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CAPÍTULO 26: “Tu Conservarás Em Paz Aquele Cuja Mente Está Firme Em Ti”

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O capítulo 26 é um cântico de salvação profético, no qual Isaías admoesta: “Confiai no SENHOR perpetuamente; porque o SENHOR DEUS é uma fortaleza eterna”. O Senhor humilha o orgulhoso até ao pó. Apesar de outros senhores (reis e governantes do mundo) terem tido domínio, somente o Senhor Jeová morrerá e depois ressuscitará. Devido a Sua morte e ressurreição, toda a humanidade levantará na ressurreição.

O versículo 1 descreve Jerusalém no dia da restauração: “Naquele dia se entoará este cântico na terra de Judá: Temos uma cidade forte, a que Deus pôs a salvação por muros e antemuros”. “Naquele dia” define o tempo como sendo os últimos dias.  O termo “uma cidade forte” é usado neste versículo com o significado de verdade e fortaleza do evangelho. “Salvação” significa imortalidade para todos, através da ressurreição de Cristo.

O versículo 2 proclama que todas as pessoas justas compartilharão das bênçãos do evangelho: “Abri as portas, para que entre nelas a nação justa, que observa a verdade”. As portas abertas representam o povo vivendo em paz, sem medo de invasão, protegido pelo Senhor.[1] “A nação justa” é aquela que protege a verdade, repudia a mentira e as doutrinas falsas. As nações que vivessem em retidão teriam acesso à verdade e fortaleza do evangelho.

No versículo 3, o profeta testifica que indivíduos que aceitarem a verdade e viverem as leis do Senhor terão paz: “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti”.

O Presidente Ezra Taft Benson declarou:

“Deixem suas mentes encherem-se com metas de serem mais como o Senhor, e assim, afastarão pensamentos depressivos, conforme buscam, fervorosamente, a conhecê-Lo e a fazer Sua vontade…. E o que acontecerá se fizermos isto? ‘Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti.’”[2]

O versículo 4 exorta: “Confiai no SENHOR perpetuamente; porque o SENHOR DEUS é uma rocha eterna”.[3] “Uma rocha eterna” foi traduzida na versão Reina-Valera 2009 em espanhol e na versão King James em Inglês como “a fortaleza eterna”. Nossa confiança no Senhor—manifestada por nossa rigorosa obediência—dá-nos proteção e fortaleza sem fim.

Compare com as palavras de Néfi: “Ó Senhor, confiei em ti e em ti confiarei sempre. Não porei minha confiança no braço de carne, pois sei que aquele que confia no braço de carne é maldito. Sim, maldito é aquele que confia no homem, ou seja, que faz da carne o seu braço”.[4]

O versículo 5 descreve o poder do Senhor de humilhar o orgulhoso e o altivo: “Porque ele abate os que habitam no alto, na cidade elevada; humilha-a, humilha-a até ao chão, e derruba-a até ao pó”. “Os que habitam no alto” e “cidade elevada” referem-se ao orgulho e à altivez do mundo. O Senhor abaterá o orgulho do altivo “até o pó”.

O versículo 6 descreve a destruição da cidade do orgulhoso e do altivo: “O pé pisá-la-á; os pés dos aflitos, e os passos dos pobres”.[5] O significado desta passagem é que aqueles que estavam sendo oprimidos pelos orgulhosos e altivos, descrito no versículo 5, pisarão a cidade dos orgulhosos. Compare as palavras de Isaías no capítulo 25 que descrevem acontecimentos semelhantes: “E abaixará as altas fortalezas dos teus muros, abatê-las-á e derrubá-las-á por terra até ao pó”.[6] Também, compare a declaração de Isaías no capítulo 54, falando de Israel que seria coligada nos últimos dias: “Porque transbordarás para a direita e para a esquerda; e a tua descendência possuirá os gentios e fará que sejam habitadas as cidades assoladas”.[7],  [8]

O versículo 7 proclama que somos justificados pela retidão pessoal, que é o fruto da obediência: “O caminho do justo é todo plano; tu retamente pesas o andar do justo”.[9] O Senhor avalia, ou julga, a vida dos justos; é através de Seu infinito sacrifício que eles serão redimidos. “Caminho do justo” significa o Plano de Salvação.[10]

Os versículos 8 e 9 proclama a longa espera dos justos pelo Senhor e Seus julgamentos. O versículo 8 começa: “Também no caminho dos teus juízos, Senhor, te esperamos; no teu nome e na tua memória está o desejo da nossa alma”. O Grande Pergaminho de Isaías apresenta “…no teu nome e na tua lei está o desejo da nossa alma”.[11] O desejo da nossa alma deve sempre estar voltado ao “seu nome e à sua lei”. Compare as palavras da oração do sacramento: “…que desejam tomar sobre si o nome de teu Filho e recordá-lo sempre e guardar os mandamentos que Ele lhes deu, para que possam ter sempre consigo o seu Espírito…” (ênfases adicionadas).[12]

O versículo 9 continua: “Com minha alma te desejei de noite, e com o meu espírito, que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te; porque, havendo os teus juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça”.[13] Compare as palavras do Senhor endereçadas ao profeta Joseph Smith: “Aquele que cedo me buscar achar-me-á e não será abandonado”.[14] Também, compare as palavras de Isaías no capítulo 33: “Senhor, tem misericórdia de nós, por ti temos esperado; sê tu o nosso braço cada manhã, como também a nossa salvação no tempo da tribulação”.[15]

Janette C. Hales, da Presidência Geral da Organização das Moças, explicou sobre o versículo 9:

“Quando estabelecemos um modelo de retidão em nossa vida, comprometemo-nos com o Pai Celestial a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para ajudar os outros a reproduzir esse padrão em sua vida. Isto pode acontecer vez após outra, até que, como diz Isaías, ‘os moradores do mundo aprendem justiça’”.[16]

Os versículos 8 e 9 contêm um quiasma:

A: (8) Também no caminho dos teus juízos, Senhor,
B: te esperamos; no teu nome e na tua memória
C:  está o desejo
D: da nossa alma.
D: (9) Com minha alma
C: te desejei de noite,
B: e com o meu espírito, que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te;
A: porque, havendo os teus juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.

Os julgamentos do Senhor são justos; os justos anseiam pelo caminho do Senhor. A estrutura quiasmática contribui para a eloquência deste cântico de salvação de Isaías.

O versículo 10 testifica que os ímpios, apesar das muitas oportunidades dadas para arrependerem-se, rejeitariam o Senhor: “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende a justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade, e não atenta para a majestade do Senhor”. Iniquidade—até mesmo na terra onde a retidão é a norma—é sempre uma escolha pessoal. Devido suas iniquidades, não será permitido ao ímpio ver o Senhor na Sua vinda.

Os versículos 9 e 10 contêm um quiasma reconhecido na sua forma original em hebraico, e que aqui foi reconstruído para corresponder à construção original:[17]

(9) Com minha alma te desejei de noite, e com o meu espírito, que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te;

A: porque, havendo os teus juízos na terra, justiça
B: aprendem
C: os moradores do mundo.
C: (10) Ainda que se mostre favor ao ímpio
B: nem por isso aprende
A: a justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade, e não atenta para a majestade do Senhor.

Mesmo quando os juízos do Senhor estiverem na Terra, os iníquos não aprenderão os caminhos da justiça, mas continuarão a tratar injustamente. O lado descendente é oposto ao lado ascendente, contrastando os justos com os injustos.

No versículo 11, o zelo do Senhor para com Seu povo justo será visto pelos iníquos, que se envergonharão: “Senhor, a tua mão está exaltada, mas nem por isso a veem; vê-la-ão, porém, e confundir-se-ão por causa do zelo que tens do teu povo; e o fogo consumirá os teus adversários”. Por fim, os iníquos serão confundidos e serão consumidos pelo fogo.[18]

O versículo 12 declara: “Senhor, tu nos darás a paz, porque tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras”. As obras de retidão são motivadas por nossos desejos de ser fiel ao Senhor.

Os versículos 13 e 14 contêm um testemunho de que o Senhor Jeová do Velho Testamento é o mesmo que deveria morrer e ressuscitar. O versículo 13 começa: “Ó Senhor Deus nosso, já outros senhores têm tido domínio sobre nós; porém, por ti só, nos lembramos de teu nome”.[19] Na versão da Bíblia de João Ferreira de Almeida, “Senhor” é traduzido do hebraico Yahovah, enfatizando quem deveria morrer e ser ressuscitado.

O versículo 14 continua o testemunho de que o Senhor deveria morrer e ressuscitar: “Morrendo eles, não tornarão a viver; falecendo, não ressuscitarão; por isso os visitaste e destruíste, e apagaste toda a sua memória”. Autoridades seculares têm exercido domínio sobre o povo, porém suas mortes não trarão a ressurreição; eles não ressuscitarão até depois da morte e ressurreição de Cristo. Portanto, eles não serão lembrados. Em contraste, o Senhor, ainda que estivesse morto, viveria novamente. Portanto, somente Ele seria lembrado.

O versículo 15 declara: “Tu, Senhor, aumentaste a esta nação, tu aumentaste a esta nação, fizeste-te glorioso; alargaste todos os confins da terra”. Isto significa que o Senhor, quando Ele vier, governará politicamente sobre toda a Terra, expandindo as fronteiras da terra.[20] O Senhor trará a união para os povos da Terra, através da pregação do evangelho à todas as nações.[21]

Nos versículos 16 até 18 Isaías recorda a miséria de Israel durante seu longo exílio. O versículo 16 começa: “Ó Senhor, na angústia te buscaram; vindo sobre eles a tua correção, derramaram a sua oração secreta”.[22] Quando aflita, Israel voltar-se-ia para o Senhor em secreta oração. Semelhantemente, tendemos a esquecer do Senhor até que os problemas nos façam buscar Sua ajuda. O Senhor puni Seu povo permitindo com que os problemas aflijam-no quando ele escolhe o mal; mesma assim, Ele ouve a oração de Seu povo e visita-o com Seu espírito.

O versículo 17 ilustra o grau de sofrimento de Israel com um símile: “Como a mulher grávida, quando está próxima a sua hora, tem dores de parto, e dá gritos nas suas dores, assim fomos nós diante de ti, ó Senhor!”

O versículo 18 sumariza, agora mudando para uma metáfora: “Bem concebemos nós e tivemos dores de parto, porém demos à luz o vento; livramento não trouxemos à terra, nem caíram os moradores do mundo”. Devido sua dor, Israel tem sido militarmente ineficaz; não trouxe libertação, nem conquistou nada.

Nos versículos 19 até 21, Isaías apresenta a resposta do Senhor à oração de Israel. O versículo 19 proclama a ressurreição universal. Tal como o próprio Salvador, como o versículo 14 menciona, todos ressuscitarão: “Os teus mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho será como o orvalho das ervas, e a terra lançará de si os mortos”.[23] Todos os mortos se levantarão na ressurreição; compare as palavras de Paulo no Novo Testamento: “Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo”.[24]

O versículo 20 descreve a vingança do Senhor sobre os iníquos, enquanto provê proteção para os justos: “Vai, pois, povo meu, entra nos teus quartos, e fecha as tuas portas sobre ti; esconde-te só por um momento, até que passe a ira”.  O Senhor adverte Seu povo—cada um individualmente—a buscar cobertura no tempo da destruição. Suas instruções se espelham naquelas dadas ao povo de Moisés no Egito, na época da páscoa. Note que a versão da Bíblia de João Ferreira de Almeida usa, “até que passe a ira”, que é uma forma da palavra páscoa. Estes acontecimentos antigos são exemplos da destruição dos ímpios na Segunda Vinda do Senhor.[25] Como era feito antigamente, o Senhor dará um aviso como fez na Páscoa através de Seu profeta vivo.

O versículo 21 descreve o castigo do Senhor aos ímpios: “Porque eis que o Senhor sairá do seu lugar, para castigar os moradores da terra, por causa da sua iniquidade, e a terra descobrirá o seu sangue, e não encobrirá mais os seus mortos”. “Sangue”, como foi usado neste versículo, foi traduzido da palavra hebraica que significa “culpa do derramamento de sangue”.[26]  A culpa do derramamento não será mais escondida; crime e violência de todos os tipos cometidos sobre a Terra não serão mais ocultados, mas serão levados à justiça pelo Senhor.

NOTAS

[1]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta]: Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 250.
[2]. Ezra Taft Benson, “Não se Desespere”, A Liahona, Fevereiro de 1975, p. 50.
[3]. Os versículos 3 e 4 contêm um quiasma: Tu/cuja mente está firme em ti//confia em ti//confiai no SENHOR perpetuamente/o SENHOR DEUS.
[4]. 2 Néfi 4:34.
[5]. Os versículos 5 e 6 contêm um quiasma: Ele abate/os que habitam no alto/humilha-a//humilha-a até ao chão//derruba-a até ao pó/os passos dos pobres.
[6]. Isaías 25:12.
[7]. Isaías 54:3.
[8]. Ver 3 Néfi 22:3.
[9]. O versículo 7 contém um quiasma: O caminho do justo/tu//retamente pesas/andar do justo.
[10]. Ver Isaías 3:12; 8:11; 28:7; 40:3 e comentário pertinente.
[11]. Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 111.
[12]. Morôni 4:3; também D&C 20:77.
[13]. O versículo 9 contém um quiasma: Te desejei de noite/meu//espírito//dentro de mim/madrugarei a buscar-te.
[14]. Doutrina e Convênios 88:83.
[15]. Isaías 33:2.
[16]. Janette C. Hales, “Um Modelo de Retidão”, A Liahona, Julho de 1991, p. 94.
[17]. Parry,  Harmonizing Isaiah [Harmonizando Isaías], 2001, p. 260.
[18]. Ver Isaías 1:7, 28; 30:27, 30, 33; 33:11-12 e comentário pertinente.
[19]. O versículo 13 contém um quiasma: O Senhor/outros senhores/têm tido/domínio//sobre nós/por ti/só/teu nome.
[20]. Isaías 26:15, nota de rodapé da versão SUD da Bíblia de King James em inglês 15b.
[21]. Ver Isaías 5:26; 40:28; 41:5, 9.
[22]. O versículo 16 contém um quiasma: Na angústia te buscaram/a tua correção//derramaram/oração secreta.
[23]. O versículo 19 contém um quiasma reconhecido no hebraico original: Os teus mortos/também o meu cadáver viverão/despertai e exultai/que habitais no pó. Em Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research e Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young], Provo, Utah, 2001, p. 260.
[24]. 1 Coríntios 15:21- 22.
[25]. Compare Êxodo 12:21-23; Ver também Isaías 10:25; 30:29 e comentário pertinente.
[26]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 1818, p. 196.

CAPÍTULO 8: “Porquanto Este Povo Desprezou As Águas De Siloé”

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O capítulo 8 começa com uma profecia da destruição que logo viria pelas mãos dos assírios, abrangendo os versículos 1 até 10. Esta profecia continua a mensagem de Isaías para Acaz, que começou no capítulo 7. A profecia é seguida por um sermão sacerdotal, abrangendo os versículos 11 até 18, onde Isaías declara que Cristo servirá de pedra de tropeço, e de rocha de escândalo, às duas casas de Israel, devido suas iniquidades. A parte final, que abrange os versículos 19 até 22, é uma condenação das iniquidades de Israel, por confiarem em médios e adivinhos para orientação espiritual, e as consequências por haverem feito isto.

Néfi citou este capítulo por completo com algumas modificações; diferenças na redação são mostradas em itálicos onde for citado. Compare 2 Néfi 18.

Isaías e seus filhos foram dados a Israel por sinais e por maravilhas do Senhor, como foi declarado no versículo 18.[1] Um exemplo foi dado no versículo 1, no qual o Senhor instrui Isaías: “Disse-me também o SENHOR: Toma um grande rolo, e escreve nele com caneta de homem: Apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa”. A frase “Apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa” é a tradução do nome hebraico do filho de Isaías, Maer-Salal-Has-Baz.

No versículo 2, Isaías declara: “Então tomei comigo fiéis testemunhas, a Urias sacerdote, e a Zacarias, filho de Jeberequias”. Na Lei de Moisés era requerido duas ou três testemunhas para se estabelecer qualquer assunto.[2]

O versículo 3 declara: “E fui ter com a profetisa, e ela concebeu, e deu à luz um filho; e o Senhor me disse: Põe-lhe o nome de Maer-Salal-Has-Baz”. O termo “a profetisa”, como foi usado neste versículo por Isaías refere-se à sua esposa, provavelmente refletindo sua sensibilidade espiritual.  O longo nome dado a seu filho, que em hebraico significa “apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa”,[3] como foi apresentado no versículo 1, é uma predição da destruição e cativeiro de Judá.[4]

As circunstancias da concepção e nascimento do filho mais velho de Isaías foram designadas pelo Senhor e realizadas expressamente por Isaías; o nome deste filho seria um sinal de um acontecimento futuro.

No versículo 4 encontramos o significado de “sinais e maravilhas”[5]: “Porque antes que o menino saiba dizer meu pai, ou minha mãe, se levarão as riquezas de Damasco, e os despojos de Samaria, diante do rei da Assíria”. O Livro de Mórmon apresenta esta passagem com pequenas mudanças: “Pois eis que antes que o menino saiba dizer meu pai e minha mãe, serão levadas as riquezas de Damasco e os despojos de Samaria ao rei da Assíria”.[6] Isto testifica do pouco tempo antes destes acontecimentos começarem, Síria e Israel seriam derrotados e suas riquezas levadas para o rei da Assíria.[7], [8]

No versículos 5 e 6, Isaías declara: “E continuou o Senhor a falar ainda comigo, dizendo:
Porquanto este povo desprezou as águas de Siloé que correm brandamente, e alegrou-se com Rezim e com o filho de Remalias” ― Aqui o Senhor menciona as razões da destruição prestes a acontecer.

“Siloé”, traduzido da palavra hebraica Shiloach, significa “o Enviado”.[9] Como apresentado por algumas traduções Bíblicas, este é o nome dado a um manancial ao sudoeste de Jerusalém, que provia água potável para esta cidade antiga.[10], [11]  O termo “As águas de Siloé” metaforicamente, significa o evangelho de Jesus Cristo; porém antes de Seu ministério mortal, significava a Lei de Moisés. Nesta metáfora a fonte de água potável para a cidade de Jerusalém é comparada à fonte divina da água viva—o Salvador, que provê a salvação eterna.[12]

“Siloé” no versículo 6 é equivalente, quiasmaticamente, ao “Senhor” no versículo 7, revelando o significado intencionado por Isaías. A frase “As águas de Siloé que correm brandamente” significa que o evangelho é mais fácil de ser praticado do que suportar a opção oposta—caos, iniquidades, dissensão e destruição pelas mãos do exército Assírio. Compare as palavras do Redentor: “Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.[13] Em contraste, “Rezim e…o filho de Remalias” representam os líderes iníquos da Síria e do Reino Setentrional de Israel, junto com suas típicas características mundanas.

“Siló”, traduzido da palavra hebraica Shiyloh em alguns casos[14], significa “aquele a quem pertence”[15], e é pronunciado semelhante a palavra hebraica Shiloach. Assim, a palavra “Siloé”, usada no versículo 6, descreve o papel do Senhor como o Criador e dono supremo da Terra e seus recursos, para quem prestamos conta de nossa mordomia. No fim da longa vida do patriarca Jacó, ele abençoou a cada um de seus doze filhos; sobre os descendentes de Judá ele conferiu o direito a realeza: “O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló (significando “aquele a quem pertence”) e a ele se congregarão os povos”.[16] Davi e seus descendentes, inclusive Jesus Cristo, eram descendentes de Judá e tinham parte nesta bênção.

“Siló” é usado pelo profeta Joseph Smith em sua tradução inspirada de uma parte de Gênesis:

“E disse José a seus irmãos: Eu morro e vou para meus pais; e desço à sepultura com alegria. O Deus de meu pai Jacó esteja convosco, para livrar-vos da aflição nos dias de vosso cativeiro; pois o Senhor visitou-me e obtive do Senhor uma promessa de que, do fruto dos meus lombos, o Senhor suscitará um ramo justo de meus lombos; e a ti, a quem meu pai Jacó chamou Israel, um profeta; (não o Messias que é chamado Siló;) e esse profeta libertará meu povo do Egito nos dias da tua escravidão.”[17]

Obviamente, “Siloé” ou “Siló” significa Jesus Cristo, o Messias que viria—o Criador, e portanto o Dono, da Terra e seus recursos. Como foi usado aqui por Isaías, também refere-se ao que deu a lei: Aquele cujo dedo escreveu sobre as placas de pedra no Monte Sinai. Esta verdade essencial deve ser evidente a todos os leitores das escrituras. Jeová—apresentado como “o Senhor” na verão da Bíblia de João Ferreira de Almeida, no Velho Testamento—e Jesus Cristo são o mesmo.

O nome Siló, pronunciado semelhante a “Siloé”, foi dado a um local da herança dos descendentes de Efraim, um dos filhos de José.[18] Quando as Doze Tribos, liderada por Josué, entraram na terra de Canaã, o Tabernáculo—incluindo a arca do Convênio—foi primeiramente colocado em Siló.[19] Quando Israel, consistindo das dez tribos do norte ou setentrional, separaram-se de Judá, que se consistia das duas tribos do sul ou meridional, Siló tornou-se um centro religioso equivalente a Jerusalém, incluindo a edificação e estabelecimento de um templo. A Arca do Convênio ficou lá por muitos anos.[20] Depois da conquista e cativeiro das dez tribos, Siló tornou-se parte de Samaria.

Nos versículos 7 e 8 Isaías descreve os exércitos invasores Assírios metaforicamente, como se fossem uma enchente inundando a terra. O versículo 7 começa: “Portanto eis que o Senhor fará subir sobre eles as águas do rio, fortes e impetuosas, isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória; e subirá sobre todos os seus leitos, e transbordará por todas as suas ribanceiras”.  A palavra “glória”, como foi usada neste caso, significa forças armadas.[21] Nesta declaração Isaías dá a interpretação da metáfora, que foi aplicada em vários outros lugares em sua obra. A frase “as águas do Rio” significa o rio Eufrates, o que é um símbolo para rei da Assíria.[22] O uso de “o Senhor” neste caso, enfatiza Seu papel como comandante militar, usando o rei da Assíria como representante. O Grande Pergaminho de Isaías usa neste caso “Jeová e “o Senhor”.[23]

Os versículos 4 até 7 contêm um quiasma:

A: (4) Porque antes que o menino saiba dizer meu pai, ou minha mãe, se levarão as riquezas de Damasco, e os despojos de Samaria, diante do rei da Assíria.
B: (5) E continuou o Senhor a falar ainda comigo, dizendo: (6) Porquanto este povo desprezou as águas
C: de Siloé que correm brandamente,
D: e alegrou-se com Rezim
D: e com o filho de Remalias,
C: (7) Portanto eis que Jeová o Senhor fará subir sobre eles
B: as águas do Rio, fortes e impetuosas,
A: isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória; e subirá sobre todos os seus leitos, e transbordará por todas as suas ribanceiras.

“Rei da Assíria” no versículos 4 e 7 engloba o elemento introdutório e suas reflexões. “Águas [de Siloé]” é o oposto de “as águas do Rio”, contrastando a paz e segurança da obediência ao evangelho com a destruição pelo exército invasor da Assíria—caracterizado metaforicamente como uma enchente furiosa. “Siloé” é equivalente ao “Senhor”, identificando claramente o comandante militar. Alegrar-se com Rezim e com o filho de Remalias, ao invés de com o Senhor, é a razão desta destruição predita.

Versículo 8 continua: “E passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele e chegará até ao pescoço; e a extensão de suas asas encherá a largura da tua terra, ó Emanuel”. “Tua terra, ó Emanuel” refere-se à terra prometida pelo Senhor—o Salvador que viria—ao Seu povo.

Versículos 7 e 8 contêm um quiasma:

A: (7) Portanto eis que Jeová o Senhor fará subir sobre eles
B: as águas do Rio, fortes e impetuosas,
C: isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória;
D: e subirá sobre todos os seus leitos,
D: e transbordará por todas as suas ribanceiras.
C: (8) E passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele e chegará até o pescoço;
B: e a extensão de suas asas encherá a largura da tua terra,
A: ó Emanuel.

Jeová o Senhor” é quiasmaticamente equivalente a “Emanuel”, que significa “Deus conosco”, novamente identificando Jeová como o Senhor—o comandante militar representado aqui pela Assíria—como o Messias que viria. As duas metáforas “as águas do Rio” e “asas” descrevem o avanço dos exércitos da Assíria e como se espalhariam sobre a terra. “Assíria” contrasta-se com “Judá”, denotando sua relação conflituosa. “Subirá sobre todos os seus leitos” é equivalente a “transbordará por todas as suas ribanceiras”, que, como ponto central do quiasma, descreve metaforicamente as invasões do exército Assírio.

Os versículos 9 e 10 contêm ameaças e advertências, que foram profeticamente preditas por Isaías, que seriam feitas pelo rei da Assíria. O versículo 9 começa: “Ajuntai-vos, ó povos, e sereis quebrantados; dai ouvidos, todos os que sois de terras longínquas; cingi-vos e sereis feitos em pedaços, cingi-vos e sereis feitos em pedaços”. O significado desta passagem é que não seria de nenhum proveito para Jerusalém ser coligada, nem para os seus defensores serem cingidos com armaduras e armas, pois seriam todos feitos em pedaços. A repetição dupla destas frases finais enfatiza a seriedade da ameaça.

O rei da Assíria continua no versículo 10: “Tomai juntamente conselho, e ele será frustrado; dizei uma palavra, e ela não subsistirá, porque Deus é conosco”. Por causa da iniquidade dos Israelitas, Deus traria seu grande exército sobre eles para destruí-los e levá-los cativos. Não daria em nada o fato de juntarem-se em conselho. A frase pronunciada pelo rei da Assíria, “Deus é conosco”, se tornou realidade; o rei da Assíria agiria como instrumento na mão de Deus.

Versículos 8 até 10 contêm um quiasma:

A: (8) …ó Emanuel.
B: (9) Ajuntai-vos, ó povos, e sereis quebrantados; dai ouvidos, todos os que sois de terras longínquas;
C: cingi-vos e sereis feitos em pedaços,
C: cingi-vos e sereis feitos em pedaços.
B: (10) Tomai juntamente conselho, e ele será frustrado; dizei uma palavra, e ela não subsistirá,
A: porque Deus é conosco.

“Emanuel” é equivalente quiasmaticamente a “Deus é conosco”, mostrando a definição hebraica deste nome.[24] “Ajuntai-vos, ó povos” é equivalente a “tomai juntamente conselho”, provendo o sentido intencionado. Duas repetições da frase “cingi-vos e sereis feitos em pedaços” enfatizam a seriedade das ameaças do rei da Assíria.

Note que o quiasma dos versículos 7 e 8 se transpassa com quiasma dos versículos 8 até 10, com as declarações introdutórias de ambos quiasmas sendo equivalentes. “Jeová, o Senhor”, “Emanuel” e “Deus é conosco” são todos equivalentes, denotando que o Deus do Velho Testamento é o mesmo que nasceu de uma virgem.[25] Ele é um ser diferente e distinto de Deus, o Pai, que se chama Eloím em hebraico, cujas palavras foram registradas por Isaías mais tarde, na primeira parte do capítulo 42.[26]

Os versículos 11 até 18 contêm um sermão sacerdotal. O versículo 11 começa: “Porque assim o Senhor me disse com mão forte, e me ensinou que não andasse pelo caminho deste povo, dizendo” — “Com mão forte” significa Seu forte aperto de mão, ou com poder.[27] Esta declaração descreve um relacionamento pessoal entre o Senhor e Seu profeta. O “caminho deste povo” geralmente significa o conhecimento do Plano de Salvação, porém entre o povo que Isaías pregava, este termo foi grandemente corrompido.[28]

O versículo 12 continua a sentença do versículo 11: “Não chameis conjuração, a tudo quanto este povo chama conjuração; e não temais o que ele teme, nem tampouco vos assombreis”. O sentido intencionado por Isaías é “não concorde com aqueles que querem formar uma aliança para a defesa, e livra-se de seus medos sem fé”.

No versículo 13, Isaías declara que o povo deve mudar seus caminhos: “Ao Senhor dos Exércitos, a ele santificai; e seja ele o vosso temor e seja ele o vosso assombro”, o profeta admoestou.

Os versículos 12 e 13 foram parafraseados pelo apóstolo Pedro:

Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis;
Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós (ênfases adicionadas).[29]

O povo de Judá, entretanto, não ouviu os conselhos de Isaías. Somos informados em 2 Reis que Acaz, rei de Judá:

“…enviou mensageiros a Tiglate-Pileser, rei da Assíria, dizendo: Eu sou teu servo e teu filho; sobe, e livra-me das mãos do rei da Síria, e das mãos do rei de Israel, que se levantam contra mim.
“E tomou Acaz a prata e o ouro que se achou na casa do Senhor, e nos tesouros da casa do rei, e mandou um presente ao rei da Assíria.
“E o rei da Assíria lhe deu ouvidos; pois o rei da Assíria subiu contra Damasco, e tomou-a e levou cativo o povo para Quir, e matou a Rezim.”[30]

No versículo 14 o sermão de Isaías continua: “Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo, às duas casas de Israel; por armadilha e laço aos moradores de Jerusalém”. Para os justos os mandamentos do Senhor servem como um santuário dos problemas da vida. Os ensinamentos do Senhor abrem o caminho para recebermos orientação espiritual, conforto e segurança nesta vida e na vida eterna no mundo vindeiro.[31] Para os que recusam os Seus mandamentos, Ele servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo.

O versículo 14 foi citado por Pedro e Paulo no Novo Testamento. Paulo diz: “Como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo; E todo aquele que crer nela não será confundido”.[32]

O versículo 15 descreve o resultado da obstinação dos iníquos: “E muitos entre eles tropeçarão, e cairão, e serão quebrantados, e enlaçados, e presos”. Tropeçando e caindo são consequências espirituais por não dar atenção à verdade, ou por dar ouvidos às falsas doutrinas, enquanto sendo quebrantados, enlaçados, e levados em cativeiro são consequências temporais, preditas aqui por Isaías.

No versículo 16 diz: “Liga o testemunho, sela a lei entre os meus discípulos”. Apesar da interpretação desta passagem apresentar alguns desafios, é apresentada da mesma forma no Livro de Mórmon[33] e no Grande Pergaminho de Isaías,[34] indicando que este é o significado do original em hebraico. A palavra hebraica traduzida como “lei” significa “ensinamentos” ou “doutrina”.[35]

O versículo 16 contém duas frases paralelas, “liga o testemunho” e “sela a lei”. Devido serem frases paralelas, “liga” e “sela” são sinônimos, e “testemunho” e “lei” são sinônimos também. Note que estas palavras são combinadas em ordem inversa no versículo 20, no lado descendente do quiasma.

A sinonímia apresenta-se em duas passagens de Doutrina e Convênios onde são intercambiadas. Numa passagem aparece como “ligar a lei e selar o testemunho”,[36] enquanto na outra como “que selem a lei e liguem o testemunho”.[37] O sentido permanece o mesmo em ambas passagens.

A “lei”, refere-se a lei de Moisés, ou a lei do evangelho, depois do ministério de Cristo, com referências especiais às escrituras. No Novo Testamento, a frase “a lei e os profetas” é usada para designar o cânon judaico de escrituras.[38] Então a lei ou o evangelho, como foi registrado nas escrituras, é o que será selado nas mentes e corações dos discípulos.

“Ligar o testemunho” e “selar a lei entre os meus discípulos” tem sido a tarefa principal dos profetas e líderes eclesiásticos durante todas as eras, ordenada pelo Senhor; e pais devem aceitar semelhante responsabilidade concernente a criação de seus filhos. No versículo 16 esta tarefa é dada pelo Senhor a Isaías.

O significado da passagem é aparente na suplicação de Joseph Smith na oração dedicatória do Templo de Kirtland: “Portanto, ó Senhor, livra teu povo da calamidade dos iníquos; permite a teus servos que selem a lei e liguem o testemunho, a fim de que estejam preparados para o dia da queima” (ênfases adicionadas).[39]

O mesmo sentido foi apresentado pelo Apóstolo Paulo: “Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei as minhas leis no seu entendimento, E em seu coração as escreverei; E eu lhes serei por Deus, E eles me serão por povo”.[40]

Um significado literal para o versículo 16 pode ser que Isaías levou o pergaminho onde escreveu estas profecias, enrolou-o e amarrou-o com uma corda de couro, e depois selou-o com um selo de argila, como símbolo de que as profecias estavam cumpridas. Isaías, então, deu as profecias para seus discípulos para futuras referências. Quando suas profecias viessem a se cumprir no futuro, isto seria um testemunho de que ele era um verdadeiro profeta.[41]

No versículo 17 Isaías testifica que ele aceitou a incumbência dada pelo Senhor no versículo 16: “E esperarei ao Senhor, que esconde o seu rosto da casa de Jacó, e a ele aguardarei”. O Senhor esconde seu rosto da casa de Jacó por causa das iniquidades.

Além disso, no versículo 18, o profeta oferece a si mesmo e seus filhos como instrumentos ao Senhor: “Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor, por sinais e por maravilhas em Israel, da parte do Senhor dos Exércitos, que habita no monte de Sião”. Um exemplo disto são os nomes que Isaías deu a seus filhos: Maer-Salal-Has-Baz, que significa “apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa”[42] e Sear-Jasube, que significa “um resto voltará”.[43] O nome Isaías significa “Jeová salva”.[44] O “Senhor dos Exércitos, que habita no monte de Sião” denota que seria Jeová quem viria habitar na Terra nos últimos dias. “Monte de Sião” é usado aqui com duplo sentido—um lugar de coligação espiritual nos últimos dias, bem como um sinônimo para Jerusalém, especialmente o templo em Jerusalém.[45]

Nos versículos 19 e 20 o Senhor adverte contra a feitiçaria. O versículo 19 declara: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?” O Livro de Mórmon apresenta: “para que os vivos ouçam os mortos?”[46] Esta pergunta retórica revela a tolice que é confiar em adivinhos. “Chilreiam” significa fazer sons repetidos sem sentido.

O versículo 20 afirma: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles”. Aqui, “a lei e ao testemunho” referem-se às escrituras escritas e aos convênios contidos nelas, para onde o povo deve retornar.

Nos versículos 21 e 22 Isaías descreve o que sobrecairia aos que não tivessem nenhuma luz dentro de si. O versículo 21 começa: “E passarão pela terra duramente oprimidos e famintos; e será que, tendo fome, e enfurecendo-se, então amaldiçoarão ao seu rei e ao seu Deus, olhando para cima”. A palavra “oprimido” significa “que sofre opressão” ou “reprimido”.[47] “Oprimido” implica ser desabrigado.

Os versículos 14 até 21 contêm um quiasma:

A: (14) Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo, às duas casas de Israel; por armadilha e laço aos moradores de Jerusalém. (15) E muitos entre eles tropeçarão, e cairão, e serão quebrantados, e enlaçados, e presos.
B: (16) Liga o testemunho,
C: sela a lei entre os meus discípulos.
D: (17) E esperarei ao Senhor, que esconde o seu rosto da casa de Jacó, e a ele aguardarei.
E: (18) Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor, por sinais e por maravilhas em Israel, da parte do Senhor dos Exércitos, que habita no monte de Sião.
E: (19) Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram:
D: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?
C: (20) À lei
B: e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles.
A: (21) E passarão pela terra duramente oprimidos e famintos; e será que, tendo fome, e enfurecendo-se, então amaldiçoarão ao seu rei e ao seu Deus, olhando para cima.

“Pedra de tropeço e de rocha de escândalo” é igual a “amaldiçoarão ao seu rei e ao seu Deus”, descrevendo como os ímpios tropeçarão. “Testemunho” e “lei” refletem-se em “lei” e “testemunho” em ordem inversa; e “esperarei ao Senhor” contrasta-se com “não consultará um povo a seu Deus?” “Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor, por sinais e por maravilhas” é o oposto de “Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram”. A tolice de procurar adivinhos que chilreiam é contrastado com o ato de receber orientação e inspiração do Senhor.

O versículo 22 conclui: “E, olhando para a terra, eis que haverá angústia e escuridão, e sombras de ansiedade, e serão empurrados para as trevas”. Esta descrição do estado dos iníquos é semelhante às descrições usadas em outros lugares por Isaías para descrever as terras onde os eleitos deverão juntar-se nos últimos dias: “E bramarão contra eles naquele dia, como o bramido do mar; então olharão para a terra, e eis que só verão trevas e ânsia, e a luz se escurecerá nos céus”.[48]  Trevas e ânsia, e escuridão espiritual—condições predominantes dos iníquos—caracterizam as terras onde Israel será coligada nos últimos dias.

NOTAS

[1]. Ver Isaías 8:18.
[2]. Deuteronômio 19:15.
[3]. Brown et al., 1996, Número de Strong 4122, p. 555; ver Isaías 10:6.
[4]. Versículos 1 até 3 contêm um quiasma: Disse-me/o SENHOR/toma/Urias//Zacarias/E fui/o Senhor/me disse.
[5]. Ver Isaías 8:18.
[6]. 2 Néfi 18:4.
[7]. Ver 2 Reis 17:6-8; Isaías 7:8; 17:2; 42:24; 43:6; 49:12; 54:7.
[8]. Versículos 3 e 4 contêm um quiasma: E fui ter com a profetisa/filho/nome//Maer-Salal-Has-Baz/menino/ pai…mãe.
[9]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7975, p. 1019.
[10]. Neemías 3:15; ver a tradução da Biblia Reina-Valera (SUD, 2009) em espanhol, a tradução King James (SUD, 1979) em Inglês, e outras. Na versão de João Ferreira de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, o nome do manancial foi traduzido como Hasselá.
11]. Victor L. Ludlow, Isaiah: Prophet, Seer, and Poet: [Isaías: Profeta, Vidente e Poeta] Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1982, p. 148.
[12]. Compare João 4:10-14.
[13]. Mateus 11:30.
[14]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7886, p. 1010.
[15]. Gênesis 49:10; Ver Dicionário Bíblico—Shiloh.
[16]. Gênesis 49:10.
[17]. Seleções da Tradução de Joseph Smith da Bíblia (em Inglês), TJS, Gênesis 50:24; Ver também Joseph Smith’s “New Translation” of the Bible [“Nova Tradução” da Bíblia por Joseph Smith]: Herald Publishing House, Independence, Missouri, 1970, p.114-116.
[18]. Ver Josué 18:1; 1 Samuel 3:21.
[19]. Ver Josué 18:1.
[20]. Ver 1 Samuel 4:4.
[21]. Ver Isaías 10:18; 16:14; 17:3-4; 20:5; 21:16-17; 22:18; 66:12.
[22]. Isaías 17:12-13; 28:2, 17; 43:2.
[23]. Donald W. Parry,  Harmonizing Isaiah: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies (FARMS) at Brigham Young University, [A Harmonização de Isaías: Fundação de Pesquisas Antigas e Estudos Mórmons na Universidade Brigham Young]:  Provo, Utah, 2001, pages 60 e 270.
[24]. Ver Mateus 1:23.
[25]. Ver Isaías 7:14.
[26]. Ver Isaías 42:1-7 e comentário pertinente.
[27]. Donald W. Parry, Jay A. Parry e Tina M. Peterson, Understanding Isaiah [Compreendendo Isaías] Deseret Book Company, Salt Lake City, Utah, 1998, p. 86.
[28]. Ver Isaías 3:12; 26:7-8; 28:7; 40:3 e comentário pertinente.
[29]. 1 Pedro 3:14-15.
[30]. 2 Reis 16:7-9.
[31]. Ver D&C 59:23.
[32]. Romanos 9:33; Ver também 1 Pedro 2:8.
[33]. 2 Néfi 18:16.
[34]. Parry,  Harmonizing Isaiah [Harmonizando Isaías]: 2001, p. 62.
[35]. Brown et al., 1996, Número de Strong 8451, p. 435.
[36]. Doutrina e Convênios 88:84.
[37]. D&C 109:46.
[38]. Ver Mateus 7:12; 22:40; Lucas 16:16; 24:44; João 1:45; Atos 13:15; 24:14; 28:23; Romanos 3:21.
[39]. D&C 109:46.
[40]. Hebreus 8:10. Ver também Isaías 51:7, Jeremias 31:33, e Provérbios 3:3.
[41]. David Rolph Seely, “Isaiah Chapter Review [Revisão do Cap]: 2 Néfi 18/Isaías 8”, Book of Mormon Reference Companion [Companheiro Referencial para o Livro de Mórmon]: Dennis L. Largey, ed., Deseret Book Company, Salt Lake City, UT, 2003, p. 373.
[42]. Brown et al., 1996, Número de Strong 4122, p. 555.
[43]. Brown et al., 1996, Número de Strong 7610, p. 984.
[44]. Brown et al., 1996, Número de Strong 3470, p. 447.
[45]. Ver Isaías 1:27; 3:16; 4:3-4; 10:12, 24; 12:6; 51:3.
[46]. 2 Néfi 18:19.
[47]. Oprimido em Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
Disponível na www: http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/oprimido.
[48]. Isaías 5:30.