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CAPÍTULO 59: “Mas as Vossas Iniqüidades Fazem Separação Entre Vós e o Vosso Deus”

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Este capítulo descreve uma grande iniquidade que prevaleceria sobre a Terra pouco antes da Segunda Vinda do Senhor Jesus Cristo. Três testemunhas prestarão seus testemunhos sobre a maldade do povo, primeiramente, Isaías; em seguida o Senhor; e por último, o próprio povo. As palavras de Isaías foram dirigidas ao povo na segunda pessoa do plural; as palavras do Senhor foram dirigidas a Isaías, referindo-se ao povo na terceira pessoa do plural; e o testemunho do povo contra si mesmo foi feito na primeira pessoa do plural. Este estado de iniquidade é típico de outras épocas de grandes iniquidades, porém na história do mundo não haverá nenhum pior do que o estado de iniquidade nos últimos dias. Depois do testemunho destas três testemunhas o Senhor aparece em glória para derrotar um exército que caiu sobre o povo de Sião como um dilúvio, para redimir os penitentes do povo do convênio. A glória do Senhor seria vista mundialmente como “um Redentor vindo a Sião e aos que em Jacó se converterem da transgressão”.[1] O capítulo 59 descreve a transição de Israel do estado pecador ao arrependimento e libertação.[2]

Os versículos 1 até 3 apresentam o testemunho de Isaías sobre a maldade do povo. O versículo 1 começa: “Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir”. Apesar da rejeição do povo, o poder do Senhor de salvar e ouvir Seu povo não diminuiu.

O Senhor, em Doutrina e Convênios, declara que Ele intervém a favor daqueles que creem: “Pois eu sou Deus e meu braço não está encolhido; e mostrarei milagres, sinais e maravilhas a todos os que crerem em meu nome”.[3]

O versículo 2 continua a declaração de Isaías, descrevendo os efeitos dos pecados cometidos pelo povo: “Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça”. Os versículos 1 e 2 formam um contraste literário, contrastando a retidão do Senhor com a maldade do povo. Deus não abandona Seus filhos; eles se afastam Dele devido suas iniquidades. Tampouco é Seu Poder Onipotente para salvar diminuído por causa da rejeição do povo.

O versículo 3 conclui o testemunho de Isaías: “Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos de iniqüidade; os vossos lábios falam falsidade, a vossa língua pronuncia perversidade”. [4] As mãos “contaminadas de sangue” referem-se aos efeitos do pecado na vida do povo, enfatizando-se aqui o mais sério—o derramamento de sangue inocente.[5] A mentira também é um sério pecado e uma grande abominação,[6] pois tem a capacidade para destruir indivíduos e nações inteiras.

Os versículos 1 até 3 contêm um quiasma:

A: (1) Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar;
B: nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir.
C: (2) Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus;
C: e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós,
B: para que não vos ouça.
A: (3) Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue ….

Neste quiasma a extrema iniquidade do povo contrasta-se com a extrema retidão e poder do Senhor em forma de um contraste literário. Os pecados do povo fazem separação entre eles e o seu Deus. “A mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar” contrasta-se com “as vossas mãos estão contaminadas de sangue”. As mãos dos iníquos estão contaminadas do sangue daqueles que eles mataram, o que se contrasta com a mão do Senhor e o poder de salvar. Ele não ouvirá o seu povo por causa de seus pecados.

Nos versículos 4 até 8, o Senhor apresenta Seu testemunho contra os pecados do povo, tanto os da antiguidade quanto os dos últimos dias. O versículo 4 começa: “Ninguém há que clame pela justiça, nem ninguém que compareça em juízo pela verdade; confiam na vaidade, e falam mentiras; concebem o mal, e dão à luz a iniqüidade”. Todo o esforço do povo é para cometer o mal, incluindo a corrupção do sistema legal, a perpetração de mentiras e vaidade, ofensas e todos tipos de iniquidades.

O versículo 5 continua: “Chocam ovos de basilisco, e tecem teias de aranha; o que comer dos ovos deles, morrerá; e, quebrando-os, sairá uma víbora”. Estas frases são metáforas para a influência do mal e pecado, que são dominam as vidas das pessoa. O basilisco é um réptil fabuloso a que se atribuía o poder de matar através do olhar, do bafo ou do contato;[7] o basilisco simboliza Satanás e sua influência. Quando uma pessoa comete pecado, a morte espiritual vem como resultado; quando um pecado é cometido, outros pecados seguem, como os numerosos filhotes da serpente venenosa.

O versículo 6 continua a descrição do Senhor dos pecados do povo: “As suas teias não prestam para vestes nem se poderão cobrir com as suas obras; as suas obras são obras de iniqüidade, e obra de violência há nas suas mãos”.[8] O significado destas metáforas é que não há segurança nem proteção no pecado; o tempo gasto em iniquidade é desperdiçado num sentido eterno, já que para sermos justificados diante de Deus é necessário demonstrar atos de virtudes e arrependimento.

Anteriormente, no capítulo 28, Isaías afirmou: “Porquanto dizeis: Fizemos aliança com a morte, e com o inferno fizemos acordo; quando passar o dilúvio do açoite, não chegará a nós, porque pusemos a mentira por nosso refúgio, e debaixo da falsidade nos escondemos”.[9] Os iníquos supõem, erroneamente, que seu convênio com Satanás, baseado em falsidades e mentiras disfarçadas como crenças, irão salvá-los do flagelo destrutivo que está prestes a acontecer.

O versículo 7 continua: “Os seus pés correm para o mal, e se apressam para derramarem o sangue inocente; os seus pensamentos são pensamentos de iniqüidade; destruição e quebrantamento há nas suas estradas”. A maldade, a violência e a destruição são os principais propósitos destes indivíduos. Como Isaías descreveu tão bem a iniquidade mundial de nossos dias!

O versículo 8 conclui o testemunho do Senhor: “Não conhecem o caminho da paz, nem há justiça nos seus passos; fizeram para si veredas tortuosas; todo aquele que anda por elas não tem conhecimento da paz”.[10] “O caminho da paz” significa o caminho do Senhor, ou o Plano de Salvação.[11] Aqueles que abandonam o caminho do Senhor não encontrarão a paz. Satanás falsifica muitas coisas, pode até fingir ser um anjo de luz,[12] mas jamais poderá falsificar a paz.[13] “Justiça”, como foi usado aqui, significa “justiça social”[14] e “raciocínio são”.[15] Outros significados para esta palavra encontrados na obra de Isaías incluem equidade,[16] retribuição,[17] e um sistema de lei equitativo.[18]

Paulo, em sua epístola aos Romanos, citou os versículos 7 e 8: “Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não conheceram o caminho da paz”.[19]

Os versículos 9 até 14 apresentam o testemunho do próprio povo sobre suas iniquidades. Apesar de usar a forma verbal no passado, talvez como uma visão que passou diante dos olhos de Isaías, esta profecia prediz condições que prevalecerão nos últimos dias antes da Segunda Vinda do Senhor. Outros períodos de iniquidade no passado também representam o cumprimento desta profecia.

O versículo 9 começa: “Por isso o juízo está longe de nós, e a justiça não nos alcança; esperamos pela luz, e eis que só há trevas; pelo resplendor, mas andamos em escuridão”. “Juízo”, como foi usado aqui, significa “equidade” ou “justiça”.[20] O próprio povo sabe que se encontra imerso em iniquidades. Os dons do Espírito não fazem partes de suas vidas; equidade e justiça não existem para eles. Este reconhecimento, se acompanhado com ações, pode ser o primeiro passo no processo do arrependimento.

O versículo 10 apresenta o lamento: “Apalpamos as paredes como cegos, e como os que não têm olhos andamos apalpando; tropeçamos ao meio-dia como nas trevas, e nos lugares escuros como mortos”. O termo “os lugares escuros” foi traduzido da palavra hebraica que significa “forte” ou “vigoroso”.[21] O significado—que não está muito bem claro na versão de João Ferreira de Almeida—é que o povo pecador é como os mortos entre povos vigorosos ou fortes, com este marcante contraste formando um contraste literário. Cegos quanto as coisas espirituais, o povo tropeça à luz do meio-dia como se estivessem em escuridão.

O Senhor usou palavras semelhantes para admoestar aos Seus discípulos dos últimos dias que atrasaram-se na angariação de fundos para começar a construção do templo de Kirtland: “… Eis que em verdade vos digo que há muitos entre vós que chamei e foram ordenados, mas poucos deles são escolhidos. Os que não são escolhidos pecaram gravemente, pois andam em trevas ao meio-dia” (ênfases adicionadas).[22]

O versículo 11 continua o lamento do povo: “Todos nós bramamos como ursos, e continuamente gememos como pombas; esperamos pelo juízo, e não o há; pela salvação, e está longe de nós”. O povo lamenta por estar rodeado de iniquidades, e não ter os dons do Espírito. “Juízo” significa “equidade” ou “justiça”.[23] Salomão escreveu: “Quando os justos se engrandecem, o povo se alegra, mas quando o ímpio domina, o povo geme”.[24]

Os versículos 9 até 11 contêm um quiasma:

A: (9) Por isso o juízo está longe de nós, e a justiça não nos alcança;
B: esperamos pela luz, e eis que só há trevas; pelo resplendor, mas andamos em escuridão.
C: (10) Apalpamos as paredes
D: como cegos,
D: e como os que não têm olhos
C: andamos apalpando;
B: tropeçamos ao meio-dia como nas trevas, e nos lugares escuros como mortos.
A: (11) Todos nós bramamos como ursos, e continuamente gememos como pombas; esperamos pelo juízo, e não o há; pela salvação, e está longe de nós.

Neste quiasma o povo tropeça em busca da verdade e justiça, firmando-se nas paredes como os cegos e andando em escuridão em pleno dia. O povo busca por iluminação espiritual, mas não é capaz de reconhecê-la devido suas iniquidades. “Por isso o juízo está longe de nós, e a justiça não nos alcança” é equivalente a “esperamos pelo juízo, e não o há; pela salvação, e está longe de nós”.

O versículo 12 continua o lamento: “Porque as nossas transgressões se multiplicaram perante ti, e os nossos pecados testificam contra nós; porque as nossas transgressões estão conosco, e conhecemos as nossas iniqüidades”— Tais condições foram descritas anteriormente por Isaías: “O aspecto do seu rosto testifica contra eles; e publicam os seus pecados, como Sodoma; não os dissimulam. Ai da sua alma! Porque fazem mal a si mesmos”.[25] Esta é a imoralidade explícita —os iníquos declaram seus pecados abertamente, e até mesmo orgulhosamente, sem nenhuma vergonha.

O versículo 13 continua a sentença do versículo 12: “Como o prevaricar, e mentir contra o Senhor, e o desviarmo-nos do nosso Deus, o falar de opressão e rebelião, o conceber e proferir do coração palavras de falsidade”.[26] A iniquidade do povo envolve a opressão e rebelião, mentiras predominantes e deliberadamente o abandono do caminho de Deus. Este versículo prediz rebelião—ou revolta governamental—resultando da opressão e iniqüidade.

O versículo 14 conclui o testemunho do povo sobre seus pecados: “Por isso o direito se tornou atrás, e a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, e a eqüidade não pode entrar”. A verdade, equidade, juízo e justiça usados como discurso público cai vítima da corrupção predominante. “Justiça”, como foi usado aqui, significa justiça social bem como equidade.[27]

No versículo 15, Isaías resume o testemunho do próprio povo sobre suas iniquidades: “Sim, a verdade desfalece, e quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado; e o Senhor viu, e pareceu mal aos seus olhos que não houvesse justiça”. Novamente, “justiça” significa “equidade”.[28] Nesta geração perversa, até os que desejam arrepender-se e abandonar o pecado são perseguidos. A corrupção do sistema legal desagrada ao Senhor.

Os versículos 14 e 15 contêm um quiasma:

A: (14) Por isso o direito se tornou atrás,
B: e a justiça se pôs de longe;
C: porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, e a eqüidade não pode entrar.
C: (15) Sim, a verdade desfalece,
B: e quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado;
A: e o Senhor viu, e pareceu mal aos seus olhos que não houvesse justiça.

Neste quiasma, o abandono da justiça, ou seja, a corrupção do sistema legal, desagrada ao Senhor; a verdade e a equidade foram negadas, e aqueles que buscam o arrependimento e tentam corrigir seus erros são perseguidos. “O direito se tornou atrás” complementa “o Senhor viu, e pareceu mal aos seus olhos que não houvesse justiça”.

Os versículos 16 até 19 descrevem conflitos que levariam à Segunda Vinda do Senhor. Não só o Senhor redime Seu povo de seus pecados; como também conquista as forças do mal quando os justos não podem mais suportar. O versículo 16 começa: “E vendo que ninguém havia, maravilhou-se de que não houvesse um intercessor; por isso o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua própria justiça o susteve”. A palavra hebraica traduzida como “maravilhou-se” significa “estarreceu-se”.[29] O Senhor, vendo a predominante iniquidade, reconheceria que não haveria mais ninguém sobre a Terra que tivesse o desejo político ou poder militar para intervir contra aqueles cujo desejo é o de destruir; por isso o próprio Senhor interveria; Sua intervenção ocorreria quando os homens na Terra não pudessem mais suportar o mal, depois de haverem dado tudo de si.

O versículo 17 continua: “Pois vestiu-se de justiça, como de uma couraça, e pôs o capacete da salvação na sua cabeça, e por vestidura pôs sobre si vestes de vingança, e cobriu-se de zelo, como de um manto”. [30] O grande poder do Senhor contra o mal vem de sua incomparável retidão.

Paulo, em sua epístola aos Efésios, explicou estes princípios:

“Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.
“Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça;
“E calçados os pés na preparação do evangelho da paz;
“Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.
“Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;
“Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (ênfases adicionadas).[31]

O versículo 18 continua: “Conforme forem as obras deles, assim será a sua retribuição, furor aos seus adversários, e recompensa aos seus inimigos; às ilhas dará ele a sua recompensa”. O Senhor derrotará Seus adversários e inimigos da face da Terra na época da Sua Segunda Vinda. “Às ilhas” significam continentes da Terra; talvez Isaías esteja fazendo uma referência específica ao Continente Americano e seus habitantes.[32]

O versículo 19 resume: “Então temerão o nome do Senhor desde o poente, e a sua glória desde o nascente do sol; vindo o inimigo como uma corrente de águas, o Espírito do Senhor arvorará contra ele a sua bandeira”.[33] Na Segunda Vinda do Senhor, os iníquos temerão a glória de Sua presença e serão varridos. O arvorar “contra ele a sua bandeira” significa declarar guerra. O Senhor, em Sua ira, derrotará todos os Seus inimigos.[34] Anteriormente, no capítulo 40, Isaías descreveu os acontecimentos da Segunda Vinda do Senhor: “E a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente a verá, pois a boca do Senhor o disse”.[35]

O versículo 19 contém um quiasma:

A: (19 Então temerão o nome do Senhor desde o poente,
B: e a sua glória desde o nascente do sol;
B: vindo o inimigo como uma corrente de águas,
A: o Espírito do Senhor arvorará contra ele a sua bandeira.

Este quiasma revela que a Segunda Vinda do Senhor será precedida por um período de desespero quando as forças do mal avançarem como um grande dilúvio (ou corrente de águas) para destruírem os restantes dos justos. “Então temerão o nome do Senhor” é complementado por “o Espírito do Senhor arvorará contra ele a sua bandeira”; e quem são os que temerão? Aqueles que se opuseram ao Senhor. “A sua glória desde o nascente do sol” é o oposto de “vindo o inimigo como uma corrente de águas”.

Nos versículos 20 e 21, o Senhor descreve Sua Segunda Vinda. O versículo 20 começa: “E virá um Redentor a Sião e aos que em Jacó se converterem da transgressão, diz o Senhor”. O significado de “Sião” aqui é um lugar de coligação espiritual nos últimos dias.[36] O Senhor aparecerá aos habitantes de Sião e de Jerusalém que se arrependerem de suas transgressões. Esta profecia é uma declaração importante feita por Isaías descrevendo a Segunda Vinda do Senhor Jesus Cristo.[37]

O versículo 20 contém um quiasma:

A: (20) E virá um Redentor
B: a Sião e aos que em Jacó
B: se converterem da transgressão,
A: diz o Senhor.

O Senhor, que é o Redentor, aparecerá àqueles que se converterem da transgressão. “Um Redentor” iguale-se ao termo “o Senhor” (hebraico Yahovah[38]), estabelecendo que Jeová é o Redentor.

O versículo 21 conclui: “Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o Senhor: o meu espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se desviarão da tua boca nem da boca da tua descendência, nem da boca da descendência da tua descendência, diz o Senhor, desde agora e para todo o sempre”. O evangelho, dado aos justos pelo Senhor, permanecerá sobre a Terra a partir daquele momento em diante.

O Apóstolo Paulo citou os versículos 20 e 21: “E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades. E esta será a minha aliança com eles, Quando eu tirar os seus pecados”.[39]

O versículo 21 contém um quiasma:

A: (21) Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles,
B: diz o Senhor:
C: o meu espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca,
D: não se desviarão da tua boca
C: nem da boca da tua descendência, nem da boca da descendência da tua descendência,
B: diz o Senhor,
A: desde agora e para todo o sempre.

Este quiasma ensina que o convênio do Senhor permanecerá na Terra entre os justos para sempre. A frase “esta é a minha aliança com eles” correlaciona-se com “desde agora e para todo o sempre”.

NOTAS

[1]. Isaías 59:20.
[2]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 492.
[3]. Doutrina e Convênios 35:8.
[4]. O versículo 3 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Os vossos lábios falam/falsidade// perversidade/a vossa língua pronuncia. Em Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 263.
[5]. Ver Isaías 1:15 e comentário pertinente.
[6]. Ver Isaías 9:15; 16:6; 28:15, 17 e comentário pertinente.
[7]. Basilisco Em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. Disponível na http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/basilisco. Ver também Isaías 14:29; 59:5 e comentário pertinente. Compare Dicionário Bíblico—Cockatrice. Ver também Isaías 11:8, 14:29 e comentário pertinente.
[8]. Os versículos 3 até 6 contêm um quiasma: As vossas mãos estão contaminadas de sangue/os vossos dedos de iniqüidade/confiam na vaidade/chocam ovos de basilisco//o que comer dos ovos deles, morrerá/as suas teias não prestam para vestes/obras de iniqüidade/violência há nas suas mãos.
[9]. Isaías 28:15.
[10]. Os versículos 7 e 8 contêm um quiasma: Pés correm para o mal/se apressam para derramarem o sangue inocente/os seus pensamentos//são pensamentos de iniqüidade/destruição e quebrantamento/veredas tortuosas.
[11]. Ver Isaías 3:12; 8:11; 26:7-8; 28:7; 40:3; 62:10 e comentário pertinente.
[12]. 2 Coríntios 11:14; 2 Néfi 9:29; D&C 128:20.
[13]. Ver Doutrina e Convênios 6:23; Gálatas 5:22; Salmos 85:8; Alma 58:11.
[14]. Ver Isaías 5:7; 28:6; 42:1; 59:15.
[15]. Ver Isaías 1:17; 28:7; 40:14, 27; 42:3.
[16]. Ver Isaías 1:21; 53:8; 56:1; 59:9, 11, 14, 15; 61:8.
[17]. Ver Isaías 3:14; 4:4; 34:5.
[18]. Ver Isaías 51:4; 54:17.
[19]. Romanos 3:15-17.
[20]. Ver Isaías 1:21; 30:18; 32:1; 33:5; 41:1; 49:4; 53:8.
[21]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 820, p. 1032.
[22]. D&C 95:5-6.
[23]. Ver Isaías 1:21, 27; 5:16; 16:3, 5; 28:6, 17; 30:18.
[24]. Provérbios 29:2.
[25]. Isaías 3:9; Ver comentário pertinente. Compare 2 Néfi 13:9.
[26]. O versículo 13 contém um quiasma: O prevaricar, e mentir/falar/opressão//rebelião/proferir/palavras de falsidade.
[27]. Para referências dos outros significados de “justiça”, ver versículo 8.
[28]. Ver Isaías 1:21; 53:8; 56:1; 59:9, 11, 14; 61:8.
[29]. Brown et al., 1996, Número de Strong 8074, p. 1030.
[30]. Os versículos 16 e 17 contêm um quiasma: Salvação/justiça//justiça/salvação. Parry, 2001, p. 264.
[31]. Efésios 6:12-18.
[32]. Ver 2 Néfi 10:20; Ver também Isaías 11:11; 18:1-2 e comentário pertinente.
[33]. Os versículos 17 até 19 contêm um quiasma: Justiça, como de uma couraça … o capacete da salvação … vestes de vingança … zelo, como de um manto/conforme forem as obras deles, assim será a sua retribuição/seus adversários//ilhas/dará ele a sua recompensa/temerão o nome do Senhor.
[34]. Ver Isaías 25:10; 63:1-3 e comentário pertinente. Ver também D&C 133:46-51.
[35]. Isaías 40:5; Ver também D&C 88:93.
[36]. Ver Isaías 1:8 e comentário pertinente. Ver também Salmos 102:13, 16; 129:5; 132:13; Isaías 1:27; 2:3; 4:5; 14:32; 24:23; 28:16; 31:9; 35:10; 46:13; 51:16; 52:7, 8.
[37]. Ver também Isaías 7:14; 9:6; 11:1; 53:5; 61:1-2.
[38]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 3068, p. 217-218.
[39]. Romanos 11:26-27.

CAPÍTULO 16: “Portanto Moabe clamará por Moabe”

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No capítulo 16 Isaías continua sua profecia concernente a Moabe, que começou no capítulo 15. Devido à iniquidade Moabe está condenada e seu povo sofrerá. Apesar de estarem envolvidos em grandes iniquidades Moabe reconhece que o Messias sentar-se-á no trono de Davi, buscando julgamento e acelerando a retidão.

No versículos 1 até 5 Isaías prediz o apelo de Moabe à Jerusalém para refugiar-se dos saqueadores assírios. Os versículos 6 até 8 Isaías prediz a rejeição do apelo por parte de Jerusalém; nos versículos 9 até 11 Isaías lamenta a situação de Moabe. Nos versículos 12 até 14 Isaías explica que apesar das orações fervorosas de Moabe, o Senhor não os ouvirá, por causa de suas maldades; dentro de três anos Moabe seria derrotada e seu numeroso povo destruído, deixando somente um pequeno e débil número de remanescentes.

Nos primeiros cinco versículos, Isaías prediz que Moabe apelaria à Jerusalém para refugiar-se dos exércitos invasores assírios. No versículo 1, Moabe mandaria um cordeiro sacrificial de presente para Jerusalém: “Enviai o cordeiro ao governador da terra, desde Sela, no deserto, até ao monte da filha de Sião”. Sela era a cidade mais meridional de Moabe,[1] e “o monte da filha de Sião” refere-se à capital de Judá, Jerusalém.[2]

O versículo 2 refere-se à angustia sofrida por Moabe, resultando no apelo à Judá: “De outro modo sucederá que serão as filhas de Moabe junto aos vaus de Arnom como o pássaro vagueante, lançado fora do ninho”. As filhas de Moabe buscariam refúgio além dos vaus de Arnom, como um pássaro assustado fugindo de seu ninho. Arnom é um riacho em Moabe que drena para o Mar Morto das montanhas no leste, o que denota a fronteira norte da parte habitada de Moabe.[3] Aqueles que se encontravam no riacho de Arnom fugiriam dos invasores avançando do sul.

Os versículos 3 e 4 predizem as palavras do apelo moabita diante do rei de Judá. O versículo 3 começa: “Toma conselho, executa juízo, põe a tua sombra no pino do meio-dia como a noite; esconde os desterrados, e não descubras os fugitivos”, que significa esconde-nos na sua sombra ampla; “esconde os refugiados, e não traias aquele que vagueia”. “Executa juízo” significa “julgue-nos com equidade”.[4]

O versículo 4 continua: “Habitem contigo os meus desterrados, [implora] ó Moabe; serve-lhes [Judá] de refúgio perante a face do destruidor; porque o homem violento terá fim; a destruição é desfeita, e os opressores são consumidos sobre a terra”. [5] Os emissários de Moabe reconhecem que os invasores ficariam por um curto período de tempo, já que suas intenções eram só de roubar e matar.

No versículo 5 os emissários moabitas reconhecem que o Messias sentar-se-á no trono de Davi: “Porque o trono se firmará em benignidade, e sobre ele no tabernáculo de Davi se assentará em verdade um que julgue, e busque o juízo, e se apresse a fazer justiça”. “Fazer justiça”, neste caso, significa “equidade”.[6] Apesar dos Moabitas não serem da religião hebraica, eles reconheciam suas crenças fundamentais. Em sua forma de pensar, já que o Messias reinaria em Jerusalém um dia, Jerusalém seria um lugar seguro para o futuro previsível e poderia prover proteção.

Nos versículos 6 até 8, Isaías prediz a rejeição de Jerusalém do apelo moabita. A resposta começa no versículo 6: “Ouvimos da soberba de Moabe, que é soberbíssimo; da sua altivez, da sua soberba, e do seu furor; porém, as suas mentiras não serão firmes”. “Soberba” significa “conceito elevado” ou “vaidade”.[7] Os judeus veem a vaidade e soberba de Moabe como causa de sua queda.  Em nossos dias a vaidade, soberba e mentiras têm um papel importante na corrupção e queda das nações.[8]

O versículo 7 pronuncia a rejeição pungente de Judá: “Portanto Moabe clamará por Moabe; todos clamarão; gemereis pelos fundamentos de Quir-Haresete, pois certamente já estão abatidos”. Eles serão abandonados e ficarão sem consolo em seu sofrimento. Quir-Haresete era a capital de Moabe.[9]

No versículo 8, Isaías continua a profecia: “Porque os campos de Hesbom enfraqueceram, e a vinha de Sibma; os senhores dos gentios quebraram as suas melhores plantas que haviam chegado a Jazer e vagueiam no deserto; os seus rebentos se estenderam e passaram além do mar” Nomes de lugares que eram familiares para Isaías reforçam o tom pessoal da profecia. “Enfraqueceram” significa que os invasores pisariam nas vinhas, destruindo a safra principal de Moabe. “Os seus rebentos se estenderam e passaram além do mar” refere-se à conhecida indústria de vinho da antiga Moabe e a extensão de sua exportação.[10]

Nos versículos 9 até 11 Isaías lamenta a situação de Moabe; apesar de sua ominosa profecia ele só sente tristeza. O versículo 9 começa: “Por isso prantearei, com o pranto de Jazer, a vinha de Sibma; regar-te-ei com as minhas lágrimas, ó Hesbom e Eleale; porque o júbilo dos teus frutos de verão e da tua sega desapareceu”.[11] A agricultura produtiva cessaria depois dos ataques devastadores. A indústria de vinho da antiga Moabe seria devastada pelos saqueadores assírios.

O versículo 10 continua: “E fugiu a alegria e o regozijo do campo fértil, e nas vinhas não se canta, nem há júbilo algum; já não se pisarão as uvas nos lagares. Eu fiz cessar o júbilo”.[12] A tristeza reinará; não se ouvirá sobre a alegria da colheita. Só alguns restarão para fazer a colheita das uvas e fazer o vinho.

No versículo 11, Isaías descreve sua angústia: “Por isso o meu íntimo vibra por Moabe como harpa, e o meu interior por Quir-Heres”.

No versículos 12 e 13 Isaías explica que apesar das orações sinceras de Moabe, o Senhor não os ouvirá, devido as iniquidades do povo. O versículo 12 declara: “E será que, quando virem Moabe cansado nos altos, então entrará no seu santuário a orar, porém não prevalecerá”.[13] Os “altos” significa um lugar de adoração idólatra; o Senhor não responderá, quando Moabe se voltar a Ele.

O versículo 13 continua: “Esta é a palavra que o Senhor falou contra Moabe desde aquele tempo”. Isaías sumariza, atestando que a informação veio do Senhor a ele.

No versículo 14 as palavras do Senhor são dadas: “Porém agora falou o Senhor, dizendo: Dentro de três anos (tais como os anos de jornaleiros), será envilecida a glória de Moabe, com toda a sua grande multidão; e o restante será pouco, pequeno e impotente”. A nação de Moabe seria destruída, juntamente com um grande número de seu povo, deixando somente um pequeno e débil número de remanescentes. “A glória de Moabe”, como foi usado aqui, significa forças militares.[14] Um jornaleiro é um soldado contratado, ou mercenário. Tipicamente, mercenários eram contratados por um certo período de tempo.

NOTAS

[1]. Ver Mapa Bíblico ( na versão SUD da Bíblia em inglês) número 1.
[2]. Ver 2 Reis 19:21, 31; Salmos 9:14; 51:18; Isaías 10:32; 37:22; 52:2; 62:11.
[3]. Ver Mapa Bíblico ( na versão SUD da Bíblia em inglês) número 10.
[4]. Ver Isaías 1:17; 5:7; 42:4; 59:15.
[5]. O versículo 4 contém um quiasma: Habitem contigo os meus desterrados/a face do destruidor/ o homem violento terá fim/ a destruição é desfeita / opressores/ consumidos sobre a terra.
[6]. Para referências de outros significados de “justiça”, Ver versículo 3.
[7]. Jactâncias Em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. Disponível na http://www.infopedia.pt/pesquisa.
[8]. Ver Isaías 9:15; 28:15, 17; 59:3-4 e comentário pertinente.
[9]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 192-194.
[10]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 164.
[11]. Os versículos 8 e 9 contêm um quiasma: Campos de Hesbom enfraqueceram/vinha de Sibma/Jazer/seus rebentos se estenderam//passaram além do mar/Jazer/vinha de Sibma/frutos de verão e da tua sega desapareceu.
[12]. O versículo 10 contém um quiasma: Fugiu a alegria e o regozijo do campo fértil/vinhas não se canta/nem há júbilo algum//já não se pisarão/uvas nos lagares/Eu fiz cessar o júbilo.
[13]. Os versículos 7 até 12 contêm um quiasma: Moabe/Quir-Haresete/Hesbom/Sibma/Jazer//Jazer/Sibma/Hesbom/ Eleale/Moabe. Em Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 259.
[14]. Ver Isaías 8:7; 10:18; 17:3-4; 20:5; 21:16-17; 22:18; 66:12.