as tribulações e perseguições não serão confundidos.

Os versículos 22 e 23 foram citados por Jacó, o irmão de Néfi, sem nenhuma variação da narração de João Ferreira de Almeida.[60] Depois, foi explicada por Jacó:

“Portanto os que lutarem contra Sião e contra o povo do convênio do Senhor lamberão o pó de seus pés; e o povo do Senhor não se envergonhará, pois o povo do Senhor são aqueles que o aguardam, pois ainda esperam a vinda do Messias”.[61]

Os inimigos do povo do convênio e de Sião são aqueles que, figurativamente, lamberão o pó de seus pés, enquanto que os reis dos gentios e as suas rainhas nutrirão os coligados.

Néfi explicou o significado desta passagem:

“E depois de nossos descendentes haverem sido dispersos, o Senhor Deus fará uma obra maravilhosa entre os gentios, que será de grande valor para nossos descendentes; é como se fossem, portanto, alimentados pelos gentios e carregados em seus braços e sobre seus ombros”.[62]

A “obra maravilhosa” que Néfi mencionou é a restauração do evangelho e a chegada do Livro de Mórmon nos últimos dias.[63]

Os versículos 22 e 23 contêm um quiasma:

A: (22) Assim diz o Senhor DEUS:
B: Eis que levantarei a minha mão para os gentios,
C: e ante os povos arvorarei a minha bandeira;
D: então trarão
E: os teus filhos nos braços, e as tuas filhas serão levadas sobre os ombros.
E: (23) E os reis serão os teus aios, e as suas rainhas as tuas amas;
D: diante de ti se inclinarão
C: com o rosto em terra, e lamberão o pó dos teus pés;
B: e saberás
A: que eu sou o Senhor, que os que confiam em mim não serão confundidos.

Este quiasma prevê que a coligação de Israel seria grandemente facilitada pelos gentios, de quem os coligados de Israel receberiam o evangelho e suas bênçãos. “Levantarei a minha mão para os gentios” é complementado por “saberás”, indicando que os filhos de Israel viriam a conhecer o Senhor através do ministério dos gentios. “Então trarão” compara-se com “diante de ti se inclinarão”; e “os teus filhos nos braços, e as tuas filhas serão levadas sobre os ombros” complementa “os reis serão os teus aios, e as suas rainhas as tuas amas”.

Os versículos 24 até 26 descrevem a destruição dos ímpios e a derrota dos opressores do povo do Senhor. O versículo 24 começa: “Porventura tirar-se-ia a presa ao poderoso, ou escapariam os legalmente presos?” Nesta pergunta retórica Isaías apresenta um cenário bem improvável.

O versículo 25 descreve a intervenção do Senhor: “Mas assim diz o Senhor: Por certo que os presos se tirarão ao poderoso, e a presa do tirano escapará; porque eu contenderei com os que contendem contigo, e os teus filhos eu remirei”. A Tradução de Joseph Smith apresenta:

“Mas assim diz o Senhor: Por certo que os presos se tirarão ao poderoso, e a presa do tirano escapará; porque o Deus Todo Poderoso livrará seu povo do convênio. Porque assim diz o Senhor, porque eu contenderei com os que contendem contigo, e os teus filhos eu salvarei”.[64]

O Senhor lutará as batalhas dos justos que serão protegidos e vindicados, não importa o quão temível seja o inimigo.

O Senhor dá uma maior explicação aos Seus discípulos nos últimos dias:

“Porque eis que não exijo de suas mãos que lutem as batalhas de Sião; porque, como disse num mandamento anterior, assim também farei—lutarei vossas batalhas.
“Eis que enviei o destruidor para destruir e assolar meus inimigos; e em poucos anos já não existirão para profanar minha herança e blasfemar meu nome nas terras que consagrei para a reunião de meus santos”.[65]

O versículo 26 elabora: “E sustentarei os teus opressores com a sua própria carne, e com o seu próprio sangue se embriagarão, como com mosto; e toda a carne saberá que eu sou o Senhor, o teu Salvador, e o teu Redentor, o Forte de Jacó”. O Senhor proclama neste versículo que os ímpios seriam destruídos pelos ímpios, através de guerras entre eles.[66] Os títulos “Salvador” e “Redentor” refletem a missão do Senhor de prover a salvação da morte através da ressurreição e das bênçãos da redenção de nossos pecados.[67] A frase “e toda a carne saberá que eu sou o Senhor, o teu Salvador, e o teu Redentor” reflete o significado das sentenças “diante de mim se dobrará todo o joelho, e por mim jurará toda a língua”.[68] Longe de ser uma promessa de salvação universal para todos que confessarem o nome do Senhor, isto serve para condenar ainda mais o pecador, como foi descrito por Alma, o filho:

“Sim, mesmo no último dia, quando todos os homens se apresentarem para serem julgados por ele, confessarão que ele é Deus; então os que vivem sem Deus no mundo confessarão que o julgamento de um castigo eterno sobre eles é justo …”.[69]

O Senhor descreve o assunto aos Seus discípulos dos últimos dias:

“Portanto em verdade eu digo: Que os iníquos prestem atenção e que os rebeldes temam e estremeçam; e que os incrédulos fechem os lábios, pois o dia da ira cairá sobre eles como um furacão; e toda carne saberá que eu sou Deus” (ênfases adicionadas).[70]

Os versículos 25 e 26 contêm um quiasma:

A: (25) Mas assim diz o Senhor:
B: Por certo que os presos se tirarão ao poderoso,
C: e a presa do tirano escapará;
D: porque eu contenderei com
D: os que contendem contigo,
C: e os teus filhos eu remirei.
B: (26) E sustentarei os teus opressores com a sua própria carne, e com o seu próprio sangue se embriagarão, como com mosto;
A: e toda a carne saberá que eu sou o Senhor, o teu Salvador, e o teu Redentor, o Forte de Jacó.

O Senhor lutará as batalhas de Seus discípulos; os coligados de Israel serão salvos e protegidos, enquanto que os iníquos serão destruídos. “Mas assim diz o Senhor” complementa “toda a carne saberá que eu sou o Senhor, o teu Salvador, e o teu Redentor, o Forte de Jacó”. “Por certo que os presos se tirarão ao poderoso” complementa “e sustentarei os teus opressores com a sua própria carne, e com o seu próprio sangue se embriagarão, como com mosto”; e “a presa do tirano escapará” iguala-se à frase “os teus filhos eu remirei”, indicando que a presa do tirano são os filhos de Israel em seu estado disperso.
NOTAS

[1]. Ver Doutrina e Convênios 128:22.
[2]. Isaías 48 e 49 são citados em 1 Néfi 20 e 21; Isaías 50 e 51 são citados em 2 Néfi 7 e 8; Isaías 52:1-2 é citado em 2 Néfi 8:24-25; Isaías 52:1-3 é citado em 3 Néfi 20:36-38; Isaías 52:6-7 é citado em 3 Néfi 20:39-40; Isaías 52:7-10 é citado em Mosias 12:21-24; Isaías 52:8-10 é citado em 3 Néfi 20:32-35; Isaías 52:11-15 é citado em 3 Néfi 20:41-45; Isaías 53 é citado em Mosias 14; e Isaías 54 é citado em 3 Néfi 22.
[3]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 358-360. Os quatro salmos de servos encontram-se em Isaías 42:1-4, 49:1-6; 50:4-9 e 52:13 até 53:12.
[4]. Ver João 6:38.
[5]. Ver Isaías 49:5; Amós 3:7; Apocalipse 10:7.
[6]. Ludlow, 1982, p. 358-360.
[7]. Ver Isaías 41:8-10 e comentário pertinente.
[8]. Ver D&C 1:17, 29; 19:13; 28:2; 35:17-18.
[9]. Ver D&C 1:6; 42:63; 44:1; 68:5-6; 133:30, 32.
[10]. Ver 2 Néfi 10:20; Ver também Isaías 24:15; 42:4, 10; 51:5; 60:6, 9 e comentário pertinente.
[11]. 1 Néfi 21:1.
[12]. Ver Jacó 5:1-77.
[13]. Ver Romanos 11:16-25.
[14]. Ver Jacó 1:19.
[15]. Os versículos 2 até 4 contêm um quiasma: A minha boca como uma espada aguda/me escondeu/me disse/tu és meu servo//és Israel, aquele por quem hei de ser glorificado/eu disse/debalde tenho trabalhado, inútil e vãmente gastei as minhas forças/o meu galardão perante o meu Deus.
[16]. Os versículos 4 e 5 contêm um quiasma: Debalde tenho trabalhado/todavia o meu direito está perante o Senhor/meu galardão/meu Deus/o Senhor//para ser seu servo, para que torne a trazer Jacó/contudo aos olhos do Senhor serei glorificado/o meu Deus será a minha força.
[17]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Strong’s Number (Número de Strong)7097, p. 892.
[18]. Brown et al., 1996, Strong’s Number (Número de Strong)1471, p. 156.
[19]. Atos 13:47.
[20]. D&C 86:11.
[21]. Compare Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 263.
[22]. O versículo 7 contém um quiasma sobreposto: O Senhor/Redentor de Israel/seu Santo/alma desprezada//que a nação abomina/os reis o verão, e se levantarão/também os príncipes, e eles diante de ti se inclinarão/do Senhor.
[23]. 1 Néfi 21:7.
[24]. 1 Néfi 21:8.
[25]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 429.
[26]. 2 Néfi 10:20.
[27]. 2 Néfi 10:21.
[28]. Isaías 54:3.
[29]. 2 Coríntios 6:2.
[30]. J. Golden Kimball, Conference Report [Relatório da Conferência], Outubro de 1930, p. 59.
[31]. Ver Isaías 12:3; 35:6-7; 55:10-11; 58:11.
[32]. Apocalipse 7:16.
[33]. Ver Isaías 2:2, 14 e 2 Néfi 12:2, 14; Isaías 11:9; 13:2, 4; 30:25 e comentário pertinente.
[34]. Ver Isaías 11:16; 19:23; 35:8; 40:14 e comentário pertinente.
[35]. Dennis L. Largey, ed., Book of Mormon Reference Companion: Isaiah Chapter Review [Companheiro Referencial do Livro de Mórmon: Revisão dos Capítulos de Isaías], 1 Néfi 21/Isaías 49, p. 351.
[36]. 1 Néfi 21:12.
[37]. Brown et al., 1996, Número de Strong 5515, p. 692; Ver também Dicionário Bíblico—Sinim.
[38]. “China dos Qin e dos Han (250-220 a. C.)”—Infopédia, Enciclopédia e Dicionários Porto Editora (em linha, http://www.infopedia.pt/$china-dos-qin-e-dos-han-%28250-220-a.-c.%29) .
[39]. Ver 2 Reis 17:6-8; Isaías 7:8; 8:4; 17:2; 42:24; 43:5, 6; 54:7.
[40]. O versículo 13 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Consolou/o seu povo//dos seus aflitos/se compadecerá. Em Parry, 2001, p. 263.
[41]. 1 Néfi 21:13.
[42]. Ver versículo 11 e comentário pertinente.
[43]. D&C 128:22.
[44]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 3068, p. 217-218.
[45]. 1 Néfi 21:14.
[46]. O versículo 14 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Me desamparou/o Senhor//meu Senhor/se esqueceu de mim. Parry, 2001, p. 263.
[47]. Ver Isaías 3:16; 51:3, 11; 52:1; 60:14; 61:3; 66:8.
[48]. 1 Néfi 21:15.
[49]. Ver Zacarias 13:6; D&C 45:51-52.
[50]. João 20:24-28.
[51]. 3 Néfi 11:15.
[52]. Ver Isaías 22:23-25 e comentário pertinente.
[53]. 1 Néfi 21:17.
[54]. Dennis L. Largey, ed., Book of Mormon Reference Companion: Isaiah Chapter Review [Companheiro Referencial do Livro de Mórmon: Revisão dos Capítulos de Isaías], 1 Néfi 21/Isaías 49, p. 350.
[55]. O versículo 18 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Como de um ornamento/te vestirás//te cingirás deles/como noiva.Parry, 2001, p. 263.
[56]. 1 Néfi 21:18.
[57]. Ver Isaías 45:23 e comentário pertinente.
[58]. 1 Néfi 21:20.
[59]. O versículo 22 contêm dois quiasmas reconhecidos no hebraico original: Levantarei a minha mão/para os gentios/povos/arvorarei a minha bandeira//trarão//teus filhos nos braços/as tuas filhas/sobre os ombros/serão levadas. Parry, 2001, p. 263.
[60]. 2 Néfi 6:6-7.
[61]. 2 Néfi 6:13.
[62]. 1 Néfi 22:8.
[63]. Ver Isaías 29:14 e comentário pertinente.
[64]. Joseph Smith’s “New Translation” of the Bible [“Nova Tradução” da Bíblia por Joseph Smith]: Herald Publishing House, Independence, Missouri, 1970, p. 208-209.
[65]. D&C 105:14-15.
[66]. Dennis L. Largey, ed., Book of Mormon Reference Companion: Isaiah Chapter Review [Companheiro Referencial do Livro de Mórmon: Revisão dos Capítulos de Isaías], 1 Néfi 21/Isaías 49, p. 352.
[67]. Parry et al., 1998, p. 437.
[68]. Isaías 45:23.
[69]. Mosias 27:31.
[70]. D&C 63:6.

CAPÍTULO 17: “Eis Que Damasco Será Tirada, E Já Não Será Cidade”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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O capítulo 17 é um “peso”, ou profecia de condenação para Damasco. Damasco e o reino de Israel Setentrional (ao norte) seriam conquistados e dispersos pela Assíria, e ambos perderiam suas identidades como nação. Israel seria espalhada por haver esquecido de seu Deus; mas por causa das promessas feitas à Israel, as nações que a assolarem seriam destruídas.

O versículo 1 começa com uma declaração com propósito: “Peso de Damasco”, que significa uma mensagem ou profecia de condenação para Damasco. E continua: “Eis que Damasco será tirada, e já não será cidade, antes será um montão de ruínas”. Esta declaração prediz a destruição de toda a nação da Síria, não só da capital, Damasco.

O versículo 2 descreve cidades em Efraim, ou o reino de Israel Setentrional, que seriam destruídas ao mesmo tempo que Damasco: “As cidades de Aroer serão abandonadas; hão de ser para os rebanhos que se deitarão sem que alguém os espante”. As cidades de Aroer ficavam no reino de Israel, no “ribeiro de Arnom”[1] que formava a fronteira com Moabe ao leste do Mar Morto.[2] Depois da destruição, as cidades de Aroer serviria somente como lugares de refúgios para os rebanhos de ovelhas. A destruição do reino de Efraim resultou no cativeiro das dez tribos, que abrangiam este reino.[3]

O versículo 3 continua a descrição da queda de Efraim e Síria: “E a fortaleza de Efraim cessará, como também o reino de Damasco e o restante da Síria; serão como a glória dos filhos de Israel, diz o Senhor dos Exércitos”. Os governos de Efraim e Damasco seriam destruídos, prestes a serem conquistados pela Assíria. Os remanescentes da Síria “serão como a glória dos filhos de Israel”, que significa que Síria e Israel seriam deixadas em semelhantes circunstancias, grandemente debilitadas. Damasco não seria mais um lugar poderoso e seguro para Efraim fugir buscando proteção.

O versículo 4 descreve com mais detalhes a devastação que sobreviria ao reino de Israel: “E naquele dia será diminuída a glória de Jacó, e a gordura da sua carne ficará emagrecida”. “Glória”, como foi usada aqui e no versículo 3, significa força militar, que seria aniquilada em ambos países pela destruição.[4] “Gordura da sua carne” é outra descrição para força militar.

O versículo 5 compara a obra de destruição pelos assírios com um segador colhendo um campo de trigo: “Porque será como o segador que colhe a cana do trigo e com o seu braço sega as espigas; e será também como o que colhe espigas no vale de Refaim”. O vale de Refaim, conhecido por suas abundantes safras, ficava ao sudoeste de Jerusalém;[5] e foi nomeado por uma nação antes dos Israelitas, que habitaram aquela área e que eram conhecidos por sua grande estatura.[6]

No versículo 6, os poucos sobreviventes de Efraim e Damasco são comparados primeiramente à “colheita de uvas” que restaram na vinha, e depois às poucas azeitonas que restaram nas oliveiras depois da colheita: “Porém ainda ficarão nele alguns rabiscos, como no sacudir da oliveira: duas ou três azeitonas na mais alta ponta dos ramos, e quatro ou cinco nos seus ramos mais frutíferos, diz o Senhor Deus de Israel”.[7], [8]

 A comparação de Israel com uma oliveira sugere que Isaías talvez conhecia bem as palavras do profeta Zenos. As palavras de Zenos foram incluídas nas placas de latão, juntamente com as de Isaías, que estavam sobre a posse dos nefitas. Jacó, o irmão de Néfi, citou as palavras de Zenos quando mencionou a alegoria da oliveira.[9] O apóstolo Paulo talvez também conhecia as palavras de Zenos—principalmente a alegoria da oliveira,[10] embora que, lamentavelmente, estas palavras tenham sido perdidas do texto bíblico atual.

Depois da destruição, em sua privação, os sobreviventes começariam a arrepender-se, como foi descrito nos versículos 7 e 8. O versículo 7 começa: “Naquele dia atentará o homem para o seu Criador, e os seus olhos olharão para o Santo de Israel”. O arrependimento e as bênçãos, frequentemente vêm depois da catástrofe.

No versículo 8, os sobreviventes abandonarão suas idolatrias: “E não atentará para os altares, obra das suas mãos, nem olhará para o que fizeram seus dedos, nem para os bosques, nem para as imagens”. A palavra “bosques” foi traduzida de uma palavra hebraica Asherah, que significa “árvore ou estaca sagrada”. Asherah é um eufemismo bíblico referindo-se a uma forma de idolatria caracterizada por um cerimonial de sexo ilícito.[11] Asherah era o nome da deusa cananéia da fortuna ou da sorte; ela era a esposa de Baal.[12]

O versículo 9 menciona novamente a metáfora da colheita da oliveira, mencionada previamente no versículo 6: “Naquele dia as suas cidades fortificadas serão como lugares abandonados, no bosque ou sobre o cume das montanhas, os quais foram abandonados ante os filhos de Israel; e haverá assolação”. Estes poucos sobreviventes seriam poupados pelos assírios por causa das promessas do Senhor aos filhos de Israel. Por causa do pequeno número de sobreviventes, tal como as azeitonas em um galho que foram negligenciadas pelos ceifeiros, os homens voltar-se-iam ao Senhor para fortalecerem-se. Por causa da destruição, os sobreviventes arrepender-se-iam e abandonariam suas idolatrias.[13]

Os versículos 10 e 11 relembra à decaída Israel de sua apostasia. O versículo 10 explica: “Porque te esqueceste do Deus da tua salvação, e não te lembraste da rocha da tua fortaleza, portanto farás plantações formosas, e assentarás nelas sarmentos estranhos”. Ao esquecer-se do Senhor Israel foi levada à apostasia, idolatria, à predita destruição e ao cativeiro. “Plantações formosas” e “sarmentos estranhos” referem-se às práticas idólatras dos “bosques”. Os bosques ou jardins eram plantados e mantidos para prover um ambiente agradável para suas idolatrias, com uma variedade de plantas raras trazidas da Babilônia.

O versículo 11 continua: “E no dia em que as plantares as farás crescer, e pela manhã farás que a tua semente brote; mas a colheita voará no dia da angústia e das dores insofríveis”.  A única colheita que será obtida através da idolatria, representada pelas “plantações formosas” e “sarmentos estranhos”, é sofrimento e tristeza.

Os versículos 12 até 14 formam um oráculo de pesar, atestando que as nações que perseguirem Israel serão destruídas. O versículo 12 começa dizendo: “Ai do bramido dos grandes povos que bramam como bramam os mares, e do rugido das nações que rugem como rugem as impetuosas águas”. O bramido dos mares é uma metáfora que significa o império assírio, que se consistia de muitas nações.[14]

O versículo 13 continua: “13Rugirão as nações, como rugem as muitas águas, mas Deus as repreenderá e elas fugirão para longe; e serão afugentadas como a pragana dos montes diante do vento, e como o que rola levado pelo tufão”. Apesar de seu imenso poder, as nações do império assírio seriam destruídas pelas mãos do Senhor— reduzidas à quase nada, como à “pragana dos montes”. Note que “montes” significa “nações”.[15]

O versículo 14 resume: “Ao anoitecer eis que há pavor, mas antes que amanheça já não existe; esta é a parte daqueles que nos despojam, e a sorte daqueles que nos saqueiam”. Apesar do fato de que Israel seria espalhada por haver esquecido de seu Deus, as nações que a assolarem seriam destruídas.

Os versículos 12 até 14 contêm um quiasma:

A: (12) Ai do bramido dos grandes povos
B: que bramam como bramam os mares,
C: e do rugido das nações
D: que rugem como o rugido de impetuosas águas.
E: (13) Rugirão as nações,
F: como rugem as muitas águas,
G: mas Deus as repreenderá
G:  e elas fugirão para longe;
F: e serão afugentadas como a pragana dos montes diante do vento
E: e como o que rola levado pelo tufão.
D: (14) Ao anoitecer eis que há pavor,
C: mas antes que amanheça já não existe;
B: esta é a parte daqueles que nos despojam,
A: e a sorte daqueles que nos saqueiam.

“Ai do bramido dos grandes povos” complementa “a sorte daqueles que nos saqueiam”, identificando os “grandes povos”. O lado ascendente deste quiasma (elementos no versículo 12 e na primeira parte do versículo 13) descrevem os saqueadores assírios, usando cinco repetições para “rugido” ou uma forma desta palavra, já do lado descendente deste quiasma (a última parte do versículo 13 e todo o versículo 14) descrevem a fuga e destruição do exército assírio depois da repreensão de Deus. Algumas das frases no lado descendente complementam ou completam a ideia de seus homólogos no lado ascendente.

NOTAS

[1]. Ver Deuteronômio 2:36.
[2]. Ver Mapa Bíblico ( na versão SUD da Bíblia em inglês) número 9.
[3]. Ver 2 Reis 17:6-8; Isaías 7:8; 8:4; 42:24; 43:6; 49:12; 54:7.
[4]. Ver Isaías 8:7; 10:18; 16:14; 20:5; 21:16-17; 22:18; 66:12.
[5]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 168.
[6]. Ver Dicionário Bíblico—Refaim.
[7]. Ver Deuteronômio 24:20; compare Isaías 24:13.
[8]. Versículos 3 até 6 contêm um quiasma: Diz o Senhor dos Exércitos/naquele dia será diminuída a glória de Jacó/ a gordura da sua carne ficará emagrecida/será como o segador/colhe a cana do trigo//sega as espigas/será também como o que colhe espigas/Porém ainda ficarão nele alguns rabiscos/duas ou três azeitonas na mais alta ponta dos ramos/diz o Senhor Deus de Israel.
[9]. Ver Jacó 5.
[10]. Ver Romanos 11:17-24.
[11]. Ver Êxodo 34:13; Deuteronômio 7:5; 12:3; Juízes 3:7; 1 Reis 14:15, 23; 2 Reis 17:10-11; 18:4; 23:14; 2 Crônicas 14:3; 17:6; 19:3; 24:18; 31:1; 33:3, 19; 34:3-4, 7; Isaías 27:9; Jeremias 17:2; Miquéias 5:14.
[12].  F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 842, p. 81.
[13]. Versículos 7 até 9 contêm um quiasma: Naquele dia atentará o homem para o seu Criador/não atentará para os altares//o que fizeram seus dedos//nem para os bosques/naquele dia as suas cidades fortificadas serão como lugares abandonados.
[14]. Isaías 8:7; 28:2, 17; 43:2.
[15]. Ver Isaías 2:2; 13:4 e comentário pertinente.

CAPÍTULO 8: “Porquanto Este Povo Desprezou As Águas De Siloé”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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O capítulo 8 começa com uma profecia da destruição que logo viria pelas mãos dos assírios, abrangendo os versículos 1 até 10. Esta profecia continua a mensagem de Isaías para Acaz, que começou no capítulo 7. A profecia é seguida por um sermão sacerdotal, abrangendo os versículos 11 até 18, onde Isaías declara que Cristo servirá de pedra de tropeço, e de rocha de escândalo, às duas casas de Israel, devido suas iniquidades. A parte final, que abrange os versículos 19 até 22, é uma condenação das iniquidades de Israel, por confiarem em médios e adivinhos para orientação espiritual, e as consequências por haverem feito isto.

Néfi citou este capítulo por completo com algumas modificações; diferenças na redação são mostradas em itálicos onde for citado. Compare 2 Néfi 18.

Isaías e seus filhos foram dados a Israel por sinais e por maravilhas do Senhor, como foi declarado no versículo 18.[1] Um exemplo foi dado no versículo 1, no qual o Senhor instrui Isaías: “Disse-me também o SENHOR: Toma um grande rolo, e escreve nele com caneta de homem: Apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa”. A frase “Apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa” é a tradução do nome hebraico do filho de Isaías, Maer-Salal-Has-Baz.

No versículo 2, Isaías declara: “Então tomei comigo fiéis testemunhas, a Urias sacerdote, e a Zacarias, filho de Jeberequias”. Na Lei de Moisés era requerido duas ou três testemunhas para se estabelecer qualquer assunto.[2]

O versículo 3 declara: “E fui ter com a profetisa, e ela concebeu, e deu à luz um filho; e o Senhor me disse: Põe-lhe o nome de Maer-Salal-Has-Baz”. O termo “a profetisa”, como foi usado neste versículo por Isaías refere-se à sua esposa, provavelmente refletindo sua sensibilidade espiritual.  O longo nome dado a seu filho, que em hebraico significa “apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa”,[3] como foi apresentado no versículo 1, é uma predição da destruição e cativeiro de Judá.[4]

As circunstancias da concepção e nascimento do filho mais velho de Isaías foram designadas pelo Senhor e realizadas expressamente por Isaías; o nome deste filho seria um sinal de um acontecimento futuro.

No versículo 4 encontramos o significado de “sinais e maravilhas”[5]: “Porque antes que o menino saiba dizer meu pai, ou minha mãe, se levarão as riquezas de Damasco, e os despojos de Samaria, diante do rei da Assíria”. O Livro de Mórmon apresenta esta passagem com pequenas mudanças: “Pois eis que antes que o menino saiba dizer meu pai e minha mãe, serão levadas as riquezas de Damasco e os despojos de Samaria ao rei da Assíria”.[6] Isto testifica do pouco tempo antes destes acontecimentos começarem, Síria e Israel seriam derrotados e suas riquezas levadas para o rei da Assíria.[7], [8]

No versículos 5 e 6, Isaías declara: “E continuou o Senhor a falar ainda comigo, dizendo:
Porquanto este povo desprezou as águas de Siloé que correm brandamente, e alegrou-se com Rezim e com o filho de Remalias” ― Aqui o Senhor menciona as razões da destruição prestes a acontecer.

“Siloé”, traduzido da palavra hebraica Shiloach, significa “o Enviado”.[9] Como apresentado por algumas traduções Bíblicas, este é o nome dado a um manancial ao sudoeste de Jerusalém, que provia água potável para esta cidade antiga.[10], [11]  O termo “As águas de Siloé” metaforicamente, significa o evangelho de Jesus Cristo; porém antes de Seu ministério mortal, significava a Lei de Moisés. Nesta metáfora a fonte de água potável para a cidade de Jerusalém é comparada à fonte divina da água viva—o Salvador, que provê a salvação eterna.[12]

“Siloé” no versículo 6 é equivalente, quiasmaticamente, ao “Senhor” no versículo 7, revelando o significado intencionado por Isaías. A frase “As águas de Siloé que correm brandamente” significa que o evangelho é mais fácil de ser praticado do que suportar a opção oposta—caos, iniquidades, dissensão e destruição pelas mãos do exército Assírio. Compare as palavras do Redentor: “Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.[13] Em contraste, “Rezim e…o filho de Remalias” representam os líderes iníquos da Síria e do Reino Setentrional de Israel, junto com suas típicas características mundanas.

“Siló”, traduzido da palavra hebraica Shiyloh em alguns casos[14], significa “aquele a quem pertence”[15], e é pronunciado semelhante a palavra hebraica Shiloach. Assim, a palavra “Siloé”, usada no versículo 6, descreve o papel do Senhor como o Criador e dono supremo da Terra e seus recursos, para quem prestamos conta de nossa mordomia. No fim da longa vida do patriarca Jacó, ele abençoou a cada um de seus doze filhos; sobre os descendentes de Judá ele conferiu o direito a realeza: “O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló (significando “aquele a quem pertence”) e a ele se congregarão os povos”.[16] Davi e seus descendentes, inclusive Jesus Cristo, eram descendentes de Judá e tinham parte nesta bênção.

“Siló” é usado pelo profeta Joseph Smith em sua tradução inspirada de uma parte de Gênesis:

“E disse José a seus irmãos: Eu morro e vou para meus pais; e desço à sepultura com alegria. O Deus de meu pai Jacó esteja convosco, para livrar-vos da aflição nos dias de vosso cativeiro; pois o Senhor visitou-me e obtive do Senhor uma promessa de que, do fruto dos meus lombos, o Senhor suscitará um ramo justo de meus lombos; e a ti, a quem meu pai Jacó chamou Israel, um profeta; (não o Messias que é chamado Siló;) e esse profeta libertará meu povo do Egito nos dias da tua escravidão.”[17]

Obviamente, “Siloé” ou “Siló” significa Jesus Cristo, o Messias que viria—o Criador, e portanto o Dono, da Terra e seus recursos. Como foi usado aqui por Isaías, também refere-se ao que deu a lei: Aquele cujo dedo escreveu sobre as placas de pedra no Monte Sinai. Esta verdade essencial deve ser evidente a todos os leitores das escrituras. Jeová—apresentado como “o Senhor” na verão da Bíblia de João Ferreira de Almeida, no Velho Testamento—e Jesus Cristo são o mesmo.

O nome Siló, pronunciado semelhante a “Siloé”, foi dado a um local da herança dos descendentes de Efraim, um dos filhos de José.[18] Quando as Doze Tribos, liderada por Josué, entraram na terra de Canaã, o Tabernáculo—incluindo a arca do Convênio—foi primeiramente colocado em Siló.[19] Quando Israel, consistindo das dez tribos do norte ou setentrional, separaram-se de Judá, que se consistia das duas tribos do sul ou meridional, Siló tornou-se um centro religioso equivalente a Jerusalém, incluindo a edificação e estabelecimento de um templo. A Arca do Convênio ficou lá por muitos anos.[20] Depois da conquista e cativeiro das dez tribos, Siló tornou-se parte de Samaria.

Nos versículos 7 e 8 Isaías descreve os exércitos invasores Assírios metaforicamente, como se fossem uma enchente inundando a terra. O versículo 7 começa: “Portanto eis que o Senhor fará subir sobre eles as águas do rio, fortes e impetuosas, isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória; e subirá sobre todos os seus leitos, e transbordará por todas as suas ribanceiras”.  A palavra “glória”, como foi usada neste caso, significa forças armadas.[21] Nesta declaração Isaías dá a interpretação da metáfora, que foi aplicada em vários outros lugares em sua obra. A frase “as águas do Rio” significa o rio Eufrates, o que é um símbolo para rei da Assíria.[22] O uso de “o Senhor” neste caso, enfatiza Seu papel como comandante militar, usando o rei da Assíria como representante. O Grande Pergaminho de Isaías usa neste caso “Jeová e “o Senhor”.[23]

Os versículos 4 até 7 contêm um quiasma:

A: (4) Porque antes que o menino saiba dizer meu pai, ou minha mãe, se levarão as riquezas de Damasco, e os despojos de Samaria, diante do rei da Assíria.
B: (5) E continuou o Senhor a falar ainda comigo, dizendo: (6) Porquanto este povo desprezou as águas
C: de Siloé que correm brandamente,
D: e alegrou-se com Rezim
D: e com o filho de Remalias,
C: (7) Portanto eis que Jeová o Senhor fará subir sobre eles
B: as águas do Rio, fortes e impetuosas,
A: isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória; e subirá sobre todos os seus leitos, e transbordará por todas as suas ribanceiras.

“Rei da Assíria” no versículos 4 e 7 engloba o elemento introdutório e suas reflexões. “Águas [de Siloé]” é o oposto de “as águas do Rio”, contrastando a paz e segurança da obediência ao evangelho com a destruição pelo exército invasor da Assíria—caracterizado metaforicamente como uma enchente furiosa. “Siloé” é equivalente ao “Senhor”, identificando claramente o comandante militar. Alegrar-se com Rezim e com o filho de Remalias, ao invés de com o Senhor, é a razão desta destruição predita.

Versículo 8 continua: “E passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele e chegará até ao pescoço; e a extensão de suas asas encherá a largura da tua terra, ó Emanuel”. “Tua terra, ó Emanuel” refere-se à terra prometida pelo Senhor—o Salvador que viria—ao Seu povo.

Versículos 7 e 8 contêm um quiasma:

A: (7) Portanto eis que Jeová o Senhor fará subir sobre eles
B: as águas do Rio, fortes e impetuosas,
C: isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória;
D: e subirá sobre todos os seus leitos,
D: e transbordará por todas as suas ribanceiras.
C: (8) E passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele e chegará até o pescoço;
B: e a extensão de suas asas encherá a largura da tua terra,
A: ó Emanuel.

Jeová o Senhor” é quiasmaticamente equivalente a “Emanuel”, que significa “Deus conosco”, novamente identificando Jeová como o Senhor—o comandante militar representado aqui pela Assíria—como o Messias que viria. As duas metáforas “as águas do Rio” e “asas” descrevem o avanço dos exércitos da Assíria e como se espalhariam sobre a terra. “Assíria” contrasta-se com “Judá”, denotando sua relação conflituosa. “Subirá sobre todos os seus leitos” é equivalente a “transbordará por todas as suas ribanceiras”, que, como ponto central do quiasma, descreve metaforicamente as invasões do exército Assírio.

Os versículos 9 e 10 contêm ameaças e advertências, que foram profeticamente preditas por Isaías, que seriam feitas pelo rei da Assíria. O versículo 9 começa: “Ajuntai-vos, ó povos, e sereis quebrantados; dai ouvidos, todos os que sois de terras longínquas; cingi-vos e sereis feitos em pedaços, cingi-vos e sereis feitos em pedaços”. O significado desta passagem é que não seria de nenhum proveito para Jerusalém ser coligada, nem para os seus defensores serem cingidos com armaduras e armas, pois seriam todos feitos em pedaços. A repetição dupla destas frases finais enfatiza a seriedade da ameaça.

O rei da Assíria continua no versículo 10: “Tomai juntamente conselho, e ele será frustrado; dizei uma palavra, e ela não subsistirá, porque Deus é conosco”. Por causa da iniquidade dos Israelitas, Deus traria seu grande exército sobre eles para destruí-los e levá-los cativos. Não daria em nada o fato de juntarem-se em conselho. A frase pronunciada pelo rei da Assíria, “Deus é conosco”, se tornou realidade; o rei da Assíria agiria como instrumento na mão de Deus.

Versículos 8 até 10 contêm um quiasma:

A: (8) …ó Emanuel.
B: (9) Ajuntai-vos, ó povos, e sereis quebrantados; dai ouvidos, todos os que sois de terras longínquas;
C: cingi-vos e sereis feitos em pedaços,
C: cingi-vos e sereis feitos em pedaços.
B: (10) Tomai juntamente conselho, e ele será frustrado; dizei uma palavra, e ela não subsistirá,
A: porque Deus é conosco.

“Emanuel” é equivalente quiasmaticamente a “Deus é conosco”, mostrando a definição hebraica deste nome.[24] “Ajuntai-vos, ó povos” é equivalente a “tomai juntamente conselho”, provendo o sentido intencionado. Duas repetições da frase “cingi-vos e sereis feitos em pedaços” enfatizam a seriedade das ameaças do rei da Assíria.

Note que o quiasma dos versículos 7 e 8 se transpassa com quiasma dos versículos 8 até 10, com as declarações introdutórias de ambos quiasmas sendo equivalentes. “Jeová, o Senhor”, “Emanuel” e “Deus é conosco” são todos equivalentes, denotando que o Deus do Velho Testamento é o mesmo que nasceu de uma virgem.[25] Ele é um ser diferente e distinto de Deus, o Pai, que se chama Eloím em hebraico, cujas palavras foram registradas por Isaías mais tarde, na primeira parte do capítulo 42.[26]

Os versículos 11 até 18 contêm um sermão sacerdotal. O versículo 11 começa: “Porque assim o Senhor me disse com mão forte, e me ensinou que não andasse pelo caminho deste povo, dizendo” — “Com mão forte” significa Seu forte aperto de mão, ou com poder.[27] Esta declaração descreve um relacionamento pessoal entre o Senhor e Seu profeta. O “caminho deste povo” geralmente significa o conhecimento do Plano de Salvação, porém entre o povo que Isaías pregava, este termo foi grandemente corrompido.[28]

O versículo 12 continua a sentença do versículo 11: “Não chameis conjuração, a tudo quanto este povo chama conjuração; e não temais o que ele teme, nem tampouco vos assombreis”. O sentido intencionado por Isaías é “não concorde com aqueles que querem formar uma aliança para a defesa, e livra-se de seus medos sem fé”.

No versículo 13, Isaías declara que o povo deve mudar seus caminhos: “Ao Senhor dos Exércitos, a ele santificai; e seja ele o vosso temor e seja ele o vosso assombro”, o profeta admoestou.

Os versículos 12 e 13 foram parafraseados pelo apóstolo Pedro:

Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis;
Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós (ênfases adicionadas).[29]

O povo de Judá, entretanto, não ouviu os conselhos de Isaías. Somos informados em 2 Reis que Acaz, rei de Judá:

“…enviou mensageiros a Tiglate-Pileser, rei da Assíria, dizendo: Eu sou teu servo e teu filho; sobe, e livra-me das mãos do rei da Síria, e das mãos do rei de Israel, que se levantam contra mim.
“E tomou Acaz a prata e o ouro que se achou na casa do Senhor, e nos tesouros da casa do rei, e mandou um presente ao rei da Assíria.
“E o rei da Assíria lhe deu ouvidos; pois o rei da Assíria subiu contra Damasco, e tomou-a e levou cativo o povo para Quir, e matou a Rezim.”[30]

No versículo 14 o sermão de Isaías continua: “Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo, às duas casas de Israel; por armadilha e laço aos moradores de Jerusalém”. Para os justos os mandamentos do Senhor servem como um santuário dos problemas da vida. Os ensinamentos do Senhor abrem o caminho para recebermos orientação espiritual, conforto e segurança nesta vida e na vida eterna no mundo vindeiro.[31] Para os que recusam os Seus mandamentos, Ele servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo.

O versículo 14 foi citado por Pedro e Paulo no Novo Testamento. Paulo diz: “Como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo; E todo aquele que crer nela não será confundido”.[32]

O versículo 15 descreve o resultado da obstinação dos iníquos: “E muitos entre eles tropeçarão, e cairão, e serão quebrantados, e enlaçados, e presos”. Tropeçando e caindo são consequências espirituais por não dar atenção à verdade, ou por dar ouvidos às falsas doutrinas, enquanto sendo quebrantados, enlaçados, e levados em cativeiro são consequências temporais, preditas aqui por Isaías.

No versículo 16 diz: “Liga o testemunho, sela a lei entre os meus discípulos”. Apesar da interpretação desta passagem apresentar alguns desafios, é apresentada da mesma forma no Livro de Mórmon[33] e no Grande Pergaminho de Isaías,[34] indicando que este é o significado do original em hebraico. A palavra hebraica traduzida como “lei” significa “ensinamentos” ou “doutrina”.[35]

O versículo 16 contém duas frases paralelas, “liga o testemunho” e “sela a lei”. Devido serem frases paralelas, “liga” e “sela” são sinônimos, e “testemunho” e “lei” são sinônimos também. Note que estas palavras são combinadas em ordem inversa no versículo 20, no lado descendente do quiasma.

A sinonímia apresenta-se em duas passagens de Doutrina e Convênios onde são intercambiadas. Numa passagem aparece como “ligar a lei e selar o testemunho”,[36] enquanto na outra como “que selem a lei e liguem o testemunho”.[37] O sentido permanece o mesmo em ambas passagens.

A “lei”, refere-se a lei de Moisés, ou a lei do evangelho, depois do ministério de Cristo, com referências especiais às escrituras. No Novo Testamento, a frase “a lei e os profetas” é usada para designar o cânon judaico de escrituras.[38] Então a lei ou o evangelho, como foi registrado nas escrituras, é o que será selado nas mentes e corações dos discípulos.

“Ligar o testemunho” e “selar a lei entre os meus discípulos” tem sido a tarefa principal dos profetas e líderes eclesiásticos durante todas as eras, ordenada pelo Senhor; e pais devem aceitar semelhante responsabilidade concernente a criação de seus filhos. No versículo 16 esta tarefa é dada pelo Senhor a Isaías.

O significado da passagem é aparente na suplicação de Joseph Smith na oração dedicatória do Templo de Kirtland: “Portanto, ó Senhor, livra teu povo da calamidade dos iníquos; permite a teus servos que selem a lei e liguem o testemunho, a fim de que estejam preparados para o dia da queima” (ênfases adicionadas).[39]

O mesmo sentido foi apresentado pelo Apóstolo Paulo: “Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei as minhas leis no seu entendimento, E em seu coração as escreverei; E eu lhes serei por Deus, E eles me serão por povo”.[40]

Um significado literal para o versículo 16 pode ser que Isaías levou o pergaminho onde escreveu estas profecias, enrolou-o e amarrou-o com uma corda de couro, e depois selou-o com um selo de argila, como símbolo de que as profecias estavam cumpridas. Isaías, então, deu as profecias para seus discípulos para futuras referências. Quando suas profecias viessem a se cumprir no futuro, isto seria um testemunho de que ele era um verdadeiro profeta.[41]

No versículo 17 Isaías testifica que ele aceitou a incumbência dada pelo Senhor no versículo 16: “E esperarei ao Senhor, que esconde o seu rosto da casa de Jacó, e a ele aguardarei”. O Senhor esconde seu rosto da casa de Jacó por causa das iniquidades.

Além disso, no versículo 18, o profeta oferece a si mesmo e seus filhos como instrumentos ao Senhor: “Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor, por sinais e por maravilhas em Israel, da parte do Senhor dos Exércitos, que habita no monte de Sião”. Um exemplo disto são os nomes que Isaías deu a seus filhos: Maer-Salal-Has-Baz, que significa “apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa”[42] e Sear-Jasube, que significa “um resto voltará”.[43] O nome Isaías significa “Jeová salva”.[44] O “Senhor dos Exércitos, que habita no monte de Sião” denota que seria Jeová quem viria habitar na Terra nos últimos dias. “Monte de Sião” é usado aqui com duplo sentido—um lugar de coligação espiritual nos últimos dias, bem como um sinônimo para Jerusalém, especialmente o templo em Jerusalém.[45]

Nos versículos 19 e 20 o Senhor adverte contra a feitiçaria. O versículo 19 declara: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?” O Livro de Mórmon apresenta: “para que os vivos ouçam os mortos?”[46] Esta pergunta retórica revela a tolice que é confiar em adivinhos. “Chilreiam” significa fazer sons repetidos sem sentido.

O versículo 20 afirma: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles”. Aqui, “a lei e ao testemunho” referem-se às escrituras escritas e aos convênios contidos nelas, para onde o povo deve retornar.

Nos versículos 21 e 22 Isaías descreve o que sobrecairia aos que não tivessem nenhuma luz dentro de si. O versículo 21 começa: “E passarão pela terra duramente oprimidos e famintos; e será que, tendo fome, e enfurecendo-se, então amaldiçoarão ao seu rei e ao seu Deus, olhando para cima”. A palavra “oprimido” significa “que sofre opressão” ou “reprimido”.[47] “Oprimido” implica ser desabrigado.

Os versículos 14 até 21 contêm um quiasma:

A: (14) Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo, às duas casas de Israel; por armadilha e laço aos moradores de Jerusalém. (15) E muitos entre eles tropeçarão, e cairão, e serão quebrantados, e enlaçados, e presos.
B: (16) Liga o testemunho,
C: sela a lei entre os meus discípulos.
D: (17) E esperarei ao Senhor, que esconde o seu rosto da casa de Jacó, e a ele aguardarei.
E: (18) Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor, por sinais e por maravilhas em Israel, da parte do Senhor dos Exércitos, que habita no monte de Sião.
E: (19) Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram:
D: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?
C: (20) À lei
B: e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles.
A: (21) E passarão pela terra duramente oprimidos e famintos; e será que, tendo fome, e enfurecendo-se, então amaldiçoarão ao seu rei e ao seu Deus, olhando para cima.

“Pedra de tropeço e de rocha de escândalo” é igual a “amaldiçoarão ao seu rei e ao seu Deus”, descrevendo como os ímpios tropeçarão. “Testemunho” e “lei” refletem-se em “lei” e “testemunho” em ordem inversa; e “esperarei ao Senhor” contrasta-se com “não consultará um povo a seu Deus?” “Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor, por sinais e por maravilhas” é o oposto de “Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram”. A tolice de procurar adivinhos que chilreiam é contrastado com o ato de receber orientação e inspiração do Senhor.

O versículo 22 conclui: “E, olhando para a terra, eis que haverá angústia e escuridão, e sombras de ansiedade, e serão empurrados para as trevas”. Esta descrição do estado dos iníquos é semelhante às descrições usadas em outros lugares por Isaías para descrever as terras onde os eleitos deverão juntar-se nos últimos dias: “E bramarão contra eles naquele dia, como o bramido do mar; então olharão para a terra, e eis que só verão trevas e ânsia, e a luz se escurecerá nos céus”.[48]  Trevas e ânsia, e escuridão espiritual—condições predominantes dos iníquos—caracterizam as terras onde Israel será coligada nos últimos dias.

NOTAS

[1]. Ver Isaías 8:18.
[2]. Deuteronômio 19:15.
[3]. Brown et al., 1996, Número de Strong 4122, p. 555; ver Isaías 10:6.
[4]. Versículos 1 até 3 contêm um quiasma: Disse-me/o SENHOR/toma/Urias//Zacarias/E fui/o Senhor/me disse.
[5]. Ver Isaías 8:18.
[6]. 2 Néfi 18:4.
[7]. Ver 2 Reis 17:6-8; Isaías 7:8; 17:2; 42:24; 43:6; 49:12; 54:7.
[8]. Versículos 3 e 4 contêm um quiasma: E fui ter com a profetisa/filho/nome//Maer-Salal-Has-Baz/menino/ pai…mãe.
[9]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7975, p. 1019.
[10]. Neemías 3:15; ver a tradução da Biblia Reina-Valera (SUD, 2009) em espanhol, a tradução King James (SUD, 1979) em Inglês, e outras. Na versão de João Ferreira de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, o nome do manancial foi traduzido como Hasselá.
11]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet: [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta] Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 148.
[12]. Compare João 4:10-14.
[13]. Mateus 11:30.
[14]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7886, p. 1010.
[15]. Gênesis 49:10; Ver Dicionário Bíblico—Shiloh.
[16]. Gênesis 49:10.
[17]. Seleções da Tradução de Joseph Smith da Bíblia (em Inglês), TJS, Gênesis 50:24; Ver também Joseph Smith’s “New Translation” of the Bible [“Nova Tradução” da Bíblia por Joseph Smith]: Herald Publishing House, Independence, Missouri, 1970, p.114-116.
[18]. Ver Josué 18:1; 1 Samuel 3:21.
[19]. Ver Josué 18:1.
[20]. Ver 1 Samuel 4:4.
[21]. Ver Isaías 10:18; 16:14; 17:3-4; 20:5; 21:16-17; 22:18; 66:12.
[22]. Isaías 17:12-13; 28:2, 17; 43:2.
[23]. Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University, [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young]:  Provo, Utah, 2001, pages 60 e 270.
[24]. Ver Mateus 1:23.
[25]. Ver Isaías 7:14.
[26]. Ver Isaías 42:1-7 e comentário pertinente.
[27]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías] Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 86.
[28]. Ver Isaías 3:12; 26:7-8; 28:7; 40:3 e comentário pertinente.
[29]. 1 Pedro 3:14-15.
[30]. 2 Reis 16:7-9.
[31]. Ver D&C 59:23.
[32]. Romanos 9:33; Ver também 1 Pedro 2:8.
[33]. 2 Néfi 18:16.
[34]. Parry,  Harmonizing Isaiah [Harmonizando Isaías]: 2001, p. 62.
[35]. Brown et al., 1996, Número de Strong 8451, p. 435.
[36]. Doutrina e Convênios 88:84.
[37]. D&C 109:46.
[38]. Ver Mateus 7:12; 22:40; Lucas 16:16; 24:44; João 1:45; Atos 13:15; 24:14; 28:23; Romanos 3:21.
[39]. D&C 109:46.
[40]. Hebreus 8:10. Ver também Isaías 51:7, Jeremias 31:33, e Provérbios 3:3.
[41]. David Rolph Seely, “Isaiah Chapter Review [Revisão do Cap]: 2 Néfi 18/Isaías 8”, Book of Mormon Reference Companion [Companheiro Referencial para o Livro de Mórmon]: Dennis L. Largey, ed., Deseret Book Company, Salt Lake City, UT, 2003, p. 373.
[42]. Brown et al., 1996, Número de Strong 4122, p. 555.
[43]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7610, p. 984.
[44]. Brown et al., 1996, Número de Strong 3470, p. 447.
[45]. Ver Isaías 1:27; 3:16; 4:3-4; 10:12, 24; 12:6; 51:3.
[46]. 2 Néfi 18:19.
[47]. Oprimido em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
Disponível na www: http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/oprimido.
[48]. Isaías 5:30.

CAPÍTULO 7: “Eis Que a Virgem Conceberá, E Dará À Luz Um Filho”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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A primeira parte do capítulo 7 é um discurso por um mensageiro onde o profeta é um emissário do Senhor ao rei Acaz e fala sobre uma guerra que Efraim e Síria faria contra Judá, predizendo o resultado desta guerra. Isaías apresenta a profecia de Emanuel sobre o nascimento virginal de Cristo a Acaz como sinal da veracidade de suas palavras. Uma profecia predizendo a destruição de Efraim e Síria pelas mãos dos Assírios compreende a última parte da mensagem de Isaías a Acaz. Os versículos finais deste capítulo descrevem a condição desolada de Efraim e Síria—e mais tarde, da maior parte de Judá—depois do despovoamento pelas mãos do rei assírio. Néfi citou este capítulo por completo com poucas modificações. Compare 2 Néfi 17; as poucas diferenças na versão do Livro de Mórmon aparecem em itálico.

Esta guerra, feita pela Síria e pelo reino de Israel Setentrional (ao norte) contra Judá, aconteceu porque Acaz recusou-se em formar uma aliança com estas nações para a defesa mútua contra Assíria. Eles planejaram conquistar Acaz e colocar um rei sobre Judá que cooperaria com eles em unificar defesas contra Assíria. Devido Acaz ter recusado as instruções do Senhor, que lhe foram enviadas através do profeta Isaías, os exércitos de Rezim e Peca invadiram Judá, matando ou levando cativo milhões dos súditos do rei Acaz.  Aqueles que foram levados cativos voltaram mais tarde.[1] Acaz então formou uma aliança com Tiglate-Pileser, rei da Assíria, contra Síria e o reino de Israel Setentrional para defender-se de seus dois vizinhos conspiradores. Por conseguinte, Tiglate-Pileser invadiu e conquistou Síria e o reino de Israel Setentrional, matando Rezim.[2]

O versículo 1 declara que uma guerra começou entre Judá e seus adversários: “Sucedeu, pois, nos dias de Acaz, filho de Jotão, filho de Uzias, rei de Judá, que Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de Remalias, rei de Israel, subiram a Jerusalém, para pelejarem contra ela, mas nada puderam contra ela”. Esta guerra começou durante o reinado de Acaz, que era rei de Judá, desde 742 a.C. A genealogia de Acaz também foi relatada: Acaz era filho de Jotão, que era rei de Judá desde o ano 758 a.C.; e Jotão era o filho de Uzias, que foi rei de Judá desde o ano de 811 a.C.[3] A guerra aconteceu durante o começo do ministério de Isaías, de 740 até 726 a.C.[4] Mas os adversários de Judá “nada puderam contra ela”.

No versículo 2, “E deram aviso à casa de Davi” refere-se ao rei Acaz e sua aristocracia, visto que os reis de Judá eram descendentes de Davi. A mensagem que “a Síria fez aliança com Efraim” causou uma grande atribulação, não só para o rei mas também para seu povo: “Então se moveu o seu coração, e o coração do seu povo, como se movem as árvores do bosque com o vento”.

Os versículos 3 até 9 contêm o discurso de Isaías no qual o profeta envia a mensagem ao rei Acaz. O versículo 3 começa: “Então disse o Senhor a Isaías”, mas não está claro no texto quando que Isaías começa a falar com Acaz. Primeiramente, o Senhor comanda a Isaías: “Agora, tu e teu filho Sear-Jasube, saí ao encontro de Acaz”― O Senhor informa-lhe onde será esta reunião: “ao fim do canal do tanque superior, no caminho do campo do lavandeiro”. O significado em hebraico do nome do filho de Isaías, Sear-Jasube, é “um resto voltará”.[5] Naquela época, Sear-Jasube deveria ser um bebê ou uma criancinha; ele viria a servir como um exemplo para a lição que Isaías daria para Acaz.

Nos versículos 4, 5, e 6 o Senhor dá a Isaías palavras proféticas para serem transmitidas ao rei. O versículo 4 começa: “E dize-lhe: Acautela-te, e aquieta-te; não temas, nem se desanime o teu coração por causa destes dois pedaços de tições fumegantes; por causa do ardor da ira de Rezim, e da Síria, e do filho de Remalias”. O Senhor exorta Acaz para não temer, apesar da seriedade das ameaças.

O versículo 5 continua: “Porquanto a Síria teve contra ti maligno conselho, com Efraim, e com o filho de Remalias, dizendo” ― os governantes destas duas nações vizinhas formaram uma aliança entre eles contra Judá.

O versículo 6 continua a sentença do versículo anterior: “Vamos subir contra Judá, e molestemo-lo e repartamo-lo entre nós, e façamos reinar no meio dele o filho de Tabeal”.  O Livro de Mórmon apresenta assim: “Subamos contra Judá e atormentemo-la; repartamo-la entre nós…”.  “Molestemo-lo” é traduzido de uma palavra hebraica que significa “fender” ou “abrir forçosamente”.[6] Rezim e Peca queriam conquistar Judá, nomear seu próprio rei para reinar sobre Judá, e dividir a terra e suas riquezas entre eles.

No versículo 7, Isaías proclama: “Assim diz o Senhor DEUS: Isto não subsistirá, nem tampouco acontecerá”. As palavras de conforto foi que este plano maligno não teria sucesso.

No versículo 8, Isaías profetiza ainda mais: “Porém a cabeça da Síria será Damasco, e a cabeça de Damasco Rezim; e dentro de sessenta e cinco anos Efraim será destruído, e deixará de ser povo”. O final da Israel Setentrional, ou o reino do norte—também conhecida como Efraim—ocorreu em 721 a.C., quando o reino foi destruído e seus habitantes, as dez tribos de Israel, foram assassinados ou levados cativos pela Assíria. A destruição de Efraim, na realidade, aconteceu dentro de um terço do tempo designado por Isaías nesta profecia.[7]

O versículo 9 proclama: “Entretanto a cabeça de Efraim será Samaria, e a cabeça de Samaria o filho de Remalias [Peca]; se não o crerdes, certamente não haveis de permanecer”. O que Isaías quis dizer foi que tão certo como a cabeça de Efraim é Samaria, e tão certo como o filho de Remalias, Peca, é o rei de Samaria, o iníquo rei Acaz não acreditaria nas palavras da profecia.

Depois que Isaías transmitiu esta mensagem, encontramos nos versículos 10 e 11: “E continuou o Senhor a falar com Acaz, dizendo: Pede para ti ao Senhor teu Deus um sinal; pede-o, ou em baixo nas profundezas, ou em cima nas alturas”. O Senhor oferece a Acaz um sinal através de Isaías, a fim de ajudá-lo a crer na mensagem.

Versículos 7 até 10 contêm um quiasma:

A: (7) Assim diz o Senhor DEUS:
B: Isto não subsistirá, nem tampouco acontecerá.
C: (8) Porém a cabeça da Síria será Damasco, e a cabeça de Damasco Rezim;
D: e dentro de sessenta e cinco anos Efraim será destruído,
D: e deixará de ser povo.
C: (9) Entretanto a cabeça de Efraim será Samaria, e a cabeça de Samaria o filho de Remalias;
B: se não o crerdes, certamente não haveis de permanecer.
A: (10) E continuou o Senhor a falar com Acaz, dizendo—

Neste quiasma “a cabeça da Síria será Damasco” compara-se com “a cabeça de Efraim será Samaria”, nomeando os dois conspiradores. “Isto não subsistirá” combina com “não haveis de permanecer”. Devido a incredulidade de Acaz, seu próprio reinado não seria estabelecido—com o mesmo resultado do plano traiçoeiro feito contra ele. A declaração central do quiasma prova que “Efraim será quebrantado, e deixará de ser povo”. Para que o reino de Acaz ou o plano contra ele tivesse êxito, a intervenção do Senhor seria necessária.

O versículo 12 informa: “Acaz, porém, disse: Não pedirei, nem tentarei ao Senhor”. Esta resposta não é um sinal de humildade, mas de um desinteresse irreverente de um rei iníquo. Isaías enfureceu-se.

O versículo 13 continua: “Então ele disse: Ouvi agora, ó casa de Davi: Pouco vos é afadigardes os homens, senão que também afadigareis ao meu Deus?” A incredulidade de Acaz é ofensivo para o Senhor e Isaías.

Então, Isaías transmite uma profecia assombrosa a respeito do nascimento virginal do Senhor Jesus Cristo, começando no versículo 14: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel”. O Grande Pergaminho de Isaías, apresenta “Jeová” ao invés de “o mesmo Senhor.”[8] O significado em hebraico de Emanuel é “Deus conosco”[9], que descreve a herança divina do Senhor e Seu papel como Jeová no mundo pré-mortal. Apesar da profecia que o reinado de Acaz não permaneceria estabelecido por causa de sua incredulidade, o Messias nasceria entre o povo de Acaz num tempo futuro. Em cumprimento da profecia que sem dúvidas o rei Acaz conhecia, o Messias nasceria como um descendente e herdeiro dos reis davídicos.[10]

Por que será que o Senhor deu estas informações concernente ao Messias como sinal para um rei iníquo? O reinado de Acaz não iria durar muito, devido sua iniquidade, mas sua nação sobre a qual governava continuaria a existir, pelo menos até o tempo predito quando o ministério terreno do Messias acontecesse. Este conhecimento foi dado como uma garantia divina, que apesar da ameaça de guerra que ele estava encarando, o povo de Acaz e sua linhagem real continuariam a existir por centenas de anos. Além disso, o nascimento do Salvador é uma das mais ponderosas manifestações do amor de Deus pela humanidade, e até mesmo por este rei iníquo.

O versículo 14 é citado no Novo Testamento por Mateus, descrevendo o nascimento de Jesus em Belém como o cumprimento da profecia de Isaías.[11] Mateus inclui a interpretação de “Emanuel” como “Deus conosco.” De todas as profecias de Isaías citadas no Novo Testamento, referentes ao ministério terreno de Jesus Cristo, esta passagem é uma das mais importante.[12]

As palavras do versículo 14 foram imortalizadas em “O Messias” de Handel, parte 1 número 8, Recitativo para contralto: “Eis que uma virgem conceberá”.

Concernente a esta passagem, Gordon B. Hinckley exortou:

“Crede nele que é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, que foi a fonte de inspiração de todos os antigos profetas – que falaram, movidos pelo Espírito Santo. Esses profetas falaram por Ele, ao depreenderem reis, ao admoestarem nações, e quando, como videntes, anunciaram a vinda de um prometido Messias, declarando pelo poder de revelação: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel.”[13]

Néfi, que conhecia muito bem as palavras de Isaías, viu os acontecimentos previsto neste versículo, como resposta a seu pedido para saber o significado da árvore da vida, isto foi feito através de uma visão que ele e seu pai, Leí, tiveram:

“E aconteceu que olhei e vi a grande cidade de Jerusalém e também outras cidades. E vi a cidade de Nazaré; e na cidade de Nazaré vi uma virgem que era extremamente formosa e branca.
“E aconteceu que vi os céus se abrirem; e um anjo desceu e, pondo-se na minha frente, disse: Néfi, que vês tu?
“E eu respondi: Uma virgem mais bela e formosa que todas as outras virgens…”E disse-me ele: Eis que a virgem que vês é a mãe do Filho de Deus, segundo a carne.
“E aconteceu que eu a vi ser arrebatada no Espírito. E depois de haver sido ela arrebatada no Espírito por um certo espaço de tempo, o anjo falou-me, dizendo: Olha!
“E eu olhei e tornei a ver a virgem carregando uma criança nos braços.
“E disse-me o anjo: Eis o Cordeiro de Deus, sim, o Filho do Pai Eterno! Sabes tu o significado da árvore que teu pai viu?
“E respondi-lhe, dizendo: Sim, é o amor de Deus….”[14]

Néfi, sentindo a ponderosa influência do Espirito Santo quando viu o maravilhoso acontecimento que se passaria em Nazaré e Belém no meridiano dos tempos, concluiu corretamente que a árvore da vida representava o amor de Deus para Seus filhos—tantos os iníquos quanto os justos. Aprendemos no Livro de Mórmon que o nascimento mortal do Messias é uma manifestação superlativa do amor de Deus.

O versículo 15 continua a profecia de Isaías: “Manteiga e mel comerá, quando ele souber rejeitar o mal e escolher o bem”. O fato de comer manteiga e mel—ou, coalhada e mel, as únicas comidas disponíveis aos pobres em certas épocas[15]—fez com que Salvador soubesse como “rejeitar o mal e escolher o bem”, é evidente que isto se refere ao alimento espiritual, ao invés de simplesmente a nutrição física. Ele nasceria e cresceria num tempo de grande privação entre o povo que não buscaria iluminação espiritual.

O Senhor, através de revelações modernas, citou uma parte dos registros de João Batista concernente a nutrição do Messias mortal no começo de sua vida: “E eu, João, vi que no princípio ele não recebeu da plenitude, mas recebeu graça por graça…mas continuou de graça em graça, até receber a plenitude; E assim foi chamado de Filho de Deus, porque não recebeu da plenitude no princípio.”[16]

O filho do Deus recebeu nutrição espiritual pouco a pouco até receber a plenitude. De onde veio tal nutrição? João Batista testificou sobre a realidade do desenvolvimento natural e progresso no crescimento de Jesus, da infância até a maturidade. Sua fonte de nutrição espiritual certamente não foi limitada a pais terrenos ou mestres; Ele recebeu sua iluminação dos céus. Considere a cena quando, na idade de doze anos, Jesus foi encontrado no templo:

“E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os.
“E todos os que o ouviam admiravam a sua inteligência e respostas.
“E quando o viram, maravilharam-se, e disse-lhe sua mãe: Filho, por que fizeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurávamos.
“E ele lhes disse: Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?
“E eles não compreenderam as palavras que lhes dizia.”[17]

A reprimenda gentil de Jesus afirma que Deus era literalmente Seu pai, não José. Obviamente, Ele não recebeu esta marcante compreensão de seus pais terrenos, que “não compreenderam as palavras que lhes dizia”.[18] Sua compreensão veio através de revelação de Seu Pai Celestial, bem como profetizou Isaías.

No versículo 16 Isaías continua sua profecia a Acaz, testificando que os acontecimentos militares preditos aconteceriam num futuro imediato: “Na verdade, antes que este menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, a terra, de que te enfadas, será desamparada dos seus dois reis”. Aqui, a criança se refere ao filho de Isaías, Sear-Jasube,[19] não Emanuel, mencionado e predito nos versículos 14 e 15. Isaías provavelmente mudou o assunto de Emanuel, a criança sagrada que nasceria de uma virgem, para seu próprio filho, a fim de evitar que o rei Acaz, em sua maldade, compreendesse completamente a natureza dos sinais que seriam dados.[20] Isaías foi instruído pelo Senhor para levar seu filho pequeno com ele, quando fosse transmitir esta mensagem profética;[21] A bondade e inocência de Sear-Jasube compara-se com o estado sem pecado do Salvador, Emanuel. As terras abomináveis mencionadas por Isaías eram a Síria e o reino de Israel Setentrional (ao norte), cujos reis, Rezim e Peca, conspiraram contra Acaz.[22]

Nos versículos 17 até 20 Isaías profetiza a respeito da destruição que logo resultaria na queda de Israel e Síria, e que isto seria um exemplo da destruição nos últimos dias. No versículo 17 ele descreve o horror trazido pelo rei da Assíria: “Porém o Senhor fará vir sobre ti, e sobre o teu povo, e sobre a casa de teu pai, pelo rei da Assíria, dias tais, quais nunca vieram, desde o dia em que Efraim se separou de Judá”. Efraim partiu de Judá sob o servo de Salomão, Jeroboão, em 975 a.C.[23]

Os versículos 14 até 17 contêm um quiasma:

A: (14) Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho,
B: e chamará o seu nome Emanuel.
C: (15) Manteiga e mel comerá, quando ele souber rejeitar o mal e escolher o bem.
C: (16) Na verdade, antes que este menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem,
B: a terra, de que te enfadas, será desamparada dos seus dois reis.
A: (17) Porém o Senhor fará vir sobre ti, e sobre o teu povo, e sobre a casa de teu pai, pelo rei da Assíria, dias tais, quais nunca vieram, desde o dia em que Efraim se separou de Judá.

O lado ascendente do quiasma descreve o nascimento e os primeiros anos de vida do Messias, já o lado descendente reflete a inocência do filho de Isaías, Sear-Jasube, a derrota da aliança Efraim-Síria e sua destruição pelas mãos do rei da Assíria no tempo de Acaz e Isaías. A frase “o mesmo Senhor vos dará um sinal” é refletida pela frase “o Senhor fará vir sobre ti…”. Estas declarações, também relacionadas, demonstram mais uma parte do sinal dado a Acaz, a presciência da destruição de Efraim e Síria, e a grande tribulação que sobreveio à Judá pelas mãos dos assírios. “Emanuel” compara-se com “será desamparada dos seus dois reis”, denotando que o Senhor Emanuel, o herdeiro legítimo do trono de Davi, traria a destruição de Israel e Síria. A primeira instância “rejeitar o mal e escolher o bem” refere-se a Emanuel, já a segunda instância da mesma frase refere-se ao filho de Isaías. Note que a frase “Manteiga e mel comerá” aplica-se somente a Emanuel.

Eruditos bíblicos têm tido dificuldades com alguns aspectos da profecia de Isaías sobre Emanuel. Eles argumentam que a profecia registrada nos versículos 14 e 15 refere-se a criança que nasceria da esposa de Isaías, possivelmente a segunda esposa, não a mãe de Sear-Jasube, que serviria como um símbolo para o nascimento do Messias. Esta criança, cujo crescimento e desenvolvimento seriam acompanhados por Isaías e Acaz, daria o sinal do cumprimento da segunda parte da profecia concernente à queda da Síria e o reino de Israel Setentrional.[24]

Várias dificuldades aparecem com esta explicação. Mais importante ainda, é que haveria somente um nascimento virginal—o do Messias, Jesus Cristo, o “unigênito do Pai.”[25] Ninguém além do Filho de Deus seria merecedor do nome descritivo, Emanuel, por causa de Sua concepção[26] e Sua posição elevada na vida pré-mortal.[27] Nenhum outro nascimento poderia adequadamente servir como exemplo.

O Senhor mandou Isaías trazer seu filho pequeno, Sear-Jasube, para a entrevista com Acaz, indicando que o tempo que levaria para o crescimento e desenvolvimento de Sear-Jasube seria o mesmo para a destruição da Síria e do reino de Israel Setentrional. É fácil imaginar Isaías apontando para seu filho quando ele falou: “Na verdade, antes que este menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, a terra, de que te enfadas, será desamparada dos seus dois reis”.[28]

A esposa de Isaías, a mãe de Maer-Salal-Has-Baz[29] e provavelmente a mãe de Sear-Jasube também, é a única esposa de Isaías que se conhece mediante os registros bíblicos. Se seu segundo filho, Maer-Salal-Has-Baz, tipifica o nascimento do Messias, como alguns argumentam, não se pode dizer que seria um nascimento virginal nem sequer o primeiro nascimento. Que se saiba não foi dado a nenhum dos filhos de Isaías o nome de Emanuel, nem mesmo como segundo nome.

A estrutura quiasmática dos versículos 14 até 17, provê uma explicação que não exige suposições inverificáveis. O Filho que nasceria de uma virgem e receberia o nome de Emanuel é descrito no lado ascendente do quiasma, já o outro menino, cujo crescimento e desenvolvimento serviriam como sinal da destruição de Israel e Síria, numa época muito diferente, é descrito no lado descendente. O desenvolvimento gradual da responsabilidade pessoal—o saber rejeitar o mal e escolher o bem—é o elemento comum que liga as duas diferentes descrições.

No versículo 18, o assunto muda para a Assíria e o Egito: “Porque há de acontecer que naquele dia assobiará o Senhor às moscas, que há no extremo dos rios do Egito, e às abelhas que estão na terra da Assíria”. “Naquele dia” indica que Isaías está predizendo os acontecimentos dos últimos dias. As moscas e as abelhas representam grupos de soldados de duas superpotências opostas representadas aqui pelo Egito e Assíria, as duas superpotências no tempo de Isaías. O fato desses soldados poderem voar, não deve ser ignorada, dadas as práticas modernas de guerra.

O Egito não estava diretamente envolvido na conquista da Síria e Israel em 721 a.C.  Esta referência ao Egito, portanto, indica ainda mais que esta profecia é um exemplo a ser cumprido nos últimos dias. O Egito representa uma superpotência moderna ocidental, enquanto que a Assíria representa uma superpotência moderna do oriente médio ou do oriente.[30]

No versículo 19, os grupos de invasores foram descritos com maiores detalhes: “E todas elas virão, e pousarão nos vales desertos e nas fendas das rochas, e em todos os espinheiros e em todos os arbustos”. As hostes invasoras apoderariam-se da terra.

O versículo 20 descreve a humilhação total que se sofreria pelas mãos do rei da Assíria: “Naquele mesmo dia rapará o Senhor com uma navalha alugada, que está além do rio, isto é, com o rei da Assíria, a cabeça e os cabelos dos pés; e até a barba totalmente tirará”. O Livro de Mórmon omite “isto é”. “Aqueles que estão “além do Rio” refere-se aos exércitos da Assíria do outro lado do rio Eufrates, mas também é um símbolo para um grande tirano dos últimos dias. Raspar a cabeça, os pés, e a barba são símbolos de completa derrota e humilhação—total destruição dos exércitos, com seus combatentes sendo assassinados ou levados como prisioneiros—que se sofreria pelas mãos do rei da Assíria. Note que na conquista predita os invasores cumpririam a vontade do Senhor, como se fossem, figurativamente, contratados pelo Senhor como mercenários—a “navalha alugada”.[31]

Os últimos versículos do capítulo 7 descreve a desolação da terra depois que os habitantes de Israel e Judá forem assassinados ou levados cativos. No versículos 21 e 22 a relativa abundância de alimento, devido a dizimação da população é descrita:

“E sucederá naquele dia que um homem criará uma novilha e duas ovelhas.
“E acontecerá que por causa da abundância do leite que elas hão de dar, comerá manteiga; e manteiga e mel comerá todo aquele que restar no meio da terra.”

Os restantes sobreviveriam devido a autossuficiência. Manteiga e mel—ou, coalhada e mel, às vezes seriam os únicos alimentos disponíveis aos pobres autossuficientes,[32]—indicam a situação difícil dos sobreviventes.

No versículo 15, note que manteiga e mel referem-se à nutrição espiritual que o jovem Jesus receberia. No versículo 22 esta mesma frase refere-se à nutrição temporal e à espiritual—temporal devido as dificuldades da população dizimada, e espiritual por cause da destruição dos líderes que desviavam o povo para o mau caminho, dando fim às suas artimanhas sacerdotais. Os remanescentes seriam livres para seguir a retidão.[33]

O cultivo da terra cessaria completamente, como foi descrito no versículos 23 até 25, devido à grande redução na população. O versículo 23 prediz: “Sucederá também naquele dia que todo o lugar, em que houver mil vides, do valor de mil siclos de prata, será para as sarças e para os espinheiros”. Ao invés de vinhas valiosas do valor de mil siclos de prata, somente sarças e espinheiros cresceriam.

O versículo 24 descreve a terra, porque seria revertia em deserto, adequada somente para a caça: “Com arco e flecha se entrará ali, porque toda a terra será sarças e espinheiros”, devido à falta de pessoas para cultivar a terra.

O versículo 25 descreve os campos que foram cultivados no passado: “E quanto a todos os montes, que costumavam cavar com enxadas, para ali não irás por causa do temor das sarças e dos espinheiros; porém servirão para se mandarem para lá os bois e para serem pisados pelas ovelhas”. Ou, esses campos que antes eram cultivados, serviriam somente como pastos para bois ou ovelhas.[34]

A terra ficaria desolada exceto por uns poucos zeladores sob comando Assírio. O Senhor não estaria espiritualmente com eles, apesar das referências à manteiga e mel (nutrição espiritual) no versículo 15; coisas sagradas seriam profanadas, como pelos “bois, e para serem pisados pelas ovelhas.” Falsas doutrinas surgiriam como as “sarças e espinheiros,” para sufocarem as doutrinas verdadeiras que foram dadas originalmente pelo Senhor.[35], [36]

NOTAS

[1]. Ver 2 Crônicas 28:5-15.
[2]. Ver 2 Reis 15:29; 16:7-9.
[3]. Ver Dicionário Bíblico—Cronologia.
[4]. Ver Dicionário Bíblico—Cronologia; também Dicionário Bíblico—Isaías.
[5]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 7610, p. 984.
[6]. Brown et al., 1996, Número de Strong 1234, p. 131-132.
[7]. Ver 2 Reis 17:6-8; Isaías 8:4; 17:2; 42:24; 43:6; 49:12; 54:7.
[8]. Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University, [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 58.
[9]. Brown et al., 1996, Número de Strong 410, p. 41.
[10]. Ver Gênesis 49:10; Mateus 1:1-16.
[11]. Mateus 1:22-23.
[12]. Ver Isaías 6:10, comentário pertinente e notas no final do texto.
[13]. Gordon B. Hinckley, “Não sejas incrédulo”, A Liahona, Outubro de 1978, p. 100.
[14]. 1 Néfi 11:13-15, 18-22.
[15]. Brown et al., 1996, Número de Strong 2529, p. 326, 328; Ver também Isaías 7:15, nota de rodapé 15a na Bíblia SUD em inglês.
[16]. Doutrina e Convênios 93:12-14.
[17]. Lucas 2:46-50.
[18]. Lucas 2:50.
[19]. Ver Isaías 7:3.
[20]. Ver Isaías 6:9-10 e comentário pertinente; Ver também D. e C. 82:3 e Lucas 12:48.
[21]. Ver Isaías 7:3.
[22]. Ver Isaías 7:1.
[23]. Dicionário Bíblico—Cronologia.
[24]. Ver comentário de Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, pp. 143-145.
[25]. Ver João 1:14; 3:16, 18; Alma 9:26; D. e C. 76:22-24.
[26]. Ver Lucas 1:31-35.
[27]. Ver Isaías 40:28; 41:20; 42:5-6; 44:24; 45:12; Moisés 1:33; 4:2.
[28]. Isaías 7:16.
[29]. Ver Isaías 8:1-4.
[30]. Ver Gileadi, p. 72-73.
[31]. Terry B. Ball, “Revisão do Capítulo de Isaías: 2 Néfi 17/Isaías 7”,  Companheiro Referencial do Livro do Mórmon: Dennis L. Largey, ed., Deseret Book Company, Salt Lake City, UT, 2003, p.371.
[32]. Brown et al., 1996, Número de Strong 2529, p. 326, 328.
[33]. Versículo 22 contém um quiasma: comer/manteiga/manteiga/comer. In Parry,  Harmonizing Isaiah, [Harmonizando Isaías] 2001, p. 258.
[34]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7716, p. 961.
[35]. Ver Isaías 55:13; 5:6; 9:18; 10:17; 27:4; 32:13 e comentário pertinente.
[36]. Versículos 21 até 25 contêm um quiasma: Uma novilha e duas ovelhas/ houver mil vides, do valor de mil siclos de prata/será para as sarças e para os espinheiros/arco//flecha/sarças e espinheiros/cavar com enxadas/bois…ovelhas.