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CAPÍTULO 40: “E O Que Está Torcido Se Endireitará, E O Que É Áspero Se Aplainará”

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O capítulo 40 é dividido em várias partes. A primeira, abrangendo os versículos 1 até 5, é bem familiar para nós devido as palavras da música de Handel “O Messias”. Na primeira parte Isaías apresenta várias profecias importantes concernenetes à vinda de Cristo, e como este conhecimento confortaria o povo. Abrangendo os versículos 6 até 9, é uma indicação do que João Batista faria para preparar o caminho para o Senhor. Esta segunda parte compara o frágil estágio mortal da humanidade com a estabilidade da palavra de Deus, a qual permaneceria para sempre. A terceira parte, compreendendo os versículos 10 e 11, apresenta a metáfora do Messias como o bom Pastor. Os versículos descrevendo o bom Pastor também foram imortalizados em “O Messias” de Handel. A quarta parte, abrangendo os versículos 12 até 26, descreve a onipotência e onisciência de Deus, contrastando Seu poder com a impotência dos ídolos mudos e a completa insensatez dos homens que os adoram. A quinta e última parte, incluindo os versículos 27 até 31, atesta que aqueles que seguem o Senhor serão fortalecidos.

Este capítulo marca o começo de uma importante divisão no livro de Isaías, abrangendo os capítulos 40 até 54, na qual a antiga nação de Israel é descrita num estado de exílio no mundo em geral, interagindo com pessoas e acontecimentos.[1]

O versículo 1 declara: “Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus”. O significado original em hebraico é “arrepender-se” [2], a fim de serem consolados pelos servos do Senhor.

O versículo 1 serve como introdução para os próximos quatro versículos, que apresentam outras profecias sobre a vinda do Senhor Jesus Cristo. Por que o povo seria consolado? Por causa do conhecimento destas coisas importantes que anunciariam a vinda do Salvador. Por que devemos nos arrepender? Porque a vinda do Senhor está próxima.

O versículo 2 declara: “[2]Falai benignamente a Jerusalém, e bradai-lhe que já a sua milícia é acabada, que a sua iniquidade está expiada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor, por todos os seus pecados”.[3] O significado hebraico para “sua milícia” é “serviço árduo”.[4] Devido ao infinito sacrifício do Senhor, os pecados podem ser perdoados através do arrependimento—tanto os pecados individuais como coletivos. Sob a lei de Moisés, restituição requeria duplo pagamento: “Sobre todo o negócio fraudulento … aquele a quem condenarem os juízes pagará em dobro ao seu próximo”.[5] Na época da restauração de Judá nos últimos dias, em preparação para a Segunda Vinda do Senhor, Judá haverá pago completamente por seus pecados sob a lei. Esta frase também serve como uma advertência de que devido o grau de conhecimento dado à toda a nação de Israel, se ela abandonasse este conhecimento superior, as consequências seriam severas.

Outro significado para a mensagem de conforto e consolo, apresentada nos versículos 1 e 2, pode ser que se Jerusalém tivesse aceito João Batista e sua missão preparatória, suas iniquidades seriam perdoadas.

Em Doutrina e Convênios, o Senhor elabora: “Porque a quem muito é dado, muito é exigido; e o que pecar contra a luz maior, receberá a condenação maior”.[6] Compare as palavras de Jesus no Novo Testamento: “Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá”.[7]

O versículo 3 prediz a missão preparatória de João Batista: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus”.[8] “O caminho”, a metáfora que significa conhecimento do Plano de Salvação,[9] deveria ser preparado antes de Jesus Cristo, o Messias que viria.

João Batista iria diante do Messias para restaurar o conhecimento verdadeiro do Plano de Salvação. O cumprimento desta profecia foi mencionado no Novo Testamento:

“Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse:Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas.
“E este João tinha as suas vestes de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre.
“Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão;
“E eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.”[10]

Néfi recitou os ensinanmentos de seu pai, Leí, acerca de João Batista:

“E falou também sobre um profeta que viria antes do Messias, a fim de preparar o caminho do Senhor—
“Sim, ele iria clamar no deserto: Preparai o caminho do Senhor e endireitai as suas veredas, pois há entre vós um que não conheceis e ele é mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de desatar a correia das alparcas. E muito falou meu pai a respeito disto.
“E disse meu pai que ele batizaria em Betabara, além do Jordão; e também disse que ele batizaria com água; que ele batizaria o Messias com água.
“E depois de haver batizado o Messias com água, ele reconheceria e testificaria haver batizado o Cordeiro de Deus que iria tirar os pecados do mundo.”[11]

Aos Seus discípulos dos últimos dias, o Senhor aplica o mesmo mandamento “endireitai as suas veredas” como parte da Restauração, preparatório para a Segunda Vinda do Senhor: “Sim, abri vossa boca e ela encher-se-á, dizendo: Arrependei-vos, arrependei-vos e preparai o caminho do Senhor e endireitai suas veredas; pois o reino do céu está próximo”.[12]

O Senhor explica melhor aos Santos dos Últimos Dias:

“Escutai e ouvi uma voz como a de alguém enviado do alto, que é forte e poderoso … cuja voz se dirige aos homems: Preparai o caminhodo Senhor, endireitai suas veredas ….
“Sim, uma voz clamando: Preparai o caminho do Senhor, preparai a ceia do Cordeiro, aprontai-vos para o Esposo.”[13]

“Endireitai no ermo vereda a nosso Deus” prediz a missão preparatória de João Batista e, como um símbolo, prediz o estabelecimento de Sião no deserto antes da Segunda Vinda do Senhor. Anteriormente, no capítulo 35, Isaías predice:

“E ali haverá uma estrada, um caminho, que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão”.[14]

A significância do caminho é espiritual, e quer dizer o “caminho apertado” com uma “porta estreita”. Compare as palavras de Jesus, registradas por Mateus: “E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem”.[15]

O caminho aberto pelo Senhor para os filhos de Israel, para atravessarem o Mar Vermelho, é um símbolo para o caminho espiritual— o caminho estreito e apertado.[16] O caminho do Senhor será tão simples que os caminhantes, mesmo que sejam loucos, não terão nenhuma dificuldade em andar nele, desde que sejam obedientes.[17]

Bem como João Batista teve que fugir para o deserto escapando da perseguição, os Santos dos Últimos Dias foram forçados a fugirem de sua querida cidade—Nauvoo, Illinois—por causa de perseguição. O profeta Joseph Smith foi martirizado. Seu successor, Brigham Young, depois de ter sido orientado pelo Senhor[18], e anteriormente por Joseph Smith, levou os Santos dos Últimos Dias à Grande Bacia do Lago Salgado, um lugar inabitado no oeste dos Estados Unidos da America, onde estabeleceram uma sociedade na qual eles puderam praticar o Cristianismo recentemente restaurado e fortalecerem-se, longe de seus adversários.

Os versículos 1 até 3 foram colocados em forma de música em “O Messias” de Handel, parte 1 número 2—Recitativo para Tenor, “Consolai, consolai o meu povo”.

O Senhor revelou o seguinte a Joseph Smith acerca de João Batista:

“Pois foi batizado quando ainda na infância e, quando tinha oito dias de idade, foi ordenado por um anjo de Deus para esse poder, a fim de derrubar o reino dos judeus e endireitar as veredas do Senhor diante da face de seu povo, com o fim de prepará-lo para a vinda do Senhor, em cujas mãos é dado todo o poder (ênfases adicionadas)”.[19]

O versículo 4 descreve metaforicamente a restauração do evangelho, inclusive a ordem unida praticada pelos que creem, que aconteceria antes da vinda do Messias: “Todo o vale será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro será abatido; e o que é torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará”. O significado em hebraico de “o que é áspero” é “cadeias de montanhas”.[20] Este versículo descreve não só a missão de João Batista em preparar o caminho para o ministério terreno do Senhor Jesus Cristo; mas também como um símbolo para descrever o papel de Joseph Smith, o profeta da restauração nos últimos dias. Esta passagem talvez também esteja se referindo às mudanças tipográficas, que acontecerão antes da a Segunda Vinda do Senhor como resultado de terremotos cataclísmicos;[21] mas, obviamente, não é o significado que se aplica à missão de João Batista ou à restauração do evangelho nos últimos dias.

Tiago, o irmão de Jesus,[22] interpreta o significado de: “Mas glorie-se o irmão abatido na sua exaltação, E o rico em seu abatimento; porque ele passará como a flor da erva”.[23] É obvio que devido a frase “porque ele passará como a flor da erva”, Tiago está se referindo à esta passagem no capítulo de Isaías. No versículo 6, Isaías declara: “Uma voz diz: Clama; e alguém disse: Que hei de clamar? Toda a carne é erva e toda a sua beleza como a flor do campo”.[24] De acordo com esta profecia, seria a responsabilidade de João Batista de introduzir a ordem unida entre seus seguidores, apesar disto não está claramente escrito no Novo Testamento.

Tiago, no versículo que se acaba de citar, explicou mais sobre o conceito de que Deus não faz acepção de pessoas e responderá as orações dos que oram com fé.[25] É interessante notar que quando Joseph Smith estava lendo o primeiro capítulo de Tiago, quando foi inspirado a orar ao Senhor, o que resultou na restauração do evangelho.[26]

Em Doutrina e Convênios o Senhor descreve como os Santos dos Últimos Dias irão estabelecer a lei da consagração para prover suas necessidades temporais, usando palavras similares as de Tiago: “Mas é necessário que seja feito a meu modo; e eis que este é o modo que eu, o Senhor, decretei para suprir meus santos, para que os pobres sejam aumentados naquilo que os ricos são diminuídos” (ênfases adicionadas).[27]

Além disso, doutrinas falsas ou veredas “torcidas” que dizem prover a vida eterna se endireitarão, e “o que é áspero”, que quer dizer doutrinas confusas e difíceis de se compreenderem, se aplainará ao entendimento.

As palavras do versículo 4 formam o texto da música “O Messias” de Handel, Parte 1 número 3—Ária para Tenor, “Todo o Vale Será Exaltado”.

O versículo 5 conclui o conjunto de conceitos messiânicos que proverão conforto ao povo do Senhor: “E a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente a verá, pois a boca do Senhor o disse”.

O Senhor dá mais informações acerca do predito acontecimento:

“Eis que é meu desejo que todos os que invocam meu nome e me adoram, de acordo com meu evangelho eterno, se reúnam e permaneçam em lugares santos;
“E preparem-se para a revelação que virá quando o véu que cobre meu templo, em meu tabernáculo, que oculta a Terra, for retirado; e toda carne juntamente me verá” (ênfases adicionadas).[28]

O significado aqui é que aqueles que clamarem o nome do Senhor e adorá-Lo com pureza de coração serão orientados a congregarem-se em lugares santos para proteção, a fim de se prepararem para a vinda do Senhor. Logo, o Senhor se revelará, através da remoção do véu que cobre seu templo e tabernáculo celestiais. Certamente, será um grande conforto para o povo reto do Senhor de ver o seu Senhor, Jesus Cristo, aparecendo à toda a Terra.

Os versículos 3 até 5 são citados por Lucas no Novo Testamento, identificando João Batista como uma “voz do que clama no deserto”.[29]

As palavras do versículo 5 é parte da lírica da música “O Messias” de Handel, Parte 1 número 4—Refrão, “E a glória do Senhor”.

O versículo 5 é mencionado pelos Apóstolos vivos em uma declaração doutrinal importante acerca de Cristo:

“Testificamos que Ele voltará um dia à Terra. “E a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente a verá …”. Ele governará como Rei dos Reis e reinará como Senhor dos Senhores, e todo joelho se dobrará e toda língua confessará em adoração perante Ele. Cada um de nós será julgado por Ele de acordo com nossas obras e os desejos de nosso coração.”[30]

Os versículos 6 até 8 predizem a mensagem de João Batista, apresentada anteriormente no versículo 3. O versículo 6 começa: “Uma voz diz: Clama; e alguém disse: Que hei de clamar?” A message é: “Toda a carne é erva e toda a sua beleza como a flor do campo”. Este versículo foi parafraseado por Tiago, como foi citado acima.[31] A pessoa designada como “alguém” é João Batista, dirigindo-se ao Senhor.

Os versículos 3 até 6 contêm um quiasma:

A: (3) Voz do que clama no deserto:
B: Preparai o caminho do Senhor;
C: endireitai no ermo
D: vereda a nosso Deus.
E: (4) Todo o vale será exaltado,
E: e todo o monte e todo o outeiro será abatido;
D: e o que é torcido
C: se endireitará, e o que é áspero se aplainará.
B: (5) E a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente a verá, pois a boca do Senhor o disse.
A: (6) Uma voz diz: Clama ….

“Voz do que clama no deserto” compare-se com “uma voz diz: Clama …”. No primeiro caso a voz é de João Batista; no segundo caso a voz é do Senhor, instruindo João Batista no que deveria dizer. “Preparai o caminho do Senhor” complementa “E a glória do Senhor se manifestará”, que significa que a preparação predita é para a gloriosa Segunda Vinda do Senhor. “Endireitai no ermo vereda a nosso Deus” é complementada pela sentença “o que é torcido se endireitará”, indicando que o caminho estreito e apertado que leva à exaltação, torcido pela apostasia, é o que será endireitado. “Todo o vale será exaltado” contrasta-se com “todo o monte e todo o outeiro será abatido”. Estas frases significam que aqueles em altas posições ou estado temporal serão humilhados e o pobre será elevado sob a ordem unida do Senhor, a ser apresentada por João Batista.

O versículo 7 continua a mensagem a ser pronunciada por João Batista: “Seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o Espírito do Senhor. Na verdade o povo é erva”.[32] A última frase deste versículo explica a metáfora. A mesma palavra hebraica para “Espírito” ou “vento” que sopra tem diferentes significados.[33] O sentido que Isaías, provavelmente, intencionou seria que os ventos —representando condições mortais em general, causadas ou permitidas pelo Senhor—trazem a temporalidade da condição humana.

Os versículos 5 até 7 contêm um quiasma:

A: (5) E a glória do Senhor se manifestará,
B: e toda a carne juntamente a verá, pois a boca do Senhor o disse.
C: (6) Uma voz diz: Clama;
C: e alguém disse: Que hei de clamar?
B: Toda a carne é erva e toda a sua beleza como a flor do campo.
A: (7) Seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o Espírito do Senhor. Na verdade o povo é erva.

“A glória do Senhor se manifestará” é comparado com “seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o Espírito do Senhor”. Durante este estágio mortal temporal, cada um de nós deverá receber a influência do Espírito, a fim de suportar a glória da Segunda Vinda do Senhor. “Toda a carne juntamente a verá” combina com “toda a carne é erva”, advertindo-nos que seremos consumidos na Sua vinda como a erva seca, a menos que tenhamos o Espírito conosco.

O versículo 8 contrasta a temporalidade do homem neste estágio mortal com a estabilidade e permanência de Deus: “Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente”. Tudo o que se refere ao homem mortal é temporário, enquanto que Deus e suas palavras são eternos e permanecerão para sempre. Observe as declarações paralelas nos versículos 7 e 8: “Seca-se a erva, e cai a flor” primeiramente corresponde-se com “soprando nela o Espírito do Senhor. Na verdade o povo é erva” no versículo 7, e depois contrasta-se com “porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente” no versículo 8. Que significa que enquanto que o estágio do homem é mortal e temporário, a palavra of Deus é eterna. Novamente, note que “espírito” e “vento” foram traduzidos da mesma palavra hebraica .[34]

O Apóstolo Pedro citou os versículos 6 até 8, expandindo o seu significado:

“Porque toda a carne é como a erva,e toda a glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor;
“Mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada.”[35]

O versículo 9 declara: “Tu, ó Sião, que anuncias boas novas, sobe a um monte alto. Tu, ó Jerusalém, que anuncias boas novas, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize às cidades de Judá: Eis aqui está o vosso Deus”.[36] “Que anuncias boas novas” significa “ele que anuncia boas novas” ou “arauto”;[37] ele que anuncia boas novas concernente à Sião é orientado a subir a um monte alto. A palavra “evangelho” significa “as boas novas”.[38] Semelhantemente, na segunda frase deste versículo, aquele que traria as boas novas do evangelho à Jerusalém é instruido a levantara sua voz com firmeza e sem temor.

Líderes eclesiásticos cuja responsabilidade é de espalhar as boas novas do evangelho deve mostrar ao povo o caminho que leva a Deus, sem temor. Este mandato aplica-se especialmente aos profetas dos últimos dias, cuja missão é a de preparar, tanto o povo de Jerusalém quanto o de Sião, para receber o Messias que retornará. A palavra “Sião” foi usada aqui com duplo sentido—um lugar de coligação espiritual nos últimos dias, bem como um sinônimo para Jerusalém, especialmente a Jerusalém dos últimos dias onde a retidão prevalecerá.[39] “Um monte alto” também refere-se ao templo, um lugar de preparação para aqueles que ensinariam o evangelho.[40]

As palavras do versículo 9 encontram-se na lírica da música “O Messias” de Handel, Parte 1 número 9—Ária para Alto, e Refrão, “Tu, ó Sião, Que Anuncias Boas Novas”.

O versículo 10 declara: “Eis que o Senhor DEUS virá com poder e seu braço dominará por ele; eis que o seu galardão está com ele, e o seu salário diante da sua face”. Esta passagem prediz a Segunda Vinda do Senhor; Sua primeira vinda foi como um bebê em Belém, que se contrasta grandemente com esta descrição. Seu poder militar, bem como a aclamação que merece, devido suas ponderosas realizações, serão evidentes a todos. O Senhor, em Doutrina e Convênios, elaborou: “E o braço do Senhor será revelado; e chegará o dia em que aqueles que não ouvirem a voz do Senhor nem a voz de seus servos nem atenderem às palavras dos profetas e apóstolos serão afastados do meio do povo”.[41]

O versículo 11 apresenta a metáfora do Messías como o bom Pastor: “Como pastor apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no seu regaço; as que amamentam guiará suavemente”. Em seu estado debilitado, as ovelhas que recentemente deram à luz precisam de mais cuidados.

Durante Seu ministério mortal, Jesus declarou ser Ele o bom Pastor:

“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.
“Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas.
“Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas.
“Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.
“Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas.”[42]

Aqui, no contexto do Senhor como o bom Pastor, Jesus prediz Seu infinito sacrifício, onde Ele daria a sua vida pelas ovelhas.

O profeta Alma exortou seu povo:

“Eis que vos digo que o bom pastor vos chama; sim, e em seu próprio nome vos chama, que é o nome de Cristo; e se não quereis dar ouvidos à voz do bom pastor, ao nome pelo qual sois chamados, eis que não sois as ovelhas do bom pastor.”[43]

As palavras do versículo 11 emcontram-se na lírica de “O Messias” de Handel, Parte 1 número 20—Ária para Contralto, “Como Pastor Apascentará O Seu Rebanho”. A metáfora do Senhor como o bom Pastor também é apresentada em Salmos 23. Veja também as palavras dos hinos “O Senhor Meu Pastor É”[44] e “Ama O Pastor Seu Rebanho”.[45]

Delbert L. Stapley ensinou:

“O testemunho de que Jesus é o Bom Pastor era uma figura retórica familiar ao povo acostumado às condições pastoris da Palestina. Jesus sabia que seus ouvintes estavam familiarizados com a profecia de que um pastor fora prometido aos filhos de Israel … Isaías profetizou que, quando Deus descesse, “Como pastor apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos”. Não havia engano no que Jesus queria dizer. Ele era o seu Senhor―o Messias prometido!
“Ao comparar os falsos mestres e pastores com ladrões e mercenários, cuja preocupação era o dinheiro em vez do rebanho. Jesus repudiou todos os enganadores. Não se poderia imaginar uma acusação mais forte!”[46]

Começando no versículo 12, o Senhor é descrito como o Criador: “Quem mediu na concha da sua mão as águas, e tomou a medida dos céus aos palmos, e recolheu numa medida o pó da terra e pesou os montes com peso e os outeiros em balanças?”[47], [48] O Grande Pergaminho de Isaías diz: “Quem mediu na concha da sua mão as águas do mar …?”[49] O poder do Criador é impressionante e inconpreensível ao homem. Note que “quem” foi combinado como uma série de cinco declarações paralelas neste versículo, bem como outras nos versículos seguintes. O propósito de Isaías ao usar estruturas paralelas é para dar ênfases. “Mediu”, “tomou a medida … aos palmos”, “recolheu numa medida”, “pesou … com peso”, e “[pesou] … em balanças”todos estes termos descrevem atividades associadas com construção—o análogo terreno da obra divina da criação. “Aos palmos” refere-se à distância entre a ponta do polegar e o dedo mindinho, quando a mão está completamente aberta.

O versículo 13 continua as perguntas retóricas de Isaías: “Com quem tomou ele conselho, que lhe desse entendimento, e lhe ensinasse o caminho do juízo, e lhe ensinasse conhecimento, e lhe mostrasse o caminho do entendimento?” O conhecimento infinito do Senhor, demonstrado em suas obras de criação, é incompreensível para o homem. Note que a estrutura deste versículo é similar à do versículo anterior, consistindo da frase-guia “com quem”, seguida por duas declarações paralelas que são uma continuação daquelas do versículo 12.

O Apóstolo Paulo parafraseou e expandiu o versículo 13:

“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!
“Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro?” [50]

A revelação moderna invocou palavras similares: “Grande é sua sabedoria, maravilhosos são seus caminhos e a extensão de suas obras ninguém pode descobrir”.[51]

O versículo 14 continua: “Com quem tomou ele conselho, que lhe desse entendimento, e lhe ensinasse o caminho do juízo, e lhe ensinasse conhecimento, e lhe mostrasse o caminho do entendimento?” [52] Aqui, Isaías estabelece que nenhum homem mortal ensinou o Senhor estas coisas; ao contrário, Ele foi ensinado por Seu Pai Celestial. Note, novamente, a estrutura paralela: “Com quem” é a frase-guia, seguida por cinco frases equivalentes e paralelas. “Caminho do juízo” e “caminho do entendimento” simbolizam o Plano de Salvação.[53] “Juízo”, como foi usado aqui, significa “raciocínio são”.[54]

O versículo 15 descreve a magnitude dos feitos do Senhor: “Eis que as nações são consideradas por ele como a gota de um balde, e como o pó miúdo das balanças; eis que ele levanta as ilhas como a uma coisa pequeníssima”. A onipotência do Senhor é novamente atestada, enfatizada pela estrutura paralela.

O versículo 16 descreve a insignificância do homem ao tentar honrar o Senhor por Seu poder e feitos: “Nem todo o Líbano basta para o fogo, nem os seus animais bastam para holocaustos”. Devido Sua grandeza, nem mesmo todos os animais do Líbano, nem todas as lenhas nas grandes florestas, são adequadas para um holocausto grande suficiente para dar devida honra ao Senhor.

O versículo 17 resume: “Todas as nações são como nada perante ele; ele as considera menos do que nada e como uma coisa vã”. Tendo em vista a onipotência e feitos do Senhor, as nações da Terra—juntamente com todos seus feitos humanos—são insignificantes. Se o Senhor tem poder para criar a Terra e colocar o homem sobre ela, certamente Ele tem o poder de cumprir todas as Suas promessas.

O versículo 18 apresenta o desafio de Isaías aos idólatras: “A quem, pois, fareis semelhante a Deus, ou com que o comparareis?” Esta pergunta retórica afirma que não há nenhuma entidade comparável com Deus.

Os versículos 19 e 20 descrevem os esforços fúteis dos idólatras em fazer algo digno de adoração. O versículo 19 começa: “O artífice funde a imagem, e o ourives a cobre de ouro, e forja para ela cadeias de prata”.

O versículo 20 declara: “O empobrecido, que não pode oferecer tanto, escolhe madeira que não se apodrece; artífice sábio busca, para gravar uma imagem que não se pode mover”. Mesmo os pobres que não podem oferecer prata e ouro tentam oferecer madeira que não se apodrece para gravar uma imagem.

O versículo 21 começa com a denúncia exasperada de Isaías: “Porventura não sabeis? Porventura não ouvis, ou desde o princípio não se vos notificou, ou não atentastes para os fundamentos da terra?” Estas quatro perguntas retóricas são estruturadamente paralelas, todas têm o mesmo significado. Seu propósito é de enfatizar; visualize Isaías sublinhando quatro vezes esta idéia. Idolatria é uma grande ignorância.

O versículo 22 relembra a onipotência do Senhor, resumindo as declarações de Isaías nos versículos 12 até 15: “Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda, para neles habitar”. O Senhor, assentado sobre o círculo da Terra, pode ver todos os seus habitantes de uma vez.

O versículo 23 confirma o poder do Senhor sobre os líderes políticos da Terra: “O que reduz a nada os príncipes, e torna em coisa vã os juízes da terra”. Os poderosos, quando comparado com a onipotência do Senhor, são como nada.

O versículo 24 elabora: “E mal se tem plantado, mal se tem semeado, e mal se tem arraigado na terra o seu tronco, já se secam, quando ele sopra sobre eles, e um tufão os leva como a pragana”. Sem os cuidados do Senhor, os governantes políticos são como plantas descuidadas e desnutridas. Eles serão removidos e destruídos de acordo com a vontade do Senhor.

No versículo 25, o Senhor fez outa pergunta retórica: “A quem, pois, me fareis semelhante, para que eu lhe seja igual? diz o Santo”.

No versículo 26, Ele fornece a resposta: “Levantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou estas coisas; foi aquele que faz sair o exército delas segundo o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por causa da grandeza das suas forças, e porquanto é forte em poder, nenhuma delas faltará”. [55] O Salmista afirma: “Conta o número das estrelas, chama-as a todas pelos seus nomes”.[56] Todas as estrelas nos céus testificam do poder de criação do Senhor. Ele conta os números das estrelas nos céus e sabe seus nomes. Cada uma delas obedece as leis dadas pelo Senhor.[57]

O versículo 27 apresenta o desafio de Isaías à Israel: “Por que dizes, ó Jacó, e tu falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus?”[58] Isaías desafia a declaração de Jacó que o Senhor não está ciente de seu caminho difícil e que Deus desconsidera seus melhores esforços. “O meu caminho” significa os desafios e tribulações da vida; “o caminho” significa o Plano de Salvação.[59] “Juízo” como foi usado aqui significa “raciocínio são”.[60]

O versículo 28 fornece a resposta de Isaías: “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento”. “Os fins da terra” aqui significam toda a terra.[61] O Senhor, o Criador de todas as coisas,[62] está sempre ciente, Sua vigilância é infinita, e não há limite para Seu conhecimento e compreensão.

Os versículos 21 até 28 contêm um quiasma:

A: (21) Porventura não sabeis? Porventura não ouvis, ou desde o princípio não se vos notificou, ou não atentastes para os fundamentos da terra?
B: (22) Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda, para neles habitar;
C: (23) O que reduz a nada os príncipes, e torna em coisa vã os juízes da terra.
C: (24) E mal se tem plantado, mal se tem semeado, e mal se tem arraigado na terra o seu tronco, já se secam, quando ele sopra sobre eles, e um tufão os leva como a pragana. (25) A quem, pois, me fareis semelhante, para que eu lhe seja igual? diz o Santo.
B: (26) Levantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou estas coisas; foi aquele que faz sair o exército delas segundo o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por causa da grandeza das suas forças, e porquanto é forte em poder, nenhuma delas faltará. (27) Por que dizes, ó Jacó, e tu falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus?
A: (28) Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento.

Neste quiasma Isaías declara que o Senhor é o Grande Criador; ídolos mudos e governantes do mundo não se comparam ao Senhor. “Porventura não sabeis?” corresponde-se à “Não sabes”. Primeiro, Isaías exorta os idólatras como um grupo (uso do verbo “sabeis” na segunda pessoa do plural); depois repreende-os individualmente (uso do verbo “sabes” na segunda pessoa do singular) por sua grande ignorância. “Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra” é equivalente à “vede quem criou estas coisas” mostrando que é o Criador. “O que reduz a nada os príncipes” juntamente com “e mal se tem plantado” testificam que líderes do mundo são temporários, enquanto que o reino e poder do Senhor duram para sempre.

Nos versículos 29 até 31, Isaías descreve a boa vontade do Senhor de dar força àqueles que O obedecem. O versículo 29 começa: “Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor”. O Senhor fortalece os fiéis.

Jeffery R. Holland testificou:

“Vi realizada em minha própria vida a promessa de ‘que o eterno Deus … o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga’. Sou uma testemunha de que Ele ‘dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor’.”[63]

O versículo 30 descreve o estado lamentável do iníquo: “Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão”.

O versículo 31 descreve a bondade do Senhor ao obediente: “Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão”. “Esperar no Senhor” vem do hebraico que significa “antecipar” pelo Senhor.[64] Assim como as novas penas crescem nas águias, para renovar seu poder de voar, o Senhor fortalecerá e renovará os justos que O servem.

Robert D. Hales falou a respeito desta passagem:

“Caros irmãos, quando passarem pelas dores, provas e provações de vida, acheguem-se ao Salvador. ‘Esperarei ao Senhor … e a ele aguardarei’.[65] ‘… Os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão’ (ênfase adicionão). Somos curados no memento determinado pelo Senhor e à maneira Dele. Sejam pacientes.”[66]

Obediência à lei de Saúde do Senhor—referida em Doutrina e Convênios como “Uma Palavra de Sabedoria”[67]—é uma demonstração de obediência dos fiéis, que foram prometidos obterem estas mesmas bênçãos:

“E todos os santos que se lembrarem de guardar e fazer estas coisas, obedecendo aos mandamentos, receberão saúde para o umbigo e medula para os ossos;
“E encontrarão sabedoria e grandes tesouros de conhecimento, sim, tesouros ocultos;
“E correrão e não se cansarão; e caminharão e não desfalecerão.
“E eu, o Senhor, faço-lhes uma promessa de que o anjo destruidor passará por eles, como os filhos de Israel, e não os matará.”[68]

As frases paralelas “correrão e não se cansarão” e “caminharão e não desfalecerão” são sinônimas. A palavra “correrão” sendo combinada com “não se cansarão” e “caminharão” sendo combinada com “não desfalecerão” não têm nenhuma significância especial, embora esta mesma cobinação de palavaras aparecerem na Palavra de Sabedoria.

Compare uma estrutura semelhante apresentada anteriormente, no capítulo 8, que diz: “Liga o testemunho, sela a lei entre os meus discípulos”.[69] Em outros dois casos, estes elementos ocorrem em ordem reversa. Em um dos casos em Doutrina e Convênios eles são aprentados como “ligar a lei e selar o testemunho”[70] enquanto que em outro caso eles são apresentados como “permite a teus servos que selem a lei e liguem o testemunho”.[71] Devido estas frases paralelas serem, bem dizer, sinônimas, em nenhum dos casos o significado muda.

Os versículos 29 até 31 contêm um quiasma:

A: (29) Dá força ao cansado,
B: e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.
C: (30) Os jovens
D: se cansarão
D: e se fatigarão,
C: e os moços certamente cairão;
B: (31) Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias;
A: correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão.

O Senhor fortalece o obediente e humilde. “Dá força ao cansado” é equivalente à frase “correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão”. Obediência à lei de saúde do Senhor é um meio de ser fortalecido pelo Senhor.

NOTAS

[1]. Os capítulos 2 até 39 descreve Israel em sua terra natal num estado de iniquidade; capítulos 40 até 54 descreve Israel em exílio no mundo em geral, interagindo com pessoas e acontecimentos; e capítulos 55 até 66 descreve o retorno glorioso de Israel à sua terra natal depois de seu arrependimento e purificação.
[2]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 5162, p. 636.
[3]. Os versículos 1 e 2 contêm um quiasma: Consolai/o meu povo//vosso Deus/falai benignamente.
[4]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6635, p. 838-839.
[5]. Êxodo 22:9.
[6]. Doutrina e Convênios 82:3.
[7]. Lucas 12:48.
[8]. Os versículos 2 e 3 contêm um quiasma: Da mão do Senhor/pecados/voz do que//clama/deserto/do Senhor.
[9]. Ver Isaías 11:16; 19:23; 35:8; 40:14; 49:11 e comentário pertinente.
[10]. Mateus 3:3-6. Ver também Marcos 1:3-4; Lucas 3:4; e João 1:23.
[11]. 1 Néfi 10:7-10.
[12]. D&C 33:10.
[13]. D&C 65:1, 3.
[14]. Isaías 35:8.
[15]. Mateus 7:14.
[16]. Ver Êxodo 14:21‑31.
[17]. Ver Isaías 3:12; 8:11; 26:7-8; 28:7 e comentário pertinente.
[18]. D&C 136.
[19]. D&C 84:28.
[20]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7406, p. 940.
[21]. D&C 49:23.
[22]. Ver Dicionário Bíblico—Tiago, Epístola de.
[23]. Tiago 1:9‑10.
[24]. Isaías 40:6.
[25]. Ver Tiago 1:5‑6.
[26]. Ver Joseph Smith—História 1:11 e versículos seguintes.
[27]. D&C 104:16.
[28]. D&C 101:22‑23.
[29]. Lucas 3:4-6.
[30]. “O Cristo vivo—O Testemunho dos Apóstolos”, A Liahona, Abril 2000, p. 2-3.
[31]. Tiago 1:10.
[32]. Os versículos 6 e 7 contêm um quiasma que sobrepõe o dos versículos 5 até 7: Toda a carne é erva/a sua beleza/seca-se a erva//cai a flor/o Espírito do Senhor/o povo é erva.
[33]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7307, p. 924.
[34]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7307, p. 924.
[35]. 1 Pedro 1:24-25.
[36]. Os versículos 8 e 9 contêm um quiasma: Nosso Deus/ó Sião/levanta a tua voz//levanta-a/cidades de Judá/vosso Deus.
[37]. Brown et al., 1996, Número de Strong 1319, p. 142.
[38]. Ernest Klein, A Comprehensive Etymological Dictionary of the English Language [Um Dicionário Etimológico Completo do Inglês]:Elsevier Publishing Company, New York, 1971, p. 318.
[39]. Ver Isaías 3:16; 33:5, 14, 20; 34:8; 37:32; 41:27; 51:3.
[40]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 343.
[41]. D&C 1:14.
[42]. João 10:11‑15.
[43]. Alma 5:38.
[44]. Hinos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1990, Hino número 37, “O Senhor Meu Pastor É.”
[45]. Hinos, número 140, “Ama O Pastor Seu Rebanho.”
[46]. Delbert L. Stapley, “O Que Constitui a Igreja Verdadeira”, A Liahona, Outubro de 1977, p. 21.
[47]. Os versículos 10 até 11 contêm um quiasma: Senhor DEUS/seu braço dominará/seu galardão//seu salário/entre os seus braços/guiará suavemente.
[48]. O versículo 12 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Mediu/mão/águas//céus/palmos/recolheu numa medida. Parry, 2001, p. 261.
[49]. Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 159.
[50]. Romanos 11:33-34; Ver também 1 Coríntios 2:15.
[51]. D&C 76:2.
[52]. O versículo 14 contém um quiasma: Lhe desse entendimento/lhe ensinasse//lhe ensinasse/lhe mostrasse … entendimento. Parry, 2001, p. 261.
[53]. Ver Isaías 11:16; 19:23; 35:8; 49:11 e comentário pertinente.
[54]. Ver Isaías 1:17; 28:7; 40:27; 42:3; 59:8.
[55]. O versículo 26 contém dois quiasmas;o primeiro é reconhecido no hebraico original: Levantai ao alto/olhos//vede/quem. Seu número/grandeza das suas forças//forte em poder/nenhuma. Em Parry, 2001, p. 261.
[56]. Salmo 147:4.
[57]. D&C 88:25.
[58]. O versículo 27 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Está encoberto/meu caminho/ao Senhor// ao meu Deus/meu juízo/passa despercebido. Em Parry, 2001, p. 261.
[59]. Ver Isaías 26:7-8; 28:7; 42:16 e comentário pertinente.
[60]. Ver Isaías 1:17; 28:7; 40:14; 42:3; 59:8.
[61]. Ver Isaías 5:26; 26:15; 41:5, 9.
[62]. Ver Isaías 41:20; 42:5; 44:24; 45:12; Moisés 1:33; 4:2.
[63]. Jeffrey R. Holland, “As Coisas Pacíficas do Reino”, A Liahona, Janeiro de 1997, p. 88.
[64]. Brown et al., 1996, Número de Strong 6960, p. 875.
[65]. Isaías 8:17; 2 Néfi 18:17.
[66]. Robert D. Hales, “A Cura da Alma e do Corpo”, A Liahona, Janeiro de 1999, p. 16.
[67]. Ver D&C 89:1.
[68]. D&C 89:18‑21.
[69]. Isaías 8:16.
[70]. D&C 88:84.
[71]. D&C 109:46.

CAPÍTULO 8: “Porquanto Este Povo Desprezou As Águas De Siloé”

Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>

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O capítulo 8 começa com uma profecia da destruição que logo viria pelas mãos dos assírios, abrangendo os versículos 1 até 10. Esta profecia continua a mensagem de Isaías para Acaz, que começou no capítulo 7. A profecia é seguida por um sermão sacerdotal, abrangendo os versículos 11 até 18, onde Isaías declara que Cristo servirá de pedra de tropeço, e de rocha de escândalo, às duas casas de Israel, devido suas iniquidades. A parte final, que abrange os versículos 19 até 22, é uma condenação das iniquidades de Israel, por confiarem em médios e adivinhos para orientação espiritual, e as consequências por haverem feito isto.

Néfi citou este capítulo por completo com algumas modificações; diferenças na redação são mostradas em itálicos onde for citado. Compare 2 Néfi 18.

Isaías e seus filhos foram dados a Israel por sinais e por maravilhas do Senhor, como foi declarado no versículo 18.[1] Um exemplo foi dado no versículo 1, no qual o Senhor instrui Isaías: “Disse-me também o SENHOR: Toma um grande rolo, e escreve nele com caneta de homem: Apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa”. A frase “Apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa” é a tradução do nome hebraico do filho de Isaías, Maer-Salal-Has-Baz.

No versículo 2, Isaías declara: “Então tomei comigo fiéis testemunhas, a Urias sacerdote, e a Zacarias, filho de Jeberequias”. Na Lei de Moisés era requerido duas ou três testemunhas para se estabelecer qualquer assunto.[2]

O versículo 3 declara: “E fui ter com a profetisa, e ela concebeu, e deu à luz um filho; e o Senhor me disse: Põe-lhe o nome de Maer-Salal-Has-Baz”. O termo “a profetisa”, como foi usado neste versículo por Isaías refere-se à sua esposa, provavelmente refletindo sua sensibilidade espiritual.  O longo nome dado a seu filho, que em hebraico significa “apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa”,[3] como foi apresentado no versículo 1, é uma predição da destruição e cativeiro de Judá.[4]

As circunstancias da concepção e nascimento do filho mais velho de Isaías foram designadas pelo Senhor e realizadas expressamente por Isaías; o nome deste filho seria um sinal de um acontecimento futuro.

No versículo 4 encontramos o significado de “sinais e maravilhas”[5]: “Porque antes que o menino saiba dizer meu pai, ou minha mãe, se levarão as riquezas de Damasco, e os despojos de Samaria, diante do rei da Assíria”. O Livro de Mórmon apresenta esta passagem com pequenas mudanças: “Pois eis que antes que o menino saiba dizer meu pai e minha mãe, serão levadas as riquezas de Damasco e os despojos de Samaria ao rei da Assíria”.[6] Isto testifica do pouco tempo antes destes acontecimentos começarem, Síria e Israel seriam derrotados e suas riquezas levadas para o rei da Assíria.[7], [8]

No versículos 5 e 6, Isaías declara: “E continuou o Senhor a falar ainda comigo, dizendo:
Porquanto este povo desprezou as águas de Siloé que correm brandamente, e alegrou-se com Rezim e com o filho de Remalias” ― Aqui o Senhor menciona as razões da destruição prestes a acontecer.

“Siloé”, traduzido da palavra hebraica Shiloach, significa “o Enviado”.[9] Como apresentado por algumas traduções Bíblicas, este é o nome dado a um manancial ao sudoeste de Jerusalém, que provia água potável para esta cidade antiga.[10], [11]  O termo “As águas de Siloé” metaforicamente, significa o evangelho de Jesus Cristo; porém antes de Seu ministério mortal, significava a Lei de Moisés. Nesta metáfora a fonte de água potável para a cidade de Jerusalém é comparada à fonte divina da água viva—o Salvador, que provê a salvação eterna.[12]

“Siloé” no versículo 6 é equivalente, quiasmaticamente, ao “Senhor” no versículo 7, revelando o significado intencionado por Isaías. A frase “As águas de Siloé que correm brandamente” significa que o evangelho é mais fácil de ser praticado do que suportar a opção oposta—caos, iniquidades, dissensão e destruição pelas mãos do exército Assírio. Compare as palavras do Redentor: “Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.[13] Em contraste, “Rezim e…o filho de Remalias” representam os líderes iníquos da Síria e do Reino Setentrional de Israel, junto com suas típicas características mundanas.

“Siló”, traduzido da palavra hebraica Shiyloh em alguns casos[14], significa “aquele a quem pertence”[15], e é pronunciado semelhante a palavra hebraica Shiloach. Assim, a palavra “Siloé”, usada no versículo 6, descreve o papel do Senhor como o Criador e dono supremo da Terra e seus recursos, para quem prestamos conta de nossa mordomia. No fim da longa vida do patriarca Jacó, ele abençoou a cada um de seus doze filhos; sobre os descendentes de Judá ele conferiu o direito a realeza: “O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló (significando “aquele a quem pertence”) e a ele se congregarão os povos”.[16] Davi e seus descendentes, inclusive Jesus Cristo, eram descendentes de Judá e tinham parte nesta bênção.

“Siló” é usado pelo profeta Joseph Smith em sua tradução inspirada de uma parte de Gênesis:

“E disse José a seus irmãos: Eu morro e vou para meus pais; e desço à sepultura com alegria. O Deus de meu pai Jacó esteja convosco, para livrar-vos da aflição nos dias de vosso cativeiro; pois o Senhor visitou-me e obtive do Senhor uma promessa de que, do fruto dos meus lombos, o Senhor suscitará um ramo justo de meus lombos; e a ti, a quem meu pai Jacó chamou Israel, um profeta; (não o Messias que é chamado Siló;) e esse profeta libertará meu povo do Egito nos dias da tua escravidão.”[17]

Obviamente, “Siloé” ou “Siló” significa Jesus Cristo, o Messias que viria—o Criador, e portanto o Dono, da Terra e seus recursos. Como foi usado aqui por Isaías, também refere-se ao que deu a lei: Aquele cujo dedo escreveu sobre as placas de pedra no Monte Sinai. Esta verdade essencial deve ser evidente a todos os leitores das escrituras. Jeová—apresentado como “o Senhor” na verão da Bíblia de João Ferreira de Almeida, no Velho Testamento—e Jesus Cristo são o mesmo.

O nome Siló, pronunciado semelhante a “Siloé”, foi dado a um local da herança dos descendentes de Efraim, um dos filhos de José.[18] Quando as Doze Tribos, liderada por Josué, entraram na terra de Canaã, o Tabernáculo—incluindo a arca do Convênio—foi primeiramente colocado em Siló.[19] Quando Israel, consistindo das dez tribos do norte ou setentrional, separaram-se de Judá, que se consistia das duas tribos do sul ou meridional, Siló tornou-se um centro religioso equivalente a Jerusalém, incluindo a edificação e estabelecimento de um templo. A Arca do Convênio ficou lá por muitos anos.[20] Depois da conquista e cativeiro das dez tribos, Siló tornou-se parte de Samaria.

Nos versículos 7 e 8 Isaías descreve os exércitos invasores Assírios metaforicamente, como se fossem uma enchente inundando a terra. O versículo 7 começa: “Portanto eis que o Senhor fará subir sobre eles as águas do rio, fortes e impetuosas, isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória; e subirá sobre todos os seus leitos, e transbordará por todas as suas ribanceiras”.  A palavra “glória”, como foi usada neste caso, significa forças armadas.[21] Nesta declaração Isaías dá a interpretação da metáfora, que foi aplicada em vários outros lugares em sua obra. A frase “as águas do Rio” significa o rio Eufrates, o que é um símbolo para rei da Assíria.[22] O uso de “o Senhor” neste caso, enfatiza Seu papel como comandante militar, usando o rei da Assíria como representante. O Grande Pergaminho de Isaías usa neste caso “Jeová e “o Senhor”.[23]

Os versículos 4 até 7 contêm um quiasma:

A: (4) Porque antes que o menino saiba dizer meu pai, ou minha mãe, se levarão as riquezas de Damasco, e os despojos de Samaria, diante do rei da Assíria.
B: (5) E continuou o Senhor a falar ainda comigo, dizendo: (6) Porquanto este povo desprezou as águas
C: de Siloé que correm brandamente,
D: e alegrou-se com Rezim
D: e com o filho de Remalias,
C: (7) Portanto eis que Jeová o Senhor fará subir sobre eles
B: as águas do Rio, fortes e impetuosas,
A: isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória; e subirá sobre todos os seus leitos, e transbordará por todas as suas ribanceiras.

“Rei da Assíria” no versículos 4 e 7 engloba o elemento introdutório e suas reflexões. “Águas [de Siloé]” é o oposto de “as águas do Rio”, contrastando a paz e segurança da obediência ao evangelho com a destruição pelo exército invasor da Assíria—caracterizado metaforicamente como uma enchente furiosa. “Siloé” é equivalente ao “Senhor”, identificando claramente o comandante militar. Alegrar-se com Rezim e com o filho de Remalias, ao invés de com o Senhor, é a razão desta destruição predita.

Versículo 8 continua: “E passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele e chegará até ao pescoço; e a extensão de suas asas encherá a largura da tua terra, ó Emanuel”. “Tua terra, ó Emanuel” refere-se à terra prometida pelo Senhor—o Salvador que viria—ao Seu povo.

Versículos 7 e 8 contêm um quiasma:

A: (7) Portanto eis que Jeová o Senhor fará subir sobre eles
B: as águas do Rio, fortes e impetuosas,
C: isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória;
D: e subirá sobre todos os seus leitos,
D: e transbordará por todas as suas ribanceiras.
C: (8) E passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele e chegará até o pescoço;
B: e a extensão de suas asas encherá a largura da tua terra,
A: ó Emanuel.

Jeová o Senhor” é quiasmaticamente equivalente a “Emanuel”, que significa “Deus conosco”, novamente identificando Jeová como o Senhor—o comandante militar representado aqui pela Assíria—como o Messias que viria. As duas metáforas “as águas do Rio” e “asas” descrevem o avanço dos exércitos da Assíria e como se espalhariam sobre a terra. “Assíria” contrasta-se com “Judá”, denotando sua relação conflituosa. “Subirá sobre todos os seus leitos” é equivalente a “transbordará por todas as suas ribanceiras”, que, como ponto central do quiasma, descreve metaforicamente as invasões do exército Assírio.

Os versículos 9 e 10 contêm ameaças e advertências, que foram profeticamente preditas por Isaías, que seriam feitas pelo rei da Assíria. O versículo 9 começa: “Ajuntai-vos, ó povos, e sereis quebrantados; dai ouvidos, todos os que sois de terras longínquas; cingi-vos e sereis feitos em pedaços, cingi-vos e sereis feitos em pedaços”. O significado desta passagem é que não seria de nenhum proveito para Jerusalém ser coligada, nem para os seus defensores serem cingidos com armaduras e armas, pois seriam todos feitos em pedaços. A repetição dupla destas frases finais enfatiza a seriedade da ameaça.

O rei da Assíria continua no versículo 10: “Tomai juntamente conselho, e ele será frustrado; dizei uma palavra, e ela não subsistirá, porque Deus é conosco”. Por causa da iniquidade dos Israelitas, Deus traria seu grande exército sobre eles para destruí-los e levá-los cativos. Não daria em nada o fato de juntarem-se em conselho. A frase pronunciada pelo rei da Assíria, “Deus é conosco”, se tornou realidade; o rei da Assíria agiria como instrumento na mão de Deus.

Versículos 8 até 10 contêm um quiasma:

A: (8) …ó Emanuel.
B: (9) Ajuntai-vos, ó povos, e sereis quebrantados; dai ouvidos, todos os que sois de terras longínquas;
C: cingi-vos e sereis feitos em pedaços,
C: cingi-vos e sereis feitos em pedaços.
B: (10) Tomai juntamente conselho, e ele será frustrado; dizei uma palavra, e ela não subsistirá,
A: porque Deus é conosco.

“Emanuel” é equivalente quiasmaticamente a “Deus é conosco”, mostrando a definição hebraica deste nome.[24] “Ajuntai-vos, ó povos” é equivalente a “tomai juntamente conselho”, provendo o sentido intencionado. Duas repetições da frase “cingi-vos e sereis feitos em pedaços” enfatizam a seriedade das ameaças do rei da Assíria.

Note que o quiasma dos versículos 7 e 8 se transpassa com quiasma dos versículos 8 até 10, com as declarações introdutórias de ambos quiasmas sendo equivalentes. “Jeová, o Senhor”, “Emanuel” e “Deus é conosco” são todos equivalentes, denotando que o Deus do Velho Testamento é o mesmo que nasceu de uma virgem.[25] Ele é um ser diferente e distinto de Deus, o Pai, que se chama Eloím em hebraico, cujas palavras foram registradas por Isaías mais tarde, na primeira parte do capítulo 42.[26]

Os versículos 11 até 18 contêm um sermão sacerdotal. O versículo 11 começa: “Porque assim o Senhor me disse com mão forte, e me ensinou que não andasse pelo caminho deste povo, dizendo” — “Com mão forte” significa Seu forte aperto de mão, ou com poder.[27] Esta declaração descreve um relacionamento pessoal entre o Senhor e Seu profeta. O “caminho deste povo” geralmente significa o conhecimento do Plano de Salvação, porém entre o povo que Isaías pregava, este termo foi grandemente corrompido.[28]

O versículo 12 continua a sentença do versículo 11: “Não chameis conjuração, a tudo quanto este povo chama conjuração; e não temais o que ele teme, nem tampouco vos assombreis”. O sentido intencionado por Isaías é “não concorde com aqueles que querem formar uma aliança para a defesa, e livra-se de seus medos sem fé”.

No versículo 13, Isaías declara que o povo deve mudar seus caminhos: “Ao Senhor dos Exércitos, a ele santificai; e seja ele o vosso temor e seja ele o vosso assombro”, o profeta admoestou.

Os versículos 12 e 13 foram parafraseados pelo apóstolo Pedro:

Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis;
Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós (ênfases adicionadas).[29]

O povo de Judá, entretanto, não ouviu os conselhos de Isaías. Somos informados em 2 Reis que Acaz, rei de Judá:

“…enviou mensageiros a Tiglate-Pileser, rei da Assíria, dizendo: Eu sou teu servo e teu filho; sobe, e livra-me das mãos do rei da Síria, e das mãos do rei de Israel, que se levantam contra mim.
“E tomou Acaz a prata e o ouro que se achou na casa do Senhor, e nos tesouros da casa do rei, e mandou um presente ao rei da Assíria.
“E o rei da Assíria lhe deu ouvidos; pois o rei da Assíria subiu contra Damasco, e tomou-a e levou cativo o povo para Quir, e matou a Rezim.”[30]

No versículo 14 o sermão de Isaías continua: “Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo, às duas casas de Israel; por armadilha e laço aos moradores de Jerusalém”. Para os justos os mandamentos do Senhor servem como um santuário dos problemas da vida. Os ensinamentos do Senhor abrem o caminho para recebermos orientação espiritual, conforto e segurança nesta vida e na vida eterna no mundo vindeiro.[31] Para os que recusam os Seus mandamentos, Ele servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo.

O versículo 14 foi citado por Pedro e Paulo no Novo Testamento. Paulo diz: “Como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo; E todo aquele que crer nela não será confundido”.[32]

O versículo 15 descreve o resultado da obstinação dos iníquos: “E muitos entre eles tropeçarão, e cairão, e serão quebrantados, e enlaçados, e presos”. Tropeçando e caindo são consequências espirituais por não dar atenção à verdade, ou por dar ouvidos às falsas doutrinas, enquanto sendo quebrantados, enlaçados, e levados em cativeiro são consequências temporais, preditas aqui por Isaías.

No versículo 16 diz: “Liga o testemunho, sela a lei entre os meus discípulos”. Apesar da interpretação desta passagem apresentar alguns desafios, é apresentada da mesma forma no Livro de Mórmon[33] e no Grande Pergaminho de Isaías,[34] indicando que este é o significado do original em hebraico. A palavra hebraica traduzida como “lei” significa “ensinamentos” ou “doutrina”.[35]

O versículo 16 contém duas frases paralelas, “liga o testemunho” e “sela a lei”. Devido serem frases paralelas, “liga” e “sela” são sinônimos, e “testemunho” e “lei” são sinônimos também. Note que estas palavras são combinadas em ordem inversa no versículo 20, no lado descendente do quiasma.

A sinonímia apresenta-se em duas passagens de Doutrina e Convênios onde são intercambiadas. Numa passagem aparece como “ligar a lei e selar o testemunho”,[36] enquanto na outra como “que selem a lei e liguem o testemunho”.[37] O sentido permanece o mesmo em ambas passagens.

A “lei”, refere-se a lei de Moisés, ou a lei do evangelho, depois do ministério de Cristo, com referências especiais às escrituras. No Novo Testamento, a frase “a lei e os profetas” é usada para designar o cânon judaico de escrituras.[38] Então a lei ou o evangelho, como foi registrado nas escrituras, é o que será selado nas mentes e corações dos discípulos.

“Ligar o testemunho” e “selar a lei entre os meus discípulos” tem sido a tarefa principal dos profetas e líderes eclesiásticos durante todas as eras, ordenada pelo Senhor; e pais devem aceitar semelhante responsabilidade concernente a criação de seus filhos. No versículo 16 esta tarefa é dada pelo Senhor a Isaías.

O significado da passagem é aparente na suplicação de Joseph Smith na oração dedicatória do Templo de Kirtland: “Portanto, ó Senhor, livra teu povo da calamidade dos iníquos; permite a teus servos que selem a lei e liguem o testemunho, a fim de que estejam preparados para o dia da queima” (ênfases adicionadas).[39]

O mesmo sentido foi apresentado pelo Apóstolo Paulo: “Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei as minhas leis no seu entendimento, E em seu coração as escreverei; E eu lhes serei por Deus, E eles me serão por povo”.[40]

Um significado literal para o versículo 16 pode ser que Isaías levou o pergaminho onde escreveu estas profecias, enrolou-o e amarrou-o com uma corda de couro, e depois selou-o com um selo de argila, como símbolo de que as profecias estavam cumpridas. Isaías, então, deu as profecias para seus discípulos para futuras referências. Quando suas profecias viessem a se cumprir no futuro, isto seria um testemunho de que ele era um verdadeiro profeta.[41]

No versículo 17 Isaías testifica que ele aceitou a incumbência dada pelo Senhor no versículo 16: “E esperarei ao Senhor, que esconde o seu rosto da casa de Jacó, e a ele aguardarei”. O Senhor esconde seu rosto da casa de Jacó por causa das iniquidades.

Além disso, no versículo 18, o profeta oferece a si mesmo e seus filhos como instrumentos ao Senhor: “Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor, por sinais e por maravilhas em Israel, da parte do Senhor dos Exércitos, que habita no monte de Sião”. Um exemplo disto são os nomes que Isaías deu a seus filhos: Maer-Salal-Has-Baz, que significa “apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa”[42] e Sear-Jasube, que significa “um resto voltará”.[43] O nome Isaías significa “Jeová salva”.[44] O “Senhor dos Exércitos, que habita no monte de Sião” denota que seria Jeová quem viria habitar na Terra nos últimos dias. “Monte de Sião” é usado aqui com duplo sentido—um lugar de coligação espiritual nos últimos dias, bem como um sinônimo para Jerusalém, especialmente o templo em Jerusalém.[45]

Nos versículos 19 e 20 o Senhor adverte contra a feitiçaria. O versículo 19 declara: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?” O Livro de Mórmon apresenta: “para que os vivos ouçam os mortos?”[46] Esta pergunta retórica revela a tolice que é confiar em adivinhos. “Chilreiam” significa fazer sons repetidos sem sentido.

O versículo 20 afirma: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles”. Aqui, “a lei e ao testemunho” referem-se às escrituras escritas e aos convênios contidos nelas, para onde o povo deve retornar.

Nos versículos 21 e 22 Isaías descreve o que sobrecairia aos que não tivessem nenhuma luz dentro de si. O versículo 21 começa: “E passarão pela terra duramente oprimidos e famintos; e será que, tendo fome, e enfurecendo-se, então amaldiçoarão ao seu rei e ao seu Deus, olhando para cima”. A palavra “oprimido” significa “que sofre opressão” ou “reprimido”.[47] “Oprimido” implica ser desabrigado.

Os versículos 14 até 21 contêm um quiasma:

A: (14) Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo, às duas casas de Israel; por armadilha e laço aos moradores de Jerusalém. (15) E muitos entre eles tropeçarão, e cairão, e serão quebrantados, e enlaçados, e presos.
B: (16) Liga o testemunho,
C: sela a lei entre os meus discípulos.
D: (17) E esperarei ao Senhor, que esconde o seu rosto da casa de Jacó, e a ele aguardarei.
E: (18) Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor, por sinais e por maravilhas em Israel, da parte do Senhor dos Exércitos, que habita no monte de Sião.
E: (19) Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram:
D: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?
C: (20) À lei
B: e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles.
A: (21) E passarão pela terra duramente oprimidos e famintos; e será que, tendo fome, e enfurecendo-se, então amaldiçoarão ao seu rei e ao seu Deus, olhando para cima.

“Pedra de tropeço e de rocha de escândalo” é igual a “amaldiçoarão ao seu rei e ao seu Deus”, descrevendo como os ímpios tropeçarão. “Testemunho” e “lei” refletem-se em “lei” e “testemunho” em ordem inversa; e “esperarei ao Senhor” contrasta-se com “não consultará um povo a seu Deus?” “Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor, por sinais e por maravilhas” é o oposto de “Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram”. A tolice de procurar adivinhos que chilreiam é contrastado com o ato de receber orientação e inspiração do Senhor.

O versículo 22 conclui: “E, olhando para a terra, eis que haverá angústia e escuridão, e sombras de ansiedade, e serão empurrados para as trevas”. Esta descrição do estado dos iníquos é semelhante às descrições usadas em outros lugares por Isaías para descrever as terras onde os eleitos deverão juntar-se nos últimos dias: “E bramarão contra eles naquele dia, como o bramido do mar; então olharão para a terra, e eis que só verão trevas e ânsia, e a luz se escurecerá nos céus”.[48]  Trevas e ânsia, e escuridão espiritual—condições predominantes dos iníquos—caracterizam as terras onde Israel será coligada nos últimos dias.

NOTAS

[1]. Ver Isaías 8:18.
[2]. Deuteronômio 19:15.
[3]. Brown et al., 1996, Número de Strong 4122, p. 555; ver Isaías 10:6.
[4]. Versículos 1 até 3 contêm um quiasma: Disse-me/o SENHOR/toma/Urias//Zacarias/E fui/o Senhor/me disse.
[5]. Ver Isaías 8:18.
[6]. 2 Néfi 18:4.
[7]. Ver 2 Reis 17:6-8; Isaías 7:8; 17:2; 42:24; 43:6; 49:12; 54:7.
[8]. Versículos 3 e 4 contêm um quiasma: E fui ter com a profetisa/filho/nome//Maer-Salal-Has-Baz/menino/ pai…mãe.
[9]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7975, p. 1019.
[10]. Neemías 3:15; ver a tradução da Biblia Reina-Valera (SUD, 2009) em espanhol, a tradução King James (SUD, 1979) em Inglês, e outras. Na versão de João Ferreira de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, o nome do manancial foi traduzido como Hasselá.
11]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet: [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta] Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 148.
[12]. Compare João 4:10-14.
[13]. Mateus 11:30.
[14]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7886, p. 1010.
[15]. Gênesis 49:10; Ver Dicionário Bíblico—Shiloh.
[16]. Gênesis 49:10.
[17]. Seleções da Tradução de Joseph Smith da Bíblia (em Inglês), TJS, Gênesis 50:24; Ver também Joseph Smith’s “New Translation” of the Bible [“Nova Tradução” da Bíblia por Joseph Smith]: Herald Publishing House, Independence, Missouri, 1970, p.114-116.
[18]. Ver Josué 18:1; 1 Samuel 3:21.
[19]. Ver Josué 18:1.
[20]. Ver 1 Samuel 4:4.
[21]. Ver Isaías 10:18; 16:14; 17:3-4; 20:5; 21:16-17; 22:18; 66:12.
[22]. Isaías 17:12-13; 28:2, 17; 43:2.
[23]. Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University, [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young]:  Provo, Utah, 2001, pages 60 e 270.
[24]. Ver Mateus 1:23.
[25]. Ver Isaías 7:14.
[26]. Ver Isaías 42:1-7 e comentário pertinente.
[27]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías] Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 86.
[28]. Ver Isaías 3:12; 26:7-8; 28:7; 40:3 e comentário pertinente.
[29]. 1 Pedro 3:14-15.
[30]. 2 Reis 16:7-9.
[31]. Ver D&C 59:23.
[32]. Romanos 9:33; Ver também 1 Pedro 2:8.
[33]. 2 Néfi 18:16.
[34]. Parry,  Harmonizing Isaiah [Harmonizando Isaías]: 2001, p. 62.
[35]. Brown et al., 1996, Número de Strong 8451, p. 435.
[36]. Doutrina e Convênios 88:84.
[37]. D&C 109:46.
[38]. Ver Mateus 7:12; 22:40; Lucas 16:16; 24:44; João 1:45; Atos 13:15; 24:14; 28:23; Romanos 3:21.
[39]. D&C 109:46.
[40]. Hebreus 8:10. Ver também Isaías 51:7, Jeremias 31:33, e Provérbios 3:3.
[41]. David Rolph Seely, “Isaiah Chapter Review [Revisão do Cap]: 2 Néfi 18/Isaías 8”, Book of Mormon Reference Companion [Companheiro Referencial para o Livro de Mórmon]: Dennis L. Largey, ed., Deseret Book Company, Salt Lake City, UT, 2003, p. 373.
[42]. Brown et al., 1996, Número de Strong 4122, p. 555.
[43]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7610, p. 984.
[44]. Brown et al., 1996, Número de Strong 3470, p. 447.
[45]. Ver Isaías 1:27; 3:16; 4:3-4; 10:12, 24; 12:6; 51:3.
[46]. 2 Néfi 18:19.
[47]. Oprimido em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
Disponível na www: http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/oprimido.
[48]. Isaías 5:30.