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CAPÍTULO 31: “Assim O Senhor Dos Exércitos Descerá Para Pelejar Pelo Monte De Sião”

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Este capítulo é um resumo ou apêndice do capítulo anterior. Começa com um oráculo de pesar: “Ai dos que descem ao Egito a buscar socorro”, o qual é o enfoque do capítulo 30. Este é seguido por um chamado ao arrependimento, resumindo novamente um tema importante do capítulo 30: “Convertei-vos, pois, àquele contra quem os filhos de Israel se rebelaram tão profundamente”. Este capítulo termina com um chamado para acabarem com a idolatria : “Lançará fora os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro” e “o Senhor dos Exércitos descerá, para pelejar sobre o monte Sião”. Para nós nos últimos dias, Egito é uma palavra chave que se refere aos Estados Unidos da América, conforme foi estabelecido por Isaías nos capítulos 18 até 20.

Os versículos 1 até 3 formam um oráculo de pesar. O versículo 1 começa: “Ai dos que descem ao Egito a buscar socorro, e se estribam em cavalos; e têm confiança em carros, porque são muitos; e nos cavaleiros, porque são poderosíssimos; e não atentam para o Santo de Israel, e não buscam ao SENHOR”. Se estribam” significa “confiam em”.[1] Aqueles que confiam no braço da carne, colocando toda sua confiança nos poderes de exércitos, cairão.

O versículo 1 contém um quiasma:

A: (1) Ai dos que descem ao Egito a buscar socorro,
B: e se estribam
C: em cavalos,
D: e têm confiança
E: em carros, porque são muitos;
E: e nos cavaleiros, porque são poderosíssimos;
D: e não atentam
C: para o Santo de Israel,
B: e não buscam
A: ao Senhor.

Neste quiasma, os elementos no lado ascendente contrastam-se com os elementos no lado descendente. “Egito” é contrastado com “o Senhor”; a confiança deveria ser colocada no Senhor, não na força militar do Egito. “Cavalos” é contrastado com “o Santo de Israel”, ilustrando novamente a confiança sendo mal empregada.

O versículo 2 continua o oráculo de pesar: “Todavia também ele é sábio, e fará vir o mal, e não retirará as suas palavras; e levantar-se-á contra a casa dos malfeitores, e contra a ajuda dos que praticam a iniquidade”. O Senhor é sábio, Ele trará calamidades sobre os malfeitores, e não retirará as suas palavras. A última frase, “contra a ajuda dos que praticam a iniquidade” significa que quando malfeitores forem ajudar outros malfeitores, o Senhor intervirá contra ambos.

O Senhor, em Doutrina e Convênios, expandiu sobre o conceito Dele não retirar Suas palavras:

“O que eu, o Senhor, disse está dito e não me desculpo; e ainda que passem os céus e a Terra, minha palavra não passará, mas será toda cumprida, seja pela minha própria voz ou pela voz de meus servos, é o mesmo”.[2]

O versículo 3 finaliza o oráculo de pesar, descrevendo a maldição: “Porque os egípcios são homens, e não Deus; e os seus cavalos, carne, e não espírito; e quando o Senhor estender a sua mão, tanto tropeçará o auxiliador, como cairá o ajudado, e todos juntamente serão consumidos”. O significado em hebraico de “e não Deus” são “homens de podere posição”.[3] Israel deve colocar sua confiança em Deus, não no Egito. Tudo será destruído por causa de sua confiança no braço da carne.

O versículo 4 apresenta um símile que ilustra o desejo do Senhor de defender os justos: “Porque assim me disse o Senhor: Como o leão e o leãozinho rugem sobre a sua presa, ainda que se convoque contra ele uma multidão de pastores, não se espantam das suas vozes, nem se abatem pela sua multidão, assim o Senhor dos Exércitos descerá, para pelejar sobre o monte Sião, e sobre o seu outeiro”. O Senhor será destemido e poderoso como o leão ao defender Sião.

“O monte Sião” como foi usado no versículo 4 tem vários significados—a coligação espiritual dos últimos dias, bem como a Jerusalém dos últimos dias sob condições justas. O Senhor provê uma definição: “Pois isto é Sião—o puro de coração”.[4] Outros significados também podem ser aplicados.[5]

Os versículos 2 até 4 contêm um quiasma:

A: (2) Todavia também ele é sábio, e fará vir o mal, e não retirará as suas palavras;
B: e levantar-se-á contra a casa dos malfeitores,
C:  e contra a ajuda dos que praticam a iniquidade.
D: (3) Porque os egípcios são homens, e não Deus;
D: e os seus cavalos, carne, e não espírito; e quando o Senhor estender a sua mão,
C: tanto tropeçará o auxiliador,
B: como cairá o ajudado, e todos juntamente serão consumidos.
A: (4) Porque assim me disse o Senhor….

“Suas palavras” complementam “assim me disse o Senhor”, designando de quem são as palavras que não serão retiradas. “Levantar-se-á contra a casa dos malfeitores” complementa “como cairá o ajudado, e todos juntamente serão consumidos”, que se refere à Israel que buscou a ajuda do Egito. O Senhor levantar-se-á contra aqueles que praticam o mal e colocam sua confiança na força militar do Egito, ao invés de buscarem a ajuda do Senhor.

O versículo 5 continua a descrição da proteção do Senhor aos justos, com outro símile: “Como as aves voam, assim o Senhor dos Exércitos amparará a Jerusalém; ele a amparará, a livrará e, passando, a salvará”. O significado de “Jerusalém” aqui é com um sentido amplo—o povo justo do Senhor; usado por Isaías como sinônimo de “Sião” no versículo anterior. “Como as aves voam” pode indicar que Isaías testemunhou em uma visão uma guerra aérea.[6]

Os versículos 4 e 5 contêm um quiasma:

A: (4) … não se espantam das suas vozes, nem se abatem pela sua multidão, assim o Senhor dos Exércitos descerá, para pelejar
B: sobre o monte Sião,
B: e sobre o seu outeiro.
A: (5) Como as aves voam, assim o Senhor dos Exércitos amparará a Jerusalém ….

“Assim o Senhor dos exércitos descerá, para pelejar” é equivalente à “assim o Senhor dos Exércitos amparará a Jerusalém”; e “sobre o monte Sião” corresponde ao “seu outeiro”. Apesar do fato de que o Senhor se levantará contra a Israel apóstata, Ele promete a defender o monte Sião. A purificação e o castigo de Israel são passos necessários para o triunfo final de Sião e do povo do convênio de Israel.

No versículo 6, Isaías desafia: “Convertei-vos, pois, àquele contra quem os filhos de Israel se rebelaram tão profundamente”.[7] Esta é uma rejeição consciente—não por ignorância—da autoridade do Senhor sob Israel como nação. [8]

No versículo 7, o dia do arrependimento de Israel foi descrito assim: “Porque naquele dia cada um lançará fora os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro, que vos fabricaram as vossas mãos para pecardes”. O Senhor defenderá Israel depois que esta se arrepender e lançar fora os seus ídolos; pois fazer e adorar ídolos é um pecado muito sério.

Os versículos 8 e 9 descrevem a queda da Assíria pelas mãos do Senhor, que serve como exemplo da queda dos iníquos nos últimos dias. O versículo 8 começa: “E a Assíria cairá pela espada, não de poderoso homem; e a espada, não de homem desprezível, a consumirá; e fugirá perante a espada e os seus jovens serão tributários”.[9] “Não de poderoso homem” e “não de homem desprezível” significa que não será por homens, mas pelas mãos do Senhor. [10]

O versículo 9 conclui: “E de medo passará a sua rocha, e os seus príncipes terão pavor da bandeira, diz o Senhor, cujo fogo está em Sião e a sua fornalha em Jerusalém”. Os assírios, e seus equivalentes modernos, serão afligidos com terror quando estiverem fugindo dos poderes destrutivos do Senhor. “Sião” significa tanto um lugar de coligação espiritual nos últimos dias quanto o templo em Jerusalém.[11] “Fogo” e “fornalha” referem-se ao fogo destrutivo que espera os iníquos nos últimos dias, protegendo, assim, os justos.[12]

Os versículos 4 até 9 contêm um quiasma:

A: (4) … assim o Senhor dos Exércitos descerá, para pelejar sobre o monte Sião, e sobre o seu outeiro. (5) Como as aves voam, assim o Senhor dos Exércitos amparará a Jerusalém; ele a amparará, a livrará e, passando, a salvará.
B: (6) Convertei-vos,
C:pois, àquele contra quem os filhos de Israel
D: se rebelaram tão profundamente.
E: (7) Porque naquele dia cada um lançará fora os seus ídolos de prata,
E: e os seus ídolos de ouro, que vos fabricaram as vossas mãos
D: para pecardes,
C: (8) E a Assíria cairá pela espada, não de poderoso homem; e a espada, não de homem desprezível, a consumirá; e fugirá perante a espada e os seus jovens serão tributários. (9) E de medo passará a sua rocha, e os seus príncipes terão pavor da bandeira,
B: diz o Senhor,
A: cujo fogo está em Sião e a sua fornalha em Jerusalém.

“… Assim o Senhor dos Exércitos descerá, para pelejar sobre o monte Sião, e sobre o seu outeiro” corresponde à frase “cujo fogo está em Sião e a sua fornalha em Jerusalém”, indicando que o Senhor destruirá os iníquos com fogo para proteger os justos. Na época da destruição da Assíria e seu equivalente moderno, todos reconhecerão as mãos do Senhor na libertação de Sião e Jerusalém, por conseguinte, lançarão fora seus ídolos de ouro e prata.

NOTAS

[1]. F. Brown, S. Driver, e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs]: Hendrickson Publishers, Peabody, MA, 01961-3473, 1996, Número de Strong 8172, p. 1043.
[2]. Doutrina e Convênios 1:38.
[3]. Brown et al., 1996, Número de Strong 410, p. 42.
[4]. D&C 97:21.
[5]. Ver Isaías 3:16; 18:7; 24:23; 28:16; 29:8; 30:19; 31:9; 51:3.
[6]. Ver Isaías 7:18-19 e comentário pertinente.
[7]. Versículos 5 e 6 contêm um quiasma: O Senhor dos exércitos/ele a amparará, a livrará//passando, a salvará/ Convertei-vos.
[8]. Ver Isaías 30:9-11.
[9]. O versículo 8 contém um quiasma: A Assíria cairá pela espada/não de poderoso homem//não de homem desprezível/fugirá perante a espada.
[10]. Ver Isaías 10:34, 14:24-28 e comentário pertinente; também 2 Reis 19:32-37.
[11]. Ver Isaías 3:16; 18:7; 24:23; 28:16; 29:8; 30:19; 31:4; 51:3.
[12]. Ver 1 Néfi 22:7; 2 Néfi 30:10; Éter 4:9.