Para ver os comentários de cada capítulo de Isaías, bem como cada introdução, desça até encontrar, à direita, uma lista de todos os capítulos sob a seção “Categorias”. Clique no capítulo que deseja ler. ===>
__________________________________________________________________________________________
O capítulo 26 é um cântico de salvação profético, no qual Isaías admoesta: “Confiai no SENHOR perpetuamente; porque o SENHOR DEUS é uma fortaleza eterna”. O Senhor humilha o orgulhoso até ao pó. Apesar de outros senhores (reis e governantes do mundo) terem tido domínio, somente o Senhor Jeová morrerá e depois ressuscitará. Devido a Sua morte e ressurreição, toda a humanidade levantará na ressurreição.
O versículo 1 descreve Jerusalém no dia da restauração: “Naquele dia se entoará este cântico na terra de Judá: Temos uma cidade forte, a que Deus pôs a salvação por muros e antemuros”. “Naquele dia” define o tempo como sendo os últimos dias. O termo “uma cidade forte” é usado neste versículo com o significado de verdade e fortaleza do evangelho. “Salvação” significa imortalidade para todos, através da ressurreição de Cristo.
O versículo 2 proclama que todas as pessoas justas compartilharão das bênçãos do evangelho: “Abri as portas, para que entre nelas a nação justa, que observa a verdade”. As portas abertas representam o povo vivendo em paz, sem medo de invasão, protegido pelo Senhor.[1] “A nação justa” é aquela que protege a verdade, repudia a mentira e as doutrinas falsas. As nações que vivessem em retidão teriam acesso à verdade e fortaleza do evangelho.
No versículo 3, o profeta testifica que indivíduos que aceitarem a verdade e viverem as leis do Senhor terão paz: “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti”.
O Presidente Ezra Taft Benson declarou:
“Deixem suas mentes encherem-se com metas de serem mais como o Senhor, e assim, afastarão pensamentos depressivos, conforme buscam, fervorosamente, a conhecê-Lo e a fazer Sua vontade…. E o que acontecerá se fizermos isto? ‘Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti.’”[2]
O versículo 4 exorta: “Confiai no SENHOR perpetuamente; porque o SENHOR DEUS é uma rocha eterna”.[3] “Uma rocha eterna” foi traduzida na versão Reina-Valera 2009 em espanhol e na versão King James em Inglês como “a fortaleza eterna”. Nossa confiança no Senhor—manifestada por nossa rigorosa obediência—dá-nos proteção e fortaleza sem fim.
Compare com as palavras de Néfi: “Ó Senhor, confiei em ti e em ti confiarei sempre. Não porei minha confiança no braço de carne, pois sei que aquele que confia no braço de carne é maldito. Sim, maldito é aquele que confia no homem, ou seja, que faz da carne o seu braço”.[4]
O versículo 5 descreve o poder do Senhor de humilhar o orgulhoso e o altivo: “Porque ele abate os que habitam no alto, na cidade elevada; humilha-a, humilha-a até ao chão, e derruba-a até ao pó”. “Os que habitam no alto” e “cidade elevada” referem-se ao orgulho e à altivez do mundo. O Senhor abaterá o orgulho do altivo “até o pó”.
O versículo 6 descreve a destruição da cidade do orgulhoso e do altivo: “O pé pisá-la-á; os pés dos aflitos, e os passos dos pobres”.[5] O significado desta passagem é que aqueles que estavam sendo oprimidos pelos orgulhosos e altivos, descrito no versículo 5, pisarão a cidade dos orgulhosos. Compare as palavras de Isaías no capítulo 25 que descrevem acontecimentos semelhantes: “E abaixará as altas fortalezas dos teus muros, abatê-las-á e derrubá-las-á por terra até ao pó”.[6] Também, compare a declaração de Isaías no capítulo 54, falando de Israel que seria coligada nos últimos dias: “Porque transbordarás para a direita e para a esquerda; e a tua descendência possuirá os gentios e fará que sejam habitadas as cidades assoladas”.[7], [8]
O versículo 7 proclama que somos justificados pela retidão pessoal, que é o fruto da obediência: “O caminho do justo é todo plano; tu retamente pesas o andar do justo”.[9] O Senhor avalia, ou julga, a vida dos justos; é através de Seu infinito sacrifício que eles serão redimidos. “Caminho do justo” significa o Plano de Salvação.[10]
Os versículos 8 e 9 proclama a longa espera dos justos pelo Senhor e Seus julgamentos. O versículo 8 começa: “Também no caminho dos teus juízos, Senhor, te esperamos; no teu nome e na tua memória está o desejo da nossa alma”. O Grande Pergaminho de Isaías apresenta “…no teu nome e na tua lei está o desejo da nossa alma”.[11] O desejo da nossa alma deve sempre estar voltado ao “seu nome e à sua lei”. Compare as palavras da oração do sacramento: “…que desejam tomar sobre si o nome de teu Filho e recordá-lo sempre e guardar os mandamentos que Ele lhes deu, para que possam ter sempre consigo o seu Espírito…” (ênfases adicionadas).[12]
O versículo 9 continua: “Com minha alma te desejei de noite, e com o meu espírito, que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te; porque, havendo os teus juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça”.[13] Compare as palavras do Senhor endereçadas ao profeta Joseph Smith: “Aquele que cedo me buscar achar-me-á e não será abandonado”.[14] Também, compare as palavras de Isaías no capítulo 33: “Senhor, tem misericórdia de nós, por ti temos esperado; sê tu o nosso braço cada manhã, como também a nossa salvação no tempo da tribulação”.[15]
Janette C. Hales, da Presidência Geral da Organização das Moças, explicou sobre o versículo 9:
“Quando estabelecemos um modelo de retidão em nossa vida, comprometemo-nos com o Pai Celestial a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para ajudar os outros a reproduzir esse padrão em sua vida. Isto pode acontecer vez após outra, até que, como diz Isaías, ‘os moradores do mundo aprendem justiça’”.[16]
Os versículos 8 e 9 contêm um quiasma:
A: (8) Também no caminho dos teus juízos, Senhor,
B: te esperamos; no teu nome e na tua memória
C: está o desejo
D: da nossa alma.
D: (9) Com minha alma
C: te desejei de noite,
B: e com o meu espírito, que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te;
A: porque, havendo os teus juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.
Os julgamentos do Senhor são justos; os justos anseiam pelo caminho do Senhor. A estrutura quiasmática contribui para a eloquência deste cântico de salvação de Isaías.
O versículo 10 testifica que os ímpios, apesar das muitas oportunidades dadas para arrependerem-se, rejeitariam o Senhor: “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende a justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade, e não atenta para a majestade do Senhor”. Iniquidade—até mesmo na terra onde a retidão é a norma—é sempre uma escolha pessoal. Devido suas iniquidades, não será permitido ao ímpio ver o Senhor na Sua vinda.
Os versículos 9 e 10 contêm um quiasma reconhecido na sua forma original em hebraico, e que aqui foi reconstruído para corresponder à construção original:[17]
(9) Com minha alma te desejei de noite, e com o meu espírito, que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te;
A: porque, havendo os teus juízos na terra, justiça
B: aprendem
C: os moradores do mundo.
C: (10) Ainda que se mostre favor ao ímpio
B: nem por isso aprende
A: a justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade, e não atenta para a majestade do Senhor.
Mesmo quando os juízos do Senhor estiverem na Terra, os iníquos não aprenderão os caminhos da justiça, mas continuarão a tratar injustamente. O lado descendente é oposto ao lado ascendente, contrastando os justos com os injustos.
No versículo 11, o zelo do Senhor para com Seu povo justo será visto pelos iníquos, que se envergonharão: “Senhor, a tua mão está exaltada, mas nem por isso a veem; vê-la-ão, porém, e confundir-se-ão por causa do zelo que tens do teu povo; e o fogo consumirá os teus adversários”. Por fim, os iníquos serão confundidos e serão consumidos pelo fogo.[18]
O versículo 12 declara: “Senhor, tu nos darás a paz, porque tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras”. As obras de retidão são motivadas por nossos desejos de ser fiel ao Senhor.
Os versículos 13 e 14 contêm um testemunho de que o Senhor Jeová do Velho Testamento é o mesmo que deveria morrer e ressuscitar. O versículo 13 começa: “Ó Senhor Deus nosso, já outros senhores têm tido domínio sobre nós; porém, por ti só, nos lembramos de teu nome”.[19] Na versão da Bíblia de João Ferreira de Almeida, “Senhor” é traduzido do hebraico Yahovah, enfatizando quem deveria morrer e ser ressuscitado.
O versículo 14 continua o testemunho de que o Senhor deveria morrer e ressuscitar: “Morrendo eles, não tornarão a viver; falecendo, não ressuscitarão; por isso os visitaste e destruíste, e apagaste toda a sua memória”. Autoridades seculares têm exercido domínio sobre o povo, porém suas mortes não trarão a ressurreição; eles não ressuscitarão até depois da morte e ressurreição de Cristo. Portanto, eles não serão lembrados. Em contraste, o Senhor, ainda que estivesse morto, viveria novamente. Portanto, somente Ele seria lembrado.
O versículo 15 declara: “Tu, Senhor, aumentaste a esta nação, tu aumentaste a esta nação, fizeste-te glorioso; alargaste todos os confins da terra”. Isto significa que o Senhor, quando Ele vier, governará politicamente sobre toda a Terra, expandindo as fronteiras da terra.[20] O Senhor trará a união para os povos da Terra, através da pregação do evangelho à todas as nações.[21]
Nos versículos 16 até 18 Isaías recorda a miséria de Israel durante seu longo exílio. O versículo 16 começa: “Ó Senhor, na angústia te buscaram; vindo sobre eles a tua correção, derramaram a sua oração secreta”.[22] Quando aflita, Israel voltar-se-ia para o Senhor em secreta oração. Semelhantemente, tendemos a esquecer do Senhor até que os problemas nos façam buscar Sua ajuda. O Senhor puni Seu povo permitindo com que os problemas aflijam-no quando ele escolhe o mal; mesma assim, Ele ouve a oração de Seu povo e visita-o com Seu espírito.
O versículo 17 ilustra o grau de sofrimento de Israel com um símile: “Como a mulher grávida, quando está próxima a sua hora, tem dores de parto, e dá gritos nas suas dores, assim fomos nós diante de ti, ó Senhor!”
O versículo 18 sumariza, agora mudando para uma metáfora: “Bem concebemos nós e tivemos dores de parto, porém demos à luz o vento; livramento não trouxemos à terra, nem caíram os moradores do mundo”. Devido sua dor, Israel tem sido militarmente ineficaz; não trouxe libertação, nem conquistou nada.
Nos versículos 19 até 21, Isaías apresenta a resposta do Senhor à oração de Israel. O versículo 19 proclama a ressurreição universal. Tal como o próprio Salvador, como o versículo 14 menciona, todos ressuscitarão: “Os teus mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho será como o orvalho das ervas, e a terra lançará de si os mortos”.[23] Todos os mortos se levantarão na ressurreição; compare as palavras de Paulo no Novo Testamento: “Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo”.[24]
O versículo 20 descreve a vingança do Senhor sobre os iníquos, enquanto provê proteção para os justos: “Vai, pois, povo meu, entra nos teus quartos, e fecha as tuas portas sobre ti; esconde-te só por um momento, até que passe a ira”. O Senhor adverte Seu povo—cada um individualmente—a buscar cobertura no tempo da destruição. Suas instruções se espelham naquelas dadas ao povo de Moisés no Egito, na época da páscoa. Note que a versão da Bíblia de João Ferreira de Almeida usa, “até que passe a ira”, que é uma forma da palavra páscoa. Estes acontecimentos antigos são exemplos da destruição dos ímpios na Segunda Vinda do Senhor.[25] Como era feito antigamente, o Senhor dará um aviso como fez na Páscoa através de Seu profeta vivo.
O versículo 21 descreve o castigo do Senhor aos ímpios: “Porque eis que o Senhor sairá do seu lugar, para castigar os moradores da terra, por causa da sua iniquidade, e a terra descobrirá o seu sangue, e não encobrirá mais os seus mortos”. “Sangue”, como foi usado neste versículo, foi traduzido da palavra hebraica que significa “culpa do derramamento de sangue”.[26] A culpa do derramamento não será mais escondida; crime e violência de todos os tipos cometidos sobre a Terra não serão mais ocultados, mas serão levados à justiça pelo Senhor.
NOTAS
[1]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 250.
[2]. Ezra Taft Benson, “Não se Desespere”, A Liahona, Fevereiro de 1975, p. 50.
[3]. Os versículos 3 e 4 contêm um quiasma: Tu/cuja mente está firme em ti//confia em ti//confiai no SENHOR perpetuamente/o SENHOR DEUS.
[4]. 2 Néfi 4:34.
[5]. Os versículos 5 e 6 contêm um quiasma: Ele abate/os que habitam no alto/humilha-a//humilha-a até ao chão//derruba-a até ao pó/os passos dos pobres.
[6]. Isaías 25:12.
[7]. Isaías 54:3.
[8]. Ver 3 Néfi 22:3.
[9]. O versículo 7 contém um quiasma: O caminho do justo/tu//retamente pesas/andar do justo.
[10]. Ver Isaías 3:12; 8:11; 28:7; 40:3 e comentário pertinente.
[11]. Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 111.
[12]. Morôni 4:3; também D&C 20:77.
[13]. O versículo 9 contém um quiasma: Te desejei de noite/meu//espírito//dentro de mim/madrugarei a buscar-te.
[14]. Doutrina e Convênios 88:83.
[15]. Isaías 33:2.
[16]. Janette C. Hales, “Um Modelo de Retidão”, A Liahona, Julho de 1991, p. 94.
[17]. Parry, Harmonizing Isaiah [Harmonizando Isaías], 2001, p. 260.
[18]. Ver Isaías 1:7, 28; 30:27, 30, 33; 33:11-12 e comentário pertinente.
[19]. O versículo 13 contém um quiasma: O Senhor/outros senhores/têm tido/domínio//sobre nós/por ti/só/teu nome.
[20]. Isaías 26:15, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 15b.
[21]. Ver Isaías 5:26; 40:28; 41:5, 9.
[22]. O versículo 16 contém um quiasma: Na angústia te buscaram/a tua correção//derramaram/oração secreta.
[23]. O versículo 19 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Os teus mortos/também o meu cadáver viverão/despertai e exultai/que habitais no pó. Em Donald W. Parry, Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 260.
[24]. 1 Coríntios 15:21- 22.
[25]. Compare Êxodo 12:21-23; Ver também Isaías 10:25; 30:29 e comentário pertinente.
[26]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 1818, p. 196.