Arquivo da tag: Isaías 40:5

CAPÍTULO 40: “E O Que Está Torcido Se Endireitará, E O Que É Áspero Se Aplainará”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

__________________________________________________________________________________________

O capítulo 40 é dividido em várias partes. A primeira, abrangendo os versículos 1 até 5, é bem familiar para nós devido as palavras da música de Handel “O Messias”. Na primeira parte Isaías apresenta várias profecias importantes concernenetes à vinda de Cristo, e como este conhecimento confortaria o povo. Abrangendo os versículos 6 até 9, é uma indicação do que João Batista faria para preparar o caminho para o Senhor. Esta segunda parte compara o frágil estágio mortal da humanidade com a estabilidade da palavra de Deus, a qual permaneceria para sempre. A terceira parte, compreendendo os versículos 10 e 11, apresenta a metáfora do Messias como o bom Pastor. Os versículos descrevendo o bom Pastor também foram imortalizados em “O Messias” de Handel. A quarta parte, abrangendo os versículos 12 até 26, descreve a onipotência e onisciência de Deus, contrastando Seu poder com a impotência dos ídolos mudos e a completa insensatez dos homens que os adoram. A quinta e última parte, incluindo os versículos 27 até 31, atesta que aqueles que seguem o Senhor serão fortalecidos.

Este capítulo marca o começo de uma importante divisão no livro de Isaías, abrangendo os capítulos 40 até 54, na qual a antiga nação de Israel é descrita num estado de exílio no mundo em geral, interagindo com pessoas e acontecimentos.[1]

O versículo 1 declara: “Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus”. O significado original em hebraico é “arrepender-se” [2], a fim de serem consolados pelos servos do Senhor.

O versículo 1 serve como introdução para os próximos quatro versículos, que apresentam outras profecias sobre a vinda do Senhor Jesus Cristo. Por que o povo seria consolado? Por causa do conhecimento destas coisas importantes que anunciariam a vinda do Salvador. Por que devemos nos arrepender? Porque a vinda do Senhor está próxima.

O versículo 2 declara: “[2]Falai benignamente a Jerusalém, e bradai-lhe que já a sua milícia é acabada, que a sua iniquidade está expiada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor, por todos os seus pecados”.[3] O significado hebraico para “sua milícia” é “serviço árduo”.[4] Devido ao infinito sacrifício do Senhor, os pecados podem ser perdoados através do arrependimento—tanto os pecados individuais como coletivos. Sob a lei de Moisés, restituição requeria duplo pagamento: “Sobre todo o negócio fraudulento … aquele a quem condenarem os juízes pagará em dobro ao seu próximo”.[5] Na época da restauração de Judá nos últimos dias, em preparação para a Segunda Vinda do Senhor, Judá haverá pago completamente por seus pecados sob a lei. Esta frase também serve como uma advertência de que devido o grau de conhecimento dado à toda a nação de Israel, se ela abandonasse este conhecimento superior, as consequências seriam severas.

Outro significado para a mensagem de conforto e consolo, apresentada nos versículos 1 e 2, pode ser que se Jerusalém tivesse aceito João Batista e sua missão preparatória, suas iniquidades seriam perdoadas.

Em Doutrina e Convênios, o Senhor elabora: “Porque a quem muito é dado, muito é exigido; e o que pecar contra a luz maior, receberá a condenação maior”.[6] Compare as palavras de Jesus no Novo Testamento: “Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá”.[7]

O versículo 3 prediz a missão preparatória de João Batista: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus”.[8] “O caminho”, a metáfora que significa conhecimento do Plano de Salvação,[9] deveria ser preparado antes de Jesus Cristo, o Messias que viria.

João Batista iria diante do Messias para restaurar o conhecimento verdadeiro do Plano de Salvação. O cumprimento desta profecia foi mencionado no Novo Testamento:

“Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse:Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas.
“E este João tinha as suas vestes de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre.
“Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão;
“E eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.”[10]

Néfi recitou os ensinanmentos de seu pai, Leí, acerca de João Batista:

“E falou também sobre um profeta que viria antes do Messias, a fim de preparar o caminho do Senhor—
“Sim, ele iria clamar no deserto: Preparai o caminho do Senhor e endireitai as suas veredas, pois há entre vós um que não conheceis e ele é mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de desatar a correia das alparcas. E muito falou meu pai a respeito disto.
“E disse meu pai que ele batizaria em Betabara, além do Jordão; e também disse que ele batizaria com água; que ele batizaria o Messias com água.
“E depois de haver batizado o Messias com água, ele reconheceria e testificaria haver batizado o Cordeiro de Deus que iria tirar os pecados do mundo.”[11]

Aos Seus discípulos dos últimos dias, o Senhor aplica o mesmo mandamento “endireitai as suas veredas” como parte da Restauração, preparatório para a Segunda Vinda do Senhor: “Sim, abri vossa boca e ela encher-se-á, dizendo: Arrependei-vos, arrependei-vos e preparai o caminho do Senhor e endireitai suas veredas; pois o reino do céu está próximo”.[12]

O Senhor explica melhor aos Santos dos Últimos Dias:

“Escutai e ouvi uma voz como a de alguém enviado do alto, que é forte e poderoso … cuja voz se dirige aos homems: Preparai o caminhodo Senhor, endireitai suas veredas ….
“Sim, uma voz clamando: Preparai o caminho do Senhor, preparai a ceia do Cordeiro, aprontai-vos para o Esposo.”[13]

“Endireitai no ermo vereda a nosso Deus” prediz a missão preparatória de João Batista e, como um símbolo, prediz o estabelecimento de Sião no deserto antes da Segunda Vinda do Senhor. Anteriormente, no capítulo 35, Isaías predice:

“E ali haverá uma estrada, um caminho, que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão”.[14]

A significância do caminho é espiritual, e quer dizer o “caminho apertado” com uma “porta estreita”. Compare as palavras de Jesus, registradas por Mateus: “E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem”.[15]

O caminho aberto pelo Senhor para os filhos de Israel, para atravessarem o Mar Vermelho, é um símbolo para o caminho espiritual— o caminho estreito e apertado.[16] O caminho do Senhor será tão simples que os caminhantes, mesmo que sejam loucos, não terão nenhuma dificuldade em andar nele, desde que sejam obedientes.[17]

Bem como João Batista teve que fugir para o deserto escapando da perseguição, os Santos dos Últimos Dias foram forçados a fugirem de sua querida cidade—Nauvoo, Illinois—por causa de perseguição. O profeta Joseph Smith foi martirizado. Seu successor, Brigham Young, depois de ter sido orientado pelo Senhor[18], e anteriormente por Joseph Smith, levou os Santos dos Últimos Dias à Grande Bacia do Lago Salgado, um lugar inabitado no oeste dos Estados Unidos da America, onde estabeleceram uma sociedade na qual eles puderam praticar o Cristianismo recentemente restaurado e fortalecerem-se, longe de seus adversários.

Os versículos 1 até 3 foram colocados em forma de música em “O Messias” de Handel, parte 1 número 2—Recitativo para Tenor, “Consolai, consolai o meu povo”.

O Senhor revelou o seguinte a Joseph Smith acerca de João Batista:

“Pois foi batizado quando ainda na infância e, quando tinha oito dias de idade, foi ordenado por um anjo de Deus para esse poder, a fim de derrubar o reino dos judeus e endireitar as veredas do Senhor diante da face de seu povo, com o fim de prepará-lo para a vinda do Senhor, em cujas mãos é dado todo o poder (ênfases adicionadas)”.[19]

O versículo 4 descreve metaforicamente a restauração do evangelho, inclusive a ordem unida praticada pelos que creem, que aconteceria antes da vinda do Messias: “Todo o vale será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro será abatido; e o que é torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará”. O significado em hebraico de “o que é áspero” é “cadeias de montanhas”.[20] Este versículo descreve não só a missão de João Batista em preparar o caminho para o ministério terreno do Senhor Jesus Cristo; mas também como um símbolo para descrever o papel de Joseph Smith, o profeta da restauração nos últimos dias. Esta passagem talvez também esteja se referindo às mudanças tipográficas, que acontecerão antes da a Segunda Vinda do Senhor como resultado de terremotos cataclísmicos;[21] mas, obviamente, não é o significado que se aplica à missão de João Batista ou à restauração do evangelho nos últimos dias.

Tiago, o irmão de Jesus,[22] interpreta o significado de: “Mas glorie-se o irmão abatido na sua exaltação, E o rico em seu abatimento; porque ele passará como a flor da erva”.[23] É obvio que devido a frase “porque ele passará como a flor da erva”, Tiago está se referindo à esta passagem no capítulo de Isaías. No versículo 6, Isaías declara: “Uma voz diz: Clama; e alguém disse: Que hei de clamar? Toda a carne é erva e toda a sua beleza como a flor do campo”.[24] De acordo com esta profecia, seria a responsabilidade de João Batista de introduzir a ordem unida entre seus seguidores, apesar disto não está claramente escrito no Novo Testamento.

Tiago, no versículo que se acaba de citar, explicou mais sobre o conceito de que Deus não faz acepção de pessoas e responderá as orações dos que oram com fé.[25] É interessante notar que quando Joseph Smith estava lendo o primeiro capítulo de Tiago, quando foi inspirado a orar ao Senhor, o que resultou na restauração do evangelho.[26]

Em Doutrina e Convênios o Senhor descreve como os Santos dos Últimos Dias irão estabelecer a lei da consagração para prover suas necessidades temporais, usando palavras similares as de Tiago: “Mas é necessário que seja feito a meu modo; e eis que este é o modo que eu, o Senhor, decretei para suprir meus santos, para que os pobres sejam aumentados naquilo que os ricos são diminuídos” (ênfases adicionadas).[27]

Além disso, doutrinas falsas ou veredas “torcidas” que dizem prover a vida eterna se endireitarão, e “o que é áspero”, que quer dizer doutrinas confusas e difíceis de se compreenderem, se aplainará ao entendimento.

As palavras do versículo 4 formam o texto da música “O Messias” de Handel, Parte 1 número 3—Ária para Tenor, “Todo o Vale Será Exaltado”.

O versículo 5 conclui o conjunto de conceitos messiânicos que proverão conforto ao povo do Senhor: “E a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente a verá, pois a boca do Senhor o disse”.

O Senhor dá mais informações acerca do predito acontecimento:

“Eis que é meu desejo que todos os que invocam meu nome e me adoram, de acordo com meu evangelho eterno, se reúnam e permaneçam em lugares santos;
“E preparem-se para a revelação que virá quando o véu que cobre meu templo, em meu tabernáculo, que oculta a Terra, for retirado; e toda carne juntamente me verá” (ênfases adicionadas).[28]

O significado aqui é que aqueles que clamarem o nome do Senhor e adorá-Lo com pureza de coração serão orientados a congregarem-se em lugares santos para proteção, a fim de se prepararem para a vinda do Senhor. Logo, o Senhor se revelará, através da remoção do véu que cobre seu templo e tabernáculo celestiais. Certamente, será um grande conforto para o povo reto do Senhor de ver o seu Senhor, Jesus Cristo, aparecendo à toda a Terra.

Os versículos 3 até 5 são citados por Lucas no Novo Testamento, identificando João Batista como uma “voz do que clama no deserto”.[29]

As palavras do versículo 5 é parte da lírica da música “O Messias” de Handel, Parte 1 número 4—Refrão, “E a glória do Senhor”.

O versículo 5 é mencionado pelos Apóstolos vivos em uma declaração doutrinal importante acerca de Cristo:

“Testificamos que Ele voltará um dia à Terra. “E a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente a verá …”. Ele governará como Rei dos Reis e reinará como Senhor dos Senhores, e todo joelho se dobrará e toda língua confessará em adoração perante Ele. Cada um de nós será julgado por Ele de acordo com nossas obras e os desejos de nosso coração.”[30]

Os versículos 6 até 8 predizem a mensagem de João Batista, apresentada anteriormente no versículo 3. O versículo 6 começa: “Uma voz diz: Clama; e alguém disse: Que hei de clamar?” A message é: “Toda a carne é erva e toda a sua beleza como a flor do campo”. Este versículo foi parafraseado por Tiago, como foi citado acima.[31] A pessoa designada como “alguém” é João Batista, dirigindo-se ao Senhor.

Os versículos 3 até 6 contêm um quiasma:

A: (3) Voz do que clama no deserto:
B: Preparai o caminho do Senhor;
C: endireitai no ermo
D: vereda a nosso Deus.
E: (4) Todo o vale será exaltado,
E: e todo o monte e todo o outeiro será abatido;
D: e o que é torcido
C: se endireitará, e o que é áspero se aplainará.
B: (5) E a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente a verá, pois a boca do Senhor o disse.
A: (6) Uma voz diz: Clama ….

“Voz do que clama no deserto” compare-se com “uma voz diz: Clama …”. No primeiro caso a voz é de João Batista; no segundo caso a voz é do Senhor, instruindo João Batista no que deveria dizer. “Preparai o caminho do Senhor” complementa “E a glória do Senhor se manifestará”, que significa que a preparação predita é para a gloriosa Segunda Vinda do Senhor. “Endireitai no ermo vereda a nosso Deus” é complementada pela sentença “o que é torcido se endireitará”, indicando que o caminho estreito e apertado que leva à exaltação, torcido pela apostasia, é o que será endireitado. “Todo o vale será exaltado” contrasta-se com “todo o monte e todo o outeiro será abatido”. Estas frases significam que aqueles em altas posições ou estado temporal serão humilhados e o pobre será elevado sob a ordem unida do Senhor, a ser apresentada por João Batista.

O versículo 7 continua a mensagem a ser pronunciada por João Batista: “Seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o Espírito do Senhor. Na verdade o povo é erva”.[32] A última frase deste versículo explica a metáfora. A mesma palavra hebraica para “Espírito” ou “vento” que sopra tem diferentes significados.[33] O sentido que Isaías, provavelmente, intencionou seria que os ventos —representando condições mortais em general, causadas ou permitidas pelo Senhor—trazem a temporalidade da condição humana.

Os versículos 5 até 7 contêm um quiasma:

A: (5) E a glória do Senhor se manifestará,
B: e toda a carne juntamente a verá, pois a boca do Senhor o disse.
C: (6) Uma voz diz: Clama;
C: e alguém disse: Que hei de clamar?
B: Toda a carne é erva e toda a sua beleza como a flor do campo.
A: (7) Seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o Espírito do Senhor. Na verdade o povo é erva.

“A glória do Senhor se manifestará” é comparado com “seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o Espírito do Senhor”. Durante este estágio mortal temporal, cada um de nós deverá receber a influência do Espírito, a fim de suportar a glória da Segunda Vinda do Senhor. “Toda a carne juntamente a verá” combina com “toda a carne é erva”, advertindo-nos que seremos consumidos na Sua vinda como a erva seca, a menos que tenhamos o Espírito conosco.

O versículo 8 contrasta a temporalidade do homem neste estágio mortal com a estabilidade e permanência de Deus: “Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente”. Tudo o que se refere ao homem mortal é temporário, enquanto que Deus e suas palavras são eternos e permanecerão para sempre. Observe as declarações paralelas nos versículos 7 e 8: “Seca-se a erva, e cai a flor” primeiramente corresponde-se com “soprando nela o Espírito do Senhor. Na verdade o povo é erva” no versículo 7, e depois contrasta-se com “porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente” no versículo 8. Que significa que enquanto que o estágio do homem é mortal e temporário, a palavra of Deus é eterna. Novamente, note que “espírito” e “vento” foram traduzidos da mesma palavra hebraica .[34]

O Apóstolo Pedro citou os versículos 6 até 8, expandindo o seu significado:

“Porque toda a carne é como a erva,e toda a glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor;
“Mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada.”[35]

O versículo 9 declara: “Tu, ó Sião, que anuncias boas novas, sobe a um monte alto. Tu, ó Jerusalém, que anuncias boas novas, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize às cidades de Judá: Eis aqui está o vosso Deus”.[36] “Que anuncias boas novas” significa “ele que anuncia boas novas” ou “arauto”;[37] ele que anuncia boas novas concernente à Sião é orientado a subir a um monte alto. A palavra “evangelho” significa “as boas novas”.[38] Semelhantemente, na segunda frase deste versículo, aquele que traria as boas novas do evangelho à Jerusalém é instruido a levantara sua voz com firmeza e sem temor.

Líderes eclesiásticos cuja responsabilidade é de espalhar as boas novas do evangelho deve mostrar ao povo o caminho que leva a Deus, sem temor. Este mandato aplica-se especialmente aos profetas dos últimos dias, cuja missão é a de preparar, tanto o povo de Jerusalém quanto o de Sião, para receber o Messias que retornará. A palavra “Sião” foi usada aqui com duplo sentido—um lugar de coligação espiritual nos últimos dias, bem como um sinônimo para Jerusalém, especialmente a Jerusalém dos últimos dias onde a retidão prevalecerá.[39] “Um monte alto” também refere-se ao templo, um lugar de preparação para aqueles que ensinariam o evangelho.[40]

As palavras do versículo 9 encontram-se na lírica da música “O Messias” de Handel, Parte 1 número 9—Ária para Alto, e Refrão, “Tu, ó Sião, Que Anuncias Boas Novas”.

O versículo 10 declara: “Eis que o Senhor DEUS virá com poder e seu braço dominará por ele; eis que o seu galardão está com ele, e o seu salário diante da sua face”. Esta passagem prediz a Segunda Vinda do Senhor; Sua primeira vinda foi como um bebê em Belém, que se contrasta grandemente com esta descrição. Seu poder militar, bem como a aclamação que merece, devido suas ponderosas realizações, serão evidentes a todos. O Senhor, em Doutrina e Convênios, elaborou: “E o braço do Senhor será revelado; e chegará o dia em que aqueles que não ouvirem a voz do Senhor nem a voz de seus servos nem atenderem às palavras dos profetas e apóstolos serão afastados do meio do povo”.[41]

O versículo 11 apresenta a metáfora do Messías como o bom Pastor: “Como pastor apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no seu regaço; as que amamentam guiará suavemente”. Em seu estado debilitado, as ovelhas que recentemente deram à luz precisam de mais cuidados.

Durante Seu ministério mortal, Jesus declarou ser Ele o bom Pastor:

“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.
“Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas.
“Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas.
“Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.
“Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas.”[42]

Aqui, no contexto do Senhor como o bom Pastor, Jesus prediz Seu infinito sacrifício, onde Ele daria a sua vida pelas ovelhas.

O profeta Alma exortou seu povo:

“Eis que vos digo que o bom pastor vos chama; sim, e em seu próprio nome vos chama, que é o nome de Cristo; e se não quereis dar ouvidos à voz do bom pastor, ao nome pelo qual sois chamados, eis que não sois as ovelhas do bom pastor.”[43]

As palavras do versículo 11 emcontram-se na lírica de “O Messias” de Handel, Parte 1 número 20—Ária para Contralto, “Como Pastor Apascentará O Seu Rebanho”. A metáfora do Senhor como o bom Pastor também é apresentada em Salmos 23. Veja também as palavras dos hinos “O Senhor Meu Pastor É”[44] e “Ama O Pastor Seu Rebanho”.[45]

Delbert L. Stapley ensinou:

“O testemunho de que Jesus é o Bom Pastor era uma figura retórica familiar ao povo acostumado às condições pastoris da Palestina. Jesus sabia que seus ouvintes estavam familiarizados com a profecia de que um pastor fora prometido aos filhos de Israel … Isaías profetizou que, quando Deus descesse, “Como pastor apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos”. Não havia engano no que Jesus queria dizer. Ele era o seu Senhor―o Messias prometido!
“Ao comparar os falsos mestres e pastores com ladrões e mercenários, cuja preocupação era o dinheiro em vez do rebanho. Jesus repudiou todos os enganadores. Não se poderia imaginar uma acusação mais forte!”[46]

Começando no versículo 12, o Senhor é descrito como o Criador: “Quem mediu na concha da sua mão as águas, e tomou a medida dos céus aos palmos, e recolheu numa medida o pó da terra e pesou os montes com peso e os outeiros em balanças?”[47], [48] O Grande Pergaminho de Isaías diz: “Quem mediu na concha da sua mão as águas do mar …?”[49] O poder do Criador é impressionante e inconpreensível ao homem. Note que “quem” foi combinado como uma série de cinco declarações paralelas neste versículo, bem como outras nos versículos seguintes. O propósito de Isaías ao usar estruturas paralelas é para dar ênfases. “Mediu”, “tomou a medida … aos palmos”, “recolheu numa medida”, “pesou … com peso”, e “[pesou] … em balanças”todos estes termos descrevem atividades associadas com construção—o análogo terreno da obra divina da criação. “Aos palmos” refere-se à distância entre a ponta do polegar e o dedo mindinho, quando a mão está completamente aberta.

O versículo 13 continua as perguntas retóricas de Isaías: “Com quem tomou ele conselho, que lhe desse entendimento, e lhe ensinasse o caminho do juízo, e lhe ensinasse conhecimento, e lhe mostrasse o caminho do entendimento?” O conhecimento infinito do Senhor, demonstrado em suas obras de criação, é incompreensível para o homem. Note que a estrutura deste versículo é similar à do versículo anterior, consistindo da frase-guia “com quem”, seguida por duas declarações paralelas que são uma continuação daquelas do versículo 12.

O Apóstolo Paulo parafraseou e expandiu o versículo 13:

“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!
“Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro?” [50]

A revelação moderna invocou palavras similares: “Grande é sua sabedoria, maravilhosos são seus caminhos e a extensão de suas obras ninguém pode descobrir”.[51]

O versículo 14 continua: “Com quem tomou ele conselho, que lhe desse entendimento, e lhe ensinasse o caminho do juízo, e lhe ensinasse conhecimento, e lhe mostrasse o caminho do entendimento?” [52] Aqui, Isaías estabelece que nenhum homem mortal ensinou o Senhor estas coisas; ao contrário, Ele foi ensinado por Seu Pai Celestial. Note, novamente, a estrutura paralela: “Com quem” é a frase-guia, seguida por cinco frases equivalentes e paralelas. “Caminho do juízo” e “caminho do entendimento” simbolizam o Plano de Salvação.[53] “Juízo”, como foi usado aqui, significa “raciocínio são”.[54]

O versículo 15 descreve a magnitude dos feitos do Senhor: “Eis que as nações são consideradas por ele como a gota de um balde, e como o pó miúdo das balanças; eis que ele levanta as ilhas como a uma coisa pequeníssima”. A onipotência do Senhor é novamente atestada, enfatizada pela estrutura paralela.

O versículo 16 descreve a insignificância do homem ao tentar honrar o Senhor por Seu poder e feitos: “Nem todo o Líbano basta para o fogo, nem os seus animais bastam para holocaustos”. Devido Sua grandeza, nem mesmo todos os animais do Líbano, nem todas as lenhas nas grandes florestas, são adequadas para um holocausto grande suficiente para dar devida honra ao Senhor.

O versículo 17 resume: “Todas as nações são como nada perante ele; ele as considera menos do que nada e como uma coisa vã”. Tendo em vista a onipotência e feitos do Senhor, as nações da Terra—juntamente com todos seus feitos humanos—são insignificantes. Se o Senhor tem poder para criar a Terra e colocar o homem sobre ela, certamente Ele tem o poder de cumprir todas as Suas promessas.

O versículo 18 apresenta o desafio de Isaías aos idólatras: “A quem, pois, fareis semelhante a Deus, ou com que o comparareis?” Esta pergunta retórica afirma que não há nenhuma entidade comparável com Deus.

Os versículos 19 e 20 descrevem os esforços fúteis dos idólatras em fazer algo digno de adoração. O versículo 19 começa: “O artífice funde a imagem, e o ourives a cobre de ouro, e forja para ela cadeias de prata”.

O versículo 20 declara: “O empobrecido, que não pode oferecer tanto, escolhe madeira que não se apodrece; artífice sábio busca, para gravar uma imagem que não se pode mover”. Mesmo os pobres que não podem oferecer prata e ouro tentam oferecer madeira que não se apodrece para gravar uma imagem.

O versículo 21 começa com a denúncia exasperada de Isaías: “Porventura não sabeis? Porventura não ouvis, ou desde o princípio não se vos notificou, ou não atentastes para os fundamentos da terra?” Estas quatro perguntas retóricas são estruturadamente paralelas, todas têm o mesmo significado. Seu propósito é de enfatizar; visualize Isaías sublinhando quatro vezes esta idéia. Idolatria é uma grande ignorância.

O versículo 22 relembra a onipotência do Senhor, resumindo as declarações de Isaías nos versículos 12 até 15: “Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda, para neles habitar”. O Senhor, assentado sobre o círculo da Terra, pode ver todos os seus habitantes de uma vez.

O versículo 23 confirma o poder do Senhor sobre os líderes políticos da Terra: “O que reduz a nada os príncipes, e torna em coisa vã os juízes da terra”. Os poderosos, quando comparado com a onipotência do Senhor, são como nada.

O versículo 24 elabora: “E mal se tem plantado, mal se tem semeado, e mal se tem arraigado na terra o seu tronco, já se secam, quando ele sopra sobre eles, e um tufão os leva como a pragana”. Sem os cuidados do Senhor, os governantes políticos são como plantas descuidadas e desnutridas. Eles serão removidos e destruídos de acordo com a vontade do Senhor.

No versículo 25, o Senhor fez outa pergunta retórica: “A quem, pois, me fareis semelhante, para que eu lhe seja igual? diz o Santo”.

No versículo 26, Ele fornece a resposta: “Levantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou estas coisas; foi aquele que faz sair o exército delas segundo o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por causa da grandeza das suas forças, e porquanto é forte em poder, nenhuma delas faltará”. [55] O Salmista afirma: “Conta o número das estrelas, chama-as a todas pelos seus nomes”.[56] Todas as estrelas nos céus testificam do poder de criação do Senhor. Ele conta os números das estrelas nos céus e sabe seus nomes. Cada uma delas obedece as leis dadas pelo Senhor.[57]

O versículo 27 apresenta o desafio de Isaías à Israel: “Por que dizes, ó Jacó, e tu falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus?”[58] Isaías desafia a declaração de Jacó que o Senhor não está ciente de seu caminho difícil e que Deus desconsidera seus melhores esforços. “O meu caminho” significa os desafios e tribulações da vida; “o caminho” significa o Plano de Salvação.[59] “Juízo” como foi usado aqui significa “raciocínio são”.[60]

O versículo 28 fornece a resposta de Isaías: “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento”. “Os fins da terra” aqui significam toda a terra.[61] O Senhor, o Criador de todas as coisas,[62] está sempre ciente, Sua vigilância é infinita, e não há limite para Seu conhecimento e compreensão.

Os versículos 21 até 28 contêm um quiasma:

A: (21) Porventura não sabeis? Porventura não ouvis, ou desde o princípio não se vos notificou, ou não atentastes para os fundamentos da terra?
B: (22) Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda, para neles habitar;
C: (23) O que reduz a nada os príncipes, e torna em coisa vã os juízes da terra.
C: (24) E mal se tem plantado, mal se tem semeado, e mal se tem arraigado na terra o seu tronco, já se secam, quando ele sopra sobre eles, e um tufão os leva como a pragana. (25) A quem, pois, me fareis semelhante, para que eu lhe seja igual? diz o Santo.
B: (26) Levantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou estas coisas; foi aquele que faz sair o exército delas segundo o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por causa da grandeza das suas forças, e porquanto é forte em poder, nenhuma delas faltará. (27) Por que dizes, ó Jacó, e tu falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus?
A: (28) Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento.

Neste quiasma Isaías declara que o Senhor é o Grande Criador; ídolos mudos e governantes do mundo não se comparam ao Senhor. “Porventura não sabeis?” corresponde-se à “Não sabes”. Primeiro, Isaías exorta os idólatras como um grupo (uso do verbo “sabeis” na segunda pessoa do plural); depois repreende-os individualmente (uso do verbo “sabes” na segunda pessoa do singular) por sua grande ignorância. “Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra” é equivalente à “vede quem criou estas coisas” mostrando que é o Criador. “O que reduz a nada os príncipes” juntamente com “e mal se tem plantado” testificam que líderes do mundo são temporários, enquanto que o reino e poder do Senhor duram para sempre.

Nos versículos 29 até 31, Isaías descreve a boa vontade do Senhor de dar força àqueles que O obedecem. O versículo 29 começa: “Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor”. O Senhor fortalece os fiéis.

Jeffery R. Holland testificou:

“Vi realizada em minha própria vida a promessa de ‘que o eterno Deus … o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga’. Sou uma testemunha de que Ele ‘dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor’.”[63]

O versículo 30 descreve o estado lamentável do iníquo: “Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão”.

O versículo 31 descreve a bondade do Senhor ao obediente: “Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão”. “Esperar no Senhor” vem do hebraico que significa “antecipar” pelo Senhor.[64] Assim como as novas penas crescem nas águias, para renovar seu poder de voar, o Senhor fortalecerá e renovará os justos que O servem.

Robert D. Hales falou a respeito desta passagem:

“Caros irmãos, quando passarem pelas dores, provas e provações de vida, acheguem-se ao Salvador. ‘Esperarei ao Senhor … e a ele aguardarei’.[65] ‘… Os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão’ (ênfase adicionão). Somos curados no memento determinado pelo Senhor e à maneira Dele. Sejam pacientes.”[66]

Obediência à lei de Saúde do Senhor—referida em Doutrina e Convênios como “Uma Palavra de Sabedoria”[67]—é uma demonstração de obediência dos fiéis, que foram prometidos obterem estas mesmas bênçãos:

“E todos os santos que se lembrarem de guardar e fazer estas coisas, obedecendo aos mandamentos, receberão saúde para o umbigo e medula para os ossos;
“E encontrarão sabedoria e grandes tesouros de conhecimento, sim, tesouros ocultos;
“E correrão e não se cansarão; e caminharão e não desfalecerão.
“E eu, o Senhor, faço-lhes uma promessa de que o anjo destruidor passará por eles, como os filhos de Israel, e não os matará.”[68]

As frases paralelas “correrão e não se cansarão” e “caminharão e não desfalecerão” são sinônimas. A palavra “correrão” sendo combinada com “não se cansarão” e “caminharão” sendo combinada com “não desfalecerão” não têm nenhuma significância especial, embora esta mesma cobinação de palavaras aparecerem na Palavra de Sabedoria.

Compare uma estrutura semelhante apresentada anteriormente, no capítulo 8, que diz: “Liga o testemunho, sela a lei entre os meus discípulos”.[69] Em outros dois casos, estes elementos ocorrem em ordem reversa. Em um dos casos em Doutrina e Convênios eles são aprentados como “ligar a lei e selar o testemunho”[70] enquanto que em outro caso eles são apresentados como “permite a teus servos que selem a lei e liguem o testemunho”.[71] Devido estas frases paralelas serem, bem dizer, sinônimas, em nenhum dos casos o significado muda.

Os versículos 29 até 31 contêm um quiasma:

A: (29) Dá força ao cansado,
B: e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.
C: (30) Os jovens
D: se cansarão
D: e se fatigarão,
C: e os moços certamente cairão;
B: (31) Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias;
A: correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão.

O Senhor fortalece o obediente e humilde. “Dá força ao cansado” é equivalente à frase “correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão”. Obediência à lei de saúde do Senhor é um meio de ser fortalecido pelo Senhor.

NOTAS

[1]. Os capítulos 2 até 39 descreve Israel em sua terra natal num estado de iniquidade; capítulos 40 até 54 descreve Israel em exílio no mundo em geral, interagindo com pessoas e acontecimentos; e capítulos 55 até 66 descreve o retorno glorioso de Israel à sua terra natal depois de seu arrependimento e purificação.
[2]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 5162, p. 636.
[3]. Os versículos 1 e 2 contêm um quiasma: Consolai/o meu povo//vosso Deus/falai benignamente.
[4]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6635, p. 838-839.
[5]. Êxodo 22:9.
[6]. Doutrina e Convênios 82:3.
[7]. Lucas 12:48.
[8]. Os versículos 2 e 3 contêm um quiasma: Da mão do Senhor/pecados/voz do que//clama/deserto/do Senhor.
[9]. Ver Isaías 11:16; 19:23; 35:8; 40:14; 49:11 e comentário pertinente.
[10]. Mateus 3:3-6. Ver também Marcos 1:3-4; Lucas 3:4; e João 1:23.
[11]. 1 Néfi 10:7-10.
[12]. D&C 33:10.
[13]. D&C 65:1, 3.
[14]. Isaías 35:8.
[15]. Mateus 7:14.
[16]. Ver Êxodo 14:21‑31.
[17]. Ver Isaías 3:12; 8:11; 26:7-8; 28:7 e comentário pertinente.
[18]. D&C 136.
[19]. D&C 84:28.
[20]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7406, p. 940.
[21]. D&C 49:23.
[22]. Ver Dicionário Bíblico—Tiago, Epístola de.
[23]. Tiago 1:9‑10.
[24]. Isaías 40:6.
[25]. Ver Tiago 1:5‑6.
[26]. Ver Joseph Smith—História 1:11 e versículos seguintes.
[27]. D&C 104:16.
[28]. D&C 101:22‑23.
[29]. Lucas 3:4-6.
[30]. “O Cristo vivo—O Testemunho dos Apóstolos”, A Liahona, Abril 2000, p. 2-3.
[31]. Tiago 1:10.
[32]. Os versículos 6 e 7 contêm um quiasma que sobrepõe o dos versículos 5 até 7: Toda a carne é erva/a sua beleza/seca-se a erva//cai a flor/o Espírito do Senhor/o povo é erva.
[33]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7307, p. 924.
[34]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7307, p. 924.
[35]. 1 Pedro 1:24-25.
[36]. Os versículos 8 e 9 contêm um quiasma: Nosso Deus/ó Sião/levanta a tua voz//levanta-a/cidades de Judá/vosso Deus.
[37]. Brown et al., 1996, Número de Strong 1319, p. 142.
[38]. Ernest Klein, A Comprehensive Etymological Dictionary of the English Language [Um Dicionário Etimológico Completo do Inglês]:Elsevier Publishing Company, New York, 1971, p. 318.
[39]. Ver Isaías 3:16; 33:5, 14, 20; 34:8; 37:32; 41:27; 51:3.
[40]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 343.
[41]. D&C 1:14.
[42]. João 10:11‑15.
[43]. Alma 5:38.
[44]. Hinos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1990, Hino número 37, “O Senhor Meu Pastor É.”
[45]. Hinos, número 140, “Ama O Pastor Seu Rebanho.”
[46]. Delbert L. Stapley, “O Que Constitui a Igreja Verdadeira”, A Liahona, Outubro de 1977, p. 21.
[47]. Os versículos 10 até 11 contêm um quiasma: Senhor DEUS/seu braço dominará/seu galardão//seu salário/entre os seus braços/guiará suavemente.
[48]. O versículo 12 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Mediu/mão/águas//céus/palmos/recolheu numa medida. Parry, 2001, p. 261.
[49]. Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 159.
[50]. Romanos 11:33-34; Ver também 1 Coríntios 2:15.
[51]. D&C 76:2.
[52]. O versículo 14 contém um quiasma: Lhe desse entendimento/lhe ensinasse//lhe ensinasse/lhe mostrasse … entendimento. Parry, 2001, p. 261.
[53]. Ver Isaías 11:16; 19:23; 35:8; 49:11 e comentário pertinente.
[54]. Ver Isaías 1:17; 28:7; 40:27; 42:3; 59:8.
[55]. O versículo 26 contém dois quiasmas;o primeiro é reconhecido no hebraico original: Levantai ao alto/olhos//vede/quem. Seu número/grandeza das suas forças//forte em poder/nenhuma. Em Parry, 2001, p. 261.
[56]. Salmo 147:4.
[57]. D&C 88:25.
[58]. O versículo 27 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Está encoberto/meu caminho/ao Senhor// ao meu Deus/meu juízo/passa despercebido. Em Parry, 2001, p. 261.
[59]. Ver Isaías 26:7-8; 28:7; 42:16 e comentário pertinente.
[60]. Ver Isaías 1:17; 28:7; 40:14; 42:3; 59:8.
[61]. Ver Isaías 5:26; 26:15; 41:5, 9.
[62]. Ver Isaías 41:20; 42:5; 44:24; 45:12; Moisés 1:33; 4:2.
[63]. Jeffrey R. Holland, “As Coisas Pacíficas do Reino”, A Liahona, Janeiro de 1997, p. 88.
[64]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6960, p. 875.
[65]. Isaías 8:17; 2 Néfi 18:17.
[66]. Robert D. Hales, “A Cura da Alma e do Corpo”, A Liahona, Janeiro de 1999, p. 16.
[67]. Ver D&C 89:1.
[68]. D&C 89:18‑21.
[69]. Isaías 8:16.
[70]. D&C 88:84.
[71]. D&C 109:46.

CAPÍTULO 9: “O Povo Que Andava Em Trevas, Viu Uma Grande Luz”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

__________________________________________________________________________________________

A primeira parte deste capítulo é uma profecia predizendo a vinda do Messias, referindo-se tanto ao ministério mortal do Senhor, quanto à Sua Segunda Vinda.  Ao seguir vemos uma advertência dirigida especialmente a Efraim, porém aplicável a Judá e aos descendentes de ambas tribos nos últimos dias, para que evitassem o orgulho e a corrupção governamental, ou seriam destruídos. Este capítulo é citado completamente por Néfi, com pequenas variações, mostradas em itálico quando forem citadas. Compare 2 Néfi 19.

Versículo 1 declara: “Mas a terra, que foi angustiada, não será entenebrecida; envileceu nos primeiros tempos, a terra de Zebulom, e a terra de Naftali; mas nos últimos tempos a enobreceu junto ao caminho do mar, além do Jordão, na Galileia das nações”.[1] O Livro de Mórmon apresenta “…e depois afligiu mais severamente, pelo caminho do Mar Vermelho…”.[2] As terras de Zebulom e Naftali se encontravam na direção oeste e noroeste, respectivamente, do Mar da Galileia.[3] A  palavra entenebrecida que se encontra na primeira parte do versículo 1 refere-se ao último versículo do capítulo 8; a conjunção “mas”, estabelece esta conexão e indica que as trevas (entenebrecer significa cobrir de trevas) mencionadas aqui é a escuridão espiritual, trazida pelas iniquidades mencionadas nos últimos versículos do capítulo 8. Escuridão, ou temor e desencorajamento descrevem os sentimentos do povo quando os invasores assírios vieram atacar pela primeira vez as terras de Zebulom e de Naftali.

Comentadores rabínicos “relacionam isto aos ataques assírios sob o comando de Tiglate-Pileser e Sargão II”.[4] Entretanto, devido Isaías usar acontecimentos desta época como exemplos de acontecimentos que viriam a acontecer no futuro, não se deve depender somente nos registros históricos como chave principal para entender as palavras de Isaías.

Os versículos 2 até 5 descrevem a glória a ser contemplada na vinda do Senhor. O versículo 2 declara: “O povo que andava em trevas, viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz”. Esta passagem descreve uma grande luz que influenciaria todos “os que habitavam na região da sombra da morte”, o que significa todos os habitantes da Terra em seu estágio mortal probatório na época da vinda do Senhor. Durante Seu ministério mortal essa luz era espiritual, compreendida somente por aqueles que acreditavam e entendiam Sua missão divina. Todavia, Ele rompeu as ligaduras da morte e proporcionou a salvação para todos; esta luz de esperança e felicidade brilham em cada um de nós que somos os beneficiários de Sua Expiação. Na Sua Segunda Vinda, esta luz será um fenômeno físico também.

Os versículos 1 e 2 foram citados por Mateus; esta profecia de Isaías é uma das diversas profecias citadas por escritores do Novo Testamento que foram cumpridas com acontecimentos na vida de Jesus Cristo:[5]

“E, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zebulom e Naftali;
“Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías, que diz:
“A terra de Zebulom, e a terra de Naftali, junto ao caminho do mar, além do Jordão, A Galileia das nações;
“O povo, que estava assentado em trevas, viu uma grande luz; aos que estavam assentados na região e sombra da morte, A luz raiou.”[6]

Esta passagem ilustra o uso extenso de símbolos e duplo significados usados por Isaías, e a compreensão profunda que Mateus tinha deles.

O versículo 2 é a base textual para a obra “O Messias” de Handel, Parte 1, número 11—Ária para Baixo, “O povo que andava em trevas viu uma grande luz”.

O versículo 3 declara: “Tu multiplicaste a nação, a alegria lhe aumentaste; todos se alegrarão perante ti, como se alegram na ceifa, e como exultam quando se repartem os despojos”. A tradução de Joseph Smith afirma “…e todos se alegrarão perante ti…”.[7] Haverá uma grande alegria na vinda do Senhor—alegria semelhante à quando há uma boa ceifa, ou quando os soldados conquistadores repartem os despojos. “Multiplicaste a nação” refere-se ao Convênio Abraâmico, no qual foi prometido a Abraão uma posteridade inumerável.[8] O número dos congregados e dos que retornarem por meio da Restauração e pregação do evangelho será grande, culminando na época da Segunda Vinda do Senhor.

Ao contrastar o temor e apreensão provocada pelas ameaças de invasão dos assírios, que tanto Israel quanto Judá enfrentaram, com a luz, alegria e gratidão trazida pela vinda do Messias prometido, Isaías confirma que as condições impostas pelos invasores seriam somente temporárias. Num tempo no futuro, o Messias viria aos descendentes de Abraão, um povo que ainda existiria.

Os versículos 1 até 3 formam um quiasma:

(1) Mas a terra, que foi angustiada, não será entenebrecida; envileceu nos primeiros tempos, a terra de Zebulom, e a terra de Naftali;
A: mas nos últimos tempos afligiu mais severamente junto ao caminho do Mar Vermelho,
B: além do Jordão, a Galileia das nações.
C: (2) O povo que andava em trevas viu uma grande luz;
C: e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz.
B: (3) Tu multiplicaste a nação,
A: a alegria lhe aumentaste; todos se alegrarão perante ti, como se alegram na ceifa, e como exultam quando se repartem os despojos.

Isaías usa um contraste literário neste quiasma para comparar as trevas e o temor infligido pelos invasores assírios, descrito no lado ascendente do quiasma; com a alegria que o povo sentiria quando o Senhor vier em Sua glória, descrito do lado descendente. Num contraste literário, os opostos são comparados a fim de ressaltarem as diferenças. A alegria que sentirá o “povo que andava em trevas” e os “que habitavam na região da sombra da morte”, seria porque o povo “viu uma grande luz”, e porque “resplandeceu a luz” sobre eles.

Os versículos 4 e 5 descrevem a destruição que aconteceria entre os opressores do povo do Convênio do Senhor na Sua Segunda Vinda. O versículo 4 inicia dizendo: “Porque tu quebraste o jugo da sua carga, e o bordão do seu ombro, e a vara do seu opressor, como no dia dos midianitas”. O Livro de Mórmon omite “como no dia dos midianitas”.[9]  Na Segunda Vinda do Senhor Seu povo será livrado da opressão.

O versículo 5 continua: “Porque todo calçado que levava o guerreiro no tumulto da batalha, e todo o manto revolvido em sangue, serão queimados, servindo de combustível ao fogo”.[10] Ao invés das típicas cenas de batalha caracterizadas pelo “tumulto” e mortes provocadas por armas convencionais, resultando em “todo o manto revolvido em sangue”, nesta destruição “serão queimados, servindo de combustível ao fogo”. Será que isto significa um holocausto nuclear, ou se refere aos iníquos sendo consumido pela glória da presença Senhor? No capítulo 10 Isaías declara: “Por isso o Senhor, o Senhor dos Exércitos, fará definhar os que entre eles são gordos, e debaixo da sua glória ateará um incêndio, como incêndio de fogo. Porque a Luz de Israel virá a ser como fogo e o seu Santo por labareda, que abrase e consuma os seus espinheiros e as suas sarças num só dia”.[11] Isto parece indicar que a glória do Senhor será o fogo consumidor—aqueles que forem indignos de Sua presença, e que não forem capazes de suportá-la, serão consumidos. “Seus espinheiros e as suas sarças” também referem-se às falsas doutrinas, que serão exterminadas na Sua vinda.[12]

Outras passagens que parecem indicar que a glória do Senhor será o fogo consumidor são: “Está queimada pelo fogo, está cortada; pereceu pela repreensão da tua face”, em Salmos;[13] “Os montes tremem perante ele, e os outeiros se derretem; e a terra se levanta na sua presença; e o mundo, e todos os que nele habitam”, em Naum;[14] e “Porque eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo”, em Malaquias.[15] Esta passagem em Malaquias foi citada pelo Anjo Moroni ao jovem profeta Joseph Smith com algumas variações: “Porque eis que vem o dia que arderá como fornalha e todos os soberbos, sim, e todos os que cometem impiedade, queimarão como a palha; e aqueles que hão de vir os abrasarão, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que lhes não deixarão nem raiz nem ramo” (ênfases adicionadas).[16] A glória do Senhor e a das hostes de anjos que Lhe acompanham, aparentemente, queimará os ímpios.

Talvez uma conflagração nuclear ocorrerá nesta época, também. Uma guerra nuclear é possivelmente a “abominação desoladora” profetizada por Daniel.[17]

Revelações modernas nos esclarecem este assunto:

“Eis que o tempo presente se chama hoje até a vinda do Filho do Homem e, em verdade, é um dia de sacrifício e um dia para o dízimo de meu povo; pois aquele que paga o dízimo não será queimado na sua vinda.
“Porque depois de hoje vem a queima—falando à maneira do Senhor—pois em verdade eu digo que amanhã todos os soberbos e os que praticam iniquidade serão como o restolho; e queimá-los-ei, pois sou o Senhor dos Exércitos, e não pouparei quem permanecer em Babilônia.”[18]

O versículo 6 apresenta a profecia sobre Cristo: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. Estas palavras ficaram imortalizadas em “O Messias” de Handel, Parte 1, número 12—Refrão, “Porque um Menino Nos Nasceu”. Quem não se emociona com uma apresentação de um coral destas palavras tão comoventes?

A palavra hebraica traduzida como “Maravilhoso” é um substantivo masculino,[19] que indica que deveria haver um título distinto de o Senhor, ao invés de um adjetivo ou uma palavra subsequente, “Conselheiro”. No Livro de Mórmon,[20] bem como em traduções bíblicas, incluindo a versão de João Ferreira de Almeida em português, a versão em inglês de King James e a versão em espanhol de Valera, uma vírgula foi colocada corretamente pelos tradutores depois do título “Maravilhoso”, preservando o significado original intencionado.

Parte da profecia anunciada no versículo 6 foi cumprida com o nascimento de Jesus, mais o restante está para ser cumprida na Sua Segunda Vinda. Durante Seu ministério mortal Ele não presidiu sobre nenhum governo político, e Ele foi aclamado “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” somente por seus seguidores mais fiéis. Os escritores no Novo Testamento proclamaram que esta profecia de Isaías relaciona-se ao ministério mortal e imortal de Jesus Cristo.[21]

Como podemos dizer que Jesus Cristo é o Pai da Eternidade? Abinádi, um profeta do Livro de Mórmon, explicou:

“Eis que vos digo que quem tenha ouvido as palavras dos profetas, sim, de todos os santos profetas que profetizaram sobre a vinda do Senhor, digo-vos que todos aqueles que tenham escutado suas palavras e acreditado que o Senhor redimiria seu povo e hajam esperado ansiosamente pelo dia da remissão de seus pecados, eu vos digo que estes são a sua semente, ou seja, os herdeiros do reino de Deus.
“Porque estes são aqueles cujos pecados ele tomou sobre si; estes são aqueles por quem ele morreu, para redimi-los de suas transgressões. E agora, não são eles sua semente?[22]

O Senhor Jesus Cristo torna-se o Pai, espiritualmente falando, de todos os que se beneficiarem de Seu sacrifício redentor e de todos aqueles que tomam Seu nome sobre eles—o Pai de sua salvação.

Os versículos 4 até 6 contêm um quiasma:

A: (4) Porque tu quebraste o jugo da sua carga, e o bordão do seu ombro,
B: e a vara
C: do seu opressor, como no dia dos midianitas.
D: (5) Porque todo calçado que levava o guerreiro no tumulto da batalha, e todo o manto revolvido em sangue,
D: serão queimados, servindo de combustível ao fogo.
C: (6) Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu,
B: e o principado
A: está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.

Isaías usa novamente um contraste literário para enfatizar a grande diferença entre o governo do Senhor e a opressão da Assíria, ou a destruição pelo fogo que precederá a Segunda Vinda do Senhor. O “ombro” do povo suportando “a vara” da opressão contrasta-se com os amplos ombros do Redentor que suportaria a responsabilidade de um governo justo. “A vara” da opressão contrasta-se com o governo benevolente do Senhor; “opressor” é o oposto de “porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu”. Ao invés de vir como um conquistador opressivo, o Redentor nasceria como uma criança inocente. A frase “No tumulto da batalha, e todo o manto revolvido em sangue” contrasta-se com “serão queimados, servindo de combustível ao fogo” para indicar que a destruição antes da Segunda Vinda do Redentor seria pelo fogo ao invés de métodos prevalentes de guerra.

A profecia de Isaías continua no versículo 7, declarando o acesso do Senhor ao trono de Davi:[23] “Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto”. Cristo é o herdeiro literal do trono de Davi.

Versículos 6 até 7 contêm um quiasma:

(6) Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro,
A: Deus Forte,
B: Pai da Eternidade,
C: Príncipe
D: da Paz. (7) Do aumento deste principado
D: e da paz não haverá fim,
C: sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça,
B: desde agora e para sempre;
A: o zelo do Senhor dos exércitos fará isto.

Neste quiasma “Deus Forte” é equivalente ao “Senhor dos exércitos”, estabelecendo a equivalência destes dois títulos para o Senhor Jeová. “Pai da Eternidade” compara-se com “desde agora e para sempre”. “Príncipe” equivale ao “trono de Davi e no seu reino”, provando que “Príncipe da Paz” refere-se especificamente a herança de Cristo ao trono de Davi. “Paz”, o enfoque central deste quiasma, caracterizaria o reino do Senhor na Terra.

Os versículos 8 até 21 contêm uma mensagem profética, ou sermão sacerdotal, a Efraim, ou ao reino setentrional de Israel.[24] Este sermão sacerdotal consiste-se em três oráculos de pesar que descrevem as iniquidades, inclusive o orgulho e a corrupção governamental, pelas quais Efraim está sendo destruído. O quarto oráculo de pesar, dirigido contra Efraim e Judá, abrange a primeira parte do capítulo 10. Entretanto, a mensagem completa também aplica-se a nós nos últimos dias. Estes acontecimentos, que iriam se passar com as antigas Efraim e Judá, são exemplos de semelhantes ocorrências em nossos dias.

Os quiasmas nesta mensagem profética fornecem uma ponte entre os quatro oráculos de pesares, unificando-os como uma advertência coerente. A frase final de cada oráculo de pesar— “nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão” —forma a declaração central no primeiro quiasma, uma declaração auxiliar no segundo, a reflexão da declaração introdutória no terceiro, e a declaração introdutória e sua reflexão no quarto quiasma. As frases que são quiasmaticamente equivalentes fornecem um método para discernir o significado intencionado por Isaías.

O versículo 8 significa que o Senhor enviou uma mensagem profética a Israel: “O Senhor enviou uma palavra a Jacó, e ela caiu em Israel”. No Livro de Mórmon diz: “O Senhor enviou sua palavra a Jacó…”.[25] A mensagem segue nos próximos versículos.

O versículo 9 declara: “E todo este povo o saberá, Efraim e os moradores de Samaria, que em soberba e altivez de coração, dizem” — A frase “todo este povo o saberá” indica que o reino de Israel todo saberá sobre esta mensagem profética e deverá aprender com esta mensagem. E também, é um exemplo da Segunda Vinda quando “a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente a verá…”.[26] Todo o povo de “Efraim e os moradores de Samaria” saberão, apesar do orgulho—soberba e altivez de coração—que tomou conta de seus corações.

No versículo 10, o orgulho do povo de Efraim e Samaria é manifestado em sua declaração que apesar da destruição que lhes sobreviria, eles por si mesmos reconstruiriam melhor que antes: “Os tijolos caíram, mas com cantaria tornaremos a edificar; cortaram-se os sicômoros, mas em cedros as mudaremos”.

No versículo 11, “Portanto o Senhor suscitará, contra ele, os adversários de Rezim, e juntará os seus inimigos” indica que os inimigos do rei da Síria juntar-se-iam para guerrear contra ele.

O versículo 12 continua: “Pela frente virão os sírios, e por detrás os filisteus, e devorarão a Israel à boca escancarada; e nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”. Esta frase descreve uma longa história de guerras contra o reino setentrional de Israel, que finalmente resultaria em sua destruição. Israel e Síria, aliados contra o reino meridional de Judá, seriam destruídos pelos seus adversários.

A frase final do versículo 12, “nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão” significa que a justiça da ira do Senhor continua e sua mão está estendida contra eles para puni-los. Aparentemente, o tempo para o arrependimento terá passado quando estas condições surgirem. Esta frase aparece pela primeira vez no capítulo 5, onde é precedida por uma frase paralela com algumas diferenças na redação, porém com o mesmo significado: “Por isso se acendeu a ira do Senhor contra o seu povo, e estendeu a sua mão contra ele”.[27] A frase repete-se três vezes no capítulo 9,[28] e aparece uma vez mais no capítulo 10,[29] todas com o mesmo significado. Uma segunda interpretação é que “com tudo isto, o Senhor ainda está disponível para ajudá-los, se eles se voltarem para Ele”.[30] A primeira interpretação é absolutamente verdadeira, já a segunda continua sendo uma possibilidade, dado o caráter misericordioso do Senhor.

Este Segundo significado é explicado por Néfi:

“Ai dos gentios, diz o Senhor Deus dos Exércitos! Pois apesar de eu estender o braço sobre eles, dia após dia, eles me negarão; não obstante, serei misericordioso para com eles, diz o Senhor Deus, caso se arrependam e venham a mim; pois o meu braço está estendido o dia todo, diz o Senhor Deus dos Exércitos (ênfases adicionadas).”[31]

A frase final do versículo 12, “nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão” é equivalente quiasmaticamente à frase “este povo não se voltou para quem o feria, nem buscou ao Senhor dos Exércitos” no versículo 13. Aqui fica claro que o Senhor estenderia Sua mão para ferir os iníquos de Israel.

Em Doutrina e Convênios, o Senhor explica que Seu braço estende-se para salvar o Seu povo contra os iníquos nos últimos dias: “Eu sou aquele que tirou os filhos de Israel da terra do Egito; e meu braço estende-se nos últimos dias, para salvar meu povo Israel”.[32]

A mensagem do versículo 13 é que tribulações e punições pela mão do Senhor raramente levam ao arrependimento: “Todavia este povo não se voltou para quem o feria, nem buscou ao Senhor dos Exércitos”.

Os versículos 14 e 15 descrevem a destruição que sobreviria a Israel; isto também é um exemplo da destruição dos ímpios nos últimos dias. O versículo 14 declara: “Assim o Senhor cortará de Israel a cabeça e a cauda, o ramo e o junco, num mesmo dia”. “A cabeça e a cauda, o ramo e o junco” significam as diferentes camadas sociais.[33] “Junco” é um nome dado às plantas herbáceas aquáticas, alongadas e flexíveis, comumente usadas para tecelagem de cestas e tapetes.[34] A destruição seria dirigida primeiramente aos líderes e clero corruptos de Israel, porém se estenderia à camada mais baixa do reino—todos os que estiverem envolvidos em mentiras[35] e outras corrupções. A destruição aconteceria rapidamente, em um dia.

Os versículos 12 até 14 contêm um quiasma:

A: (12) Pela frente virão os sírios, e por detrás os filisteus,
B: e devorarão a Israel à boca escancarada;
C: e nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
C: (13) Todavia este povo não se voltou para quem o feria, nem buscou ao Senhor dos Exércitos.
B: (14) Assim o Senhor cortará de Israel
A: a cabeça e a cauda, o ramo e o junco, num mesmo dia

A frase “pela frente virão os sírios, e por detrás os filisteus” complementa “a cabeça e a cauda, o ramo e o junco”. Os exércitos invasores—ou sua analogia nos últimos dias—traria a destruição descrita. “Israel” no versículo 12 é o mesmo que “Israel” no versículo 14, identificando o reino de Israel e seu equivalente nos últimos dias como alvo da destruição. “Nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão” é equivalente à “todavia este povo não se voltou para quem o feria, nem buscou ao Senhor dos Exércitos”. Aqui fica claro que o propósito do Senhor ao estender a Sua mão é para feri-los, mas isto não faz com que o povo busque ao Senhor.

No versículo 15 o profeta explica parcialmente o simbolismo, inserido em parêntesis: “15 (O ancião e o homem de respeito é a cabeça; e o profeta que ensina a falsidade é a cauda)”. O Livro de Mórmon omite “e o homem de respeito”,[36] revelando que não haveria ninguém que seria considerado respeitável aos olhos do Senhor entre os que seriam destruídos naquela época.

No versículo 16 Isaías continua a explicação: “Porque os guias deste povo são enganadores, e os que por eles são guiados são destruídos”. “Os guias deste povo” ―a cabeça―significa líderes políticos e a cauda significa líderes espirituais. “Os que por eles são guiados” são o ramo e o junco.

O versículo 17 continua: “Por isso o Senhor não se regozija nos seus jovens, e não se compadecerá dos seus órfãos e das suas viúvas, porque todos eles são hipócritas e malfazejos, e toda a boca profere doidices; e nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”. A nação inteira—dos seus jovens até os seus órfãos e as suas viúvas—são hipócritas, malfeitores e mentirosos.

No versículo 18, os iníquos são apresentados como combustível para o fogo: “Porque a impiedade lavra como um fogo, ela devora as sarças e os espinheiros; e ela se ateará no emaranhado da floresta; e subirão em espessas nuvens de fumaça”. As sarças e os espinheiros para serem devorados são as falsas doutrinas que surgiriam no lugar da verdade,[37] resultando num longo período de apostasia. “Se ateará no emaranhado da floresta” significa que as sociedades dos nobres e poderosos seriam destruídas.[38] Tudo desapareceria como nuvens de fumaça.[39]

O versículo 19 continua a metáfora e provê uma explicação: “Por causa da ira do Senhor dos Exércitos a terra se escurecerá, e será o povo como combustível para o fogo; ninguém poupará ao seu irmão”.[40] Os ímpios serão queimados pelo fogo da destruição, com as pessoas servindo como combustível para o fogo. A palavra hebraica traduzida como “poupar” significa “ter piedade ou compaixão”.[41]

O versículo 20 declara: “Se colher à direita, ainda terá fome, e se comer à esquerda, ainda não se fartará; cada um comerá a carne de seu braço”. Ganancia e corrupção lastrar-se-iam desenfreadamente sobre a terra. Todos enganariam ou roubariam seu vizinho à direita, porém ainda quereriam mais, e cada um roubaria de seu vizinho à esquerda e ainda não ficariam satisfeitos. Essas terríveis condições resultariam em um colapso total da sociedade; as ações corruptas do povo seriam tão destrutivas para a sociedade quanto a ação de comer a carne do seu próprio braço seria para o corpo.

O versículo 21 continua: “Manassés a Efraim, e Efraim a Manassés, e ambos serão contra Judá. Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”. Este versículo e os versículos precedentes descrevem os terrores da guerra infligidos sobre Efraim, Manassés e Judá. A frase final, “Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”, significa que a justiça da ira do Senhor continua e está estendida a sua mão contra eles para puni-los.[42]

Os versículos 19 até 21 formam um quiasma:

A: (19) Por causa da ira do Senhor dos Exércitos a terra se escurecerá, e será o povo como combustível para o fogo;
B: ninguém poupará ao seu irmão.
C: (20) Se colher à direita, ainda terá fome,
C: e se comer à esquerda, ainda não se fartará;
B: cada um comerá a carne de seu braço. (21) Manassés a Efraim, e Efraim a Manassés, e ambos serão contra Judá.
A: Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.

A frase “Por causa da ira do Senhor dos Exércitos a terra se escurecerá” complementa “Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”, e “ninguém poupará ao seu irmão” complementa “cada um comerá a carne de seu braço”, provendo uma interpretação para o simbolismo. “Se colher à direita, ainda terá fome” complementa “e se comer à esquerda, ainda não se fartará”, formando o enfoque central do quiasma.

A frase final, “Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão”, é também a frase introdutória do quiasma formada pelo quarto oráculo de pesar, que se consiste dos primeiros quatro versículos do capítulo 10.[43]

NOTAS

[1]. Versículo 1 contém um quiasma: Entenebrecida/nos primeiros tempos/Zebulom//Naftali/nos últimos tempos/ enobreceu.
[2]. 2 Néfi 19:1.
[3]. Ver Mapa Bíblico 3.
[4]. Ver Isaías 9:1, nota de rodapé da versão da Bíblia de King James em inglês 1b.
[5]. Ver Isaías 6:10, comentário pertinente e endnote.
[6]. Mateus 4:13-16.
[7]. Joseph Smith’s “New Translation” of the Bible [“Nova Tradução” da Bíblia por Joseph Smith]: Herald Publishing House, Independence, Missouri, 1970, p. 197.
[8]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah: [Compreendendo Isaías] Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 94.
[9]. 2 Néfi 19:4.
[10]. Ver Isaías 1:7, 28; 5:24; 9:18-19 e comentário pertinente.
[11]. Isaías 10:16-17.
[12]. Ver Isaías 5:6 e comentário pertinente.
[13]. Salmos 80:16.
[14]. Naum 1:5.
[15]. Malaquias 4:1.
[16]. Joseph Smith—História 1:37.
[17]. Ver Daniel 9:27, 11:31, e 12:11; Ver também Mateus 24:15.
[18]. Doutrina e Convênios 64:23-24.
[19]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 6382, p. 810.
[20]. Ver 2 Néfi 19:6.
[21]. Ver também Isaías 7:14; 11:1; 25:9; 53:5.
[22]. Mosias 15:11-12.
[23]. Ver Gênesis 49: 9-10.
[24]. Ver Avraham Gileadi, The Book of Isaiah: A New Translation With Interpretive Keys From The Book of Mórmon [O Livro de Isaías: Uma nova tradução com chaves interpretativas do Livro de Mórmon]: Deseret Book Company, P.O. Box 30178, Salt Lake City, Utah 84130, 1988, p. 19.
[25]. 2 Néfi 19:8.
[26]. Isaías 40:5.
[27]. Isaías 5:25.
[28]. Isaías 9:12, 17, e 21.
[29]. Isaías 10:4.
[30]. Isaías 9:12, nota de rodapé na Bíblia SUD em inglês 12d.
[31]. 2 Néfi 28:32.
[32]. D&C136:22.
[33]. Ver Isaías 19:15, nota de rodapé da versão da Bíblia de King James em inglês 15a.
[34]. Junco em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. Disponível na www: http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/junco.
[35]. Ver Isaías 16:6; 28:15, 17; 59:3-4 e comentário pertinente.
[36]. 2 Néfi 19:15.
[37]. Ver Isaías 55:13; 5:6; 10:17; 27:4; 32:13 e comentário pertinente.
[38]. Ver Isaías 2:13; 10:18-19, 33-34; 14:8; 29:17; 32:15; 37:24; 55:12.
[39]. Ver Isaías 1:7, 28; 5:24; 9:5 e comentário pertinente.
[40]. Os versículos 17 até 19 formam um quiasma: Todos eles…toda a boca/a sua ira/lavra como um fogo/sarças//espinheiros/se ateará/ira do Senhor dos exércitos/ninguém.
[41].  Brown et al., 1996, Número de Strong 2550, p. 328.
[42]. Ver comentários para o versículo 12, onde esta frase também aparece.
[43]. Um outro quiasma também se encontra nos versículos 19 até 21: Ira do Senhor dos exércitos/ninguém poupará ao seu irmão/Manassés/Efraim//Efraim/Manassés/ambos serão contra Judá/não cessou a sua ira.