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CAPÍTULO 36: “Nem Tampouco Ezequias Vos Faça Confiar No Senhor”

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O capítulo 36 é o primeiro de quatro capítulos que descreve certos acontecimentos que ocorreram durante a vida de Isaías. Por isso os capítulos 36 até 39 são chamados “capítulos históricos”.

Embora os acontecimentos contidos nestes capítulos terem ocorrido durante a vida de Isaías, eles são importantes para nós nos últimos dias porque servem como símbolos proféticos de acontecimentos que ocorrerão em nossos dias. Quando os acontecimentos preditos começarem a ocorrrer, este relato fornecerá conforto e a certeza que a proteção do Senhor será dada aos seus discípulos modernos, assim como dada à antiga Jerusalém e seu rei justo, Ezequias. Quando estes acontecimentos começarem a se passar, lembremos das palavras do profeta Sofonias:

“Naquele dia se dirá a Jerusalém: Não temas, ó Sião, não se enfraqueçam as tuas mãos.
“O Senhor teu Deus, o poderoso, está no meio de ti, ele salvará; ele se deleitará em ti com alegria; calar-se-á por seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo”.[1]

Obviamente, o propósito de Isaías ao escrever estes capítulos não era o de produzir um relato histórico nem mesmo o de resumir acontecimentos históricos importantes. O evento político mais importante da vida de Isaías, quando as dez tribos de Israel foram levadas em cativeiro, não foi nem sequer mencionado aqui.[2] O propósito de Isaías são dois: Primeiro, lembrar os futuros leitores que o Senhor proveu milagres no passado na defesa de Seu povo justo; e segundo, para dar aos leitores nos últimos dias um exemplo ou padrão de acontecimentos em suas próprias vidas, que de outra forma causariam grande temor e desespero.

Anteriormente, no capítulo 10, Isaías profetizou concernente a estes acontecimentos que se passariam durante sua vida e que serviriam como exemplo ou símbolos de acontecimentos nos últimos dias: “Por isso assim diz o Senhor DEUS dos Exércitos: Povo meu, que habitas em Sião, não temas à Assíria, quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão à maneira dos egípcios” (ênfases adicionadas).[3] A palavra “Sião” refere-se à antiga Jerusalém, bem como a Sião dos últimos dias, e “Assíria” significa, simultaneamente, a antiga superpotência e equivalente moderna.

Os acontecimentos destes capítulos também estão registrados pelos escribas de Ezequias, rei de Judá.[4] Uma comparação cuidadosa revela que as diferenças entre as redações entre os dois relatos ocorrem em quase todos os versículos. Por examplo, o versículo 1 de Isaías, capítulo 36 diz: “E aconteceu no ano décimo quarto do rei Ezequias, que Senaqueribe, rei da Assíria, subiu contra todas as cidades fortificadas de Judá, e as tomou”. O versículo 13 de 2 Reis, capítulo 18 diz: “Porém no ano décimo quarto do rei Ezequias subiu Senaqueribe, rei da Assíria, contra todas as cidades fortificadas de Judá, e as tomou” (ênfases adicionadas). Note que as diferenças nas colocações das palavras não alteram o significado.

Importantes acontecimentos no capítulo 36 de Isaías são os seguintes: Senaqueribe, rei da Assíria, declara guerra contra Judá, levando todas as cidades fortificadas exceto Jerusalém. O exército assírio reuni-se em Jerusalém e os emissários do rei da Assíria conferenciam com os representantes de Ezequias, rei de Judá. Os assírios insultam os judeus e blasfemam contra o Senhor, proclamando que o Senhor não tinha poder para proteger Jerusalém. Os representantes de Ezequias rasgam suas vestimentas e reportam estas coisas ao rei Ezequias.

O versículo 1 declara: “E aconteceu no ano décimo quarto do rei Ezequias, que Senaqueribe, rei da Assíria, subiu contra todas as cidades fortificadas de Judá, e as tomou”. Judá, este vesículo nos informa, foi atacada pelos assírios que conquistaram todas as cidades fortificadas de Judá exceto Jerusalém. Isto ocorreu depois da conquista do reino de Israel e das dez tribos terem sido levadas em cativeiro.[5] O restante do capítulo 36 e todo o capítulo 37 descrevem acontecimentos que se passaram quando o exército assírio, subsequentemente, cercou Jerusalém.

Um relato que não está incluido na narrative de Isaías occurreu nesta época e está registrado em 2 Reis 18:14-16. O fato que Isaías não menciona esta parte sugere que esta não faz parte do exemplo ou protótipo profético e que as ações de Ezequias, como mencionadas nestes três versículos, não servem como orientação aos discípulos do Senhor nos últimos dias.

2 Reis 18:14 começa: “Então Ezequias, rei de Judá, enviou ao rei da Assíria, a Laquis, dizendo: Pequei; retira-te de mim; tudo o que me impuseres suportarei. Então o rei da Assíria impôs a Ezequias, rei de Judá, trezentos talentos de prata e trinta talentos de ouro”. Aqui Ezequias tenta aplelar aos invasores, dizendo que fará o que eles quiserem, se eles recuarem. Obsequiosamente, o rei da Assíria demanda um resgate enorme: trezentos talentos de prata e trinta talentos de ouro. O valor hoje em dia deste resgate é desconhecido, mas é sem dúvida na casa de milhões de dólares.

2 Reis 18:15 declara: “Assim deu Ezequias toda a prata que se achou na casa do Senhor e nos tesouros da casa do rei”. Ezequias não só deu aos assírios sua própria riqueza; mas também deu as riquezas que estavam dentro do templo.

2 Reis 18:16 declara: “Naquele tempo cortou Ezequias o ouro das portas do templo do Senhor, e das ombreiras, de que ele, rei de Judá, as cobrira, e o deu ao rei da Assíria”. Aqui está descrevendo a remoção do ouro das portas e ombreiras do templo. Embora a recompensa ter sido paga por Ezequias, os assírios não recuam, não cumprindo, assim, sua parte no acordo. O que Isaías está tentando ensinar é que o apaziguamento ou pagamento de resgates não deverão ser parte do modelo para os acontecimentos nos últimos dias.

O versículo 2—voltando ao relato de Isaías—declara: “Então o rei da Assíria enviou a Rabsaqué, de Laquis a Jerusalém, ao rei Ezequias com um grande exército, e ele parou junto ao aqueduto do açude superior, junto ao caminho do campo do lavandeiro”. “Aqueduto do açude superior” é quiasmaticamente equivalente à frase “caminho do campo do lavandeiro”. Estas duas características geográficas lineares servem como coordenadas para descrever precisamente o lugar da reunião. “Rabsaqué”, ao invés de ser um nome, é um título que significa “chefe dos oficiais” em hebraico.[6]

O versículo 3 continua:Então saíram a ter com ele Eliaquim, filho de Hilquias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe, o cronista”. Três representantes da casa de Ezequias saíram para encontrar Rabsaqué e os outros. Estes três eram: o administrador do palácio do rei, um escrivão, e um cronista. A lei requeria duas ou três testemunhas para documentarem acontecimentos importantes,[7] cumprido por Ezequias ao enviar estes três representantes.

No versículo 4, os emissários assírios declaram seu motivo: “E Rabsaqué lhes disse: Ora dizei a Ezequias: Assim diz o grande rei, o rei da Assíria: Que confiança é esta, em que esperas?”[8] Ezequias recusou pagar mais resgates; os assírios suspeitaram que ele tinha feito aliança com outra potência para protegê-lo dos invasores, dando-lhe a confiança de que podia resistir os assírios.

No versículo 5, o emissário assírio repete sua pergunta com ênfase: “Bem posso eu dizer: Teu conselho e poder para a guerra são apenas vãs palavras; em quem, pois, agora confias, que contra mim te rebelas?” A Tradução de Joseph Smith (JST) esclarece: “Bem posso eu dizer,quando dizes: Teu conselho e poder para a guerra são apenas vãs palavras; em quem, pois, agora confias, que contra mim te rebelas?”[9] Novamente, o emissário do rei da Assíria supõe que Ezequias havia feito aliança com outra potência política para receber proteção contra os invasores.

Os versículos 4 e 5 contêm um quiasma:

(4) E Rabsaqué lhes disse: Ora dizei a Ezequias:
A: Assim diz o grande rei, o rei da Assíria:
B: Que confiança é esta, em que esperas?
C: (5) Bem posso eu dizer,
C: quando dizes:Teu conselho e poder para a guerra são apenas vãs palavras;
B: em quem, pois, agora confias,
A: que contra mim te rebelas?

“O grande rei, o rei da Assíria” compara-se com “que contra mim te rebelas?” Isaías mostra quem falou estas palavras—o rei da Assíria, através de seus representantes. A omissão de “Bem posso eu dizer” pelos escribas no começo do versículo 5 interfere com a simetria do quiasma.[10] Isto sugere que Isaías provavelmente escreveu o relato original; sua narrativa foi alterada mais tarde e expandida conforme o documento pelos escribas, que aparentemente não reconheciam a sutuleza da obra de Isaías.

No versículo 6, o porta-voz do rei da Assíria responde sua própria pergunta: “Eis que confias no Egito, aquele bordão de cana quebrada, o qual, se alguém se apoiar nele lhe entrará pela mão, e a furará; assim é Faraó, rei do Egito, para com todos os que nele confiam”. Os humanistas assírios pensaram errôneamente que Ezequias havia apelado ao Egito por proteção, uma superpotência antiga mas agora enfraquecida, sem capacidade de proteger Jerusalém. A metáfora usada pelos assírios—uma cana quebrada que entrará pela mão daquele que se apoiasse nela—ilustra a perceptível fraqueza egípcia, e a inabilidade de prover a proteção necessária e as desastrosas consequências para aqueles que colocasse tanta confiança nele. O reino de Israel, que se consistia das dez tribos, foi levado em cativeiro pelos assírios apesar dos apleos de Oséias ao Egito.[11]

Os versículos 5 e 6 contêm um quiasma:

(5) Bem posso eu dizer,quando dizes: Teu conselho e poder para a guerra são apenas vãs palavras; em quem, pois, agora confias, que contra mim te rebelas?
A: em quem,
B: pois, agora confias
C: que contra mim te rebelas?
B: (6) Eis que confias
A: no Egito, aquele bordão de cana quebrada, o qual, se alguém se apoiar nele lhe entrará pela mão, e a furará; assim é Faraó, rei do Egito, para com todos os que nele confiam.

“Em quem” corresponde à “no Egito”, dando a resposta da pergunta.

O versículo 6 contém um quiasma que sobrepõe ao dos versículos 5 e 6:

A: (6) Eis que confias
B: no Egito, aquele bordão de cana quebrada, o qual, se alguém se apoiar nele
C: lhe entrará pela mão,
C: e a furará;
B: assim é Faraó, rei do Egito
A: para com todos os que nele confiam.

Elementos sobrepostos compartilhados por este quiasma e pelo quiasma dos versículos 5 e 6 enfatizam que os assírios pensaram que Ezequias havia estabelecido uma aliança com o Egito. “Egito”, o segundo elemento do lado ascendente do quiasma do versículo 6, é o mesmo que o último elemento do lado descendente do quiasma dos versículos 5 e 6. Assim, “em quem, pois, agora confias” é equivalente ao “Egito” em ambos quiasmas.

No versículo 7, Rabsaqué continua seu discurso: “Porém se me disseres: No Senhor, nosso Deus, confiamos; porventura não é este aquele cujos altos e altares Ezequias tirou, e disse a Judá e a Jerusalém: Perante este altar adorareis?” Estes assírios sabian das destruições de altares e lugares idólatras feitas por toda a terra de Judá por Ezequias.[12] Rabsaqué assumiu erroneamente que estes eram altares para adorar ao Senhor Jeová, fazendo com que toda a adoração fosse feita exclusivamente no templo em Jerusalém. Isto, pensaram os assírios, poderia ser visto pelos judeus como um afronto ao Senhor e que eles poderiam ser facilmente convencidos de que o Senhor recusaria a proteger Judá e Jerusalém.

No versículo 8, o porta-voz assírio exige: “Ora, pois, empenha-te com meu senhor, o rei da Assíria, e dar-te-ei dois mil cavalos, se tu puderes dar cavaleiros para eles”. Ao dizer “empenha-te com meu senhor”, Rabsaqué quis dizer “entre para o exército assírio”. Ele também oferece a prover dois mil cavalos aos alistados, como incentivo adicional. Isto, Rabsaqué insinua, seria um resultado bem melhor do que o massacre e cativeiro, se tal oferta fosse rejeitada.

No versículo 9, Rabsaqué continua com uma pergunta: “Como, pois, poderás repelir a um só capitão dos menores servos do meu senhor, quando confias no Egito, por causa dos carros e cavaleiros?” Isto quer dizer “Como poderia rejeitar tal oferta e colocar sua confiança no Egito?” O uso deste exagero por Rabsaqué ,“um só capitão dos menores servos do meu senhor”, é ao mesmo tempo uma tentativa de modéstia e uma ameaça adicional: Se os judeus não estivessem intimidados por Rabsaqué e suas hostes, outros batalhões do exército assírio eram maiores e ainda mais formidável do que o dele.

Os versículos 7 até 9 contêm um quiasma:

A: (7) Porém se me disseres: No Senhor, nosso Deus, confiamos;
B: porventura não é este aquele cujos altos e altares Ezequias tirou, e disse a Judá e a Jerusalém: Perante este altar adorareis?
C: (8) Ora, pois, empenha-te,
D: com meu senhor,
D: o rei da Assíria,
C: e dar-te-ei dois mil cavalos, se tu puderes dar cavaleiros para eles.
B: (9) Como, pois, poderás repelir a um só capitão dos menores servos do meu senhor,
A: quando confias no Egito, por causa dos carros e cavaleiros?

“No Senhor, nosso Deus, confiamos” contrasta-se com “confias no Egito, por causa dos carros e cavaleiros”. Para o capitão assírio, entretanto, ambas opções eram imprudentes. “Ora, pois, empenha-te” compara-se com “dar-te-ei dois mil cavalos”, a segunda frase declarando o que o porta-voz assírio faria se a oferta fosse aceita.

No versículo 10, o porta-voz assírio alega que o Senhor [Jeová] enviou-lhe para destruir essa nação: “Agora, pois, subi eu sem o Senhor contra esta terra, para destruí-la? O Senhor mesmo me disse: Sobe contra esta terra, e destrói-a”.[13]

No versículo 11, os representantes judeus respondem: “Então disseram Eliaquim, Sebna e Joá a Rabsaqué: Pedimos-te que fales aos teus servos em siríaco, porque bem o entendemos, e não nos fales em judaico, aos ouvidos do povo que está sobre o muro”. Eliaquim e seus companheiros pediram para que o porta-voz assírio falasse na língua oficial do Império Pérsa, o Aramaico,[14] ao invés do hebraico, falado pelos cidadãos de Jerusalém, que podiam ouvir e compreender o que estavam falando. Eliaquim usa “teus servos” como uma expressão de cortesia para um visitante dignitário.

No versículo 12, o capitão assírio, indignado, nega o pedido e faz um rude discurso: “Rabsaqué, porém, disse: Porventura mandou-me o meu senhor ao teu senhor e a ti, para dizer estas palavras e não antes aos homens que estão assentados sobre o muro, para que comam convosco o seu esterco, e bebam a sua urina?” Rabsaqué enfatiza que o rei assírio enviou-lhe para falar com todos os cidadãos de Jerusalém, não somente Ezequias e seus representantes. Rabsaqué aqui prediz que o povo seria forçado a comer e beber seu próprio detritos sob sitia assíria de Jerusalém, que deprivaria o povo de comida e bebida.[15]

No versículo 13, o capitão assírio falou com a população sob sua audiência: “Rabsaqué, pois, se pôs em pé, e clamou em alta voz em judaico, e disse: Ouvi as palavras do grande rei, do rei da Assíria”.

Nos versículos 14 e 15, Rabsaqué entrega a mensagem do rei assírio. O versículo 14 começa: “Assim diz o rei: Não vos engane Ezequias; porque não vos poderá livrar”. O Grande Pergaminho de Isaías apresenta: “Assim diz o rei da Assíria …”.[16]

O versículo 15 continua: “Nem tampouco Ezequias vos faça confiar no Senhor, dizendo: Infalivelmente nos livrará o Senhor, e esta cidade não será entregue nas mãos do rei da Assíria”.[17] De acordo com este desafio arrogante, nem Ezequias nem o Senhor Jeová são fortes suficiente para derrotar os assírios.

Os versículos 16 e 17 descreve o plano dos assírios para dispersar a população das cidades conquistadas:

Não deis ouvidos a Ezequias; porque assim diz o rei da Assíria: Aliai-vos comigo, e saí a mim, e coma cada um da sua vide, e da sua figueira, e beba cada um da água da sua cisterna;
Até que eu venha, e vos leve para uma terra como a vossa; terra de trigo e de mosto, terra de pão e de vinhas.

O relato dos escribas do rei adiciona: “terra de oliveiras, de azeite e de mel; e assim vivereis, e não morrereis”.[18]

No versículo 18, o capitão assírio reitera seu arrogante desafio: “Não vos engane Ezequias, dizendo: O Senhor nos livrará. Porventura os deuses das nações livraram cada um a sua terra das mãos do rei da Assíria?”[19]

Os versículos 19 e 20 dá o arrogante desafio dos assírios, comparando o Senhor Jeová aos ídolos vãos em terras conquistadas. O versículo 19 começa: “Onde estão os deuses de Hamate e de Arpade? Onde estão os deuses de Sefarvaim? Porventura livraram a Samaria da minha mão?”[20] O relato dos escribas inclui os deuses de mais três reinos conquistados, os “deuses de Sefarvaim, Hena e Iva”.[21]

O versículo 20 continua: “Quais dentre todos os deuses destes países livraram a sua terra das minhas mãos, para que o Senhor [Jeová] livrasse a Jerusalém das minhas mãos?” Os assírios blasfemaram contra o Senhor ao negar que Ele tem poder para livrar a Jerusalém das suas mãos.

Os versículos 19 e 20 contêm um quiasma:

A: (19) Onde estão os deuses de Hamate e de Arpade? Onde estão os deuses de Sefarvaim? Porventura livraram a Samaria da minha mão?
B: (20) Quais dentre todos os deuses
C: destes países,
C: livraram a sua terra das minhas mãos,
B: para que o Senhor livrasse a Jerusalém
A: das minhas mãos?

Neste quiasma “deuses” é equivalente ao capitão assírio com “o Senhor”, ilustrando sua afirmação blasfema que o Senhor Jeová era equivalente aos deuses das terras que já haviam sido derrotadas pela Assíria e que não podiam defender Jerusalém.

O versículo 21 descreve a resposta dos judeus: “Eles, porém, se calaram, e não lhe responderam palavra alguma; porque havia mandado do rei, dizendo: Não lhe respondereis”.

No versículo 22 os emissários judeus reportam a Ezequias: “Então Eliaquim, filho de Hilquias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe, o cronista, vieram a Ezequias, com as vestes rasgadas, e lhe fizeram saber as palavras de Rabsaqué”. O ato de rasgar as vestimentas era um sinal de profundo sofrimento.

NOTAS

[1]. Sofonias 3:16-17.
[2]. 2 Reis 17:6; Ver também Dicionário Bíblico—Cronologia.
[3]. Isaías 10:24; Ver os versículos 24-34 e comentário pertinente.
[4]. 2 Reis 18:13-37; 19; e 20:1-19.
[5]. Ver 2 Reis 18:9-12.
[6]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 7262, p. 913.
[7]. Ver Deuteronômio 17:6.
[8]. Os versículos 2 até 4 contêm um quiasma: Rabsaqué/rei Ezequias/aqueduto do açude superior//caminho do campo do lavandeiro/Eliaquim … Sebna … Joá/Rabsaqué.
[9]. Joseph Smith’s “New Translation” of the Bible [“Nova Tradução” da Bíblia por Joseph Smith]: Herald Publishing House, Independence, Missouri, 1970, p. 206.
[10]. Ver 2 Reis 18:19-20.
[11]. Ver 2 Reis 17:4.
[12]. Ver 2 Reis 18:3-4.
[13]. O versículo 10 contém um quiasma: Subi/o Senhor/contra esta terra//para destruí-la/o Senhor/sobe.
[14]. Isaías 36:11, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 11a.
[15]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 321.
[16]. Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 148.
[17]. Os versículos 13 até 15 contêm um quiasma: Rei da Assíria/Não vos engane Ezequias//nem tampouco Ezequias vos faça confiar/rei da Assíria.
[18]. 2 Reis 18:32.
[19]. Os versículos 15 até 18 contêm um quiasma: Infalivelmente nos livrará o Senhor/não deis ouvidos a Ezequias/ vide … figueira … água … cisterna//trigo … mosto … pão … vinhas/não vos engane Ezequias/o Senhor nos livrará.
[20]. Os versículos 18 e 19 contêm um quiasma: Livraram cada um a sua terra das mãos do rei da Assíria/deuses de Hamate e de Arpade//deuses de Sefarvaim/livraram a Samaria da minha mão. Parry, 2001, p. 261.
[21]. 2 Reis 18:34.

CAPÍTULO 10: “Porque Daqui A Bem Pouco Se Cumprirá A Minha Indignação”

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O capítulo 10 prediz a destruição de Israel pelas mãos da Assíria. A Assíria serviria como instrumento nas mãos de Deus para trazer a punição e destruição à Israel impenitente, mas a Assíria também seria destruída. A destruição da Assíria é um símbolo para—ou, é típico da—destruição dos iníquos na Segunda Vinda. Por causa da maldade desenfreada que precedeu a destruição naquela época, poucos restariam depois da destruição dos ímpios. O Senhor conforta aqueles em Sião, assegurando-os que a indignação duraria por apenas um curto período de tempo; então o Senhor derrotaria os invasores.

Uma chave importante para compreender este capítulo é notar cuidadosamente quem está falando e quando muda de orador. Na primeira parte—um oráculo de pesar (versículos 1 até 4) —o Senhor está falando, declarando uma maldição sobre os líderes iníquos e especificando uma destruição que lhes sobreviria. O oráculo de pesar é seguido por uma frase explanatória expressada por Isaías— “Com tudo isto a sua ira não cessou, mas ainda está estendida a sua mão” na última parte do versículo 4. O Senhor, então, continua a falar, declarando destruição sobre “uma nação hipócrita”, referindo-se a antiga Israel e seu equivalente nos tempos atuais, pelas mãos dos assírios e seus paralelos nos últimos dias (versículos 5 até 7). O Senhor vocaliza os pensamentos orgulhosos do rei da Assíria (versículos 8 até 11) e decreta uma rápida destruição sobre ele, seu exército, e seu equivalente moderno (versículo 12). Depois disto segue-se mais sobre os pensamentos orgulhosos do rei da Assíria, vangloriando-se de suas conquistas (versículos 13 e 14). Isaías, então, exorta a Assíria por não haver reconhecido que a devastação que eles trouxeram sobre Israel foi obra do Senhor, que usou os assírios como um instrumento (versículo 15). Isaías, continuando a falar, declara uma rápida destruição sobre a Assíria (versículos 16 até 19). Esta declaração é seguida por uma profecia, expressada por Isaías, sobre o retorno dos remanescentes de Israel que seriam espalhados por todas as nações (versículos 20 até 23).

Nos últimos versículos deste capítulo (versículos 24 até 34) Isaías de repente muda o assunto, e começa a profetizar sobre uma invasão pela antiga Assíria contra Jerusalém, a qual é repelida pela milagrosa destruição do exército assírio pelas mãos do Senhor. Esta profecia foi cumprida durante o reinado de Ezequias,[1] mas serve como um símbolo para os nossos dias.

Néfi cita este capítulo por completo; compare 2 Néfi 20. Diferenças presentes no texto do Livro de Mórmon são mostradas em itálico onde forem citadas. Este capítulo tem vários quiasmas que adiciona muito à nossa compreensão dos significados intencionados por Isaías.

Os versículos 1 até 4 contêm um oráculo de pesar no qual o Senhor declara más consequências sobre os líderes injustos. O oráculo de pesar é o último de quatro que contêm uma mensagem profética importante, ou “sermão sacerdotal”, dirigido ao reino de Israel Setentrional e à Judá. O versículo 1 começa: “Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que prescrevem opressão”. A frase “prescrevem opressão” significa decretos ou leis injustas que impedem cidadãos de seus direitos, recursos ou propriedades.

O versículo 2, continuando a sentença do versículo 1, descreve a perseguição dos pobres por líderes iníquos: “Para desviarem os pobres do seu direito, e para arrebatarem o direito dos aflitos do meu povo; para despojarem as viúvas e roubarem os órfãos!” Os líderes iníquos ganhariam seu poder ao tirar vantagem dos pobres, viúvas e órfãos.

No versículo 3 o Senhor faz umas perguntas acusatórias: “Mas que fareis vós no dia da visitação, e na desolação, que há de vir de longe? A quem recorrereis para obter socorro, e onde deixareis a vossa glória”― “Visitação” é traduzido da palavra hebraica que significa “punição” ou “responsabilidade”.[2] O Senhor irá abandoná-los no dia da visitação por causa de suas iniquidades, deixando-os sem defesa contra “a desolação, que há de vir de longe”, que significa a invasão do exército assírio e seu equivalente moderno.

O versículo 4 conclui a maldição pronunciada pelo Senhor: “Sem que cada um se abata entre os presos, e caia entre mortos?” Os líderes iníquos seriam contados entre os prisioneiros e entre os mortos.

A frase final do versículo 4, pronunciada por Isaías, “com tudo isto a sua ira não cessou, mas ainda está estendida a sua mão” significa que a justiça da ira do Senhor continua e está estendida a sua mão contra eles para puni-los. O profeta explica o significado desta frase anteriormente, no capítulo 5, onde é precedido no mesmo versículo por uma frase com palavras um pouco diferentes, porém com o mesmo sentido: “Por isso se acendeu a ira do Senhor contra o seu povo, e estendeu a sua mão contra ele, e o feriu”.[3] A frase é repetida três vezes no capítulo 9, além da que aparece no versículo 4, todas com o mesmo significado.[4]

O Senhor declarou a Joseph Smith com referência aos governantes arrogantes dos últimos dias:

“E para que eu os visite no dia da visitação, quando eu tirar o véu que me cobre a face, para designar a porção do opressor entre os hipócritas, onde há ranger de dentes, caso rejeitem meus servos e meu testemunho que lhes revelei.”[5]

Os versículos 1 até 4 contêm um quiasma que começa com a frase final do último versículo do capítulo 9:

A: (9:21) …Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
B: (1) Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que prescrevem opressão.
C: (2) Para desviarem os pobres do seu direito, e para arrebatarem o direito dos aflitos do meu povo; para despojarem as viúvas e roubarem os órfãos!
D: (3) Mas que fareis vós no dia da visitação,
D: e na desolação, que há de vir de longe?
C: A quem recorrereis para obter socorro, e onde deixareis a vossa glória,
B: (4) Sem que cada um se abata entre os presos, e caia entre mortos?
A: Com tudo isto a sua ira não cessou, mas ainda está estendida a sua mão.

Este quiasma pronuncia uma maldição sobre os governantes injustos. A frase inicial, “com tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”, é refletida no final por uma repetição da mesma frase. A frase “Ai dos que decretam leis injustas” complementa a “sem que cada um se abata entre os presos, e caia entre mortos”, significando especialmente que os governantes injustos serão escolhidos para serem levados como prisioneiros ou assassinados. “Para desviarem os pobres do seu direito” complementa “a quem recorrereis para obter socorro[?]”, indicando que a ajuda que recusaram aos necessitados, ser-lhes-á recusada como retribuição; e a frase “que fareis vós no dia da visitação?” compara-se com “na desolação, que há de vir de longe?” declarando que quando a destruição vier, esses governantes injustos serão responsáveis por suas maldades contra aqueles que dependiam deles para ajudá-los.[6]

No versículo 5 o Senhor volta a falar, declarando que a Assíria é um instrumento em Suas mãos para trazer justiça aos iníquos de Israel: “Ai da Assíria, a vara da minha ira, porque a minha indignação é como bordão nas suas mãos”. O exército assírio é figurativamente a vara que o Senhor está usando para punir Israel e Judá por suas maldades. O Livro de Mórmon apresenta assim: “vara da minha ira, e a sua indignação”;[7] esta interpretação inclui a ira dos invasores. “Indignação” significa revolta ou sentimento de desprezo provocado por uma circunstância que demonstra indignidade, que neste caso é a corrupção.

No versículo 6 o Senhor, que ainda está falando, declara: “Enviá-la-ei contra uma nação hipócrita, e contra o povo do meu furor lhe darei ordem, para que lhe roube a presa, e lhe tome o despojo, e o ponha para ser pisado aos pés, como a lama das ruas”.[8] O Livro de Mórmon apresenta assim: “para que lhe tome os despojos e roube-lhe a presa”, que foi traduzido do hebraico Maer-Salal-Has-Baz, o nome do segundo filho de Isaías, indicando que a destruição predita seria para cumprir a profecia de Isaías dada na época da concepção de seu filho.[9]  “Uma nação hipócrita” significa Israel e Judá, e seus equivalentes modernos. Destruição virá pelas mãos dos assírios e suas superpotências modernas equivalentes.

No versículo 7 o Senhor explica que o rei da Assíria não compreende que ele é simplesmente um instrumento de destruição nas mãos do Senhor: “Ainda que ele não cuide assim, nem o seu coração assim o imagine; antes no seu coração intenta destruir e desarraigar não poucas nações”.

No versículos 8 até 11 o Senhor cita os pensamentos orgulhosos do rei da Assíria. O versículo 8 questiona: “Porque diz: Não são meus príncipes todos eles reis?” Ele argumenta que seus príncipes são tão nobres quanto os reis.

O versículo 9 continua: “Não é Calno como Carquemis? Não é Hamate como Arpade? E Samaria como Damasco?” Estes são países que ficaram desolados depois dos ataques assírios, os quais foram incapazes de resistirem. Síria nesta época pagava tribute aos governantes assírios.

No versículos 10 e 11 o rei da Assíria continua a se vangloriar. O versículo 10 declara: “Como a minha mão alcançou os reinos dos ídolos, cujas imagens esculpidas eram melhores do que as de Jerusalém e do que as de Samaria”. O Livro de Mórmon apresenta: “Assim como minha mão fundou os reinos dos ídolos…”.[10] “Fundou” significa “estabelecer” ou “edificar desde os alicerces”.[11]

O versículo 11 continua: “Porventura como fiz a Samaria e aos seus ídolos, não o faria igualmente a Jerusalém e aos seus ídolos?” Aqui o rei ridiculariza a idolatria de Jerusalém, dizendo que seus ídolos seriam tão incapazes em defender a nação contra os exércitos invasores, quanto os ídolos dos outros países, inclusive seu país vizinho, a Samaria. Era costume entre os antigos conquistadores destruírem ou levarem consigo os ídolos das nações derrotadas, para mostrarem que seus deuses eram superiores aos deles. No capítulo 46, Isaías prediz a derrota da Babilônia ao descrever seus ídolos sendo levados cativos.[12]

No versículo 12, o Senhor decreta uma destruição rápida sobre o rei da Assíria, seu exército, e seu equivalente moderno, uma vez que tenham cumprido os propósitos do Senhor: “Por isso acontecerá que, havendo o Senhor acabado toda a sua obra no monte Sião e em Jerusalém, então castigarei o fruto da arrogante grandeza do coração do rei da Assíria e a pompa da altivez dos seus olhos”. A palavra “Sião” é usada duas vezes no capítulo 10 da mesma forma, com duplo sentido—um lugar para a coligação espiritual nos últimos dias, como também como um sinônimo para Jerusalém, tanto a antiga quanto a moderna. A frase “toda a sua obra” inclui as destruições preditas neste capítulo, bem como a restauração nos últimos dias e a coligação de Israel sob condições dignas.[13]

No versículos 13 e 14 o rei da Assíria continua a se vangloriar: “Porquanto disse: Com a força da minha mão o fiz, e com a minha sabedoria, porque sou prudente; e removi os limites dos povos, e roubei os seus tesouros, e como valente abati aos habitantes. E achou a minha mão as riquezas dos povos como a um ninho, e como se ajuntam os ovos abandonados, assim eu ajuntei a toda a terra, e não houve quem movesse a asa, ou abrisse a boca, ou murmurasse”. O Livro de Mórmon apresenta assim: “…com a minha sabedoria fiz essas coisas…”.[14] Isto é preocupante, porque o equivalente moderno da Israel antiga—uma “nação hipócrita” —de alguma maneira se encontraria tão indefesa que um exército invasor seria capaz de saquear a terra sem nenhuma oposição.

No versículo 15 Isaías continua a falar, repreendendo a Assíria por não haver reconhecido que a destruição que eles trariam sobre Israel seria obra do Senhor, com o Senhor usando-os como instrumento: “Porventura gloriar-se-á o machado contra o que corta com ele, ou presumirá a serra contra o que puxa por ela, como se o bordão movesse aos que o levantam, ou a vara levantasse como não sendo pau?” A palavra hebraica de onde “pau” foi traduzido significa “lenha”.[15] Todas as metáforas neste versículo, apresentadas como perguntas retóricas, fazem a mesma pergunta: Pode um homem—especificamente, o rei da Assíria—vencer a Deus?

No versículos 16 até 19 Isaías, continuando a falar, declara uma destruição rápida sobre a Assíria. O versículo 16 começa: “Por isso o Senhor, o Senhor dos Exércitos, fará definhar os que entre eles são gordos, e debaixo da sua glória ateará um incêndio, como incêndio de fogo”.[16] A frase “Por isso o Senhor…fará definhar os que entre eles são gordos” significa que o Senhor enviaria fraqueza entre os mais vigorosos guerreiros do rei da Assíria.

O versículo 17 revela a causa da conflagração: “Porque a Luz de Israel virá a ser como fogo e o seu Santo por labareda”―Estas frases equivalentes ensinam-nos que “a Luz de Israel” é o mesmo que “o seu Santo”, que significam o Messias ou Jesus Cristo.

Continuando no versículo 17, Isaías declara: “que abrase e consuma os seus espinheiros e as suas sarças num só dia”. “Seus” como foi usado aqui refere-se ao equivalente moderno do rei da Assíria, e “espinheiros” e “sarças” significam as mentiras e doutrinas falsas que ele plantou nos corações das pessoas.[17] Previamente, no capítulo 9, Isaías descreve a destruição na Segunda Vinda do Senhor. Ao invés de cenas comuns de batalhas com “tumulto da batalha, e todo o manto revolvido em sangue”, nesta destruição todos “serão queimados, servindo de combustível ao fogo”.[18]

O versículo 18 continua a descrição do rei da Assíria e suas hostes, tanto antigos quanto modernos: “Também consumirá a glória da sua floresta, e do seu campo fértil, desde a alma até à carne, e será como quando desmaia o porta-bandeira”.[19] “Sua floresta” significa os nobres ou líderes da Assíria, e “seu campo fértil” significa seus aparatos econômicos.[20] “Glória” como foi usado aqui significa força militar.[21] “Desde a alma até à carne” significa que a Assíria desapareceria completamente, tanto política quanto culturalmente. O porta-bandeira, em guerras do passado, fazia o papel vital de comunicação entre o comandante e seu exército. Com o porta-bandeira incapaz de prover esta comunicação, aconteceria um caos total.

Versículos 16 até 18 contêm um quiasma:

A: (16) Por isso o Senhor, o Senhor dos Exércitos, fará definhar os que entre eles são gordos,
B: e debaixo da sua glória
C: ateará um incêndio, como incêndio de fogo.
D: (17) Porque a Luz de Israel virá a ser como fogo
D: e o seu Santo por labareda,
C: que abrase e consuma os seus espinheiros e as suas sarças num só dia.
B: (18) Também consumirá a glória da sua floresta, e do seu campo fértil, desde a alma até à carne,
A: e será como quando desmaia o porta-bandeira.

“Fará definhar os que entre eles são gordos”, refere-se a debilidade física, que seria enviada ao exército assírio e a seu equivalente moderno, e compara-se com “quando desmaia o porta-bandeira”, o que resultaria numa confusão militar total. “Sua glória”, que significa a glória do Senhor na Sua vinda, é contrastada com “a glória da sua floresta”, que significa glória do mundo e força militar dos orgulhosos líderes da antiga Assíria e seu equivalente moderno. A frase “Ateará um incêndio, como incêndio de fogo” reflete-se na frase “que abrase e consuma os seus espinheiros e as suas sarças num só dia”. “A Luz de Israel virá a ser como fogo” é equivalente ao “seu Santo por labareda”, que contém o enfoque central deste quiasma.

Será que este incêndio refere-se a um holocausto nuclear, ou, está se referindo aos injustos sendo consumido pela glória da presença do Senhor? A combinação de elementos deste quiasma indica que a glória do Senhor será o fogo consumidor—os que não forem dignos da Sua presença e não puderem suportá-la serão consumidos. Note que além das destruições físicas, as verdades que serão manifestadas na Segunda Vinda do Senhor destruirão todas as mentiras e falsas doutrinas do equivalente moderno do rei da Assíria, e seus exércitos, num dia só.

No versículo 19, as “árvores” e a “floresta” referem-se aos líderes ou nobres da Assíria: “E o resto das árvores da sua floresta será tão pouco em número, que um menino poderá contá-las”. Quase todos seriam assassinados, dizimando suas fileiras.

No versículos 20 até 23, Isaías profetiza do retorno dos remanescentes de Israel, que estavam espalhados por todas as nações, nos últimos dias. O versículo 20 declara: “E acontecerá naquele dia que os restantes de Israel, e os que tiverem escapado da casa de Jacó, nunca mais se estribarão sobre aquele que os feriu; antes estribar-se-ão verdadeiramente sobre o Senhor, o Santo de Israel”. A palavra hebraica de onde o termo “se estribarão” foi traduzido, significa “confiar” ou “apoiar”.[22] Ao invés de colocarem sua confiança em déspotas malignos, os remanescentes colocariam sua confiança no Senhor.

O versículo 21 declara: “Os restantes se converterão ao Deus forte, sim, os restantes de Jacó”.[23] O Livro de Mórmon apresenta: “Os remanescentes retornarão, sim, os remanescentes de Jacó…”.[24]  A frase “os remanescentes retornarão” é a tradução em português para o nome do filho mais velho de Isaías, Sear-Jasube, indicando que este acontecimento profetizado para os últimos dias seria em cumprimento da profecia dada na época do nascimento do filho de Isaías.[25]

O versículo 22 continua: “Porque ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, só um remanescente dele se converterá; uma destruição está determinada, transbordando em justiça”. Israel como “a areia do mar” significa numerosos, mas espalhados. “Destruição” vem da palavra hebraica que significa “completa aniquilação”;[26] e “trasbordando em justiça” significa que a destruição cumpriria os desígnios justos do Senhor.

O versículo 23 declara: “Porque determinada já a destruição, o Senhor DEUS dos Exércitos a executará no meio de toda esta terra”. O significado é que os injustos seriam completamente destruídos da face da Terra.

No versículos 24 até 34, os últimos versículos deste capítulo, Isaías muda de assunto de repente, profetizando de uma invasão pela Assíria contra Jerusalém, onde encontram uma resistência milagrosa com a destruição do exército assírio pelo anjo do Senhor. Esta profecia foi cumprida durante o reinado de Ezequias.[27] Não somente a profecia prediz a derrota da antiga Assíria; isto é um símbolo da destruição do equivalente moderno da Assíria.

No versículo 24 Isaías declara autoritariamente: “Por isso assim diz o Senhor DEUS dos Exércitos”, seguido pelas palavras do Senhor nos versículos 24 e 25: “Povo meu, que habitas em Sião, não temas à Assíria, quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão à maneira dos egípcios”. “À maneira dos egípcios” significa a crueldade dos Egípcios em outras épocas.[28] “Sião” é usada aqui com duplo sentido—um lugar para a coligação espiritual nos últimos dias, bem como um sinônimo para a antiga Jerusalém, particularmente sob seu rei justo. Estes significados refletem as diferentes épocas que esta profecia deveria se cumprir.[29]

O versículo 25 continua a sentença do versículo 24: “Porque daqui a bem pouco se cumprirá a minha indignação e a minha ira, para a consumir”. O ataque devastador da Assíria—tanto nos dias de Ezequias e no confronto equivalente nos últimos dias—duraria por um curto período de tempo. Esta declaração seria um grande conforto para aqueles que compreenderem a significância dos acontecimentos nos últimos dias.[30]

No versículos 26 e 27, Isaías descreve o que acontecerá naquela época. O versículo 26 declara: “Porque o Senhor dos Exércitos suscitará contra ela um flagelo, como na matança de Midiã junto à rocha de Orebe; e a sua vara estará sobre o mar, e ele a levantará como sucedeu aos egípcios”. A frase “matança de Midiã junto à rocha de Orebe” refere-se à quando Gideão liderou um exército de 300 Israelitas, identificados por sua maneira de beber água de um riacho—lambendo “as águas com a sua língua”, “levando a mão à boca”. Este pequeno exército assustou os Midianitas com trombetas e luzes; os resultados foram lutas, abate e derrota entre os Midianitas.[31] “Como sucedeu aos egípcios” neste caso refere-se à época quando os exércitos Egípcios foram destruídos pelas águas que retornaram quando tentaram perseguir Israel através das águas divididas do Mar Vermelho.[32]

No versículo 27, Isaías afirma que a opressão assíria seria desfeita: “E acontecerá, naquele dia, que a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu jugo do teu pescoço; e o jugo será despedaçado por causa da unção”. A “unção” refere-se ao convênio do Senhor com Abraão[33] e também a promessa a Davi que seus descendentes justos sobre o trono de Judá seriam sustentados pelo Senhor.[34]

Apesar desta passagem predizer um acontecimento milagroso específico, que ocorreu durante o reinado de Ezequias, isto é um exemplo que prediz a intervenção do Senhor a favor de Seu povo nos últimos dias. Com certeza, isto também seria um grande milagre.

Os versículos 24 até 27 contêm um quiasma:

(24) Por isso assim diz o Senhor DEUS dos Exércitos:
A: Povo meu, que habitas em Sião,
B: não temas à Assíria, quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão
C: à maneira dos egípcios.
D: (25) Porque daqui a bem pouco se cumprirá a minha indignação e a minha ira, para a consumir.
D: (26) Porque o Senhor dos Exércitos suscitará contra ela um flagelo, como na matança de Midiã junto à rocha de Orebe;
C: e a sua vara estará sobre o mar, e ele a levantará como sucedeu aos egípcios.
B: (27) E acontecerá, naquele dia, que a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu jugo do teu pescoço;
A: e o jugo será despedaçado por causa da unção.

“Povo meu, que habitas em Sião” compara-se com “unção”, indicando que seria a retidão de Seu povo do convênio—apesar de provavelmente excedido em número pelos iníquos entre o povo—que levaria a intervenção miraculosa do Senhor contra o exército assírio. Também refere-se à unção de um rei davídico—neste caso Ezequias, que se humilharia diante do Senhor. “Quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão” contrasta-se com “que a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu jugo do teu pescoço”, indicando que apesar dos açoites do rei da Assíria, sua opressão seria miraculosamente removida. “À maneira dos egípcios” no versículo 24 significa a opressão suportada pelos Israelitas escravizados no Egito, enquanto que “como sucedeu aos egípcios” no versículo 26 refere-se à destruição do exército egípcio no Mar Vermelho quando eles perseguiram os Israelitas guiados por Moisés. “A minha indignação” compara-se com “o Senhor dos Exércitos”, indicando quem está falando e de quem é a indignação que causaria a destruição.

Nos versículos 28 até 32, o avanço aterrorizante do rei da Assíria e seu exército é descrito por Isaías, mencionando vários bairros e vilas, finalmente chegando na base do outeiro onde Jerusalém está localizada:

“Já vem chegando a Aiate, já vai passando por Migrom, e em Micmás deixa a sua bagagem.
“Já passaram o desfiladeiro, já se alojam em Geba; já Ramá treme, e Gibeá de Saul vai fugindo.
“Clama alto com a tua voz, ó filha de Galim! Ouve, ó Laís! Ó tu pobre Anatote!
“Madmena já se foi; os moradores de Gebim vão fugindo em bandos.
“Ainda um dia parará em Nobe; acenará com a sua mão contra o monte da filha de Sião, o outeiro de Jerusalém.”

Alguns dos locais citados podem ser encontrados nos mapas bíblicos; veja especialmente o Mapa 4, “O Império de Davi e Salomão” na bíblia SUD em inglês.[35] A sucessão de nomes de lugares indica que o rei da Assíria avançaria do norte em direção a Jerusalém.

Isaías usa “o monte da filha de Sião” com duplo significado no versículo 32. O sentido principal aqui é como sinônimo para Jerusalém, mas quando esses acontecimentos são considerados como símbolos para acontecimentos nos últimos dias, outros significados podem ser observados. Em particular, refere-se ao lugar de coligação espiritual nos últimos dias, o qual estará sob ataque e será defendido miraculosamente pelo Senhor.[36] O Grande Pergaminho de Isaías mostra “…o monte da casa de Sião” no versículo 32.[37]

Os versículos 33 e 34 descrevem a derrota do exército assírio naquela época:

“Mas eis que o Senhor, o Senhor dos Exércitos, cortará os ramos com violência, e os de alta estatura serão cortados, e os altivos serão abatidos.
“E cortará com ferro a espessura da floresta, e o Líbano cairá à mão de um poderoso.”

“Ramos”, “os de alta estatura” e a “floresta” referem-se aos líderes ou nobres assírios, que seriam cortados pelo poderoso machado de ferro do Senhor. Os elementos da metáfora nos são bem familiares.[38]

Esta profecia foi cumprida quando 185,000 soldados do exército assírio foram mortos durante a noite por um anjo do Senhor:

“Sucedeu, pois, que naquela mesma noite saiu o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil deles; e, levantando-se pela manhã cedo, eis que todos eram cadáveres.
“Então Senaqueribe, rei da Assíria, partiu, e se foi, e voltou e ficou em Nínive.
“E sucedeu que, estando ele prostrado na casa de Nisroque, seu deus, Adrameleque e Sarezer, seus filhos, o feriram à espada; porém eles escaparam para a terra de Ararate; e Esar-Hadom, seu filho, reinou em seu lugar.”[39]

NOTAS

[1]. Ver 2 Reis 18 e 19; também Isaías 36 e 37.
[2]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 6486, p. 824.
[3]. Isaías 5:25.
[4]. Isaías 9:12, 17, e 21.
[5]. Doutrina e Convênios 124:8.
[6]. Versículo 4 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: E abata/entre os presos//entre mortos/caia. Em Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 258.
[7]. 2 Néfi 20:5.
[8]. Versículos 4 até 6 contêm um quiasma: Se abata/a sua ira/Assíria//a vara/da minha ira/para ser pisado aos pés.
[9].  Ver 2 Néfi 10:6; também ver Isaías 8:3 e debate de Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 105.
[10]. 2 Néfi 20:10.
[11]. Fundou Em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
Disponível na http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/Fundou.
[12]. Ver Isaías 46:1.
[13]. Ver Isaías 1:27; 3:16; 4:3-4; 8:18; 10:24; 12:6; 51:3.
[14]. 2 Néfi 20:13.
[15]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6086, p. 781.
[16]. Ver Isaías 1:7, 28; 5:24; 9:5, 18-19 e comentário pertinente.
[17]. Ver Isaías 55:13; 5:6; 9:18; 27:4; 32:13 e comentário pertinente.
[18]. Ver Isaías 9:5.
[19]. Versículos 17 e 18 contêm um quiasma: Os seus espinheiros e as suas sarças/glória da sua floresta//do seu campo fértil/desde a alma até à carne.
[20]. Ver Isaías 2:13; 9:18; 10:33-34; 14:8; 29:17; 32:15; 37:24; 55:12.
[21]. Ver Isaías 8:7; 16:14; 17:3-4; 20:5; 21:16-17; 22:18; 66:12 e comentário pertinente.
[22]. Brown et al., 1996, Número de Strong 8172, p. 1043.
[23]. Versículos 20 e 21 contêm um quiasma: Os restantes de Israel/se estribarão sobre aquele que os feriu//estribar-se-ão verdadeiramente sobre o Senhor/os restantes se converterão.
[24]. 2 Néfi 20:21.
[25]. Ver Isaías 7:3; também, Ver debate de Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 109.
[26]. Brown et al., 1996, Número de Strong 3617, p. 478.
[27]. Ver 2 Reis 18 e 19; também Isaías 36 e 37.
[28]. Ver Isaías 10:24, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 24b.
[29]. Ver Isaías 1:27; 3:16; 4:3-4; 8:18; 10:12; 12:6; 51:3.
[30]. Ver Isaías 26:20; 30:29 e comentário pertinente.
[31]. Ver Juízes 7.
[32]. Êxodo 14:24-28.
[33]. Ver Gênesis 22:9-12, 15-18.
[34]. Ver Gênesis 49:10; 1 Reis 2:33; 1 Samuel 15:27-28.
[35]. Ver Mapa Bíblico 4.
[36]. Ver 2 Reis 19:21, 31; Salmos 9:14; 51:18; Isaías 16:1; 37:22; 52:2; 62:11. Também ver Isaías 1:27; 3:16; 4:3-4; 8:18; 10:12, 24; 12:6; 51:3.
[37]. Parry,  Harmonizing Isaiah [Harmonizando Isaías], 2001, p. 71.
[38]. Ver Isaías 2:13; 9:18; 10:18-19; 14:8; 29:17; 32:15; 37:24; 55:12.
[39]. 2 Reis 19:35-37.